Laerte  Braga
As últimas atitudes do governo Lula  mostram que o presidente se alinhou definitivamente com o modelo político e  econômico da chamada nova ordem e não poderia ser de outra forma, já que apostou  numa versão capitalista brasileira (definição de Ivan Pinheiro). Aposta errada.  Voltou as costas à sua própria história.
Dois fatos sinalizam com clareza  nessa percepção. O primeiro deles a decisão de cancelar a viagem de uma comitiva  brasileira ao Equador depois da decisão do presidente Rafael Corrêa de expulsar  a empreiteira Norberto Odebrecht de seu país. Empreiteiros brasileiros são  acionistas do Estado brasileiro, estão acostumados a comprar o que querem  (políticos, ministros, servidores públicos) e Lula acreditou que podia recuperar  demônios e colocá-los a serviço.
A Norberto Odebrecht fez no Equador  o que está acostumada a fazer no Brasil. Obras superfaturadas, de péssima  qualidade (ao contrário do que é contratado) e não responder por esse tipo de  procedimento quando cobrada. Como o governo do Equador não dá para ser comprado  como é praxe, tem que tirar o time de campo. O presidente de lá não se chama  José Serra e não está fazendo metrô.
Não há também decisão equivocada do  presidente Corrêa ao advertir a PETROBRAS sobre planos de investimentos  contratados em acordos e não cumpridos. 
Há um erro do governo Lula ao adotar  posição de confronto. Significa deixar de lado a política de integração dos  países sul americanos e arrotar postura imperialista em relação aos vizinhos  mais fracos.
O segundo fato é o decreto  presidencial de dois de outubro, número 6 592, que regulamenta a lei 11 831 de  dezembro de 2007 e que dispõe sobre Mobilização Nacional e cria o Sistema  Nacional de Mobilização, o SINAMOB.
Referido decreto tem pouca diferença  de documentos do governo dos EUA sobre interesses norte-americanos. Dizem  respeito a interesses brasileiros e considera que esses se estendem para além de  nossas fronteiras territoriais, o que justificaria eventuais ações em outros  países. Volta-se neste momento contra o governo de Fernando Lugo, no Paraguai e  a presença de grileiros brasileiros em terras daquele país, entre outras  coisas.
Mas atinge como um todo o conjunto  de países da América do Sul e soa como advertência ao governo da  Venezuela.
Breve Caxias cruzando Itororó pela  dignidade patriótica do Brasil. Versão general Heleno.  
Quem quer que saia de casa, hoje, vá  a um supermercado e compre o que comprava por dez reais antes da crise nos EUA,  que se espraia pelo mundo inteiro por conta do modelo, vai pagar no mínimo  dezesseis reais.
A mídia não noticia e nem vai,  exceto se a coisa ficar de um jeito mais calamitoso do que está, a quebra de  muitas empresas brasileiras em bolsas de valores, a troca de controle acionário,  comando em várias delas e a excessiva concentração em torno de poucos grupos do  que já era concentrado.
O setor de construção civil no  Brasil que opera no mercado de ações está próximo de uma grande crise, há uma  bolha como dizem os economistas. É um exemplo. Bolhas explodem num determinado  momento.
O que se chama socorro do Banco  Central visa corrigir as distorções da política econômica alinhada com as regras  de Wall Street. O que Lula fez nesses anos todos foi apenas tentar criar  condições de competitividade para o Brasil em determinadas áreas e agora vai  pagar o preço do erro.  Não rompeu a  camisa de força.
A reunião do G20 em Washington tem  apenas um item de pauta: ratear a conta dos oito anos de loucuras de George  Bush, somados e somadas, anos e loucuras, à falência do capitalismo, um tigre de  papel como dizia Mao Tse Tung. O diabo é que os papéis rolam para lá e para cá  nesse cassino de elevadas apostas, onde quem de fato banca não ganha nada, o  trabalhador.
No Brasil já se fala intramuros em  fusão do Banco do Brasil com a Caixa Econômica Federal e alguns magos da  economia apostam que BRADESCO e ITAÚ vão encontrar caminhos iguais para evitar  que mais à frente sejam arrastados pela onda que vem crescendo e vai, com  certeza, estourar na praia da classe trabalhadora.
É a conclamação daquele general  norte-americano no filme DOUTOR FANTÁSTICO de Stanley Kubrick quando percebe que  mísseis soviéticos irão destruir os EUA e vice versa: “às cavernas, às  cavernas”. Mas eles. E as cavernas são dos que cumprem a risca o preceito  capitalista de sobrevivência do mais forte.
