domingo, 5 de maio de 2024

As Três vias de desenvolvimento do Capitalismo Marechal Kota Zhu De

As Três vias de desenvolvimento do Capitalismo Marechal Kota Zhu De Marechal Kota Zhu De · Follow 10 min read · Apr 9, 2024 1 Abraham Lincoln — representante da via de desenvolvimento revolucionária do capitalismo Otto Von Bismarck — representante da via de desenvolvimento reformista do capitalismo Getúlio Vargas — representante da via de desenvolvimento burocrática do capitalismo Introdução O capitalismo de maneira alguma se desenvolveu de forma unitária para todos os países do mundo. Pelo contrário, dependendo de como se desenvolvia as sociedades, a relação entre as classes sociais existentes e seu papel de liderança e aliança em seus processos de implementação do capitalismo, acabaram por gerar formas diferentes de desenvolvimento do capitalismo. O próprio Grande Lenin, A Chefatura da Grande Revolução Socialista de Outubro da Rússia, descreveu em seu texto “O programa agrário da socialdemocracia na Revolução Russa” que havia duas formas de desenvolvimento capitalista: a via de desenvolvimento do capitalismo agrário do tipo prussiano e a via de desenvolvimento do capitalismo agrário do tipo norte-americano. Na primeira forma, o capitalismo agrário do tipo prussiano se desenvolve de forma muito lenta, onde o senhor feudal lentamente se transforma em um capitalista e há decênios de humilhação, ignorância e miséria do campesinato. Na segunda forma, por outro lado, há uma varredura da propriedade latifundiária, logo, o agricultor na terra livre, limpa de todos os restos feudais, se converte na base da agricultura capitalista. Essa é forma de desenvolvimento do capitalismo agrário do tipo norte-americano, reconhecida por Lenin, como “O MAIS RÁPIDO DESENVOLVIMENTO DAS FORÇAS PRODUTIVAS nas condições mais favoráveis para a massa do povo dentro dos marcos do capitalismo.” [1] Há ainda, no entanto, uma terceira via, que por sua vez tem suas origens Presidente Mao Tsé-Tung e o Presidente Gonzalo, ambos componentes da espada do Maoismo, que, por sua vez, analisaram e explicaram uma forma de capitalismo qualitativamente diferente das já citadas, o capitalismo burocrático, o qual, aliás, é presente inclusive em todos os países do Terceiro Mundo. E, além disso, levando sua forma de implementação e como este se desenvolve, podemos dizer que é uma terceira de via de desenvolvimento do capitalismo, a via burocrática. Tendo dito tudo isso, vamos agora começar de fato o artigo, explicando todas as três vias de desenvolvimento do capitalismo. A Via Revolucionária de Desenvolvimento do Capitalismo A via revolucionária ou também conhecida como “via norte-americana” é a via de desenvolvimento do capitalismo que foi implementada principalmente nos EUA e na França. Nessa via de desenvolvimento do capitalismo, a Burguesia enquanto classe revolucionária se alia ao campesinato como aliado principal e conduz um processo de Revolução Agrária, onde há a liquidação e destruição do feudalismo e o acesso à terra democratizado, isto é, a terra dada aos camponeses. Aqui a Burguesia constituiu seu regime político, ou seja, a ditadura da burguesia e propriamente o capitalismo. Essa via de desenvolvimento do capitalismo gera um rápido desenvolvimento produtivo e condições mais favoráveis ao bem-estar das massas (dentro dos marcos possíveis dentro do capitalismo). E, além disso, representa um período histórico em que a Burguesia ainda era uma classe revolucionária, a qual se levantava contra a Velha Ordem Feudal. A Via Reformista de Desenvolvimento do Capitalismo A via reformista ou via prussiana é a via de desenvolvimento do capitalismo que se expressou principalmente na Alemanha, na Itália e no Japão. Ao contrário da via revolucionária, onde a Burguesia se unia ao campesinato para fazer a Revolução Agrária, agora a Burguesia se une aos Latifundiários e demais classes dominantes e impõe uma repressão pesada ao campesinato, mantendo principalmente o regime de servidão no campo e o senhor feudal como seu proprietário. Além disso, paulatinamente os laços feudais vai se convertendo em uma propriedade capitalista através dos Junkers, os grandes proprietários de terras. Essa via de implementação do capitalismo gera condições de vida muito piores (se comparado com a primeira via) para as massas e há lento desenvolvimento produtivo. Ademais, vale salientar que essa via representa um processo de reacionarização da burguesia, quando ela já deixava de ser revolucionária, como já demonstrado em 1848 com a Primavera dos Povos, principalmente na Contrarrevolução na Prússia causada pela traição da burguesia. A Via Burocrática de Desenvolvimento do Capitalismo Há um terceiro caminho de desenvolvimento do capitalismo que, de maneira nenhuma é igual ao caminho de desenvolvimento do capitalismo do tipo norte-americano, isso porque não há uma Revolução Agrária dirigida pela Burguesia aliada ao campesinato contra a Velha