terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Marxianos em Guerra: Paulo Arantes X Ruy Fausto

A Revista Piauí do mês passado trouxe uma resenha a respeito do novo livro de Paulo Arantes, O Novo Tempo do Mundo. A resenha revela a briga entre dois marxianos. Ela é pitoresca desde o princípio. Fausto chama Arantes de "niilista e neomarxista".  Ou é marxista ou niilista, Fausto!

Ruy dá uma de "pensamento carrapato" em Arantes, me parece, já há alguns anos. Num vídeo recente, Arantes corajosamente compara Dilma a Geisel e comenta, com razão, que a Força Nacional está acantonada em Belo Monte, ou seja, trabalhadores estão trabalhando sob a mira das armas por lá. Dilma gosta de se comparar a Jango e a Vargas. Fausto evidentemente não comenta isso. Ele polemiza a suposta conivência de Fausto com a juventude que usa máscaras e pula catracas.

Adolescentes pulando catraca! A nova forma da subversão! Ruy critica a violência revolucionária dizendo que ela "nos" enfraquece. Nós quem, Ruy? Você anda no movimento pulando catraca? Fazendo pequenos furtos em loja, combatendo "a lógica da mercadoria", como diria Robert Kurz?  Que posição política é essa? Seria Ruy um libertário? Um marxiano? Ruy comenta que "o único país totalitário é a Coreia do Norte". Eureeeekka!!!!

Mas Ruy, espera. Tem mais uns países totalitários aí, meu velho! Tem Laos, tem China, Vietnã e Cuba! Fale mais sobre o Laos, comparando-o com a Coreia, use o seu totalitômetro...






O Leste é Vermelho

Esse musical de 1965 conta a história da revolução chinesa. Essa versão conta com legendas em  espanhol. Algumas explicações:

El Este en Rojo es un espectáculo épico de cantos y danzas que narra la Revolución China, creado para celebrar el 15 aniversario de la fundación de la RPC. Esta obra compuesta en forma colectiva, incorpora un sinfín de novedades relacionadas con la literatura, el canto poético, la música, la danza, la iluminación, el sonido, etc. Durante los 40 años transcurridos desde su creación, no ha habido artista que no haya intentado superar esta obra, pero ninguno lo ha conseguido.
El Este es Rojo es un espectáculo épico de grandes dimensiones al contar con 3.000 ejecutantes que a través de coros, solos y danzas rememoran a grandes rasgos la evolución del pueblo chino desde la fundación del Partido Comunista en 1921 hasta el presente.
Se puso en escena durante la celebración del decimoquinto aniversario de la fundación de la RPC el 1° de octubre de 1964. Las primeras 14 representaciones que se llevaron a cabo en el auditorio principal del Gran Palacio del Pueblo con capacidad de más de 10.000 personas fueron presenciadas por un total de 150.000 espectadores, entre los cuales se encontraban 3.000 invitados extranjeros de cinco continentes. Muchos millones más pudieron apreciarlo por televisión.
Este espectáculo, que consta de ocho actos, sintetiza la lucha del pueblo chino bajo la dirección del Partido Comunista y refleja la aplicación exitosa y creadora del Marxismo-Leninismo a la Revolución China por el Presidente Mao, cuyos pensamientos están presentes de comienzo a fin del espectáculo. 
El Este es Rojo hace pleno uso de la música y la danza que han venido desarrollándose durante las pasadas etapas revolucionarias y las eleva a un nivel digno del tema central. Para cada componente, se seleccionaron como motivo principal las canciones revolucionarias más en boga de la época. 

Director: Wang PoingDuración: 1h 57 min.Producción: 1° de Agosto y Estudios Cinematográficos de Pekín -- 1965


domingo, 1 de fevereiro de 2015

Apoiem a reconstrução do partido comunista do Cambodja


Felipe: para vc que perguntou se eu apoio Pol Pot. Sim, creio que ele cometeu alguns erros, mas é bastante difícil coordenar, por exemplo, o sistema prisional, evitando abusos. O PCK está sendo reconstituído no Cambodja. Apoie.



