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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Não és Beckett, não és nada

WINNIE_LIBERTADA: Godot é uma criança com amnésia. Por isso está sempre a começar.

ESTRAGON: A começar?

WINNIE-LIBERTADA: A começar.

BOY: Vou começar agora?

WINNIE-LIBERTADA: Sim.

VLADIMIR: Não!

ESTRAGON: Viver tudo outra vez?

BOY: Então volto amanhã. Esperem por mim. (Sai a correr.)

VLADIMIR: Continuar à espera dele? Assim não brinco.

WINNIE-LIBERTADA: Que havemos nós de fazer senão brincar?

Últimas falas que encerram a minha peça NÃO ÉS BECKETT, NÃO ÉS NADA, ou Espera Apócrifa reloaded (Lisboa: ApenasLivros, Setembro de 2009)

Neste dia em que li a sua impressionante declaração de ansiosa vida na arte, estreia-se e publica-se em Lisboa esta minha peça epigonal com um grupo de quatro jovens actores que a quiseram fazer, no Teatro da Comuna. Não quis deixar de lhe escrever esta mensagem, com as falas destas personagens, do inimitável Beckett, que reinventei para tudo e para nada, como é próprio do teatro. E que tal se no regresso do seu retiro, seja quando for, nos pudéssemos cruzar um dia, para um brainstorming cénico, num qualquer palco deste globo em aquecimento acelerado?

Esperando por Gerald

Um Abraço de Portugal

Armando Nascimento Rosa
(dramaturgo)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um Blog de Honduras: La bitácora del párvulo

lunes 13 de julio de 2009
Profundidade* das Termópilas - Traducción de João J. Cardoso, Portugal
Há uma chuva que se enremoinha lentamente

ameaça e cai por fim

com a força de milhares, intensamente inevitável

todo o peso da transparência

num assobio

que vai ensurdecendo o vento

numa profundidade

que chega

às raízes das sumaúmas**

no percorrer de um rio tumultuoso.

.

Há uma chuva que trespassa a terra

e alimenta

o romper das árvores novas,

de bosques subterrâneos emergindo

de ossos que retomam

a figura primeira de homens e mulheres andando.

.

Há uma chuva

que esborrata os uniformes

encurrala, agita e lava o corpo,

amansa,

ordena,

cobre o céu

para que lutemos

debaixo da sua sombra.

.

Fabricio Estrada, poeta hondurenho,versão minha a partir do poema original publicado na sua Bitacora del Parvulo


*Em castelhano: Hondura
**“A sumaúma (Ceiba pentandra, da família Bombacacea) foi para os índios da América Central a árvore-da-vida.”

from → animais de estimação, honduras


Gracias Joao! Solidaridad como la tuya rompe el cerco y, contrario al odio que los golpistas nos quieren adosar como motivación, esta solidaridad nos vuelve más claros y nos ayuda a señalar la barbarie velada de los comodos.

Obrigado!

fabricioestrada.blogspot.com