Ordem Feudal e, mesmo que tenha certas semelhanças com a via reformista ou a via prussiana de desenvolvimento do capitalismo, não é impulsionada pelas forças sociais internas, isto é, pela sua própria burguesia, mas sim por uma país imperialista, com seu capital imperialista se fundindo com o capital feudal, gerando o capital burocrático. Essa via burocrática de desenvolvimento do capitalismo está vigente em todos os países do Terceiro Mundo (incluindo o Brasil). Agora, explicando de fato o que é o capitalismo burocrático, o Presidente Gonzalo, em seu documento a “Linha da Revolução Democrática (PCP)” descreveu o capitalismo burocrático da seguinte forma: “Tomar a tese do presidente Mao nos ensina que ele [o capitalismo burocrático] tem cinco características: 1) é o capitalismo que o imperialismo desenvolve em países atrasados, que compreende capitais dos latifundiários, dos grandes banqueiros e dos magnatas da grande burguesia; 2) explora o proletariado, o campesinato e a pequena burguesia e restringe a burguesia média; 3) passa por um processo pelo qual o capitalismo burocrático é combinado com o poder do Estado e se torna um capitalismo monopolista estatal, comprador e feudal, do qual deriva que, a princípio, ele se desenvolve como grande capital monopolista não estatal e, em um segundo momento, quando combinado com o poder do Estado, ele se desenvolve como um capitalismo monopolista estatal; 4) amadurece as condições da revolução democrática ao atingir o ponto culminante de seu desenvolvimento; e 5) confiscar o capitalismo burocrático é chave para concluir a revolução democrática e para avançar à revolução socialista. Ao aplicá-lo, ele concebe que o capitalismo burocrático é o capitalismo gerado pelo imperialismo em países atrasados, vinculado à feudalidade já caduca e submetido ao imperialismo, que é a última fase do capitalismo, que não serve às maiorias, mas aos imperialistas, à grande burguesia e aos latifundiários (…) conformam, portanto, um capitalismo burocrático que oprime e explora o proletariado, o campesinato e a pequena burguesia, e que restringe a burguesia média. Por quê? Porque o capitalismo que se desenvolve nesses países é um processo tardio e só consente uma economia aos interesses imperialistas. É um capitalismo que representa a grande burguesia, os latifundiários e campesinato rico do velho tipo, classes que constituem uma minoria e exploram e oprimem as grandes maiorias, as massas.” [2] Em síntese, o capitalismo burocrático é a forma de capitalismo gerado pelos países imperialistas nos países semicoloniais e coloniais, o qual se aproveita das relações das antigas relações feudais e as aprofunda junto com o desenvolvimento de um capitalismo atrasado, impedindo também o desenvolvimento autônomo da economia nacional. Isso porque se sustenta na subjugação estrangeira e na dominação do latifúndio no campo. Dessa forma, o capitalismo burocrático já nasce atado a semifeudalidade e, por causa disso, desenvolver o capitalismo não acabará por limpar as relações semifeudais aqui existentes. Agora vamos para outra questão: que classes compõem um país do tipo capitalista burocrático? Podemos dizer que em todo país capitalista burocrático há: A Grande Burguesia Burocrática, com suas frações do tipo propriamente burocrática e a compradora. A propriamente burocrática representa principalmente os grandes industriais que prestam serviços ao Estado Burguês-Latifundiário. Já a compradora representa os Grandes Barões do Comércio (Banqueiros e Grandes comerciantes) geralmente ligados a monopólios privados e internacionais; Os Latifundiários feudais, os quais representam a aplicação das relações servis no campo, prendendo os homens à terra (camponeses) e tendo a propriedade fundiária da terra para sustentar seu poder; O campesinato, com seu conjunto (principalmente pobre) e médio e rico campesinato, representando os homens presos à terra e que possuem contradições principalmente com os Latifundiários, classe dominante no campo responsável pela servidão dos camponeses, que se aproveitam de modalidades feudais para explorar os camponeses, como por exemplo, o regime de barracão1; O Proletariado, a última classe da história e a única que tem possibilidade de dirigir a revolução, que vende de sua força de trabalho em troca de um salário, que nada mais é uma parte do valor que o mesmo produz no seu trabalho, o qual é extraído em forma de mais-valia pelo capitalista; O Semiproletariado, que ainda possui parte dos meios de trabalho (constituindo-se em um setor arruinado que oscila entre pequena burguesia e proletariado, em acelerada proletarização). Aqui se pode citar como exemplo, os motoristas de Uber; A Pequena burguesia, uma classe com muita energia, que está entre a Grande Burguesia e o Proletariado. Pode se dar o exemplo artesãos, trabalhadores autônomos e pequenos proprietários no geral como representantes dessa classe. Além disso, se pode dizer que essa classe há