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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Laerte Braga X Celso Lungaretti

PASSIONALISMO BUFÃO – A ESQUERDA QUE É DIREITA





Laerte Braga





Não sei porque, quando li as explicações do senhor Carlos Alberto Lungarzo e do jornalista Celso Lungaretti sobre as críticas feitas à ANISTIA INTERNACIONAL, particularmente às posições daquela ONG a propósito de decisões do presidente da Venezuela e a cândida proposta de negociar com Porfírio Lobo, presidente que legitimou o golpe em Honduras, as ditas me trouxeram à lembrança o George, personagem de uma das melhores séries da tevê, SEINFELD.



“Como é que você se agüenta?” A pergunta foi feita por um bombeiro, num dos episódios da série, em seguida a uma frigideira que pegou fogo e fez com George saísse em desabalada carreira buscando salvar-se a dane o resto. Senhoras em cadeira de rodas, crianças, o que à sua frente lhe impedisse de buscar a sobrevivência longe do fogo.



A resposta de George foi simples – “nem eu sei, mas é difícil” –.



Experiência, vivência e história podem trazer sabedoria, mas também presunção, arrogância e podem servir para ocultar exatamente a realidade das experiências, das vivências e principalmente, das páginas não escritas dessa ou daquela história pessoal.



Uma vez perguntaram ao escritor Pedro Nava que conselho ele daria aos jovens com sua experiência de vida. A pergunta foi desferida por uma jovem e bela jornalista. A resposta de Nava refletiu sua melancolia – “nenhum conselho minha filha, experiência é como um farol voltado para trás, ilumina o passado e nada mais”.



Era só melancolia. Pode ser a arma dos espertos também.



Que Rosa de Luxemburgo tenha dito “não passarão” é uma coisa. Na afirmação de Lungaretti é uma heresia. Aquele negócio de Tarzã sair de galho em galho através de cipós e com Chita nos ombros, enquanto Jane esperava para o jantar, só em cinema.



As detalhadas explicações do senhor Lungarzo, já bem dissecadas por Marcos Rebello, o sentido da excomunhão, só fazem reforçar ou a ingenuidade do referido senhor Lungarzo, ou a confissão explícita de seta ligada à esquerda enquanto o carro vira à direita.



Está lá que o “bolivarianismo” é uma tragédia e pior, invoca Marx. Como se pronuncia o nome de Marx em vão. Mas, serve a afirmação, para deixar claro de que lado está a ANISTIA INTERNACIONAL, ou pelo menos o senhor Lungarzo.



A questão não está necessariamente nos Direitos Humanos, mas na denúncia contra o bolivarianismo. Estende-se ao peronismo, mas isso é outra história, lá para trás, não convém mexer agora.



A forma frontal, digamos assim, simplista e matemática, como o senhor Celso Lungaretti refere-se aos acontecimentos de 1964 para justificar alguma coisa com a saída de João Goulart do País é um estarrecedor exemplo de “meu Deus, onde Lamarca estava com a cabeça?” Claro que na sua integridade e na absoluta crença nos seus ideais. Permanecem e passarão. Lungaretti não.



Busca prolongar apenas os quinze minutos de triste glória. No mínimo de confusa glória, ou glória não bem esclarecida. Ou glória desesperadamente perseguida.



Justificar a necessidade de compelir o presidente golpista de Honduras a tomar atitudes contra a tortura e a boçalidade de militares e elites golpistas que tiveram seus interesses contrariados, soa como o George tentando dizer que no “incêndio” as pessoas precisavam de um líder para guiá-las. Aí derruba as velhinhas, as crianças, mas sai impávido.. Lógico, não sabem mesmo com se agüenta.



Encerrar a História num vaso, ou num jarro em cima de uma experiência e vivência que se transforma no “eu”, “eu”, “eu”, putz, deixem Rosa de Luxemburgo em paz, não tem nada a ver com isso.



Pretender dizer aos jovens me lembra aqueles diretores de escola nos EUA falando de quantos banqueiros saíram daqueles bancos, quantos senadores, um ou dois presidentes, até que um maluco entra pelas salas a dentro disparando rajadas de metralhadora porque recebeu um aviso divino ou foi reprovado em determinada matéria.



Há que se ter mais seriedade numa discussão e menos pretensão.



Emitir um ponto de vista não significa escorar-se numa tábua de dez mandamentos definitivos. É só um direito. Afirmar que a ANISTIA INTERNACIONAL se presta a jogadas do imperialismo é uma realidade. Dois milhões e poucos membros e daí?



Edir Macedo é um bandido que em qualquer lugar do mundo onde existisse o mínimo de seriedade estaria na cadeia por charlatanismo, estelionato, um monte de coisas. Mas e o fiel de sua “igreja”? Que culpa tem?



A ANISTIA INTERNACIONAL recebe doações de empresas e fundações comprometidas com o capital internacional, com o imperialismo norte-americano, a nota a propósito da decisão de Chávez de suprimir o sinal da RCTV faz esse jogo, desconhece a realidade, isso soa mais ou menos como de dez mil ações negativas, por favor me dê uma chance, um dia eu ajudei um cego a atravessar a rua. Mas com a GLOBO transmitindo ao vivo e mostrando o bom mocismo. O outro lado, a sombra, é omitido.



“Uma campanha de satanização” e vai por aí afora para terminar em “implicitamente contra mim e contra Carlos Lungarzo”.



Um altar pelo amor de Deus. Um altar!



Zelaya fez um “acordo” com o governo golpista para sair do país, Honduras? Onde? Delírio puro. Manuel Zelaya estava na embaixada do Brasil e retirou-se de lá com garantias do direito internacional, salvo conduto, que serviu, à época do golpe, para que vários asilados aqui, pudessem viajar ao exílio. Não é o caso de quem renegou a luta e fez acordo público com o governo militar. Só pode ser por isso a visão distorcida e equivocada.



Nem todos os dedos das mãos são iguais.Ou melhor, são todos desiguais.



Insisto, um altar! Tem o dom de pitonisa. Contém em si toda a verdade, que na verdade é aquele perfume uma grama que distribuem à porta das lojas da rede. Disfarça o mau cheiro. Só isso, mais nada. Muitas gramas serão necessárias.



As gramas do fato consumado. O cair de quatro. Se o golpe se consolidou em Honduras paciência, vamos negociar com o golpe. Tem prática disso.



E pasme-se, está contido ali no texto que Goulart buscou salvar a própria pele. O profeta proclama sugerindo lucidez a previsão do que viria a ser a realidade. Salvar a própria pele. A dele, Goulart tinha em si a dignidade de um homem exemplar.



Quanto mais mexem pior fica.



O falecido Jô Soares, quando humorista, tinha um personagem que acordava depois de uma longa noite de inverno, hibernado num hospital após golpe e ao saber que determinados fantasmas continuavam proliferando e deitando sabedoria à esquerda, pedia desesperadamente que botassem de novo os tubos e voltava ao coma.



A ANISTIA INTERNACIONAL é uma aparência de direitos humanos e uma realidade de imperialismo. E Celso Lungaretti não sabe distinguir fanáticos religiosos de espertos religiosos, ou sabe e continua esperto.



E tem mais. Tenho um medo incrível que esse tipo de “revelação” chegue ao conhecimento dos arianos sionistas de Israel e cismem de justiçar iranianos num ataque libertador como costumam fazer com os palestinos.



O “náufrago da utopia” se pergunta se devemos, fala do Irã, deixar que os “bárbaros se trucidem”. Que bárbaros? Está sugerindo que os mariners corram lá para abençoar e levar civilização? Transformem tudo numa Guantánamo?



Como estão fazendo no Haiti?



Senhoras e senhores há um novo salvador. Ajoelhemo-nos. O pagamento vem em bananas.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Faça a Gentileza, Explica direitinho

Laerte Braga





O presidente dos Estados Unidos Barack Obama ganhou o Prêmio Nobel da Paz. A honraria, vamos chamá-la assim, foi criada por Alfred Nobel, um químico e industrial sueco. Ao morrer deixou uma grande fortuna e desgostoso com o uso da dinamite para fins militares – foi ele o inventor da dita cuja dinamite – resolveu por testamento instituir prêmios àqueles que viessem a contribuir para o progresso da humanidade em determinadas áreas levando em conta, essencialmente, a paz.



