domingo, 22 de setembro de 2024

Dr. Clodomiro Anaya: Pátria e Coração Grande

Dr. Clodomiro Anaya: Pátria e Coração Grande A história de Dr. Segundo Clodomiro Anaya Rojas me impressionou. Eu o conheci há muitos anos quando meu tio Rodrigo Anaya Rojas se casou com minha tia Denise, ainda nos anos 80. “Segundo” Clodomiro tem esse nome devido ao fato de ter o mesmo nome do pai, o que seria equivalente ao “Júnior” aqui. Viveu parte de sua infância em sua cidade natal ao sopé dos Andes e outra parte com os avós no Departamento de Cajamarca, no norte do Peru, pois perdeu a mãe com sete anos de idade. Depois estudou no prestigiado Colégio San José, em Chiclayo, no litoral norte, se mudando depois para Lima, a capital, onde viviam seu pai e três irmãos, em busca de novas oportunidades de estudos e trabalho e a família, apesar de unida, vivia com sacrifícios. Sobre a região onde passou a infância, Rodrigo Rojas, seu filho, contou-me um dia que ali existiu uma civilização bem anterior aos incas. Falou também da guerra entre Peru e Bolívia contra o Chile no final do século XIX, guerra da qual sabemos pouco aqui no Brasil. Clodomiro trabalhou como “segurança” por dois anos em uma siderúrgica recém inaugurada há cerca de duzentos quilômetros ao norte de Lima, onde juntou uma certa quantia e resolveu mudar-se para o Brasil em busca de seu sonho. Clodomiro sonhava em estudar Medicina, mas a universidade era muito elitizada em Lima. Tentou, então, uma vaga na Argentina e não conseguiu. Soube, então, de um intercâmbio do governo Juscelino Kubitschek e veio para o Rio de Janeiro. Lá ele ouviu falar em Belo Horizonte. Uma vez na faculdade de Medicina da UFMG, conheceu Rafael de Araújo Cançado. Foi através desse colega, tio de sua atual esposa, que ele conheceu a doce Ângela, da distinta família Lopes Cançado, que conhecemos como Dona Ângela, com quem se casou. Ela é parente da escritora Maura Lopes Cançado, autora de Hospício é Deus, comentada por mim aqui em várias crônicas, tais como Maura Lopes, a Maior Escritora que já Viveu Aqui. Ela o fez prosseguir no Brasil e constituir família. Entre idas e vindas, Dr. Clodomiro é um médico muito querido aqui em Bom Despacho, trabalhou como pediatra, tendo recebido o título de Cidadão Honorário, inclusive. Sempre foi uma pessoa progressista, é muito politizado e informado, acompanha muito as notícias, especialmente do Peru e da “Pátria Grande”, a América Latina. Para quem não sabe, o primeiro capítulo de nossa Constituição, especialmente importante e claro no parágrafo único, aquele que estabelece os princípios fundamentais da Constituição, explica que: A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Os filhos são: Rodrigo, Tânia, Rogério, Cláudia e Felisa. Fomos junto com Cláudia ao show de Caetano Veloso e Betânia, graças também à minha cunhada Felisa, que gentilmente cedeu o ingresso. Felisa Anaya é a minha querida cunhada, esposa de meu irmão Mário. Doutora em Sociologia, aprovada em concurso pela Unimontes, foi morar em Montes Claros, estudou em Belo Horizonte, mas vem sempre a Bom Despacho, onde passou a infância. Tânia Anaya Segunda, filha de Dr. Clodomiro, procura, através de seus filmes e outras expressões artísticas, valorizar a cultura indígena e afro-brasileira. Em 2005, realizou um calendário que citou a Tabatinga; em 2006 projetou e lançou outro, intitulado Meu Brasil Africano (Minha África Brasileira) junto ao Ministério da Educação. Atividades culturais como as desenvolvidas por Tânia Anaya permanecem iniciativas de indivíduos isolados em nossa região. Recentemente, Tânia esteve em Montes Claros elaborando um novo trabalho cinematográfico. Há pouco tempo, reencontrei Clodomiro numa festa de família, a festa de aniversário de minha cunhada Felisa, uma festa com uma banda cubana. A música preferida de Clodomiro é uma cumbia peruana chamada Cariñito, cantada originalmente pelos “Hijos del Sol”. Carinito significa “Queridinha”: Cariñito Lloro por quererte, por amarte, por desearte Ay cariño, ay mi vida Nunca, pero nunca me abandones, cariñito Nunca, pero nunca me abandones, cariñito Sendo assim, viva Segundo Clodomiro Anaya Rojas, representante da Pátria Grande em Bom Despacho!