O que é o PCK? É sigla para Partido Comunista da Kampuchea. Este heroico partido foi resposável pela organização das massas onde hoje é a atual monarquia do Camboja para lutarem contra os invasores americanos, a ditadura militar recém-instaurada no país e pela instauração de um novo poder, poder popular e democrático.


O PCK exerceu uma poderosa luta contra a imposição do revisionismo soviético defendido pelo Partido do Trabalho do Vietnã, especialmente a partir de 1960. A segunda fase da luta foi para consolidar o trabalho entre as massas do campo e os trabalhadores das zonas urbanas, sendo que a partir de 1966 iniciou-se uma fase de preparação para a guerra popular, que finalmente iniciou dois anos depois, em 1968. Rapidamente eles conquistaram terreno e grande apoio das massas do Camboja e do proletariado internacional, sendo que em 1970 o braço armado do PCK, o Exército Revolucionário da Kampuchea estava atacando as proximidades da capital do país, Phnom Penh.

A vitória final veio em 17 de abril de 1975, quando a ditadura militar de Lon Nol acabou desmantelada, Lon Nol e seus mais chegados fugiram para o Havaí enquanto que os demais se renderam à ofensiva popular que havia conquistado a capital Cambojana, uma semana antes dos vietnamitas conquistarem Saigon antiga capital do Vietnã do Sul que hoje em dia se chama Ho Chi Minh.

Por quase 4 anos o Partido Comunista da Kampuchea governou o Camboja, ou melhor Kampuchea Democrática, nome adotado após a revolução, tendo como primeiro-ministro Pol Pot e Khieu Samphan como presidente. Em um curto espaço de tempo houve certo avanço no país, as linhas férreas e a produção de alimento dispararam, sobrou tanto arroz que foi possível trocar os excedentes por maquinário, remédios, combustíveis e ferramentas, vindos de diversos países domo Tailândia, Romênia, China, Coréia do Norte e Iugoslávia.

Infelizmente o Vietnã recém-libertado, agindo em seu próprio interesse expansionista e sob os interesses do social-imperialismo soviético, atacou o país no final de 1978, tomando finalmente o país no começo de 1979. Isto provocou uma grande tragédia, com a invasão vietnamita, pelo menos 500 mil pessoas morreram, a produção de alimentos, sistemas de irrigação e muitos edifícios novos foram bombardeados, o que jogou o
país numa crise que os invasores vietnamitas jamais puderam resolver. 

O povo cambojano sempre esteve ao lado dos seus verdadeiros defensores, o Partido, o Exército Popular e o povo seguiu lutando nas selvas e instalaram um governo provisório em Pailin, fronteira com a Tailândia. A luta seguiu firme e forte contra o governo fantoche imposto pelos vietnamitas. Em pouco mais de 10 anos, o governo fantoche caiu, governo que jamais conseguiu deter a fúria revolucionária dos mais de 20 mil combatentes do Exército da Kampuchea Democrática que lutavam
em 1991.

Com o retorno da podre monarquia, que outrora fora aliada do Khmer Vermelho, a luta passou por um processo de enfraquecimento, o governo fez ofertas e muitos combatentes e seus líderes fracos se entregaram em troca de mera anistia e cargos militares. A luta interna entre revolucionários e capituladores também agilizou o processo de desmantelamento das forças revolucionárias no Camboja no final dos anos 90, especialmente com a morte de Pol Pot em 1998.

Segundo informa a mídia burguesa, os remanescentes entregaram as armas em 1999, porém, todo o mundo tem ouvido apenas o lado da história contada pelos norte-americanos e seus capachos, e isto foi feito de uma forma tão bem elaborada que ofuscou toda a verdade, o que aconteceu de fato naqueles anos, que diz a mídia anticomunista, terem sido anos sombrios. 