Toda a sua fortuna pessoal foi o suficiente para instituir uma fundação e a partir daí conceder, anualmente, os prêmios.



Onde Barack Obama contribuiu para a paz e o progresso da humanidade? Nas bases militares que pretende instalar na Colômbia? Sete de uma vez só para fechar o cerco à Venezuela, ao Equador, a Bolívia e assegurar o controle da Amazônia.



Na ameaça de sanções políticas e econômicas contra o Irã? No olhar para o lado e fazer de conta que não tem nada a ver com as atrocidades cometidas por Israel contra os palestinos? Sustentar um golpe militar brutal em Honduras? No bloqueio econômico a Cuba?



Enviar mais tropas ao Afeganistão e pedir desculpas quando os seus “pacificadores” matam civis por engano? Só numa cerimônia de casamento cento e setenta mortos dentre eles o noivo e a noiva?



Ou porque é um “bom rapaz”, finge-se de negro, tem origem humilde e transformou a Casa Branca numa cervejaria?



Henry Kissinger também foi agraciado com a distinção, ou laurel, o que seja. Foi um dos envolvidos no golpe militar contra Salvador Allende no Chile e no assassinato de vários presos políticos na América Latina ao dar sinal verde para a Operação Condor. Aparato repressivo que juntou as ditaduras do Brasil, da Argentina e do Uruguai, de quebra Pinochet e o Paraguai, com o objetivo de eliminar – e eliminou – adversários e lutadores populares.



Há quem enxergue no cientista do filme “Doutor Fantástico” do notável cineasta Stanley Kubrick a inspiração do ex-secretário de Estado. Kissinger nasceu na Alemanha. É aquele que vive segurando a mão direita. Quando escapa não resiste e grita Heil Hitler!



O que levou Alfred Nobel a destinar toda a sua fortuna a esse fim, com certeza, não foram as armas químicas e biológicas que norte-americanos usam no Afeganistão, como usaram no Vietnã e o estado terrorista de Israel usa contra palestinos. Com certeza não foi.



À época da ditadura militar os integrantes da academia sueca que se reúnem para escolher o agraciado com o Nobel da Paz foram pressionados de todas as formas possíveis para que o arcebispo brasileiro Hélder Câmara não fosse o contemplado. Houve desde gestões dos generais brasileiros junto ao governo sueco, como ameaças explícitas que uma eventual concessão do prêmio a Dom Hélder poderia vir a significar um arrocho na repressão. Ameaças de morte a D. Hélder.



Mais do que já era? Impossível. O ódio permanece vivo nessa gente é só olhar o que estão fazendo com as pensões das famílias de Lamarca e do major Cerveira.



A decisão de conceder o Nobel da Paz a um presidente em seu nono mês de mandato e sem que tenha conseguido outra coisa que não doar dinheiro público a empresas privadas é um escárnio. Submissão absoluta. A propósito, a Suécia nunca foi nada além de base militar dos EUA quando da guerra fria em ações de espionagem contra a extinta União Soviética.



Tirando Bergman, Greta Garbo e mais uns poucos o que fica do país é o tapinha de Mané Garrincha no ombro do rei Gustavo sei lá das quantas, na final da Copa de 1958.



Transformaram um fim previsto nos prêmios criados pelo químico sueco em espetáculo de puxa-saquismo explícito e parte do jogo de um mundo globalizado segundo a ótica do capitalismo.



A mídia inteira, a dita grande mídia, coloca Obama num altar, transforma-o em santo protetor dos oprimidos e afegãos continuam morrendo debaixo dos bombardeios norte-americanos. Presos continuam sendo torturados em Guantánamo (nem fechar a prisão ele conseguiu). O governo de Israel com aval dos EUA ameaça bombardear o Irã (ninguém fala nada sobre as armas químicas e biológicas e o arsenal nuclear de Israel) e continua sua política de extermínio do povo palestino.



Eles deviam explicar direitinho os critérios que nortearam a escolha de Obama. Será que o norte-americano enviou algumas caixas especiais de cerveja aos membros da Academia? Será que manifestou intenção de servi-las na solenidade de entrega do prêmio em dezembro?



Eu se fosse garçom ia botar a boca no trombone. Usurpação indevida de uma das mais importantes funções no processo de integração e interação dos seres humanos.



Do jeito que está não vai demorar muito e o distinto ou a distinta juntam cem tampinhas “premiadas” de budweiser e ganham um Nobel. Assim que nem aquelas garrafinhas antigas que a coca cola costumava premiar a turma. Tira aquele plástico que noutros tempos era cortiça e que vem na tampinha. Está lá escrito “vale um Nobel da Paz”.



Tem que ter, além do escrito, a imagem da Cervejaria Casa Branca e a de Barack Obama despejando o líquido nos copos dos acadêmicos.

Imagino que George Walker Bush, o terrorista que antecedeu a Obama deve estar tentando desatar o nó das pernas até agora, pois não entendeu nada. O cara faz tudo o que ele fez, só disfarça e ao invés de areia usa vaselina e ainda leva o Nobel da Paz?



E ele, que fraudou uma eleição para virar presidente, identificou o “eixo do mal”, foi lá “ajudar” os iraquianos a tomar conta do petróleo, fica como? Leva o Nobel de que?



O perigo é Obama acabar no próximo Big Brother. Ao invés de uma casa no complexo GLOBO, transformam a Cervejaria Casa Branca em reduto dos “brothers” e Boninho, o especialista em jogar coisas "purificadoras" em “vagabundas” (na cabeça dele, se é que tem) dirige tudo em tom maior.



O som? Desde a dor dos palestinos, ao sofrimento dos afegãos, passando pela barbárie hondurenha e nos milhares de assassinatos do governo narco/militar da Colômbia, agora com sete bases.



E a culpa é do Irã.



Vai ver que foi por isso que Paulo Skaft, presidente do esquema FIESP/DASLU, que detém o controle do governo do extinto estado de São Paulo, virou socialista e ingressou no partido do mesmo nome.



Quando Frank Sinatra veio cantar no Brasil manifestou intenção de bater um papo com Tom Jobim. Jobim se esquivou e foi, acho que para Petrópolis com a alegação “esse Sinatra é um chato”.



Esse trem de Nobel está virando uma chatice regada a colarinho de cretinice.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Nem só de Reinold Stephanes é feito o governo Lula

NEM SÓ DE REINOLD STEPHANES É FEITO O GOVERNO LULA





Laerte Braga





Existe Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores. É claro que o chanceler tinha conhecimento de toda a movimentação do presidente legítimo de Honduras, Miguel Zelaya. Um feito desse porte não é obra do acaso.



A ação foi conjunta com o governo do presidente Hugo Chávez da Venezuela. Surpresa deve ter ficado a secretária de Estado Hilary Clinton. O governo Obama dava como cumprido o seu “dever”. Condenou o golpe da boca para fora. A ação golpista foi articulada na base militar dos EUA na região de Tegucigalpa, com participação direta do embaixador de Washington.



As eleições previstas para novembro, do ponto de vista dos EUA, criariam uma nova realidade e os golpistas teriam alcançado seus objetivos.



Se Zelaya sai da embaixada do Brasil para o palácio do governo é outra história. O importante é que há um fato político inesperado que complica a lógica dos golpistas.



Para que se possa ter uma idéia do que a volta de Zelaya significa, nas condições em que se deu, ou seja, a presença do presidente legítimo de Honduras em território hondurenho, a chamada grande mídia sabia do fato desde o início da tarde e estava aguardando “instruções” de Washington sobre como noticiar. Foi o caso da GLOBO por aqui.



Desde o golpe que todo o aparato golpista, explícito ou não, governo e mídia subordinada, brincavam de apoio à legalidade democrática, tranqüilos e serenos, apostando no tempo como fator decisivo para a consolidação da quartelada.



O grande problema agora é saber como vão reagir as forças armadas hondurenhas. Se mergulham o país num banho de sangue, o povo está nas ruas exigindo Zelaya, ou se acatam a vontade popular.