já uma mencionada grande energia, mas que pode se desviar tanto para direita como para esquerda, isto é servir à burguesia ou ao proletariado; A Burguesia Genuinamente nacional, que é uma classe exploradora objetivamente, no entanto, possui contradições com as demais classes dominantes e principalmente com o imperialismo e, ademais possui pouco ou nenhum espaço no Estado Burguês e suas empresas são destinadas genuinamente à produção nacional, sem se abrir de fato para monopólios estrangeiros. Ademais, há as “Três Linhas do Capitalismo Burocrático”, ou seja, TrêS formas de manifestação do capitalismo burocrático, as quais foram descritas pelo Presidente Gonzalo: “Introduz a linha latifundiária no campo mediante leis agrárias expropriatórias que não apontam a destruir a classe latifundiária feudal e sua propriedade senão evoluí-las progressivamente mediante a compra e pagamento da terra pelos camponeses. A linha burocrática na indústria aponta a controlar e a centralizar a produção industrial, no comércio, etc., pondo-os cada vez mais em mãos monopolistas a fim de propiciar uma acumulação mais rápida e sistemática do capital, em detrimento da classe operária e demais trabalhadores, naturalmente, e em benefício dos maiores monopólios do imperialismo em consequência; neste processo tem grande importância a poupança forçosa a que se submete aos trabalhadores, como se vê na lei industrial. A linha burocrática no ideológico consiste no processo para moldar a todo o povo, mediante meios massivos de difusão, especialmente, na concepção e ideias políticas, particularmente, que sirvam ao capitalismo burocrático; a lei geral de educação é a expressão concentrada desta linha, e uma das constantes desta linha é seu anticomunismo, seu antimarxismo aberto ou solapado.” [4] Vamos analisar como essas três linhas se manifestam no nosso país. A linha latifundiária no Brasil se manifesta no campo a partir de leis agrárias expropriatórias, que são propagandeadas como “Reforma Agrária”, que longe destruir o latifúndio, acabam por o alongar, deixando basicamente os trabalhadores rurais em uma condição precária, sem condição de plantar, tendo que vender a sua força de trabalho para o latifúndio depois e inclusive suas terras. A linha burocrática na Indústria no Brasil aparece a partir da tendência da centralização e da monopolização de toda a produção nacional, a fim de aumentar do capital burocrático e precarizar cada vez mais a vida das massas. A linha burocrática no ideológico no Brasil se manifesta a partir da defesa do capitalismo burocrático por meios de comunicação, da educação e da cultura. Isso é notável, por exemplo, na clássica propaganda da Globo “AGRO É POP”, no próprio projeto do “Novo Ensino Médio”, que substituiu disciplinas científicas por disciplinas farsantes, além de aumentar o abismo entre as escolas, precarizando assim a educação pública. E, como o último exemplo, podemos citar o clássico exemplo vindo de muitos direitistas que é a demonização do principal inimigo do capitalismo burocrático: o marxismo. O Caminho da Revolução nos Países Capitalistas Burocráticos Diante do exposto, ainda falta uma última pergunta a ser respondida: qual é o caminho que deve ser tomado para engendrar a Revolução, ou melhor, qual é a forma e o conteúdo da Revolução em países do tipo Capitalista Burocrático? De maneira alguma poderá ser tomado o caminho de uma Revolução Socialista de imediato, uma vez que a principal contradição não está entre proletariado e burguesia, mas sim entre o campesinato pobre e o sistema latifundiário, o que exige uma tarefa democrática. Ao mesmo tempo que não se pode falar de uma Revolução Democrático-Burguesa, uma vez que a nossa Grande Burguesia é reacionária e vive do capitalismo burocrático. E, mesmo que a pequena burguesia e média burguesia tenham pretensões progressistas, não possuem forças pra dirigir a Revolução, pois tem medo do comunismo. Ora, então “O que Fazer?” A isso, o Presidente Mao Tsé-Tung responde com a Revolução Democrática de Novo Tipo ou Revolução de Nova Democracia Ininterrupta ao Socialismo. [4] Em síntese, cabe ao Proletariado em formada aliança operário-camponesa por meio do Partido Comunista junto com uma aliança com as demais classes oprimidas, conduzir uma Revolução Democrática cujo eixo central é a Revolução Agrária, uma vez que a contradição principal é entre Camponeses x Latifundiários e, sendo assim, barra a condição semicolonial e semifeudal, destruindo-as e assim avança ininterruptamente para o socialismo. Escrito por Kota Notas 1 — O regime de barracão funciona assim, nesse caso, o semiproletário do campo, levado à fazenda como assalariado devido a um longo processo de expropriação pelo latifúndio feudal-burguês, é convertido rapidamente em servo. Ele, aparentemente assalariado, é obrigado a comprar com o senhor os bens de consumo a preços hiperinflacionados, forma através da qual o senhor, na prática, toma-lhe o “salário” que