terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Ruffatto X Marcus: Polêmica no Suplemento Literário de Minas Gerais

Dois anos depois, o discurso de Luiz Ruffato em Frankfurt ainda repercute: Marcus Vinícius de Freitas, professor da UFMG, sentiu-se na obrigação de rebatê-lo no Suplemento Literário de Minas Gerais.

Marcus Vinícius começou o artigo falando sobre Paulo Coelho. Coelho não é um assunto literário e sim sociológico. Ele diz que Coelho comunica. Comunica o quê, mesmo?

O que mais me incomoda na posição de Freitas é essa posição estilo "o que vão pensar de nós". Ora, se um brasileiro diz a um alemão que existiu um holocausto indígena e negro a um alemão, isso é comunicar. Não é "falar mal do país no exterior", "falta de espessura histórica" ou "orgulho nacional às avessas" e muito menos "reclamar uma diferença absoluta".

O texto de Ruffato é o que ele sempre disse, é um protocolo de leitura de sua obra. Marcus mostra entender isso ao dizer que "se o Brasil melhorar, sua literatura está morta". A questão é bem essa: o Brasil muda pouco. Graciliano foi à URSS e sentiu-se anacrônico diante da sociedade nova, pensando nos famintos do Nordeste. No entanto, a URSS acabou e ainda existe fome no Nordeste, como mostrou recentemente uma reportagem no Piauí.

A parte que trata da antropofagia, a meu ver, foi a mais infeliz do artigo de Marcus Vinícius. Oswald diria que estamos muito mal na atualidade, ao misturar a malandragem brasileira ao neoliberalismo de Thatcher e Reagan. Ao mesmo tempo em que validamos Mises e Hayek em linhas de pesquisa na universidade, buscamos patrocínio para nossas famílias com a lei Roaunet e a Petrobrás. 

Sempre quando alguém quer detonar a antropofagia, ele remete ao canibalismo puro e simples, sem lembrar que antropofagia é antes de mais nada uma bela intuição de um grande poeta. E é comunicabilidade: é ver o si mesmo no outro o gesto que está no coração dessa metáfora.





terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Minha Luta de Adolf Hitler é Reeditado: Livro Ainda Influencia Historiadores


Duas editoras lançaram Minha Luta no Brasil hoje em dia. A editora Geração irá lançar a versão com notas e a editora Centauro não as terá.
O livro prossegue sendo muito importante para a esquerda, pois muita gente na direita e mesmo na esquerda prossegue repetindo o mito dos "milhões de mortos" vitimados pelo comunismo: Paulo Falcão, Bertone Sousa (para falar de dois leitores desse blog), Zizek, Hobsbawn...
Vejamos o que historiador Ludo Martens escreveu a respeito em sua palestra Os Méritos de Stálin:

 Há uma interessante coisa a dizer sobre tantos mortos mencionados nas campanhas [anticomunistas]: há alguns anos, um anticomunista completo, Brezinski [provavelmente Zbigniew Brzezinski] escreveu um grande livro anti-comunista bem conhecido , então aqui ele diz que agora podemos ter a certeza de que Stalin matou 30 milhões de pessoas na União Soviética. Então, o que é interessante é ver de onde saiu o valor de 30 milhões de mortos, ressuscitou e como foi usado. Há poucas pessoas que sabem: os 30 milhões de mortes de Stalin, eles são encontrados aqui (ele exibe o livro de Hitler): então, é a Bíblia do nazismo que foi escrita por Hitler na prisão entre 1925-26. Então, aqui ele fala de 30 milhões de pessoas mortas de forma bárbara pelo bolchevismo. Mas, no ano de 1925, Stalin ainda nada tinha feito de especial: os graves acontecimentos que se passaram na União Soviética naquela época são os da guerra civil.  E nós sabemos que na guerra civil havia 8 ou 9 milhões de mortes devido a intervenções estrangeiras. Mas a lorota dos 30 milhões de mortos horrivelmente massacrados pelos bolcheviques começou com o "Mein Kampf” e não parou: até 1989, com a grande campanha anti-comunista, Brzezinski  ainda estava lá, com o número de 30 milhões de mortos. E, portanto, como as pessoas são condicionadas contra o socialismo, contra o comunismo, contra a revolução, o que aliás está muito bem explicado nesse exemplo, onde os nazis foram a vanguarda de todas as forças burguesas e oportunistas."