E com o apoio dos remanescentes, e dos novos cambojanos, estamos apoiando o processo de reconstituição das ferramentas essenciais para a reconstrução do poder popular no Camboja. Estaremos aqui, sempre defendendo a verdade e publicaremos material que comprove a falsidade dos "fatos" apresentados pelas comissões organizadas por anticomunistas internacionais e violadores de direitos humanos encabeçados pelas potências imperialistas. 



sábado, 24 de janeiro de 2015

Nota contra o racismo e o autoritarismo dentro do PCB


1) Eu, Bruno Ricardo, militante do movimento sindical e comunitário de Vigário Geral, venho por meio desta carta esclarecer os motivos que levaram à minha saída do PCB e à crise política que se desenvolve no interior da UJC e do PCB, no Estado do Rio de Janeiro.
2) No ultimo dia 4 de dezembro, em reunião da direção estadual do Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi aprovada de maneira unânime minha aposentadoria sumária da União da Juventude Comunista (UJC), organização na qual fui dirigente estadual por 4 anos e militante por mais de 10 anos. As acusações infundadas que sofri foram: ser “conivente com as praticas de um camarada e dirigente recentemente expulso do PCB”, fomentar “Espírito Obreirista”, “Levar debates de uma frente de massas para outra” (No caso levar o debate do movimento negro para dentro da UJC).
3) Não tive direito à abertura de processo, além de não ter sido apresentada nenhuma testemunha, outras formas de provas ou depoimento que justifiquem minha aposentadoria sumária. Considero tal postura do PCB e da UJC como um sintoma claro de perseguição política contra a minha postura crítica frente ao burocratismo e à apatia da organização, além de evidências de racismo dentro de todas as instâncias do PCB. Constatei também que tal postura de membros da direção se dirige contra outras vozes discordantes que se levantaram em críticas fraternas e absolutamente construtivas, visando fortalecer a linha política do partido e tirá-lo de um posicionamento que o condena ao isolacionismo e, em muitos momentos, ao sectarismo que impede uma real inserção na classe trabalhadora e em sua lutas concretas, o que deve ser o eixo estratégico de qualquer partido comunista que queira sê-lo não apenas como realidade retórica.
4) Desde o começo da minha entrada na direção da UJC fui perseguido e ofendido por dirigentes nacionais e estaduais. Como exemplo, cito o caso do Seminário Nacional de Jovens Trabalhadores, seminário do dia 24 de abril, atividades que foram negadas sem justificativa, além de, por diversas vezes, ter sido punido por escrever notas políticas. Reiteradamente, militantes do Núcleo Elizeu Alves (onde fui secretário político) foram ameaçados de aposentadoria sumária e expulsão por criticarem posturas autoritárias de membros da direção nacional da UJC. Minhas situação piorou depois que pedi que fosse feita pelo Partido uma carta de repúdio para o seminário Fela Kuti, foi agredido e após criticar o boicote por parte da direção do PCB/UJC às atividades no Chapéu Mangueira, no dia da Consciência Negra.
5) Na realidade, se formaram frações dentro da direção estadual do PCB. Algumas dessas frações identificaram o Núcleo de Jovens Trabalhadores como uma possibilidade concreta de massificar o partido, construindo uma inserção efetiva e considerável em setores precarizados da classe trabalhadora, o que poderia constituir uma ameaça à sua hegemonia. Na véspera do VII Congresso Nacional da UJC, apelaram para um golpe chapa branca, que foi dado a partir da expulsão sumária do Secretário de Organização e Movimento Popular, da minha suspensão sumária da Juventude e da aposentadoria do Secretário de Formação Política, além do afastamento de alguns dos militantes mais ativos do Núcleo Eliseu Alves. O Núcleo de Jovens Trabalhadores promoveu, desde o seu início, formação política de alta qualidade teórica dentro do marxismo com militantes de origem proletária, porém não se limitando à discussão teórica, buscando articular dialeticamente teoria e prática, como se espera de qualquer partido revolucionário que deseja realizar um trabalho político real junto à classe. Por esse motivo, vinha demonstrando grande possibilidade de adentrar em setores da classe trabalhadora, conseguindo tocar greves e dar a linha política. Setores esses com pouca (ou quase nenhuma) tradição de mobilização política. Em outros