lhe pagou. Na prática, o camponês pobre sem nenhuma terra trabalha na terra do senhor, entregando-lhe a renda-dinheiro, trabalho gratuito, torna-se preso à terra. Bibliografia: [1] El programa agrário de la socialdemocracia russa em la primera revolución rusa de 1905–1907 — Lenin, 1908 [2] Como o marxismo-leninismo-maoismo compreende o capitalismo burocrático — Movimento Popular Peru (Comitê de Reorganização). Publicado na Revista o Maoista n 1 (setembro de 2016). Disponível em: https://serviraopovo.com.br/2020/02/25/como-o-marxismo-leninismo-maoismo-compreende-o-capitalismo-burocratico/ [3] A problemática nacional — Presidente Gonzalo, 1974. Disponível em: https://serviraopovo.wordpress.com/2021/10/10/a-problematica-nacional-presidente-gonzalo-1974/ [4] Sobre a Democracia Nova — Mao Tsé-tung, janeiro de 1940. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/mao/1940/01/democracia.htm

O Uso Oportunista da obra “Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo

O Uso Oportunista da obra “Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo” 1-Introdução A obra “Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo” [1], é uma obra escrita pelo Camarada Lenin, a qual polemizava com diferentes esquerdistas de seu tempo, dos aventureiristas pequeno-burgueses até os seus camaradas bolcheviques. Essa obra merece ser lida e analisada minuciosamente. Isso porque mais do que nunca ela vem sendo invocada como um mantra pelos oportunistas, de forma desconexa e caricata, tergiversando os sólidos e corretos ensinamentos do Grande Lenin, e endossando ao mais vil cretinismo parlamentar, o qual Lenin combateu de forma indubitável. Justificando as mais hediondas alianças com o que há de mais reacionário no parlamento burguês, vemos essa obra sendo usada pelos oportunistas dos já partidos revisionistas como PCB, PCdoB, PCR, UP e etc. O objetivo primordial deste artigo é refutar e desmascarar os oportunistas que utilizam a obra de Lenin para o endossar o mais vil cretinismo parlamentar. Sendo assim nós demonstraremos como é o pensamento de Lenin sobra a questão das eleições em sua essência. 2- O aventureirismo dos socialistas revolucionários O esquerdismo, antes de tudo, se configura como posturas excessivamente radicais ou aparente extremas, mas que são inaptas à revolução. Podemos citar desde terrorismo individual às posturas sectárias que causem o isolamento das massas. Voltando agora a obra de Lenin, nela o nosso camarada travou incessantes debates com uma linha esquerdista que daremos atenção especial no momento, os socialistas revolucionários. Os socialistas revolucionários são descritos por Lenin como tendo tendências pequeno-burguesas que negavam o marxismo e tinham flerte pelo anarquismo. Eram aventureiristas e praticavam ações terroristas individuais, sem se preocupar com a mobilização das massas em suas ações, e longe de suas ações atraírem as massas para si, acabavam na verdade as alienando da luta. Ademais, ao mesmo tempo que riam dos oportunistas da II Internacional, se aliavam com esses para atacar os bolcheviques em sua política agrária e a defesa da ditadura do proletariado. Em síntese, assim como o anarquismo, os socialistas revolucionários tinham uma ideologia pequeno-burguesa, furiosa contra o capitalismo, mas incapaz de o compreender de forma profunda e construir uma organização sólida e de massas, se lançando assim em ações de maneira imprudente. Diante do exposto, temos aqui de fato a correta definição de “Esquerdismo”, a qual não é aplicada de maneira nenhuma aos legítimos democratas, estudantes do marxismo-leninismo-maoismo e comunistas de fato. 3- A opinião de Lenin acerca dos boicotes e das traições disfarçadas de “estratégias” A participação no parlamente burguês e o uso do boicote sempre foram questões táticas para o Camarada Lenin. Em nenhum momento de sua obra ele vai defender incondicionalmente uma das opções, muito pelo contrário, ele se esforça para deixar claro que o uso dependia do momento. Sobre o boicote dos bolcheviques que Lenin definiu como justo, ele disse o seguinte: “”O boicote dos bolcheviques ao “parlamento” em 1905, enriqueceu o proletariado revolucionário com uma experiência política extraordinariamente preciosa, mostrando que, na combinação das formas de luta legais e ilegais, parlamentares e extraparlamentares, é, às vezes, conveniente e até obrigatório saber renunciar às formas parlamentares.” Mas também destacou que: “transportar cegamente, por simples imitação, sem espírito crítico, essa experiência a outras condições, a outra situação, é o maior dos erros.” Sendo assim podemos ter a plena convicção da posição tática de Lenin sobre o parlamento, não sendo o boicote, como dizem nossos incautos oportunistas, natureza “esquerdista”. Assim Lenin propunha usar o boicote e o parlamento, trabalho ilegal e legal conforme servisse ao progresso do Partido. Alguns refugos tais como os nossos, diziam que “se Lenin fez