Forças armadas latino americanas de um modo geral se comportam, historicamente, como “polícia” dos interesses dos EUA e de elites apátridas. São raros os chefes militares com compromissos expressos com seus povos, suas nações. O golpe de 1964 no Brasil foi uma típica ação norte-americana, comandada por um general dos EUA, Vernon Walthers. É a praxe dos golpes na América Latina. l



Não há que se discutir a volta de Zelaya na forma proposta pela secretária Hilary Clinton. Ou seja, Zelaya assume o governo e cumpre um fim de mandato formal, dentro de uma camisa de força, comr de parâmetros ditados pelos EUA.



E os hondurenhos presos? Torturados? Assassinados pelos golpistas?



A atitude de Zelaya refunda Honduras do ponto de vista político e institucional. A realidade agora é diversa em todos os sentidos. O referendo que serviu de pretexto para o golpe é um começo para essa realidade.



E acontece num momento que o governo Lula está debaixo de intenso bombardeio de forças de extrema-direita (PSDB e DEM), numa ação que não é isolada. Faz parte de todo um projeto político que tem como objetivo a derrubada de governos hostis aos EUA.



São as bases militares na Colômbia. As iniciativas do latifúndio e companhias internacionais contra o MST no Brasil. A clara tentativa tucano/DEMocrata de entregar o pré-sal a empresas norte-americanas através de manobras legislativas. O controle da informação a partir da censura na internet. A ofensiva do governo Obama contra o acordo militar Brasil-França. As ações contra Chávez.



Toda uma sinfonia golpista regida na expectativa de eleições em 2010 e o governo de volta a funcionários da Fundação Ford, no caso, José Serra. O peso do Brasil nesse processo.



O grande problema é que nem todos os ministros do governo Lula se chamam Reinold Stephanes (Agricultura). Existem figuras do porte de Celso Amorim. Desde o golpe militar de 1964 o Brasil não tem política externa. Tem prevalecido a vergonhosa máxima do general Juracy Magalhães, chanceler da ditadura, governo Castello Branco. “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Houve um arremedo de chanceler, Celso Láfer, governo FHC, que chegou a tirar os sapatos no aeroporto de New York, numa “revista”. Tipo baixar as calças e cair de quatro.



Por outro lado devem aumentar as pressões pelos tais “acordos negociados”, quando não há o que negociar, mas apenas cumprir a vontade dos hondurenhos.



A decisão do presidente golpista Micheletti de cortar a energia elétrica nas imediações da embaixada do Brasil sinaliza que os militares hondurenhos ainda não conseguiram, pegos de surpresa, acertar o passo com o comandante militar da base dos EUA na capital do país e que o embaixador de Washington deve estar esperando o senador John McCain acordar para saber como proceder.



A forma fria como a mídia “brasileira” está tratando o fato, uma espetacular manobra política de resistência, deixa patente que as “instruções” ainda não chegaram às redes de tevê, jornais e revistas. Miriam Leitão deve estar na expectativa do script para poder apresentar com a característica histeria de “cinco milhões” de mortos, a gripe suína, o pânico gerado a soldo da indústria farmacêutica.



O povo de um pequeno país da América Central desconserta toda a “consertación” golpista que derrubou Zelaya.



O que mostra que tamanho não é documento.



A volta de Zelaya a Honduras é um concerto de corais dos movimentos populares latino-americanos.



Agora é hora do grande final.



A batuta é do povo de Honduras e os aplausos e pedidos de bis partem do movimento popular da América Latina como um todo.



Nem só de Reinold Stephanes vive o governo Lula e é hora do próprio presidente perceber isso.



Caiu no seu colo a oportunidade de resgatar a liderança efetiva do processo de integração latino-americana.



E é uma boa hora para militares latinos pensarem em seus próprios países, suas nações, dando uma banana aos comandantes norte-americanos.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O Desmanche do PT -- e de Lula

Nota do Lúcio: para mim, já desmanchou há muito. É questão de enterrar a alma, pois o corpo já tá podre há muito tempo.





Laerte Braga





Há um pensamento dominante entre petistas que qualquer crítica ao governo Lula signifique apoio, ou consentimento, ou ajuda, a manobras tucano/democratas para eleger José Serra em 2010. Ou o tresloucado governador de Minas Aécio Neves. Petistas não têm o hábito de olhar para o próprio umbigo e perceberem os equívocos cometidos pelo governo Lula e pelo partido numa trajetória errática que, mesmo com os altos índices de aprovação do presidente, não o exime de críticas.



Uma coisa são as alianças podres do governo e outra coisa são os podres tucanos e fétidos democratas. Eu não votaria em Aluísio Mercadante para nada. Mas entendo sua decisão de renunciar à liderança da bancada do partido no Senado. Não votaria nele, mas há diferenças abissais entre Mercadante e Jereissati ou qualquer tucano. Mercadante é um sujeito decente, tucano não sabe o que é isso.



O problema é que Sarney é um dos cânceres da política nacional e como todo câncer precisa ser extirpado. Do contrário todo o organismo fica comprometido. E não há nenhum milagre no fato de Lula ser mais popular que FHC. Qualquer um que não seja tucano ou democrata em qualquer canto do mundo.



O xis da questão é que quando os eleitores se libertaram do jugo corrupto dos tucanos, do governo FHC, elegeram Lula para fazer o contrário. Lula não fez. Dourou a pílula, evitou uma ou outra das costumeiras besteiras de FHC, o caráter entreguista do governo, mas não foi além do “capitalismo a brasileira”, perfeita definição de Ivan Pinheiro.



E isso, evidente, porque há uma diferença de caráter entre o atual presidente e o ex-presidente. Lula não é bandido. Mas também não é mocinho.



A senadora Marina da Silva viveu na pele, sofreu, agüentou, tentou de todas as formas, que políticas ambientais – era o que lhe cabia no governo enquanto ministra – obedecessem ao programa do seu partido, o PT.



Esbarrou no pragmatismo de setores do governo e do partido, numa aliança inacreditável que levou, por exemplo, o norte-americano Henry Meireles (algumas pessoas chamam de Henrique) à presidência do Banco Central.



Em busca de uma “governabilidade” que não tinha nada a ver com os anseios e aspirações dos brasileiros que o elegeram, Lula juntou-se a partidos e políticos inaceitáveis em qualquer circunstância.



O que foi o mensalão? A jogada perversa, mas fria, planejada e pensada de um político ligado à ditadura militar, com postura de extrema-direita, mas corrupto confesso, Roberto Jéferson, em favor de tucanos.



Por detrás da postura de Jéferson havia apenas um jogo de interesses e o ex-deputado não fez nada daquilo por acesso de bom caratismo, até porque nada do que disse ficou provado até hoje. Ao contrário da compra de votos para aprovar a emenda constitucional da reeleição no primeiro governo de FHC. Mas Lula deixou-se enredar e cada vez mais foi atolando seu governo e seu partido num PMDB tucano, sob a batuta de Michel Temer e noutra faceta, a do coronelismo, sob a regência de José Sarney.



Existe algo maior que Lula e o PT. Não inventaram nem a esquerda e nem a luta popular. Se faz parte do governo uma figura com a estatura de Celso Amorim, ou do secretário geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, do ministro da Saúde, que por sinal é do PMDB, José Carlos Temporão, fez parte até pouco tempo um embuste chamado Mangabeira Unger. Está no Ministério das Comunicações um político no mínimo complicado, Hélio Costa.



Quais os avanços reais e efetivos na reforma agrária? Por que a entrega de ponderável parte do pré sal?



A opinião pública foi iludida no governo FHC com a conversa fiada que privatizando o governo teria mais dinheiro para a saúde, a educação e políticas sociais de reais e efetivos avanços, na prática, o programa bolsa família, tocado com a competência e a seriedade do ministro Patrus Ananias (uma das exceções positivas), mas e daí?



O governo Lula caiu na armadilha da política rasteira de Brasília, uma espécie de ilha da fantasia e os aspectos positivos acabam se perdendo nessa “arraia miúda”, pagando o preço de defender um dos mais corruptos e venais políticos do Brasil contemporâneo, exatamente José Sarney.



O Senado todo é uma desnecessidade como afirma o jurista Dalmo Dalari de Abreu? Num projeto político de governo popular é sim. Não importa que existam cinco ou seis senadores decentes. A chamada Câmara Alta pratica a mais baixa forma de política.



Lula pensou pequeno.



A senadora Marina da Silva, à frente do Ministério do Meio-ambiente, tratou de defender interesses nacionais para além dos específicos de sua pasta.