momentos, o Núcleo se mobilizou por fazer sopão para os despejados da Favela da Telerj, buscando realizar um trabalho de inserção e conscientização política desses setores altamente precarizados e marginalizados da classe. O projeto de partido que os reformistas e eurocomunistas defendem não é o que nós, trabalhadores, queremos. Eles querem manter o partido como anão-político que realiza “boas analises”, mas que não desse do pedestal e constrói concretamente a luta dos trabalhadores. Cabe ressaltar que nós trabalhadores nutrimos grade repúdio a um projeto que não consegue articular dialeticamente teoria e prática, como defendia Lênin. A articulação dialética entre teoria e prática é o eixo de qualquer partido marxista revolucionário que não queira condenar-se a um processo irreversível de degradação política, esclerosando e tornando-se um aparelho burocrático sem nenhuma inserção concreta nas lutas da classe trabalhadora.
6) Reitero que em nenhum momento as perseguições dirigidas contra mim e meus camaradas pararam. Houveram acusações de uso do movimento sindical para proveito próprio (como a eleição da CIPA e como aliança com forças políticas de esquerda na greve dos operadores de telemarketing). Inúmeras vezes sofri ameaças de dirigentes por divergir da posição de alguns dirigentes nacionais. Posições que, a meu ver, deveriam ser discutidas crítica e fraternamente dentro de um partido que se reivindica revolucionário. Posicionamentos meus (como criticar a não participação em greves, o patrulhamento ideológico, a proibição de notas políticas, o uso de ofensas pesadas à categoria dos garis etc) não foram sequer debatidos . Não tive o direito de ser escutado na minha célula, nem no meu núcleo da UJC, onde me foi negando o direito de ampla defesa e deixando apenas ser divulgada a versão da direção.
7) A direção do PCB\RJ se comporta como a PM que se utiliza do aparelho repressor para perseguir a juventude negra e aqueles que possuem críticas. À divergência não é encarada como uma oportunidade para um debate político honesto que fortaleça a posição política do partido. A divergência é encarada como uma heresia que deve ser silenciada ou ignorada, principalmente quando as críticas são embasadas em uma análise concreta da realidade concreta. É a juventude negra aquela que mais morre nas periferias, favelas e na baixada. É ela também que são sumariamente presas e assassinadas.
8) Na semana passada consegui uma reunião na célula de Movimentos Sociais. Nessa reunião, pedi o uso do estatuto do partido (documento máximo da entidade) em frente a quatro membros da direção, que me responderam que “o estatuto não valia para uma cambada divisionistas, mas o que vale é a moral e a ética”. Além disso, uma burocrata, funcionária do partido, afirmou de maneira ofensiva e desonesta que, na verdade, minhas críticas se devem a uma “frustração pessoal por não estar na Universidade e que eu era mal resolvido com a minha cor”. A partir desse momento não milito mais em nenhuma das fileiras do PCB, UJC ou UC e me nego a conversar com uma direção racista, autoritária e que não ouve sua militância, se furtando ao debate fraterno verdadeiramente honesto, aberto e de consistência, estigmatizando os que discordam dela como fracionistas e obreristas. Convoco a esquerda e a sociedade civil para se opor a tal medida autoritária e não faço nenhuma autocrítica e nem critico o posicionamento do camarada dirigente expulso recentemente do PCB, ao contrário, o apoiarei com minha saída e darei força a qualquer um que se oponha as medidas atrasadas do movimento comunista e da esquerda, no Brasil e internacionalmente, me opondo veementemente àqueles que cultivam os resquícios de um fetichismo burocrático, confundindo centralismo democrático com aristocracia burocrática.
“Condenai-me. Não importa. A história me absolverá.”
-Fidel Castro.
(Abaixo envio conversa que realizei com o membro do Comitê Central do PCB e da direção Nacional da UJC. Ao propor um panfleto didático que seria distribuído durante a greve dos Garis do Rio de Janeiro este dirigente afirma que "não se deveria panfletar para uma categoria de analfabetos". Essa postura racista, elitista e preconceituosa de alguns membros da direção já criou raízes fortes dentro da organização e julgo que este mal é irremediável.)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Resposta a Alex Lombello: Holocausto Abacaxi?