aliança com os imperialistas alemães tudo é válido” …logo estava liberado qualquer aliança com qualquer lixo com o pretexto de estar sendo “tático”, Lenin em seu livro ataca impiedosamente esses senhores: “(…) os mencheviques e os social-revolucionários na Rússia, os partidários de Scheidemann (e, em grande parte, os kautskistas) na Alemanha, Otto Bauer e Friedrich Adler (sem falar dos Srs. Renner e outros) na Áustria, os Renaudel, Longuet & Cia. na França, os fabianos, os “independentes” e os “trabalhistas”(9) na Inglaterra assumiram, com os bandidos de sua própria burguesia e, às vezes, da burguesia “aliada”, compromissos dirigidos contra o proletariado revolucionário de seu próprio país, esses senhores agiram como cúmplices dos bandidos. A conclusão é clara: rejeitar os compromissos “por princípio”, negar a legitimidade de qualquer compromisso, em geral, constitui uma infantilidade que é inclusive difícil de se levar a sério. O político que queira ser útil ao proletariado revolucionário deve saber distinguir os casos concretos de compromissos que são mesmo inadmissíveis, que são uma expressão de oportunismo e de traição, e dirigir contra esses compromissos concretos toda a força da crítica, todo esforço de um desmascaramento implacável e de uma guerra sem quartel, não permitindo aos socialistas, com sua grande experiência de “manobristas”, e aos jesuítas parlamentares que se livrem da responsabilidade através de preleções sobre os compromissos em geral”. Os senhores “chefes” das trade-unions inglesas, assim como os da Sociedade Fabiana e os do Partido Trabalhista “Independente”, pretendem, exatamente desse modo, eximir-se da responsabilidade da traição que cometeram, por haver assumido semelhante compromisso que, na realidade, nada mais é que oportunismo, defecção e traição da pior, espécie. Há compromissos e compromissos. É preciso saber analisar a situação e as circunstâncias concretas de cada compromisso, ou de cada variedade de compromisso. É preciso aprender a distinguir o homem que entregou aos bandidos sua bolsa e suas armas para diminuir o mal causado, por eles e facilitar sua captura e execução, daquele que dá aos bandidos sua bolsa e suas armas para participar da divisão do saque. Em política, isso está muito longe de ser sempre assim tão difícil como nesse pequeno exemplo de simplicidade infantil. Seria, porém, um simples charlatão quem pretendesse inventar para os operários uma fórmula que, antecipadamente, apresentasse soluções adequadas para todas as circunstâncias da vida, ou aquele que prometesse que na política do proletariado nunca surgirão dificuldades nem situações complicadas. “ Além disso, vale destacar que o acordo que o Camarada Lenin fez com os imperialistas alemães, serviu justamente com o objetivo de se evitar um verdadeiro banho de sangue. Isso porque com a Intervenção da Entente que veio na Guerra Civil Russa acabou causando pesadas baixas aos civis em um país que ousou resistir e lutar contra a velha ordem. Agora, no que concerne à prática social do Partido Comunista Bolchevique, a sua atuação em diversas situações na Revolução Russa são a comprovação de que esse sempre esteve ao lado do proletariado e da revolução socialista. Em relação aos que tentam se equiparar ao Lenin com suas práticas torpes de aliança com o imperialismo e latifúndio, não só traem princípios como nunca fizeram nada pela classe trabalhadora. 4-A Estratégia de Lenin nada tem em comum com a “estratégia” dos oportunistas O Camarada Lenin em nenhum momento de sua obra usa abstrações politizadas ou antimaterialistas como “votar no menos pior”, “rouba, mas faz” ou “votar em x para barrar o imperialismo”. Lenin anda mantinha a mesma convicção do fracasso do parlamentarismo burguês e sua necessidade de derrubá-lo. E, usando do materialismo histórico e do materialismo dialético, compreendia que, os sindicatos e partidos socialdemocratas, representavam um marco histórico na luta operária, sendo as primeiras formas de organização da luta trabalhista e socialista reuniam milhares em seu entorno que acreditavam fielmente nas promessas do reformismo, como esses partidos ainda estavam galgando espaços para chegar ao poder no parlamento das nações da Europa, havia a necessidade de lançar os partidos burgueses social-democratas e trabalhistas ao poder, para depois, os denunciar pela suas políticas oportunistas, evidenciando suas limitações, seu caráter reacionário e assim os atacar de forma devastadora. Lenin disse o seguinte aos “Comunistas de Esquerda” da Inglaterra: “Pelo contrário, do fato de a maioria dos operários da Inglaterra ainda seguir os Kerenski e os Scheidemann ingleses de não ter passado “ainda pela experiência de um governo formada por esses homens — experiência que foi necessária tanto na Rússia como na Alemanha para que os operários se passassem em massa para o comunismo deduz-se de modo infalível que os comunistas ingleses devem participar do parlamentarismo, devem