A Amazônia é talvez o maior desafio para o País, ao lado do problema da Comunicação em poder de grupos controlados de fora. Por gente de fora. De olho na Amazônia.



Quando candidato a presidente Lula falava em projeto Brasil. Onde está? Nos acordos feitos com a MONSANTO para a produção de transgênicos? Na VALE privatizada? Na EMBRAER em mãos do capital estrangeiro?



Na PETROBRAS acossada dia e noite por bandidos do porte de Jereissati, FHC, Arthur Virgílio, de olho nas contas bancárias e nas contribuições das empresas estrangeiras do setor petrolífero?



Há dias a Marinha brasileira divulgou um comunicado oficial repudiando e desmentindo o jornal THE GLOBE (alguns conhecem como O GLOBO) sobre a questão dos submarinos movidos a propulsão nuclear. Já poderíamos ter pelo menos três desses submarinos tomando conta das costas, do litoral do Brasil e não o temos por conta do jogo de empurra e entrega do governo FHC e da falta de decisão do governo Lula. A decisão veio agora e como compensação política. Não como parte de um projeto de defesa da soberania nacional e da integridade de nosso território que passa pelo mar territorial brasileiro. São indispensáveis, os submarinos.



Pior ainda. A Aeronáutica brasileira está a mercê de interesses norte-americanos e de Israel no que diz respeito a ser reequipada com caças à altura das reais necessidades da segurança nacional. É um problema que rola desde os tempos de FHC e Lula não resolveu. Só procurou equilibrar-se na conversa de uma no cravo e outra na ferradura, ou em soluções paliativas.



Segurança não pode confundido com empregado do CARREFOUR levando um negro para um quartinho (a empresa é cúmplice, é bandida) pelo fato de ser negro e, portanto, suspeito de ser ladrão. Uai! FHC é branco. Sarney apesar de pintar cabelos e bigodes de preto é branco. E nunca ninguém levou os dois para quartinho escuro.



A política de Lula para a Amazônia, para além da questão ambiental, inexiste. Ou o que existe é um outro exercício de equilibrismo entre as mega concessões feitas a setores e grupos privados e as palhaçadas do ministro Minc com dados estatísticos que não comprovam coisa alguma no essencial.



Falta decisão política efetiva de uma integração latino-americana que exclui tropas no Haiti. E um monte de outras coisas.



Onde o governo Lula consegue avanços – e existem – é onde estão figuras que na verdade garantem o mínimo de credibilidade e visibilidade desses avanços. Do contrário seria só uma exibição fantástica de carisma de Lula, inegável, mas compreensível se comparado com alguém como FHC, uma figura que tipifica o ser amoral. Sem escrúpulos.



Ou você acha que Obama chama Lula de “o cara” por que?



O governo dá a sensação, outro ponto, que não atinou para a grave ameaça à soberania nacional e especificamente a Amazônia, no que diz respeito ao acordo militar entre a Colômbia e os Estados Unidos. Sete bases militares para “combater o narcotráfico”? Ora, o narcotráfico, segundo o departamento de combate às drogas do governo dos EUA, está no governo colombiano. Em Álvaro Uribe.



E é o que menos importa. Importa o controle da Amazônia. Quando a GLOBO e outros se referem às FARCs como “terroristas” estão apenas tentando criar na opinião pública – e criaram – o monstro que devora criancinhas, mata idosos, não permite a democracia, quando no duro, as FARCs são um ponto de resistência ao avanço dos EUA sobre a Amazônia brasileira ou não.



Em seguida ao cancelamento da visita do presidente do Irã ao Brasil, o líder sionista (sinônimo de fascismo) que ocupa o ministério das Relações Exteriores de Israel apareceu por aqui para deitar falas sobre cooperação, de olho em comunidades palestinas no sul do País e na água, no controle da tríplice fronteira, onde agem às escancaras terroristas do MOSSAD.



Por que o governo brasileiro não rompeu relações diplomáticas com o governo golpista de Honduras? Qual a razão da presença de tropas brasileiras no Haiti num processo de ocupação e repressão ao sabor dos interesses dos EUA?



Marina da Silva não é a ponta de um iceberg. É o próprio. Não agüentou digerir tantos sapos assim. E existem diferenças fundamentais entre ela e Heloísa Helena. A senadora Marina tentou de todas as formas resistir dentro do PT. Não é uma temperamental como a alagoana. E não vai aqui nenhuma crítica sobre conduta em relação a Heloísa Helena, só a forma, ao jeito.



A decisão de deixar o partido foi consciente. Pensada e pesada. O que vai fazer daqui para a frente é outra conversa. Se se deixar ludibriar pelo canto de tucanos e democratas joga fora sua história. Não creio que faça isso. A senadora não dá mostras, nunca, de assimilar a convivência com pústulas padrão José Serra.



O problema Marina da Silva não é só Marina da Silva, o tamanho da perda (imenso). É o processo autofágico de Lula e do PT.



Isso significa que presidente e partido são absolutamente irresponsáveis no que diz respeito à luta popular e pensam apenas e tão somente na política menor de um institucional carcomido pela corrupção e pelo entreguismo.



Não se pode exigir das pessoas que fechem os olhos a isso e apóiem incondicionalmente o governo e seu partido.



Apoio incondicional, um político mineiro dos velhos tempos dizia que a gente “só presta a mãe”.



O que está em jogo é bem maior que Lula e o PT.



Os caminhos são outros. Ou esse País vira estado norte-americano, república de bananas, com bases militares no Nordeste como querem os EUA, sob a batuta de bandidos tucanos democratas à frente José Serra e toda a corte FIESP/DASLU.



Na luta pelo Brasil soberano, independente e justo, Lula e o PT são episódicos. Essa construção está acima deles. E a resistência se estende a atitudes e posturas como a de aliar-se a figuras como Sarney. Não se trata de sobreviver a nada, mas tão somente de criar condições de governabilidade dentro de um processo corrupto e anti-nacional.



É abrir as portas para José Serra em 2010. Ou pior, o irresponsável do governador de Minas. O tal que não tem dinheiro, mas compra apartamento de 12 milhões de reais.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Hakim Bey e Fernanda Torres na Revista Piauí

"Bush é a verdadeira cara da América. Obama é Bush com vaselina".

Hakim Bey, cineasta palestino que está com a Fernanda Torres no último número da Revista Piauí, dizendo uma frase que já circula na web e foi dita por meu amigo Laerte Braga...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Frase do Laerte

"Serão sete bases militares dos EUA na Colômbia para combater o narcotráfico (fachada) e no duro mesmo derrubar Chávez, Evo Morales, Rafael Corrêa e tomar conta da Amazônia. O tráfico não importa tanto, um dos chefões é Álvaro Uribe, presidente do país vizinho. Mas é aliado".

Laerte Braga

segunda-feira, 6 de julho de 2009

El Negrito no conoce donde queda Tegugigalpa

“EL NEGRITO NO CONOCE DONDE QUEDA TEGUCIGALPA”





Laerte Braga





A afirmação é do “chanceler” Enrique Ortez, do governo golpista de Honduras e refere-se ao presidente dos Estados Unidos Barak Obama. É racista, mas bem mais que isso, pois Obama é branco como Pelé. Mostra o total desprezo dos golpistas de extrema-direita que derrubaram o presidente constitucional Manuel Zelaya pelas decisões de organismos internacionais e condenações públicas de governos do mundo inteiro ao golpe.



Deixa claro que a autoridade de Obama termina onde começam os “negócios”. Ortez admitiu que duas pessoas morreram no aeroporto da capital em protestos contra o golpe e diz que o novo “governo” negocia tudo, “menos Zelaya”.



Com essa afirmação está respondendo a secretária de Estado dos EUA, Hilary Clinton, que “aconselhou” uma “solução negociada entre as partes”. Vale dizer um grande acordo entre golpistas e golpistas e que exclua Zelaya. Com a bênção norte-americana.



Como se vê, há condenação e há condenação. O golpe contou e conta com decisivo apoio de grupos radicais do governo dos EUA, ainda do período Bush em franco desafio à autoridade do presidente Obama. O embaixador norte-americano e agentes da CIA atuaram descaradamente em Honduras na formulação e execução do golpe.



