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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Ghiraldelli, o Ron Jeremy da Filosofia Brasileira



O divulgador colonizado de filosofia norte-americana Paulo Ghiraldelli escreveu um artigo em seu site que, coincidentemente, aproveita o filme O Leitor para falar do BBB, tal que eu fiz no artigo A Vida Alheia: E se Adorno tivesse um celular? Ao contrário de mim, no entanto, Pombaghiradelli aproveita para defender o BBB de quem o critica. Em suma, ele diz que quem critica o BBB é um imaturo, ainda que tenha idade, ficou na fase anal, etc. Eu penso que é totalmente autobiográfica essa análise. Pragmático, quem sabe relativize o BBB como relativiza a pedofilia. O que acontece com Ghiradelli foi claramente explicado por Olavo de Carvalho a propósito de Nietzsche, mas que serve mesmo é para Olavo e Ghiradelli e não para Nietzsche:

Do fenômeno que denomino paralaxe conceitual -- o deslocamento entre o eixo da concepção teórica e o da perspectiva existencial concreta do pensador --, os exemplos são tantos, nos últimos séculos, que não me parece exagerado ver nele o traço mais geral e permanente do pensamento moderno. As idéias tornam-se aí a racionalização ficcional com que um intelectual se esforça para camuflar, legitimar ou mesmo impor como lei universal sua inaptidão de se conhecer, de arcar com suas responsabilidades morais, de se posicionar como homem perante a vida. Nas culturas européias ou mesmo nos EUA, esse impacto alienante é amortecido pela barreira residual da tradição cristã e clássica. Mas, num país como o Brasil, psicologicamente indefeso entre os muros de geléia de uma cultura verbosa e superficial, qualquer autor que faça algum barulho no mundo [da mídia] adquire as dimensões de uma potência demiúrgica, cultuada com temor reverencial. Suas mais gritantes fragilidades passam despercebidas, e qualquer tentativa de apontá-las é condenada como pretensão megalômana ou insolência blasfema.

É portanto isso que fazem Ghiradelli e Olavo: barulho no mundo da mídia, o que os alça a um status de potência demiúrgica. Exibicionista como um Ron Jeremy da filosofia no Brasil, é claro que Ghiradelli gosta do BBB e é de direita, ou seja, do partido das organizações Globo. Ele há anos faz evasão de privacidade na web, tal qual fazem as celebridades como Paris Hilton.
Ghiraldelli, sem nenhum respeito ou interesse pela tradição brasileira ou por filósofos brasileiros tais como Álvaro Vieira Pinto, Vicente Carvalho e Silva, Mário Vieira de Mello e Mário Vieira dos Santos, provavelmente tem em sua casa um altar para Richard Rorty. Como Ghiradelli, os Rorty são patriotas norte-americanos. O Rorty pai lutou bravamente como intelectual a favor da Guerra Fria. O filho conta que cresceu entre os livros, especialmente os da Comissão Dewey, olhando sempre para elas como símbolo máximo da justiça e da verdade. Ghiraldelli também reverencia John Dewey.
Morri de rir quando li isso! Pobrezinho! A Comissão Dewey foi uma comissão composta por admiradores de Trotsky. No entanto, Trotsky mentiu para ela. Como mostra um artigo recente de Sven Eric Holmstrom, Trotsky encontrou-se com Leon Sedov na Dinamarca. Na época, alegaram que o Hotel Bristol, onde eles teriam se encontrado, tinha fechado as portas muitos anos antes. No entanto, Holmstrom mostra, num artigo que linquei abaixo (em inglês) com ilustrações e farta documentação, que o hotel tinha acabado, mas existia uma placa escrito Bristol e dois estabelecimentos logo abaixo. Assim, os dois se encontraram nesse local, ou seja, Trotsky fez contato, através do filho, com o bloco dos zinovievistas-trotsquistas.
Pobre Rorty, que sorte que não viveu não a ver isso! A referência de justiça e verdade de sua infância, uma mentira! Isto posto, o que será referência de justiça e verdade para Ghiradelli? Tomara que não seja o BBB!


Aqui está o artigo de Holmstrom:

http://marxism.halkcephesi.net/trotskyism/Holmstrom%20hotel%20bristol%20affair.pdf