ajudar a massa operária de dentro do parlamento a ver na prática os efeitos do governo dos Henderson e dos Snowden, devem ajudar os Henderson e Snowden a derrotarem a coalizão de Lloyd George e Churchill. Proceder de outro modo significa dificultar a marcha da revolução, pois se não se produz uma modificação nas opiniões da maioria da classe operária, a revolução torna-se impossível; e essa modificação se consegue através da experiência política das massas, e nunca apenas com a propaganda. A palavra de ordem: “Avante sem compromissos, sem desviar-se do caminho!” é claramente errada, se quem a propala é uma minoria evidentemente impotente de operários que sabe (ou, pelo menos, deve saber) que dentro de pouco tempo, no caso de, Henderson e Snowden triunfarem sobre Lloyd George e Churchill, a maioria perderá a fé — em seus chefes e apoiará o comunismo (ou, em todo caso, adotará uma atitude de neutralidade e, em sua maioria, de neutralidade simpática em relação aos comunistas). É a mesma coisa que se 10.000 soldados se lançassem ao combate contra 50.000 inimigos no momento em que é necessário “deter-se”, “afastar-se do caminho”, e até concertar um “compromisso” para esperar a chegada de um reforço prometido de 100.000 homens, que não podem entrar em ação imediatamente. É uma infantilidade própria de intelectuais e não uma tática séria da classe revolucionária. “ O Pensamento Leninista é claro: não adianta os comunistas saberem que o Parlamento e os partidos burgueses eram reacionários, isso não mudaria a crença que milhares de operários tinham acerca dos partidos burgueses. Era necessário demonstrar a inevitabilidade da política reacionária burguesa presente nos socialdemocratas, revelar sua incapacidade de gerir os anseios das massas populares. Avançando, o Camarada Lenin disse: “(…) em segundo lugar, ajudar a maioria da classe operária a convencer-se por experiência própria de que temos razão, isto é, da incapacidade completa dos Henderson e Snowden, de sua natureza pequeno-burguesa e traidora, da inevitabilidade de sua falência; e, em terceiro lugar, antecipar o momento em que, sobre a base da desilusão produzida pelos Henderson na maioria dos operários, se possa, com grandes probabilidades de êxito, derrubar de golpe o governo dos Henderson.” Dessa forma a ajuda dos comunistas na verdade era do tipo “dar a corda para os reformistas se enforcarem”: “ (…) como também por que eu gostaria de sustentar Henderson com meu voto do mesmo modo que a corda sustenta o enforcado; que a aproximação dos Henderson a um governo formado por eles mesmos demonstrará a minha razão, atrairá as massas para o meu lado e acelerará a morte política dos Henderson e Snowden, exatamente como aconteceu com seus correligionários na Rússia e na Alemanha.” Em síntese, Lênin pregava o apoio tático não como ilusão parlamentar, mas para desmascarar os novos eleitos, acelerar a inevitável decomposição do Estado Burguês, aprofundar sua crise que, independe da vontade de um gestor de turno, mas é uma lei natural do capitalismo. Diante do cenário de total descrédito e falência das instituições do Estado, se aprofundaria a agudização da luta de classes e o desencadeamento da revolução proletária: “ (…) a revolução é impossível sem uma crise nacional geral (que afete explorados e exploradores) (…) em segundo lugar, é preciso que as classes dirigentes atravessem uma crise governamental que atraia à política inclusive as massas mais atrasadas (o sintoma de toda revolução verdadeira é a decuplicação ou centuplicação do número de homens aptos para a luta política, homens pertencentes à massa trabalhadora e oprimida, antes apática), que reduza o governo à impotência (…)” Diante do exposto é possível concluir que a tática de Lênin em nada se assemelha com aqueles que seguem se iludindo e iludindo as massas. PCdoB, PCR, PCB, PSTU e PCO defenderam o projeto do PT por fé e não estratégia. Nunca tiveram em mente à bancarrota do PT para expor suas contradições e afastar as massas do atraso em apoio à sua política. Ainda que de fato a tática de apenas participar do parlamento para o denunciar já tenha caducado historicamente. Será exposto o porquê no próximo tópico. 5- Boicote eleitoral: de tática circunstancial para uma tática universal Conforme o tempo foi passando e a Revolução Proletária Mundial avançando, os estados burgueses desde os imperialistas até os capitalistas burocráticos passaram por grandes processos de reacionarização. Sendo assim eles aumentaram o grau e número de repressão e empurraram cada vez mais os revolucionários para a ilegalidade. Em síntese, a própria participação no Parlamento Burguês apenas para a denúncia e propaganda revolucionária se tornou insustentável tanto pelo fato da estrutura parlamentar não permitir que isso aconteça, como também já se vê uma ineficácia de tal tática. Isso porque as massas estão desiludidas e possuem uma ojeriza quase natural às eleições. Se falarmos do Brasil então, se vê de forma muita clara nas últimas eleições (2022) que as massas tem de fato essa ojeriza às eleições[2], já que nesse ano teve o maior número de abstenções desde 1988 e os que votaram em Lula e Bolsonaro o fizeram na lógica de tentar impedir um ou outro de ganhar (Lula e Bolsonaro). Ademais, outra coisa que é importante comentar é que praticamente 1/3 da população não votou (brancos, nulos e abstenção). Sendo assim, de nada vale sequer a participação no parlamento para denunciar os já putrefatos oportunistas dos partidos burgueses, como o PT.