Só Obama não sabe, ou se faz de bobo, de morto, percebendo que é presidente até um determinado ponto do show. E trata de agarrar-se ao papel de principal protagonizante dos EUA, engolindo em seco a realidade dos “negócios.”



É fogo. Um governo oriundo de um golpe militar determinado pelas elites, com apoio dos “princípios democráticos” da maior potência do mundo, com um “ministro da justiça” ligado ao esquadrão da morte hondurenho e um “chanceler que se refere ao presidente Obama como “el negrito”.



É Honduras falando, por suas elites e seus militares, como devem ser as “coisas” e deixando claro quem é que manda de fato.



Sugiro uma investigação, pois com certeza tem dedo do Irã e da Coréia do Norte nessa história. Devem ser os culpados. Ou então o Hamas ou o Hezbollah.



Os mortos são bem mais que dois. O exército e a polícia golpistas dispararam contra milhares de pessoas que foram ao aeroporto receber o presidente Zelaya. Além dos mortos, muitos mais que dois, são vários os feridos, os presos e há ordem de prisão expedida contra as lideranças da resistência.



Um dos pontos de sustentação dos golpistas é a certeza que a mídia latino-americana controlada por Washington, a do Brasil por exemplo, não vai noticiar nada que contrarie os “negócios”. É claro, vive dos “negócios”.



E muito menos exibir imagens da brutal repressão contra manifestantes civis, domingo, na tentativa de desembarque de Zelaya. As duas fotos abaixo dão idéia do que foi a manifestação e de como se comportaram os zumbis controlados pelos generais.

Cidadãos hondurenhos em defesa da democracia, do respeito à vontade popular e militares no eterno papel de “salvadores da pátria”. Mas, condecorados com as “medalhas” dos donos dos “negócios.” E, consequentemente transformando a “pátria” noutro grande “negócio.”

















Num determinado momento os “patriotas” dispararam contra os “terroristas e o resultado se vê na foto abaixo. Registre-se que noutra foto, os “terroristas atacam os patriotas” com estilingue. São estilingues produzidos pela Al Qaeda, é lógico.



É a boçalidade que marcou a América Latina nas décadas de 60 e 70, século passado, inclusive o Brasil. E é por aí que não se entende a timidez do presidente Lula em simples condenação do golpe. O papel do Brasil é mais que se opor. O governo tem o dever de entender que em Honduras os “donos” estão mandando um recado para os países e governos dessa parte do mundo.



A argumentação de determinados setores que o presidente Lula não pode se expor a uma posição mais aberta em defesa do povo hondurenho é ridícula. Se Lula se expõe para defender um pilantra tamanho Sarney, qual o problema de se expor defendendo a soberania, à vontade e a liberdade dos hondurenhos. Ou já se esqueceu que foi preso na ditadura militar brasileira?













O que está acontecendo em Honduras é um massacre da população civil. Uma horda de bárbaros fardados e auto proclamados defensores da “democracia” investe contra o povo. Não há justificativa para nenhum silêncio, ou condenação formal.



Acreditar que o governo de Barak Obama tenha algum compromisso com princípios dessa natureza, democracia, liberdade, ou que Barak Obama possa alguma coisa além do espetáculo, é acreditar em Superman. Não existe, é história em quadrinho para veicular e vender uma ideologia.



O conceito que os golpistas hondurenhos têm de Obama é o do “chanceler” Ortez. “El negrito”. Não difere muito do de Berlusconi. “Mulatinho”.



Até quando o show vai conseguir manter a platéia aplaudindo não sei. Só sei que quando se esgotarem os recursos do malabarista Barak Obama, arranjam uma dança qualquer no Faustão e pronto. Ajeitam tudo.

Esses na foto abaixo são os “desordeiros, os “terroristas.” Estão se protegendo das balas “santas” da “democracia.”











Nessa outra foto os “valorosos” defensores dos “negócios.” Atrás de escudos e garantidos por armas de fabricação norte-americana.









E Lula acha que ir mais além do que já foi é se expor demais. Tudo bem, fica com Sarney. Se expõe de menos.



A deposição de Zelaya foi justamente por querer ouvir seu povo e acabar com os “sarney” de lá. Se isso é razão para sentar em cima, paciência.



Não é o entendimento do povo hondurenho e nem dos movimentos populares latino-americanos.



É hora de resistência e muita luta. le dizer um grande acordo entre golpistas e golpistas e que exclui Zelauyresidente constitucional de Honduras

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Uma do Laerte Braga sobre Sarney


Imagine daqui uns mil anos quando os arqueólogos de 3009 forem escavar o Maranhão e encontrarem rua não sei o que Sarney, escola não sei o que Sarney, restaurante não sei o que Sarney, matriz São Sarney a dúvida que isso vai gerar.



Quem foi esse Sarney? Um deus dos primitivos habitantes das estranhas senzalas que chamavam de shopping? Um imperador? Um enviado dos céus? Um extra-terrestre de uma galáxia distante que veio à Terra construir uma pirâmide secreta?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

"Você não suportaria a verdade!"

Laerte Braga





“You can't handle the truth!” Essa fala escolhida a 29ª melhor da história do cinema. Está no filme “A few good men” – “Questão de honra – e foi dita por Jack Nicholson interpretando um coronel da marinha dos EUA comandante de um grupo na base militar de Guantánamo, território cubano ocupado pelos norte-americanos e hoje transformado em campo de concentração de presos políticos.



“Você não suportaria a verdade!”



O filme do diretor Bob Reiner não é nenhuma obra prima, mas é um bom filme. Trata do julgamento de dois fuzileiros navais – mariners – acusados de assassinar um companheiro. Tom Cruise, um tenente da marinha e advogado, prova que a obsessão por segurança e acendrado amor à pátria foram os fatores responsáveis pela morte do fuzileiro e por conta de uma ordem de um coronel – Nicholson – fascista lato senso.



O código “alarme vermelho”. Sinônimo de pare tudo e vá defender a pátria. A pátria, a propriedade privada, os bancos, as grandes corporações, os senhores do mundo.



O principal objetivo do filme, com quatro indicações para o Oscar, é de 1992, foi mostrar que não há lugar para crimes contra os direitos humanos nos Estados Unidos e os responsáveis são punidos. Os fuzileiros que cumpriram ordens acabam absolvidos, o coronel preso.



E Tom Cruise abre caminho para a sua assistente, também oficial da marinha, a atriz Demi Moore. O mocinho e a mocinha.



A reação do chamado mundo cristão, democrático e ocidental ao teste nuclear subterrâneo realizado pela Coréia do Norte reforça esse tipo de fanatismo democrático, ou pelas liberdades, como dizem os norte-americanos. O hino nacional fala em conquistas “nossa causa é justa”. Eles deliberam sobre esse caráter de justa da causa deles.



Segundo a Casa Branca – agora na versão vaselina – a Coréia do Norte transgride normas de segurança e da paz mundial, coloca em risco essa segurança e essa paz – que não existe – Os governos da Coréia do Sul, do Japão e lógico, das colônias na Comunidade Européia fazem coro aos EUA. Israel aproveita-se para tentar ampliar a insensatez sionista atacando o Irã.



“Você não suportaria a verdade!”. Quando Jack Nicholson diz isso no filme está apenas confirmando todo o espectro de terror e barbárie que envolve as ações militares e de inteligência dos EUA mundo afora. Guantánamo, as prisões no Iraque e no Afeganistão. A associação com o presidente narcotraficante Álvaro Uribe da Colômbia e agora o veto do Congresso à proposta do presidente Barak Obama de fechar a base militar em território cubano. As pressões para que não sejam mostradas as cenas de tortura – “asfixia simulada”, explicitamente citada por Obama – os estupros de militares do próprio país por fuzileiros defensores da democracia cristã e ocidental.



O coronel, no filme termina preso. É a exceção. A regra é o seu procedimento. A imagem que o filme tenta transmitir é a do triunfo dos direitos humanos sobre a boçalidade. Mais ou menos como eu faço assim, você deve obedecer, mas você pode ter certeza que eu faço assado.



E é o que acaba prevalecendo. A imagem de justiça, logo, de causa justa.



A Coréia do Norte iniciou suas pesquisas para a fabricação do que chamam “artefatos nucleares de guerra” há cerca de cinqüenta anos, quando o governo dos EUA ameaçou jogar uma bomba atômica sobre a capital do país. Enviou cientistas a antiga União Soviética e lá buscou os meios para chegar ao estágio atual de desenvolvimento de armas atômicas.