Orgulho, Preconceito e Vampiros

Orgulho, Preconceito e Vampiros Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior Fiztwilliam Darcy e Elizabeth Bennett são dois adolescentes de Derbyshire, Inglaterra, que vão passar férias, coincidentemente, em Manaus, no estado brasileiro do Amazonas. Bennet é uma gótica atéia que curte ouvir bandas como The Cure. Já Darcy é de origem protestante, um nerd em férias. Bennet ainda está no esquema escola-cinema-clube-televisão, enquanto Darcy escreve poemas românticos, faz luta marcial, participa de um partido político de centro-esquerda, Bennet gosta de shows de rock e cemitérios. Encontraram-se então num parque da cidade, por acaso, mas identificam-se por serem ambos ingleses. Darcy chama Benett para ver Netflix em seu quarto de hotel, mas ela recusa e diz que, se possível, evita Netflix, pois gosta de sair para festas de rock gótico para se libertar. Benett ia passar duas semanas idílicas em Manaus, visitar o teatro Amazonas, ver o encontro do Rio Negro e do Solimões, passear de barco e visitar uma tribo indígena. Fiztwillian Darcy viajou para ver uma ópera Dido e Eneas, de Purcell, encenada no teatro Amazonas. No entanto, por azar, Manaus e o mundo inteiro são assolados por uma misteriosa pandemia de vampiros e eles não conseguem retornar para Derbyshire, os voos são cancelados. No contexto da pandemia, os dois ficam presos em um mesmo hotel, e, temendo a morte, Darcy, encantado em encontrar alguém que o entende e com medo de morrer, pede Benett em casamento e ela aceita. Eles combinam de casar-se e morarem em Derbyshire, no interior da Inglaterra. No entanto, logo em seguida, a pandemia de vampiros acaba e os dois conseguem voltar para Derbyshire na Inglaterra. Uma vez na Inglaterra onde há crise imobiliária e está difícil alugar um apartamento, os dois adiam o casamento. Darcy vai para Londres estudar para tornar-se funcionário público, enquanto Benett prossegue em Derbyshire onde, apesar da troca de cartas, esse amor vai esfriando. Por fim, Darcy rompe e encontra uma gatinha comunista. Por sua vez, Benett passa da fase gótica. Ela passa a frequentar a igreja do pastor Collins e, por fim, aceita um pedido de casamento dele, que se separou de Charlotte.

Herbert Magalhães: Escritos Vivos

Herbert Magalhães: Escritos Vivos “O resgate de nossas origens é de fundamental importância para as futuras gerações. Garimpar e guardar aquilo que nos representa tem um valor sem preço.” Essa frase –poderia ser o lema de minha coluna – é que abre o livro Escritos Vivos (Divinópolis, 2021, Editora Adelante), de autoria do recentemente falecido coronel Herbert Magalhães. O nome “Geração Pita” é o título do capítulo inicial, uma homenagem ao pai, Epitácio, apelidado Pita, jogador de futebol na juventude (considerado um craque na cidade). São muito encantadoras essas crônicas, que são uma verdadeiras cápsula do tempo: Naqueles anos 50, correr para detrás do muro da Vila, ver o carro de bois gemer; assistir às jardineiras que transitavam na mesma estrada poeirenta com destino a Abaeté, Dores e Martinho Campos; fugir dos deveres escolares para jogar bola e ficar na espera do Pita aparecer para buscar-me pelas orelhas; fugir até o goiabal para colher frutas, enfim muitas saudades. Herbert guardava a lembrança do bangalô onde viveu com a família, Chalé 06, rua Tenente Garro, Vila Militar. Mudaram-se para um bangalô. Herbert recolhe a doce lembrança de sua