[3] Falando agora sobre o boicote eleitoral em si, ele já foi aplicado e continua o sendo em outros países, como na Índia. Nesse país, essa tática foi defendida [N.T: como sendo universal) inicialmente pelo Grande Chefe do Partido Comunista da Índia (Marxista-Leninista), o camarada Charu Mazumdar, que diz o seguinte sobre a via parlamentar, a revolução mundial e o boicote: “Na presente época, quando o imperialismo está caminhando para um colapso total, a luta revolucionária em cada país assumiu a forma de luta armada; e o Revisionismo soviético, incapaz de manter a sua máscara do socialismo, foi forçado a adotar táticas imperialistas; A revolução mundial entrou em uma nova fase superior; e o socialismo está marchando irrepressível frente para a vitória — em tal época, levar a luta para o caminho parlamentar, é parar esta marcha progressiva da revolução mundial. Hoje, os revolucionários marxista-leninistas não podem optar pela via parlamentar. Isto é verdade não só para os países coloniais e semi-coloniais, mas para os países capitalistas também. Nesta nova era da revolução mundial quando a vitória foi alcançada na Grande Revolução Cultural Proletária na China, tornou-se a principal tarefa dos marxistas-leninistas de todo o mundo para estabelecer bases em áreas rurais e para construir, de uma base sólida, a unidade dos trabalhadores, camponeses e todos os povos que labutam através da luta armada. Assim, a campanha de “boicotar as eleições”, estabelecer bases rurais e criar a luta armada que os revolucionários marxistas-leninistas têm avançado, permanece válidos para a era inteira. Ao aderir à via parlamentar os revolucionários de todo o mundo tem permitido uma dívida de sangue formidável a acumular ao longo dos tempos. O tempo chegou para resolver esta dívida de sangue. Centenas de milhares de mártires caídos apelam aos revolucionários: “Destruam o imperialismo e eliminem-no da face da terra!” É hora de reconstruir o mundo de uma nova maneira! Nossa vitória nesta luta é o certo!” [4] Basicamente ele explica que aderir à via parlamentar é fundamentalmente parar o avanço da revolução mundial. Isso porque naquele contexto o maior defensor da via parlamentar era exatamente o revisionismo soviético. Ademais, ele também defende que isso é uma verdade tanto para os países capitalistas (provavelmente está se referindo neste caso aos países imperialistas) e quanto para os países semicoloniais (capitalistas burocráticos) e propõe no fim o boicote às eleições. Sobre as eleições, o Presidente Gonzalo, a Chefatura do Partido Comunista do Peru e aquele que definiu o Maoismo “como terceira, nova e superior fase do marxismo-leninismo”, disse o seguinte: “Se me permitirem, lhes diria que o principal das eleições é boicotá-las e, se possível, impedi-las. Por que propomos isto? Que vai ganhar o povo? Nada. Nada vai ganhar com a renovação eleitoral, creio que isso é uma coisa muito clara na história do país. No documento ‘Desenvolver a Guerra Popular servindo à Revolução Mundial’ fizemos ver, demonstramos, e ninguém o desmentiu, demonstramos como a porcentagem da IU é a situação que impediu que a maioria se expressasse contra as eleições. Creio que isso ficou demonstrado. Portanto, temos defendido, e os fatos demonstram, que a tendência no Peru é a de não esperar nada das eleições, nem de um novo governo, a tendência é rechaçar as eleições.”[5] Somos da mesma opinião do camarada Gonzalo, o povo não ganhará nada com as eleições. Eis a tarefa de as boicotar! 6- Conclusão Caros companheiros, tendo em vista tudo o que foi exposto nesse artigo podemos concluir que a tática de Lenin em nada se assemelha com os oportunistas dos já rebotalhos partidos revisionistas de nosso país. Ademais, tendo em vista, que a revolução mundial já entrou há muito tempo em uma fase superior, como já foi citado pelo Camarada Charu Mazumdar, aderir ao caminho parlamentar não faz avançar a revolução mundial. Muito pelo contrário, ao aderir à via parlamentar se permite acumular uma dívida de sangue formidável, mais do que ela já está acumulada. Como o Presidente Gonzalo disse [N.T: O POVO]“Nada vai ganhar com a renovação eleitoral”. O certo é erguer o lema e o cumprir de fato em forma de ação “Eleições não! Guerra Popular sim!”