Há cinqüenta anos atrás era forte a lembrança da destruição das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki por duas bombas nucleares lançadas pelos norte-americanos.



“A saída, onde fica a saída?”. É a pergunta de uma sobrevivente a esse holocausto de pavor no filme “Hiroshima mon amour”, do cineasta francês Alain Resnais. Um dos maiores da história do cinema.



As grandes redes de tevê, os grandes jornais e as grandes emissoras de rádio dos EUA, da Europa, suas extensões em países como o Brasil – GLOBO, BANDEIRANTES, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, etc – não mostram um décimo da estupidez sionista contra palestinos na “legítima defesa” que invocam para garantir seu território e tomar terras e água palestinas. Para isso prendem, torturam, estupram, seqüestram, matam e dispõem de armas nucleares.



Em seguida colocam outdoors nas terras palestinas anunciando loteamentos com segurança absoluta e a preços de perder de vista.



Já o Irã, sob constante ameaça de ataques militares por parte de Israel e dos EUA é o grande vilão da história.



Armas nucleares são uma estupidez. Armas de um modo geral num sentido mais amplo são uma estupidez. Mas se um tiver, é justo que outro tenha. Pode soar trágico, pode assustar, mas é a maneira encontrada pelo governo da Coréia do Norte para evitar as constantes tentativas de golpes, de situações criadas pela inteligência dos EUA para intervir no país.



Em 2002 a mídia privada da Venezuela montou um golpe de estado contra o presidente Chávez em comum acordo com empresários, banqueiros e latifundiários do país, sempre em conluio com militares “patriotas” e tudo montado e dirigido pela Casa Branca.



Em cima de notícias falsas prenderam o presidente Chávez e foi a reação popular, três dias depois, que o trouxe de volta. Como tem sido a decisão do povo venezuelano que o mantém no governo.



O Departamento Federal de Combate às Drogas do governo dos EUA listou o presidente Álvaro Uribe da Colômbia como ligado ao narcotráfico, como antigo parceiro e beneficiário das “contribuições” de Pablo Escobar, um mega traficante, mas mantém o Plano Colômbia. Uma ação conjunta com o governo do narcotráfico para combate às guerrilhas das FARCS-EP e do ELN. Dominam cerca de cinqüenta por cento do território do país. Na velha desculpa matei porque ele atirou primeiro, imputam às guerrilhas a responsabilidade pelo tráfico de drogas.



O número de assassinatos oficiais na Colômbia é assombroso. Sindicalistas, opositores do governo e Uribe parte agora para um novo mandato mudando a constituição do país e à revelia da vontade popular, induzida ao medo e conduzida pelo medo. Gerado pelos portadores desse vírus de democracia cristã ocidental.



Consuma. Se consumo existo.



Quando o ator Jack Nicholson disse, no filme “Questão de honra” que “você não suportaria a verdade!” estava se referindo à realidade e não à ficção de Hollywood. Quando Hollywood tentava não ser ficção um senador, no final da década de 40 e início da de 50 do século passado, Joseph McCarthy, desencadeou uma ofensiva paranóica contra “comunistas” infiltrados no cinema. Dentre eles Charles Chaplin. Foi para o exílio. Quando o ator Marlon Brando, por muitos considerado o maior de todos os tempos, criticou o controle de grupos judeus sobre Hollywood foi avisado que não conseguiria mais um único papel se não retirasse as suas palavras e se retratasse.



Não se trata de defender a decisão da Coréia do Norte que explodiu um “artefato” mais forte e mais potente pelo menos quatro vezes que o primeiro há alguns anos.



Trata-se de legítima defesa diante da insânia dos donos do mundo.



O que foi a invasão do Iraque? Uma farsa montada em cima de armas químicas e biológicas que Saddam teve um dia. Fornecidas por norte-americanos para combater a revolução islâmica e popular no Irã e não tinha mais. O que é Osama bin Laden? Um combatente muçulmano fanático gerado pelos EUA, gerado e financiado para lutar contra os russos no Afeganistão.



“Você não suportaria a verdade!” parece mais um ato falho, um momento de clímax do filme, talvez até uma tentativa de alerta, de denúncia, mas a verdade é exatamente aquilo que não se deixa ver. O que é exportado é o modelo Tom Cruise, a ficção.



Assim que nem a surra que tomaram no Vietnã e depois Rambo foi lá resolveu tudo a sua maneira.



Quando Perón era presidente da Argentina dois eram os principais jornais do país. LA NACIÓN e LA DEMOCRACIA. Se dizia que Perón vendia LA NACIÓN e pregava LA DEMOCRACIA.



Os Estados Unidos vendem a Disneyworld, ou Tom Cruise, ou Sharon Stone cruzando as pernas num momento de frisson supremo, mas pregam e executam as barbáries que no fundo são a verdade não suportável.



A Coréia do Norte é um minúsculo país – território – na Ásia. Sua bomba é legítima defesa só isso. Do contrário os norte-coreanos serão obrigados a suportar a tal “verdade”. E essa “verdade” vem desde os tempos que James Monroe, presidente dos EUA, disse que “a América para os americanos”. Consolidou-a Theodore Sorensen Roosevelt. Sua política era do do big stick. O grande porrete.



Ou como diz Hilary Clinton, “esperamos que Cuba tome atitudes de reforma para a democracia e os direitos humanos para restabelecermos nossas relações normais e começarmos a conversar sobre o bloqueio”.



É. A culpa é de Fidel Castro.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

PASTAS, BOLSAS E BLUSAS


Laerte Braga

Lula perdeu a noção mínima da realidade. Aposta em qualquer coisa que seja imaginar que o leme do barco está em suas mãos. Há dias declarou que o País estava blindado contra a crise e não havia motivos para preocupação com o crédito. Hoje recomenda que se gaste apenas o que o salário permite. De uma ponta a outra em menos de uma semana.

Há um detalhe fundamental nessa conversa fiada de um presidente desgovernado. Quando afirma que se deve gastar apenas o que o salário permite está se referindo ao trabalhador, ao assalariado, ou seja, àquele que vai pagar a conta das especulações com dólar, por exemplo, do grupo Votorantim do “paladino do progresso” Ermírio de Moraes. Dois bilhões e duzentos milhões de perdas admitidas publicamente pelo grupo.

Ou a grana que a ARACRUZ buscou junto a agências brasileiras e no exterior para depredar, assassinar, roubar e “implantar progresso”, transformando o estado do Espírito Santo em refém da maior quadrilha do País. Parte da turma FIESP/DASLU. Entrou no item “observação negativa” segundo o Fitch Rating, um desses negócios que adoradores de bezerro de ouro adoram para explicar a cretinice do capitalismo.

Quem tiver curiosidade e for ouvir as declarações de d. Miriam Leitão nas rádios e tevês onde comenta economia, ou nos artigos que escreve vai ficar espantado. A vetusta senhora em questão defende hoje com a mesma veemência bem remunerada de sempre o que criticava antes.

Os patrões estão correndo risco, logo o pró-labore corre perigo.

Uma das conseqüências da crise é que nos vários tentáculos de polvo gigante o capitalismo vai emergir de tal forma concentrado em tão poucos que não vai ter corda para os enforcados. Vai ser de inanição mesmo. Modesty Blaise pedia champanhe no meio do deserto com charme e lindas pernas a mostra.

Ninguém quis comprar as carteiras de longo prazo dos bancos pequenos, que tubarão grande não é bobo. Aí o governo vai meter a mão no rico dinheirinho do contribuinte, no desgoverno deslumbrado de Lula que ora manda gastar, ora manda segurar, para amortizar o prejuízo de pobres coitados banqueiros, à míngua de champanhe.

Putz! Se ainda fosse Mônica Vitti. Mas pagar conta de Ermírio de Moraes?

Você pode assentar-se à frente do seu algoz e imaginar que o mundo é assim, que a realidade é essa. Não é não. Risos e soberba são mera hipocrisia diante de pastas pornográficas. Bolsas imensas e bem cuidadas ou blusas de cores variadas, rosa, preta, não significam vacina contra medo disfarçado em brincadeira de mundo real.

Os olhares que as pastas despejam são chispas de vulgaridade foto montada. Não sei como se consegue engolir a comida, dá ânsia de vômito.