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

André Glucksmann e a Esquerda Proletária

Nascido em 1937, morto em novembro de 2015, com pouca ou nenhuma repercussão na mídia brasileira, o filósofo André Glucksmann ficou famoso por passar do maoísmo à direita francesa. Em 1976, juntamente com o ex-secretário de Sartre(Victor para a GP,  o hoje místico judaico Benny Levy), compôs um grupo que se intitulou os "Novos Filósofos".


O grupo maoísta do qual Glucksmann participou na juventude, a Esquerda Proletária (Gauche Proletarienne), foi fundada em 1968 em pleno maio de 68 e era muito marcada pela divisão, existente na época, entre os mao-espontaneístas e os mao-stalinistas, em francês, mao-spontex e mao-stals.  Glucksmann era da linha espontaneísta, que interpretava Mao quase como um anarquista.


A Esquerda Proletária não praticava a luta armada como o grupo de Baader-Meinhof, mas atinha-se a gestos simbólicos: ocupavam uma estação de trem e distribuíam passagens gratuitas, pichavam bancos com mensagens pró-Palestina e pilhavam lugares chiques, distribuindo entre os pobres o resultado.


Não por acaso, o rock francês também tinha canções ligados a esse grupo, tido como "jovem guarda vermelha" em referência à jovem guarda chinesa. A canção Os Novos Partisans ilustra a ligação, hoje inusitada, entre os maoístas e o rock francês.


A canção ilustra a análise que os maoístas fizeram de Maio de 68 como parte da revolução socialista francesa: eles falavam em "tradição de maio". A situação seria semelhante à da resistência francesa contra os nazistas. Eles seriam os novos resistentes (partisans).


A Esquerda Proletária teve, em seu auge entre 1968-71, a simpatia de Althusser, Sartre e Foucault e vários outros filósofos interessados: Simone de Beauvoir, Deleuze, etc.


O atentado de Munique em 1972 foi um elemento dissolvente para a GP. A GP não fazia atentados buscando tirar vidas humanas. A partir daí, podemos supor que Victor (Bernard Henri-Levy, que debate com Foucault no livro Microfísica do Poder), Glucksmann e outros de origem judaica condenaram a morte dos atletas judeus, enquanto os pró-palestinos apoiaram o atentado. 


Dos anos 70 em diante, Glucksmann e Levy passaram mais em mais a posições de direita e de apoio a Israel e aos USA e suas intervenções e guerras no exterior. Criaram um grupo chamado Novos Filósofos em 1976 e passaram a acusar os ex-camaradas de "totalitários", associando nazismo e comunismo. Em resposta, Deleuze apontou que o grupo promovia fusão promíscua entre jornalismo e filosofia, degradando o filósofo ao papel do jornalista.


A Esquerda Proletária foi um grupo pioneiro por ser dividido em outras frentes de lutas específicas, tais como um grupo pró-palestino e um grupo pró-homossexual, etc. André Glucksmann em seu texto Novo fascismo, Nova Democracia que saiu na revista Tempos Modernos em maio de 1972, apresenta uma teorização ainda muito atual no Brasil, pois teorizava que o fascismo não é um movimento que toma de assalto o estado, mas que vem de dentro do próprio estado: “O Sr. Marcelin [um Eduardo Cunha da época] não tomou de assalto seu próprio escritório. Fascismo hoje já não significa tomar o Ministério do Interior por grupos de extrema direita, mas que a França é tomada a partir do Ministério do Interior [entregue a pessoas de extrema-direita]. O novo fascismo repousa, como nunca antes, sobre a mobilização bélica do aparelho de Estado, ele recruta menos excluídos do sistema imperialista do que camadas intermediárias autoritárias e produzidas pelo sistema (...). A peculiaridade do novo fascismo é que ele não pode realizar diretamente um movimento de massas (...). Agora é o próprio fascismo que é o trabalho do aparelho de Estado. São a polícia, justiça, informações do monopólio, burocracias autoritárias que, uma vez assegurados os alicerces da revolução fascista, tem agora de conquistar os postos avançados”.