Um dos países que vai passar quase  ileso à crise é exatamente a Venezuela. E por não ter aceito as regras de  Washington. Aqui arriaram as calças e encheram o Haiti de tropas brasileiras na  opressão e na barbárie contra um povo inteiro.
O ministro da Justiça Tarso Genro,  especialista em engolir sapos, disse hoje que o presidente já escolheu a  candidata, vai ser a ministra Dilma Roussef. Na lógica simples de dois e dois  não existe diferença alguma em relação a José Serra, exceto no estilo pessoal. A  visão de mundo é a mesma com pequenas nuances do tipo neoliberalismo  populista.
Ou como disse a candidata do PT á  Prefeitura de Juiz de Fora, Margarida Salomão, “o PT diante da conjuntura  evoluiu para uma posição de centro”. Evoluiu?
E até hoje o governo Lula não  explicou direito essa história do pré-sal e do que de fato está em poder do  Brasil e o que está em mãos de companhias estrangeiras. Muito menos pensou em  reestatizar a PETROBRAS (privatizada com disfarces no governo de FHV – Fernando  Henrique Vende), ou retomar o monopólio estatal do petróleo, também extinto no  governo tucano.
Lula achou que podia andar de  bermudas no meio da selva cheia de leões e agora está tendo que correr e se  proteger dos nacos que os leões estão tirando das trôpegas pernas de seu  governo.
Nem de longe, por exemplo, percebe  que a despeito do tamanho da crise, está cada dia mais com cara de FHC. Com uma  diferença FHC sabia o que estava fazendo, crime doloso. Lula achou que podia  passar a mão na cabeça e sair dizendo que todo mundo podia assentar. “Senta que  o leão é manso”.    
Michael Colon estabelece os dez  pontos principais da crise, que resume no último deles:
“10. La  alternativa ? En 1989, un famoso autor estadounidense, Francis Fukuyama,  nos anunciaba el Fin de 
E no nono “fala da gente” como disse  um dia Pedro Costa Braga, hoje quinze anos:
9. El tercer mundo  ? Sólo se nos habla de las  consecuencias de la crisis en el Norte. En realidad, todo el tercer mundo  sufrirá gravemente a causa de la recesión económica y de la bajada de precios de  las materias primas que provocará la crisis.
E no sétimo e no  oitavo:
7. Los medios de  comunicación? Lejos de explicarnos todo esto,  fijan su atención en asuntos secundarios. Nos dicen que habrá que buscar los  errores, a los responsables, combatir los excesos y bla, bla, bla. Sin embargo,  no se trata de tal o tal error, sino del sistema. Esta crisis era inevitable.  Las empresas que se están derrumbando, son las más débiles o las que peor suerte  han tenido. Las que sobrevivan, tendrán aún más poder sobre la economía y sobre  nuestras vidas.
8. El neoliberalismo ?  La crisis no ha sido provocada sino acelerada por la moda neoliberal de los  últimos veinte años. Los países ricos han intentado imponer este neoliberalismo  en todo el tercer mundo. En América Latina, como acabo de estudiar durante la  preparación de mi libro Los 7 pecados de Hugo Chávez, el neoliberalismo ha  sumido a millones de personas en la miseria. Pero al hombre que ha lanzado la  señal de la resistencia, el hombre que ha demostrado que se podía resistir al  Banco Mundial, al FMI y a las multinacionales, el hombre que ha enseñado que  había que darle la espalda al neoliberalismo para reducir la pobreza, este  hombre, Hugo Chávez, no deja de ser diabolizado a golpe de mentira mediática y  de difamación infundada. Por qué? 
Quem achar que tem salvação é só  esperar pelo BBB-9, o quarto espelhado e acompanhar tudo com direito a diploma  de Homer Simpson pelo JORNAL NACIONAL do “general” William Bonner, comandante  das tropas midiáticas do me engana que eu gosto. 
O trágico/divertido de Bonner é que  ele acha que Truman Burkank, que vive em Seaheaven, vive de fato num paraíso  terrestre, onde a harmonia é perfeita. Quando abre os olhos percebe que é apenas  um show de tevê, nada além disso. Órfão, como todos nós, foi adotado pela  televisão. Um dia percebe tudo e vai à luta para libertar-se e poder viver  verdadeiramente, sair da imensa pasta onde é menos que uma divisória.  
 
 
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