As pastas despejam sobre as bolsas e blusas sorridentes o olhar do porco lambendo a pérola.

Há quem deixe e há quem faça.

O dinheiro da ARACRUZ é do BNDES. O dinheiro do BNDES vem de um negócio chamado FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

Quem aos porcos se mistura...

Os prejuízos debitados na conta do trabalhador, do assalariado chegam a algo em torno de 40 bilhões de reais, isso neste primeiro momento. São maiores se atentarmos para o fato que permeiam as couraças iludidas dos que deixam e sorriem.

O futuro é a solidão da pérola despejada num canto onde as pastas costumam guardas as bolsas e blusas usadas e imprestáveis.

Neste momento o capitalismo lança como que olhares licenciosos por sobre a brincadeira de bolsa sobe, bolsa cai. Blusas desfiam. Interiores, como diz Woody Allen são corroídos. Pendura na cadeira.

O negócio é tão complicado que até a forma do planeta, redondo, soa como desastre. O Oriente dorme insone da desesperada tentativa de sair do pânico, ou esquecer o pânico enquanto o Ocidente acorda estremunhado pelo pânico que dormita no Oriente.

E aí vai.

E você pensa que está livre e que as coisas acontecem. É mero/a peão nessa engrenagem, não importa o tamanho. Pode ser de um hotel transformado em faustosa sede superfaturada. Pode ser de uma bola de sinuca pronta a ser encaçapada.

Em todo caso tem sexta, sábado e domingo para recuperar as energias e rir o riso falso do mundo real.

Sacuda três vezes antes de pendurar.

No meio da embrulhada toda Marcos Valério está na cadeia e pelo visto até a cerveja entra na dança.

Só Lula e um monte de gente não entende desse negócio de bolsas, pastas e blusas.

Aceite o chicote, mesmo que disfarçado de tudo acontece.

E não se esqueça do Faustão e do Fantástico.

Sorria e dê bom dia.

Ah! Pague a conta e faça de conta que não é nada com você, que o mundo é assim. Ou deve ser assim.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O GOVERNO DO DESGOVERNO – A BLUSA COR DE ROSA

Laerte Braga

As últimas atitudes do governo Lula mostram que o presidente se alinhou definitivamente com o modelo político e econômico da chamada nova ordem e não poderia ser de outra forma, já que apostou numa versão capitalista brasileira (definição de Ivan Pinheiro). Aposta errada. Voltou as costas à sua própria história.

Dois fatos sinalizam com clareza nessa percepção. O primeiro deles a decisão de cancelar a viagem de uma comitiva brasileira ao Equador depois da decisão do presidente Rafael Corrêa de expulsar a empreiteira Norberto Odebrecht de seu país. Empreiteiros brasileiros são acionistas do Estado brasileiro, estão acostumados a comprar o que querem (políticos, ministros, servidores públicos) e Lula acreditou que podia recuperar demônios e colocá-los a serviço.

A Norberto Odebrecht fez no Equador o que está acostumada a fazer no Brasil. Obras superfaturadas, de péssima qualidade (ao contrário do que é contratado) e não responder por esse tipo de procedimento quando cobrada. Como o governo do Equador não dá para ser comprado como é praxe, tem que tirar o time de campo. O presidente de lá não se chama José Serra e não está fazendo metrô.

Não há também decisão equivocada do presidente Corrêa ao advertir a PETROBRAS sobre planos de investimentos contratados em acordos e não cumpridos.

Há um erro do governo Lula ao adotar posição de confronto. Significa deixar de lado a política de integração dos países sul americanos e arrotar postura imperialista em relação aos vizinhos mais fracos.

O segundo fato é o decreto presidencial de dois de outubro, número 6 592, que regulamenta a lei 11 831 de dezembro de 2007 e que dispõe sobre Mobilização Nacional e cria o Sistema Nacional de Mobilização, o SINAMOB.

Referido decreto tem pouca diferença de documentos do governo dos EUA sobre interesses norte-americanos. Dizem respeito a interesses brasileiros e considera que esses se estendem para além de nossas fronteiras territoriais, o que justificaria eventuais ações em outros países. Volta-se neste momento contra o governo de Fernando Lugo, no Paraguai e a presença de grileiros brasileiros em terras daquele país, entre outras coisas.

Mas atinge como um todo o conjunto de países da América do Sul e soa como advertência ao governo da Venezuela.

Breve Caxias cruzando Itororó pela dignidade patriótica do Brasil. Versão general Heleno.

Quem quer que saia de casa, hoje, vá a um supermercado e compre o que comprava por dez reais antes da crise nos EUA, que se espraia pelo mundo inteiro por conta do modelo, vai pagar no mínimo dezesseis reais.

A mídia não noticia e nem vai, exceto se a coisa ficar de um jeito mais calamitoso do que está, a quebra de muitas empresas brasileiras em bolsas de valores, a troca de controle acionário, comando em várias delas e a excessiva concentração em torno de poucos grupos do que já era concentrado.

O setor de construção civil no Brasil que opera no mercado de ações está próximo de uma grande crise, há uma bolha como dizem os economistas. É um exemplo. Bolhas explodem num determinado momento.

O que se chama socorro do Banco Central visa corrigir as distorções da política econômica alinhada com as regras de Wall Street. O que Lula fez nesses anos todos foi apenas tentar criar condições de competitividade para o Brasil em determinadas áreas e agora vai pagar o preço do erro. Não rompeu a camisa de força.

A reunião do G20 em Washington tem apenas um item de pauta: ratear a conta dos oito anos de loucuras de George Bush, somados e somadas, anos e loucuras, à falência do capitalismo, um tigre de papel como dizia Mao Tse Tung. O diabo é que os papéis rolam para lá e para cá nesse cassino de elevadas apostas, onde quem de fato banca não ganha nada, o trabalhador.

No Brasil já se fala intramuros em fusão do Banco do Brasil com a Caixa Econômica Federal e alguns magos da economia apostam que BRADESCO e ITAÚ vão encontrar caminhos iguais para evitar que mais à frente sejam arrastados pela onda que vem crescendo e vai, com certeza, estourar na praia da classe trabalhadora.

É a conclamação daquele general norte-americano no filme DOUTOR FANTÁSTICO de Stanley Kubrick quando percebe que mísseis soviéticos irão destruir os EUA e vice versa: “às cavernas, às cavernas”. Mas eles. E as cavernas são dos que cumprem a risca o preceito capitalista de sobrevivência do mais forte.

Um dos países que vai passar quase ileso à crise é exatamente a Venezuela. E por não ter aceito as regras de Washington. Aqui arriaram as calças e encheram o Haiti de tropas brasileiras na opressão e na barbárie contra um povo inteiro.

O ministro da Justiça Tarso Genro, especialista em engolir sapos, disse hoje que o presidente já escolheu a candidata, vai ser a ministra Dilma Roussef. Na lógica simples de dois e dois não existe diferença alguma em relação a José Serra, exceto no estilo pessoal. A visão de mundo é a mesma com pequenas nuances do tipo neoliberalismo populista.

Ou como disse a candidata do PT á Prefeitura de Juiz de Fora, Margarida Salomão, “o PT diante da conjuntura evoluiu para uma posição de centro”. Evoluiu?

E até hoje o governo Lula não explicou direito essa história do pré-sal e do que de fato está em poder do Brasil e o que está em mãos de companhias estrangeiras. Muito menos pensou em reestatizar a PETROBRAS (privatizada com disfarces no governo de FHV – Fernando Henrique Vende), ou retomar o monopólio estatal do petróleo, também extinto no governo tucano.

Lula achou que podia andar de bermudas no meio da selva cheia de leões e agora está tendo que correr e se proteger dos nacos que os leões estão tirando das trôpegas pernas de seu governo.

Nem de longe, por exemplo, percebe que a despeito do tamanho da crise, está cada dia mais com cara de FHC. Com uma diferença FHC sabia o que estava fazendo, crime doloso. Lula achou que podia passar a mão na cabeça e sair dizendo que todo mundo podia assentar. “Senta que o leão é manso”.