Alex: a propósito do seguinte comentário seu no São João Del Pueblo, que segue abaixo, deixei uma resposta, mas pelo visto foi "moderada" em nome da "liberdade de expressão". Isso já aconteceu também nas postagens do historiador Wlamir Silva.
A respeito, pontuo o seguinte, não existe "factóide" ao levantar a hipótese de ter sido o Mossad ao atacar o Charlie Hebdo, existe uma hipótese, somente. O atentado só aproveita à direita que quer fazer "frentes". Como são estúpidos os que propõem essas frentes! Outro dia no grupo do facebook Socialismo tinha um tal representante da tal frente de esquerda, ao que parece reunindo uma frente de partidos e fazendo recomendações. Ele dizia que os componentes da frente deveriam "tirar fotos e entregar para a polícia quem estivesse agindo com violência"! Veja só! Somos todos p2? Uma frente de delatores...Não é a primeira vez que vejo isso. No grupo de discussão do PCB no facebook, de onde fui expulso, dois militantes do MEPR comentaram que um militante do PCB clamava pela expulsão de black blocks das manifestações, "com golpes de karatê". Eu já registrei uma "frente" trotsquista semelhante aqui, quando do revide contra a sede do PSTU. Depois estranham quando são expulsos das manifestações e têm suas bandeiras rasgadas!
A liberdade de expressão tem limites na França, tanto que não se pode brincar com o holocausto dos judeus, como faz Dieudonné em canções como "Shoah Ananas", que poderia ser traduzida como "Holocausto Abacaxi". O humorista foi preso agora, mas há muito está na mira da ordem estabelecida. O filósofo "coxinha" Bernard-Henri Levy já propôs proibir seu espetáculo e, como Henri-Levy é influente no poder, Dieudonné foi multado em 30 000 euros e agora está em "prisão preventiva".
No Brasil, ficou também ficou bastante evidente a irritação dos católicos e religiosos em geral com as charges, irritação confirmada com a frase do Papa sobre o soco. Já os jornalistas televisivos como os da Globo defenderam, de boca, a liberdade de expressão absoluta. Falso, visceralmente. É claro que é para sua vertente de pensamento: para os neonazis da Ucrânia, que eles mostram junto a religiosos posando de piedosos, para a nova capa do Charlie Hebdo com o profeta Maomé, capa que tem provocado protestos no Níger, Paquistão, Rússia, pelo mundo afora. Enquanto isso, o humorista que satiriza o holocausto vai para a cadeia... Eles usam dois pesos e duas medidas, esse é o importante.

Em termos de números, o conflito na Ucrânia é mais importante do que o atentado no Charlie Hebdo e recebe muito menos mídia. Esse é o ponto. Agora, o conflito da Ucrânia nos mostrou como agir contra o fascismo. Não é fazendo "frentes" no parlamento com Bolsonaro, é diferente do blá blá blá de Gramsci no parlamento enquanto Mussolini marchava com os esquadrões dando porrada. Os comunas e anarquistas da Ucrânia mostraram que o caminho para combater o fascismo, naquele caso, é fazer milícias populares.