mãe, dona Nenzinha, a costurar junto a seus filhos. Como eram nove irmãos (!) ele recorda como a situação da família era apertada, inclusive tinha de comer, por vezes, mamão verde “afogado”, pois nem sempre comiam carne. O pai, curiosamente, tentou criar porcos em casa, mas isso trouxe mosquitos e mau cheiro. Muito emocionante para mim foi reencontrar no livro de Herbert a lembrança de um personagem que com que meu pai, Lúcio do Espírito Santo, iniciou seu breve período como cronista aqui no Jornal de Negócios, o “Fidirico”, o “Alemão da Colonha”. Esse personagem foi homenageado numa crônica chamada Bolo do Fridrico: Também não esqueço do Fidirico, o “Alemão da Colonha”, quando aparecia no final da rua, montado em seu burro vindo entregar o leite, na porta de cada um. A meninada atrás cobrando o bolo por ele prometido. Às vezes premiava um deles (MAGALHÃES, 2021, p. 15). Curiosamente, meu pai foi citado elogiosamente nesse livro de Herbert Magalhães. Essas suas memórias são preciosas como memórias do passado de nossa cidade. Ele recorda o “Tirobis”, rapaz que marcou época nos anos 60 e 70. Ele andava com estilingues pendurados no pescoço e papavento na mão. Dava um tapa no traseiro dos passantes. Tirobis foi cunhado de Herbert Magalhães e, embora desse trabalho para a família, era uma boa pessoa, temente a Padre Libério. Herbert foi a missas de Padre Libério e relata sua voz mansa e suas desventuras. Padre Libério, a seu ver, foi deslocado de Leandro Ferreira para Pará de Minas, pois a Igreja buscou reverter a situação, não acreditando em seus milagres. Dona Nenzinha, mãe de Herbert, chorou de alegria ao descobrir que havia o processo de beatificação de Padre Libério. Era marcante, para ele, a “Procissão do Enterro”. Ela acontecia depois da Procissão do Encontro. Era uma procissão que tinha imenso significado, a cidade toda participava. Ela ia da Matriz até a Igreja do Rosário. É interessante a memória sonora: A banda do Batalhão tocando marchas fúnebres. As matracas assustando e acordando os bebês. A coleta de donativos passando continuamente. Todos fiéis com velas acesas. Alguns fiéis pagando promessas. Outros fazendo os percursos descalços, com um peso na cabeça e outro tipo de castigo. Rezar o terço e a ladainha era uma visão fantástica. Na Matriz os sinos tocando (MAGALHÃES, 2021). Além da recordação da quarentena “infantil, doce e santa”, Herbert sente grande carinho e preocupação pelo patrimônio representado pela Vila Militar. Ela começou, segundo ele, em 1921, como Vila Operária, para abrigar os operários da Estrada de Ferro Paracatu. A Vila Militar, propriamente dita, começou com um batalhão de caçadores. Ele foi instalado em 1931 pelo governador Olegário Maciel, preocupado com as iniciativas dos paulistas, como Sétimo BCM. Ele contava que ela é constituída de “Bangalô” e “Vila”. No passado, inclusive, havia uma divisão muito notável no futebol: “era um jogo duro, mas leal, naquele campinho de terra, atrás do muro”. É muito oportuno que Herbert Magalhães tenha escrito essas crônicas e lembranças. Que Epitácio e Nenzinha, seus pais, estejam abençoando esse grande cronista Herbert Magalhães. Recentemente, Herbert nos deixou, para tristeza de uma legião de amigos que aqui ficaram. No céu uma comitiva o esperaria, liderada por Pita e Nenzinha. Lá estaria Tirobis e o seu bodoque, uma fileira de tios e primos em revoada, amores idos e vividos, enfim uma grande e celestial recepção.