Entre e Noir e o Black Block

Estudo sobre o teatro de Roberto Alvim:

Entre o Noir e o Black Block

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Adeus Bom Despacho

Adeus. São tempos tais que o adeus tem que ser escrito no início.
Sim. Há um ano, tentei suicídio nos Alpes suíços.

Mas, quando vejo, não saí do lugar.
Não serei o cantor de um mundo caduco.
Uma geração de microcéfalos que brota da falta do saneamento básico.
A lama tóxica espalha destruição por onde passa.
& ela passa por Minas.
Rio Doce não há mais.
O rio ficou amargo.
Quem te conhece, não volta jamais.
Na foz do São Franciso já entrou o mar,
Já há tartarugas e tubarões.
No entanto, vou ter que falar de você.
Te dar adeus sem sair do lugar.

Tenho que te cantar, o velho ainda não morreu.
O novo ainda não surgiu.

É o tempo dos monstros.
Gramsci disse isso.
Goebbels também disse algo semelhante.

Ficou para mim depor sobre você diante da história.
Ora direis ouvir besteiras.
De certo perdeste o senso.

Então direi, direi:
Isso é história do Brazyl:
Era um tempo de ditadura
E as mulheres usavam chapéus extravagantes.
Enquanto no subterrâneo lutavam os resistentes.

Mudou o cenário da peça e veio uma democracia prontinha.
Como no teatro.

 & na tal democracia
Celebravam-se os chapéus extragavagantes como precursores.
E aos resistentes chamavam terroristas.

Nada mais mais há a declarar.
Nem me foi perguntado.
As tripas atirem pro diabo.

Adeus.











segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A Realidade Cubana



Muito interessante essa Entrevista com Abel Prieto. Ele, ministro da cultura de Cuba, critica o realismo socialista nos seguintes termos:


Abiel Prieto (1): «Los países del llamado socialismo real en Europa cometieron errores básicos en términos de política cultural, errores verdaderamente gravísimos, que entre los problemas que motivaron la caída ingloriosa de aquel modelo, estuvieron aquellos errores de carácter cultural; implantar el método, aquello que le llamaban el método, el modelo, no se cómo lo llamaron, el estilo del realismo socialista, imponer un corsete a la creación. (...) Ellos tuvieron un momento espléndido que se corto a partir de la muerte de Lenin y a partir de los errores que comieron bajo el stalinismo y luego continuaron».

Comentario de Bitácora (M-L): Hoy 13 de junio de 2015 hemos visto necesario empezar a traer documentos sobre el carácter del revisionismo cubano, en este caso de su carácter actual. Y no hemos visto mejor ocasión que la entrevista con uno de sus representantes. Como cita inicial, vemos que el autor; Abiel Prieto, incluye todo el periodo, excepto el de Lenin, en un todo –eso significa mezclar el periodo de Stalin con el de Jruschov, Brézhnev y sucesores, él describe a éste como un periodo cultural en el que sólo existen desviaciones dogmáticas y sectarias. No sabemos si ignora o oculta que fue precisamente con la llegada del jruschovismo que el realismo socialista se abandonó dejando paso al liberalismo en la práctica de la promoción en la cultura, y por tanto a una promoción de una cultura burguesa. Acusa al stalinismo de implantar el realismo socialista,  suponemos que cree que la cultura del Estado socialista es neutral, o que está debe competir entre «100 escuelas de pensamiento» entre cultura burguesa y cultura proletaria, o quizás solo es un vano intento de justificar el liberalismo ideológico que sufren las artes, la cultura, incluso el Partido Comunista de Cuba.