Discordo de quase tudo nessa análise... Está óbvio que os assassinos eram mesmo fanáticos religiosos, e se algum serviço de inteligencia tem algo com isso, não muda nada... Acho lamentável que para um acontecimento novo se use a mesma ladainha de 20 anos sobre a necessidade de criar um factóide para a guerra contra os muçulmanos... Também é mentira que a imprensa "brasileira" esteja a favor de liberdade de expressão... A verdade é que a imprensa "brasileira", assim como TODA a DIREITA, está defendendo que liberdade de expressão tem limites... O monte de assuntos envolvidos no texto são só desconversa, desvio do importante... Fato é que grande parte de nossa esquerda está confessando agora algo que eu já notava na prática - completa falta de compreensão sobre a necessidade de liberdade de imprensa! Tanto que comparam números, alguns idiotas... Acham que o problema é número de mortos, que outros massacres mataram mais e portanto deveriam receber mais atenção!?!?! Quanta estupidez!
Responder






quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Je suis Charlie...Coulibaly?


Os frutos do atentado contra a revista Charlie Hebdo na França já começam a brotar. Primeiro, foram os ataques contra os locais de culto muçulmanos, logo depois do ataque.

Em primeiro lugar, eu julgo importante supor o atentado como sendo uma "falsa bandeira", ou seja, um atentado que poderia ser realizado pelo Mossad. Várias fontes na internet levantaram essa hipótese. Creio que muitos atentados, desde o Onze de Setembro, estão sendo avaliados nesse sentido.

Em segundo lugar, o chororô da imprensa brasileira é PURA hipocrisia. São pessoas que até ontem censurariam essas charges, que não as publicariam, fossem elas anti-católicas ou anti-islâmicas, como aliás, em geral, são as charges do Charlie Hebdo. Elas só são publicáveis lá porque a França é um estado onde a separação entre estado e religião é bastante rígida, ao contrário daqui. Como aqui essa divisão é fraca ou não existe, a imprensa segue o estado (como quase sempre sob regime capitalista) e não publica charges que possam ofender religiosos. Só publicaram as charges do Charlie Hebdo, portanto, com ataque da última quarta-feira. E agora "são todos Charlie". São todos mentirosos, isso sim.

Agora, estamos sabendo, pela televisão, de várias prisões, entre as quais as do comediante Dieudonné. Ele foi preso por fazer suposta apologia ao terrorismo, na realidade, apenas por fazer algumas postagens no facebook ironizando o atentado, dizendo-se Charlie Coulibaly.

O atentado a jornalistas tornou-se um grande evento de mídia. Como aparece na mídia, é algo como "um instante mágico semelhante ao Big Bang".

E nada disso de conclamar todos a fazer frente única de apoio à "liberdade de expressão", mas apoiar, na prática, um estado totalitário e de exceção que prende humoristas e, com a militarização do estado a pretexto do terrorismo, coíbe todo tipo de movimento social, gera perseguição do estado para os grupos já perseguidos pelo estado francês: imigrantes de origem árabe, ciganos, etc.

Aqui no Brasil ocorreu algo semelhante, para fazer megaeventos, em especial a Copa, construiu-se um estado de exceção e totalitário em que a polícia prende, o judiciário não solta e a imprensa fazem coro criminalizando os movimentos sociais, o que configura uma situação pior do que a ditadura militar em certo sentido, pois no tempo da ditadura, antes do AI-5, a polícia prendia e o judiciário soltava, boa parte dos intelectuais e artistas apoiavam. Hoje ocorre justamente o contrário, intelectuais e artistas são praticamente todos, com uma ou outra exceção, como Ney Mattogrosso e Eduardo Viveiros de Castro, coniventes. Mesmo a oposição de esquerda, quando reclama, reclama com má vontade e sem convicção alguma, pois PCB, PSOL, PSTU e outros antagonizam e são antagonizados por boa parte desses movimentos sociais como Passe Libre, MEPR, etc. Na última manifestação do Passe Livre foram 71 presos. Já existem 23 presos políticos.





segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Renato Russo, o Filho da Contrarrevolução