Michael Colon estabelece os dez pontos principais da crise, que resume no último deles:

10. La alternativa ? En 1989, un famoso autor estadounidense, Francis Fukuyama, nos anunciaba el Fin de la Historia : el capitalismo había triunfado para siempre, nos decía. No ha hecho falta mucho tiempo para que los vencedores se estrellen. La humanidad necesita verdaderamente otro tipo de sociedad. El sistema actual fabrica miles de millones de pobres, hunde en la angustia a aquellos que tienen (provisionalmente) la suerte de trabajar, multiplica las guerras y arruina los recursos del planeta. Pretender que la humanidad está condenada a vivir bajo la ley de la selva, es tomar a la gente por imbéciles. Cómo debería ser una sociedad más humana, que ofrezca un porvenir digno para todos? Este es el debate que tenemos todos la obligación de lanzar. Sin tabúes”.

E no nono “fala da gente” como disse um dia Pedro Costa Braga, hoje quinze anos:

9. El tercer mundo ? Sólo se nos habla de las consecuencias de la crisis en el Norte. En realidad, todo el tercer mundo sufrirá gravemente a causa de la recesión económica y de la bajada de precios de las materias primas que provocará la crisis.

E no sétimo e no oitavo:

7. Los medios de comunicación? Lejos de explicarnos todo esto, fijan su atención en asuntos secundarios. Nos dicen que habrá que buscar los errores, a los responsables, combatir los excesos y bla, bla, bla. Sin embargo, no se trata de tal o tal error, sino del sistema. Esta crisis era inevitable. Las empresas que se están derrumbando, son las más débiles o las que peor suerte han tenido. Las que sobrevivan, tendrán aún más poder sobre la economía y sobre nuestras vidas.

8. El neoliberalismo ? La crisis no ha sido provocada sino acelerada por la moda neoliberal de los últimos veinte años. Los países ricos han intentado imponer este neoliberalismo en todo el tercer mundo. En América Latina, como acabo de estudiar durante la preparación de mi libro Los 7 pecados de Hugo Chávez, el neoliberalismo ha sumido a millones de personas en la miseria. Pero al hombre que ha lanzado la señal de la resistencia, el hombre que ha demostrado que se podía resistir al Banco Mundial, al FMI y a las multinacionales, el hombre que ha enseñado que había que darle la espalda al neoliberalismo para reducir la pobreza, este hombre, Hugo Chávez, no deja de ser diabolizado a golpe de mentira mediática y de difamación infundada. Por qué?

Quem achar que tem salvação é só esperar pelo BBB-9, o quarto espelhado e acompanhar tudo com direito a diploma de Homer Simpson pelo JORNAL NACIONAL do “general” William Bonner, comandante das tropas midiáticas do me engana que eu gosto.

O trágico/divertido de Bonner é que ele acha que Truman Burkank, que vive em Seaheaven, vive de fato num paraíso terrestre, onde a harmonia é perfeita. Quando abre os olhos percebe que é apenas um show de tevê, nada além disso. Órfão, como todos nós, foi adotado pela televisão. Um dia percebe tudo e vai à luta para libertar-se e poder viver verdadeiramente, sair da imensa pasta onde é menos que uma divisória.

A blusa cor de rosa é muito bonita, mas a algema está na cabeça, atrelada à pasta e pronta para ser encaçapada. Essa nem gilmar mendes dá jeito.

O CARRASCO BRILHANTE USTRA – UM PASTINHA DA VIDA VALE DIZER UM CANALHA

Laerte Braga

Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército brasileiro não difere em nada de nenhum dos carrascos nazistas nos campos de concentração espalhados por países da Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Comandante do DOI/CODI em São Paulo no período mais duro da barbárie instalada com o golpe de 1964, (1970/1974), é o responsável direto por várias mortes e toda a sorte de violências imagináveis ou não contra presos por crime de opinião.

Janaína de Almeida Teles, Edson Luís de Almeida Teles, César Augusto Teles, Maria Amélia de Almeida Teles e Criméia Alice Schimidt de Almeida, todas vítimas de crime de tortura (hediondo), ajuizaram Ação Declaratória no fórum de São Paulo contra o carrasco Brilhante Ustra.

O juiz Gustavo Santini Teodoro julgou procedente o pedido para decidir que entre as vítimas e Brilhante Ustra “existe relação jurídica de responsabilidade civil nascida da prática de ato ilícito gerador de danos morais”. Condenou o réu às custas e despesas processuais e honorários advocatícios. A decisão do juiz cinge-se a três dos autores, César Augusto, Maria Amélia e Criméia Alice.

“Ato ilícito gerador de danos morais”, na espécie, é tortura.

Para o carrasco, em sua defesa, além dos benefícios da lei de Anistia, a negativa da prática de tortura. Ustra é autor do livro “Rompendo o silêncio, a verdade sufocada”. Tenta negar as barbáries e atrocidades praticadas rotineiramente no DOI/CODI de São Paulo e desqualificar os que o denunciam como um dos monstros mais perversos e cruéis da ditadura no Brasil.

Ligado à Operação Condor (nome dado a operação que uniu os açougues das ditaduras do chamado Cone Sul - Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile), foi parte ativa em seqüestros e assassinatos de líderes da oposição a esses regimes. Sem entranhas e sem a menor noção de qualquer coisa que diga respeito ao ser humano como tal, Brilhante Ustra passeia sua impunidade de forma ostensiva e arrogante, características que carrega desde que praticava tiro ao alvo em alvos imobilizados pela violência dos cárceres ditatoriais, por estupros, algemados e indefesos.

A prática de tortura pelo regime dos generais já havia sido reconhecida pela Justiça brasileira no processo movido por Clarice Herzog contra o Estado pela morte de seu marido Wladimir Herzog, mas nunca um dos carrascos havia sido apontado com precisão como agora Brilhante Ustra.

Os presos mortos no DOI/CODI de São Paulo eram entregues às famílias em caixões lacrados e com o aviso que haviam sido vítimas de atropelamento. E nem todos. muitos figuram como desaparecidos.

A decisão do juiz Santini não significa perspectiva de condenação de Brilhante Ustra pelos crimes praticados contra cidadãos sob sua responsabilidade e guarda no sombrio período ditatorial, já que a lei da Anistia busca proteger criminosos como o coronel. Mas incide em responsabilidade civil, o que, na prática, vale como reconhecimento da contumácia odiosa e vergonhosa da tortura.

É um passo expressivo na luta pela abertura dos arquivos da ditadura. Indispensáveis a que os brasileiros das gerações presentes tenham idéia da estupidez e da boçalidade que governaram o Brasil entre 1964 e 1984. E principalmente para desmoralizar o “patriotismo” de figuras abomináveis como Brilhante Ustra. É aquele que o pensador inglês Samuel Johnson chama de “último refúgio dos canalhas”.

Serve para que se possa conclamar à reflexão sobre o período da ditadura militar, oriunda de um golpe contra um governo constitucional, o de João Goulart, ele próprio assassinado pela Operação Condor. A tortura hoje não mudou no que diz respeito às formas e meios, mas usa métodos ditados pelos avanços tecnológicos, sobretudo os da Comunicação.

Cria um mundo em que algozes e vítimas assentam-se à mesma mesa e nenhum dos dois tem ânsias de vômito. É o quem faz e quem deixa fazer.

As Forças Armadas brasileiras resistem à abertura dos arquivos da ditadura com o argumento que o passado deve ser esquecido e que as atitudes dos militares foram necessárias à democracia. Mas a deles. A que implantaram pela força das armas e pela truculência de gente como Brilhante Ustra, escoimado em instrumentos ditos legais como o Ato Institucional número cinco, o famigerado AI-5.

A decisão do juiz Santini, malgrados os limites estabelecidos pela lei da Anistia, escancara uma porta e cria a perspectiva para que famílias de vítimas desaparecidas da ditadura possam continuar lutando para que seus mortos sejam devolvidos e possam ser sepultados de forma decente. E torturados postos na cadeia.

Há quilômetros de distância entre a decência dos presos políticos e a canalhice de torturadores.

Torturadores são os “heróis da covardia”. Brilhante Ustra não é mais que isso.

Um Pastinha da vida, mas é preciso que sejam mostrados em sua dimensão real. A de canalhas.

A decisão coincide com os 41 anos do assassinato de Ernesto Chê Guevara por esbirros do nazi fascismo na Bolívia. Lá já deram a volta por cima, aqui ainda não. Brilhante Ustra está solto.