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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Heiner Muller, um dramaturgo em trânsito (fragmento de artigo de Leonardo Munk)

A primeira preocupação que eu tenho quando escrevo para o teatro é destruir as
coisas. Durante trinta anos, Hamlet foi uma obsessão real para mim. Procurei
destruí-lo, escrevendo um texto curto, Hamletmaschine. A história da Alemanha
foi uma outra obsessão e eu tentei destruir essa obsessão, todo esse complexo. Eu
acho que o impulso principal é desnudar as coisas até o seu esqueleto, libertá-las de
sua carne e superfície. Então você termina com elas
. (LOTRINGER in KOUDE-
LA, 2003. p. 98)

Como observou Müller, o caso do Hamlet-Máquina (Die Hamletmaschine) é paradigmático.
Segundo a rubrica do texto, a personagem de Ofélia, que se encontra em uma cadeira de rodas em um cenário apocalíptica pelo qual passam peixes, ruínas, cadáveres e pedaços de cadáveres, diz, incorporando a voz de Electra, o seguinte:


Aqui fala Electra. No coração das trevas. Sob o sol da tortura. Para as metrópoles
do mundo. Em nome das vítimas. Rejeito todo o sêmen que recebi. Transformo o
leite dos meus peitos em veneno mortal. Renego o mundo que pari. Sufoco o
mundo que pari entre minhas coxas. Eu o enterro na minha buceta. Abaixo a
felicidade da submissão. Viva o ódio, o desprezo, a insurreição, a morte. Quando
ela atravessar os vossos dormitórios com facas de carniceiro, conhecereis a verdade