O livro de Carlos Marcelo (Renato Russo, o Filho da Revolução) é um estudo de 400 pgs (Ed. Agir, 2008), um estudo enciclopédico e muito bom. O título, no entanto, é problemático. E merece uma explicação.
            Era comum dizer-se que a geração 68 era a geração dos filhos de Marx e da Coca-Cola, opondo-se à geração que viveu a Segunda Guerra Mundial e querendo abolir suas dicotomias. Era geração 45 versus geração 68. A geração que viveu a guerra e combateu o fascismo reivindicava autoridade diante dos jovens, que passaram a chamar indiscriminadamente qualquer um de fascista. Curiosamente, o texto de Carlos Marcelo registra uma certa herança de Renato Russo nesse sentido, quando ele tende a chamar os jovens universitários que gostavam de MPB e rejeitavam o rock de fascistas. A oposição entre MPB e rock, combatida pela tropicália, continuava a existir. Renato nunca a pautou de forma explícita, mas na biografia é bem evidente que Renato pouco se interessou por música brasileira, com exceção de Chico Buarque e Clube da Esquina.
            A canção Geração Coca-Cola chega justamente para falar de uma geração onde o “Marx”, o socialismo, estaria excluído. Sobrava só a indústria cultural norte-americana mesmo. Havia, na imprensa, no início dos anos 80, um debate sobre os filhos espirituais da ditadura. Naquele tempo, os jovens jamais tinham vivido, diferente da geração 68, um período democrático, tinham tido toda sua formação sob a ditadura. A indagação era sobre como seria o Brasil dali por diante, com esses jovens. A expectativa é que, como o país, tivessem internalizado profundamente a ditadura militar.
            A canção de Renato busca responder de forma agressiva e contundente a essa pergunta. Ele usa o termo “revolução” para referir-se ao golpe militar de 64: ele avisa que os jovens não são “Deus-pátria-família”, como esperavam os adeptos da ditadura, mas sim “burgueses sem religião” que irão “fazer comédia no cinema com suas leis” e irão “derrubar reis”, ou seja, também seriam capazes de revolucionar.
            A ideia é que o rock punk seria a resposta contestatória, dentro da própria indústria cultural, ao fato de nossa geração (a que cresceu vendo TV quando a TV era como a internet de hoje), consumir doses grandes da indústria cultural dos USA, o que curiosamente deixa parecer que Renato não era formado justamente pela TV, por séries norte-americanas como Elo Perdido, ou que fosse radicalmente contra a indústria cultural e o imperialismo norte-americano. A indústria cultural hoje varreu a crítica e não fez jus às esperanças de Renato, digamos assim. Justamente devido à polarização entre a ditadura militar e a resistência, houve aberto espaço para o tipo de crítica social que a banda fazia, espaço crítico esse que, no Brasil de hoje, podemos assim dizer reaberto pelas manifestações de junho de 2013, mas que ainda não teve expressão à altura na cultura.
Renato chegou a se dizer anarquista, assim como não acreditava em partidos, mas votava no PT (!). A posição política dele ficou diluída em meio painel que Carlos Marcelo buscou criar. O painel do texto é corretíssimo num certo sentido: Renato, embora seja hoje um mito, na época estava longe de ser um consenso. A banda Engenheiros do Havaí tinha até mais sucesso e teve maior aceitação, além de ter gerado uma rivalidade entre ambos que quase não é lembrada.
Por isso, é uma grande incompreensão que jovens de hoje utilizem-se dessa passagem e coloquem cartazes, como ocorreu em junho de 2013, dizendo-se “os filhos da revolução”. Verifica-se enorme simpatia e permanência da banda entre os jovens. Igor Mendes, jovem preso político preso pela primeira vez depois das manifestações da Copa e desde então perseguido, é, segundo li no jornal A Nova Democracia, fã de Legião Urbana.
Eu dedico essa postagem a ele.

Liberdade para os presos políticos!
Viva o Movimento Estudantil Popular Revolucionário!
Por uma nova democracia!