. Tendo dito tudo isso, terminamos aqui o artigo e fechamos com uma frase proferida pelo camarada Lenin: “A luta contra o imperialismo é uma frase vazia e falsa se não estiver indissoluvelmente ligada à luta contra o oportunismo” — Lenin Bibliografia: [1]Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo — Lenin, 1920. Disponível em:https://www.marxists.org/portugues/lenin/1920/esquerdismo/ [2] — RO: Massas rechaçam farsa eleitoral — Gabriel Artur, 2022. Disponível em:https://anovademocracia.com.br/massas-rechacam-farsa-eleitoral-no-interior-de-rondonia/ [3] — A crescente de abstenções, votos brancos e nulos — Bernardo Caram e Renan Ramalho, 2016. Disponível em:https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2016/noticia/2016/10/abstencoes-votos-brancos-e-nulos-somam-326-do-eleitorado-do-pais.html [4] — “Boicotar as Eleições!” — Importante Campanha Internacional — Charu Mazumdar, 1968. Disponível em: "Boicotar as eleições!" - Importante Campanha internacional Primeira Edição: Liberation, dezembro de 1968 Fonte: Servir ao Povo de todo Coração … www.marxists.org [5] LA ENTREVISTA DEL PRESIDENTE GONZALO, 1988. Disponível em: https://www.verdadyreconciliacionperu.com/admin/files/libros/600_digitalizacion.pdf Antirrevisionismo Maoismo Antielectoralism Brazilian 1

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Pedro Pomar: Um Maoista Necessário no Século XXI Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior (Mestre em Estudos Literários/UFMG)

Pedro Pomar: Um Maoista Necessário no Século XXI Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior (Mestre em Estudos Literários/UFMG) Essa coletânea de textos de Pedro Pomar, jornalista e militante comunista assassinado em 1976 pela ditadura brasileira na Chacina da Lapa, demonstra mais uma vez mostra a potência desse pensador engajado. Sendo assim, é com satisfação que disponibilizamos essa reunião de seus artigos e discursos, muitos de difícil acesso, outros há muito tempo inéditos. Ele faz o atualíssimo elogio de Stálin e suas contribuições à ciência militar, num momento histórico em que Stálin está sendo justamente revalorizado enquanto pensador. Compreender o pensamento e a contribuição teórico/prática de Stálin tem sido premente e, dia após dia, Stálin retorna ao lugar de onde não deveria ter saído no pensamento marxista-leninista. Pomar utiliza corretamente o termo, usando a expressão marxismo-leninismo-stalinista; o uso do termo “stalinismo” historicamente foi rejeitada pelo próprio Stálin, que ressaltou ser apenas um aplicador de Lênin, mas esse uso que Pomar consagra é um uso correto, assim o pensamento é encadeado de forma indissociável do leninismo. Outro momento em que esse livro coleta um documento necessário é a Carta dos 100, documento que mostra como o atual PCB de José Paulo Netto e de outros trotsko-lukacsianos já nasceu com as características que reaparecem hoje, no racha entre os “jonesianos do RR” e os “Bezerras do Comitê Central”: autoritarismo da cúpula (deturpação de diretrizes de forma autoritária, sem passar por Congresso), revisionismo no sentido de tirar tudo o que é revolucionário em prol de se ligar ao estado, oportunismo eleitoral indissociável da suicida via pacífica como caminho das concessões. Ou seja: o DNA autoritário do PCB existiu desde o seu nascimento em 1962, aliás, esse documento comprova que o degenerado PC de Iasi, Manzano e Netto nasceu ali, devendo o próprio nome a uma concessão à exigência dos “patridiotas” de então de um partido comunista “brasileiro”. Igualmente, Pomar registrou o momento exato em que Prestes começou a degenerar, corretamente atribuindo a ele o papel de líder do kruschevismo no Brasil. Esse papel nefasto de Prestes enquanto revisionista não foi processado até hoje. A direita o execrou como comunista e o a esquerda o preserva como cavaleiro da esperança. Nesse ponto, mais uma vez quem devemos consultar, quem tem razão é Pedro Pomar. Muitos textos guardam grande atualidade e sintonia com as interpretações atuais. Mais do que nunca é preciso desmascarar o falso patriotismo dos militares, infelizmente, serviçais dos piores inimigos da pátria. Pomar denunciou isso no texto O Povo Conquistará sua Verdadeira Independência. A conclusão de Pomar é que 1817 é que foi o marco da nossa independência, posição na qual Pomar converge com Nildo Ouriques, é muito lúcida. Como a revolução republicana estava para acontecer, o império organizou o arranjo conservador de 1822, mantendo toda a malha feudal e colonial. Igualmente, Pomar foi profético quando ressaltou que, quando um revisionista vomita o asqueroso slogan “socialismo e liberdade” é para disfarçar que quem fala nisso quer abolir a liberdade de debate, por exemplo, sobre Stálin; via de regra, quem fala em socialismo e liberdade é sempre muito mais autoritário do que qualquer seguidor de Mao, Stálin ou Pol Pot. Suas reflexões, sejam sobre a Grande Revolução Proletária, o momento histórico trágico em 1972 ou o Araguaia, são agora, quando a esquerda revolucionária renasce das cinzas, mais atuais e prementes do que nunca.