Os Retratos Absurdos de Pedro Ramos: Bom Despacho e Macondo

Os Retratos Absurdos de Pedro Ramos: Bom Despacho e Macondo O segundo livro de Pedro Ramos, Ode, Veste, Retrato e Outros Contos Absurdos investe na narrativa curta propriamente dita. E ele dialoga com Kafka, Jorge Luis Borges, Garcia Marquez, Guimarães Rosa. Em seus contos há um mistério que não se entrega, que pede que leiamos mais uma vez, e outra, e mais outra. Não entendemos bem o que ele quer dizer, mas há algo que faísca lá no fundo e nos chama para reler os contos. A influência de Guimarães Rosa parece-nos muito bem resolvida no conto Conversa à São Camilo. A Febre do Passarinheiro me fez pensar, com suas imagens, em uma paródia do psicodélic estilo cinema catástrofe de Os Pássaros de Hitchcock, situada na Macondo de Garcia Marquez. Ou em Bom Despacho, no centro-oeste mineiro. A Morte Só Dura Trinta Dias parece tratar de vida, morte e ressurreição. Acho particularmente os curiosos e realistas os diálogos de Ode às Asas de Vidro, inseridos em meio a narrativas orientadas claramente pela lógica do real maravilhoso, da lógica do sonho, causando o efeito que chamamos de choque que, em francês dizemos que “hurlaient d´être ensembles” (gritam de estar juntas). Por exemplo, leia-se um diálogo assim em O Fado e as Roseiras do Dia e da Vez: --Mamãe, o vovô vai ser cozido? A mãe, abismada, lhe dirigiu um disparate: --Cale-se, menino! Por que acha isso? Comedido, após levar um tabefe, o menino respondeu: --o vovô é frio igual a uma galinha depenada” (RAMOS, 2024, p. 114). Com essa técnica, Pedro consegue imagens que, por vezes, recusamos com certa impavidez, mas que falam ao inconsciente. São como poltronas aconchegantes às quais sentimos vontade de retornar. Pedro, nesse livro, retorna a histórias de fantasmas, do sobrenatural, contadas pela família, retrabalhando-as à luz de sofisticadas leituras. Pedro fez, com dom de poeta, uma bela palestra na Biblioteca Pública Jacinto Guerra, introduzindo seu livro. Nela falou das inspirações de seus textos: Jorge Luis Borges uma vez disse, em sua obra, o livro busca muito mais do que ele realmente retrata em suas páginas. E, muito mais do que um objeto, ele, sim, contém dentro a vida e também a realidade de quem escreve. Jorge Luis Borges a quem eu tenho entremeado a minha obra Ode, Veste e Retrato. Em alguns contos, em alguns, não todos. E também a sua realidade mais sobrenatural, que se faz tão presente, entre as palavras, entre os títulos. E também entre as histórias. Uma vez Borges, quando já estava cego, uma de suas obras chamada O Outro, um conto, ele é levado a refletir sobre si mesmo. Ele, que estava numa cadeira, de outro passado. E, de outro passado, ele mesmo, diz como seria ficar cego. Do que se trata a cegueira? Ele faz um viés muito poético, muito realista, ele mesmo carregava desde criança. Ele carregava uma patologia hereditária chamada glaucoma. Seu avô ficara cego, seu pai ficara cego e ele sabia que um dia ficaria cego. Ele, diante do outro, diante do pôr-do-sol, ele explica que ficar cego não é nada mais do que um lento pôr-do-sol, não era tão ruim assim. Ele associou o ambiente com a realidade de sua doença. orges, além do livro, escreveu um conto, talvez seu conto mais caricato. Seu conto mais famoso é a Biblioteca de Babel. Em cada obra, está dita uma realidade que pode dizer milhões e milhões, pode-se sobrescrever. Além de Borges, vou citar Garcia Marquez, um escritor já conhecido, Vander talvez já conheça, um escritor colombiano, um dos primeiros a se enveredar pelo real maravilhoso, corrente que surgiu na Alemanha, não só na literatura, mas também na arte essencialmente, ele e sua Obra Cem Anos de Solidão, uma obra que para mim é uma das obras mais brilhantes já escritas, que me lembra essencialmente a minha família, lembra a realidade de minha família, dos causos sobrenaturais que tanto cortam o espaço, o tempo, o que nos faz pensar a realidade do que se passa no outro, é pensável, do que é escrito e, posteriormente, do que se leva a crer. Não posso dizer que Garcia Marquez é um escritor cem por cento brilhante. Cada um de nós escritores busca o brilhantismo, refletindo em cada de um de nós seu espírito, por vezes abusando das figuras de linguagem. Garcia Marquez diz muito mais do que parece ser, um caso de uma mulher que conversa com espíritos, um caso de um senhor que procura a guerra, mas depois vira um ourives. Ou também de um homem que ficou louco e se amarrou numa árvore e passou a falar latim. Nas histórias de Garcia Marquez, há esse espírito da corrente mágico-realista, cada escritor tem seu espírito, cada escritor tem seu estilo próprio, dentro daquilo que convêm. Há uma vertente que hoje está em declínio, mas que eu quero fazer ressurgir, ressuscitar na minha obra. Eu digo: o ato de escrever também é um ato de rebeldia, quem escreve se rebela contra si mesmo. Diante desse ambiente que nos circunda. Escrever é mais do que aparecer, é se encontrar em meio aos outros. Escrever é transmitir, não só histórias, não só ditos, mas transmitir e deixar transmitir a si mesmo aquilo que é próprio. Ser um livro aberto para os outros. Alguns escritores se escreveram para se esconder, mas apareceram diante de todos. Muitas vezes eles, aturdidos por problemas pessoais. Podemos citar Voltaire, Chopin, que ficaram doentes. Escrever passa a ser mais do que uma atitude, mas também o pensamento transpassa aquilo que ocorre, não sei se algum de vocês já tentaram escrever um livro, é uma experiência libertadora. Escrever para mim é uma catarse. O ato de catarse é expurgar de si aquilo que é ruim. A catarse é uma limpeza da alma. Escrever para ser o deus de si mesmo. Não digo isso de maneira antirreligiosa. Também podemos citar Ernest Hemingway, sua obra O Velho e O Mar, muito mais do que uma obra sobre pesca, sobre um velho que se joga diante do mar, é uma obra inspirada na passagem de Mateus, evangelho de Mateus, em que Pedro se encontra diante do rio sem poder pescar nada. Essa é a realidade do escritor. Ele se faz diante do rio, diante da correnteza que flui de si mesmo e ele não encontra, para procurar um peixe mais belo. É importante que o escritor não deixe de escrever sobre si mesmo. Como se pode ler acima, Pedro, curiosamente, também reencontrou, como aconteceu comigo, muito em comum entre as narrativas de Garcia Marquez e os casos contados por familiares. Nessa obra de contos, Pedro Ramos evoluiu significativamente em sua obra literária, encaminhando sua sensibilidade para os escritores do boom literário latino-americano, o que é um caminho afim de sua sensibilidade. E mostra-se, mais do que uma promessa, um artista local que pode, em breve, ser candidato a voar sem asas de vidro.