¿Pero significaba que en un Estado socialista imperaba el realismo socialista como correctamente afirma? Pongamos como defensa a uno de los mayores fomentadores del realismo socialismo que tan criticado sería por los antimarxistas como Luckas, Sartre, o en este caso Abiel Prieto:

«El realismo socialista. Esto quiere decir, en primer término, conocer la vida a fin de poder representarla verídicamente en las obras de arte; representarla no de manera escolástica, muerta, no simplemente cómo realidad objetiva sino representar la realidad en su desarrollo revolucionario.  Y también, la verdad y el carácter histórico concreto de la representación artística deben aunarse a la tarea de transformación ideológica y de educación de los trabajadores en el espíritu del socialismo. Nuestra literatura soviética no teme, ser acusada de tendenciosa. Sí; la literatura soviética es tendenciosa, porque no hay ni puede haber, en época de lucha de clases, literatura que no sea literatura de clase, que no sea tendenciosa, que sea apolítica. Y yo opino que todo escritor soviético puede decir a cualquier burgués obtuso, a cualquier filisteo, a cualquier escritor burgués que le hable del carácter tendencioso de nuestra literatura: «Sí, nuestra literatura soviética es tendenciosa, y estamos orgullosos de que lo sea, porque nuestra tendencia consiste en querer liberar a los trabajadores y a todos los seres humanos del yugo de la esclavitud capitalista». (Andréi Zhdánov; Sobre la literatura, 1934)

Pensar que la literatura, la música, la escultura o la cultura no tiene un punto de vista de clase es algo idealista, y pensar que una inactividad del partido comunista en la de lucha de clase en estos campos no será aprovechado por el enemigo para inocular su pensamiento burgués es algo metafísico. Pero quizás, es que Abiel Prieto y la propia Cuba, temen como dice Andréi Zhdánov, mostrarse al mundo bajo una cultura «tendenciosa», mostrando sin miedo que el partido y el Estado promueve una cultura socialista real, por ello quizás y sólo quizás se prefiere ganar el fácil aplauso de los medios de comunicación burgueses y los intelectuales anarquistas, maoístas, trotskistas, y demás renegados, bajo el amparo de la crítica al stalinismo y proclamando el liberalismo en el campo cultural y otros. Desde luego esta postura no sería diferente a la de la cuestión religiosa, donde el gobierno cubano ha buscado el aplauso del gran público, para que nadie tache de Cuba de dogmatica-stalinista con la religión.


Para continuar a leitura do artigo, ir para a crítica da entrevista de Abiel Prieto 



Debilidades do Revisionismo Cubano

2-Debilidades teóricas e políticas
Vemos no PCC umha incomprenssom da luita de classes nacional e da luita de classes mundial. Isto fixo que nem tam sequer realizaram umha crítica ao chamado “Socialismo do Século XXI”, ignorou os movimentos revolucionários e incluso deu em ocasions um discurso mui próximo ao pacifismo burguês. Tampouco clarificou cousas como o caráter de classe da sociedade e o estado chinês atuais, outro tema que mereceria ser tratado se pretendemos clarificar em que mundo vivemos.
O PCC nom souvo marcar umha linha política que possibilitara a separaçom do campo revisionista, nem contribuir a reconstituçom do comunismo. Tampouco contribuiu na necessidade de criaçom de partidos de novo tipo para poder realizar a revoluçom proletária. Nem souvo intervir dumha maneira útil nas grandes discussons que se derom no mundo sobre a linha política. Por outro lado este partido legitimou e aliou-se com muitos dos partido revisionistas. Porque o PCC assimilou o discurso diplomático do estado, o que o levou a aplaudir o populismo americano (argentino, boliviano, uruguaio, nicaraguense, brasileiro, etc).
A nível de estado todos os intentos de isolar diplomaticamente ao Estado Cubano forem superados. A ONU tem condenado o bloqueio ianque a Cuba um grande número de vezes, mas isto nom serviu de muito a nível prático.

Leia Mais em: Cuba no fio da navalha