Laerte  Braga
Quem se recorda do debate  entre os candidatos Bil Clinton e George Bush pai, em 1992, vai se lembrar dessa  frase do candidato democrata, decisiva para sua vitória sobre o Bush. Bush pai  tentava a reeleição. Ele e Jimmy Carter foram os únicos presidentes desde 1960,  que não se reelegeram (considerando que a eleição de Lyndon Johnson seria a  reeleição de John Kennedy, assassinado em 1963).
“É economia seu estúpido”.  Foi o que Clinton respondeu a série de explicações do pai sobre guerra do  Iraque, terrorismo, todos esses chavões que norteiam os presidentes republicanos  e ao final acabam levando o país a uma realidade como a de  hoje.
Os Estados Unidos  assumiram o papel de “condutores da humanidade para o paraíso” ao final da  Segunda Grande Guerra e depois de quatro governos sucessivos de Franklin Delano  Roosevelt, democrata, o último deles completado por Harry  Truman.
O “new deal” foi a  primeira grande intervenção do Estado na economia. Fez frente à crise de 1929 e  basicamente tirou o país da quebradeira geral, o que chamaram de “grande  depressão”, através de obras públicas e intervenção do Estado na  economia.
O mercado havia se  enrolado de tal forma que não conseguia responder ao pânico que tomou conta dos  EUA, gerou desemprego e uma das mais altas taxas de suicídios numa só época, num  só período, como conseqüência do grande desastre.
A Segunda Grande Guerra  foi outro elemento a tirar os EUA da crise. Um parque industrial formidável  sustentou os aliados ocidentais a partir da Grã Bretanha e a contrapartida do  bloco soviético fez com que ao final do conflito duas grandes superpotências  emergissem e dividissem o mundo em dois.
O fim da União Soviética  criou a sensação entre os norte-americanos que anjos haviam descido do céu,  punido o mal e ungido o bem, com catedrais distintas. Uma em Washington, outra  
Esqueceram-se de ler Mao  Tsé Tung. “O imperialismo é um tigre de papel”. Boa parte da economia  norte-americana depende hoje da China. Os poderosos escudos antimísseis  construídos desde o governo Reagan são insuficientes para garantir a benção dos  anjos. Não protegem por dentro.
A economia dos EUA é mais  ou menos como uma casa dos três porquinhos, uma história infantil centenária e  que com certeza todos já ouvimos. O lobo chega e sopra, joga as paredes no chão  e os porcos irmãos são obrigados a correr e a construir outra casa até que  consigam segurar os sopros do lobo.
O problema aí é que o lobo  está dentro de casa e plantado no centro das decisões, logo é ele quem decide o  material da “construção”. Atende pelo nome de mercado.    
Quando se fala  
O Banco Central dos  Estados Unidos é uma associação de bancos privados que detém o poder de emitir  moeda e definir juros.  Hoje 32% das  ações do FED (Federal Reserve) pertencem ao Chase Manhattan Bank e 20,51  pertencem ao City Bank. Duas instituições bancárias privadas controlam a  economia do país. Em toda a sua história o FED jamais foi submetido a uma  auditoria. 
O que chamam Sistema  Federal de Reserva foi transformado em lei pelo presidente Woodrow Wilson, no  final de 1913 e permanece intocado até hoje. Dois presidente desafiaram esse  poder. Roosevelt e Kennedy.
A emissão de moeda pelo  FED se dá a juros inferiores a 3% para banqueiros, que repassam em forma de  empréstimo ao governo federal dos EUA a juros de 7,5% a 8%. Qualquer governo nos  EUA trabalha para pagar o que chamam de “serviço da dívida”.  
A isso se junta a tal  lógica do capitalismo. Que é mais ou menos como a necessidade de se ter um  estoque de produtos, bens e serviços em constante transformações e inovações  para que o distinto público financie todo esse complexo mafioso, tanto quanto  ampliar esse mercado, estender-se ao mundo inteiro e tornar-nos a todos, países  e povos, consumidores e pagadores dos juros do FED.
Plantaram os alicerces da  casa com papéis.  Montaram um  extraordinário poder militar com o objetivo de desestimular qualquer reação a  essa ordem política e econômica e criaram uma espécie de mundo Walt Disney para  os cidadãos norte-americanos, “o mundo de Truman”, irreal, fictício, que  exportam sob a forma de democracia, liberdade, justiça, o tal american way life,  embalado em sanduíches da Casa McDonalds e engarrafado na tonificante coca  cola.
Fica mais ou menos assim.  O cara assiste a um filme 
Vitório de Sicca fez  melhor em “ladrões de bicicletas”.
É o caso típico de quem  faz e quem deixa. Depois é só ir berrar na porta de Wall Stret com o “NEW YORK  TIMES” nas mãos, mostrando que os fundos de pensões e aposentadorias, todos  privados, foram para o buraco.
A verdadeira lógica é  simples. Um trabalhador na Indonésia trabalha vinte horas por dia em condições  subumanas e a Reebok vende tênis em que agrega toda essa parafernália  capitalista a embasbacados consumidores/escravos em todos os cantos do  mundo.
Acumula os dividendos da  escravidão.
Se o indonésio berrar, o  salário de um dólar por dia vira um monte de mariners em missão de paz e combate  às drogas.
Só na semana passada nos  arredores de Wall Street, ou seja, naquilo que está umbilicalmente ligado ao  mundo dos papéis sem lastro, 50 mil pessoas perderam o emprego e viram suas  aposentadorias e pensões embarcarem numa viagem sem volta numa nave espacial da  NASA. 
Mercado. Grandes empresas.  American way life. Hollywood. 
No topo dessa montanha  George Walker Bush decidindo o que é bom e o que é ruim para o  mundo.
Palestinos, afegãos,  iraquianos, o governo Chávez, Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Corrêa, o povo  paquistanês, viram a encarnação de Lúcifer em combate com o anjo que abençoou  Wall Street.
Sarah Palin, governadora  do Alasca e candidata a vice-presidente na chapa do republicano John McCain,  considera tudo isso missão divina.
E até o pacote de 700  bilhões de dólares para salvar os bancos da falência e manter o modelo, nem que  seja com tapumes azuis e verdes, para esconder o sombrio da perversidade  capitalista.
De quebra querem vender o  pacote de salvação para o resto do mundo, no pressuposto que é preciso ajudar o  gigante do norte, num momento que as pernas estão trôpegas e cambaleantes.  
Nesse tipo de negócio  Pastinha nem passa perto. Não conhece nada além de milzinho para sentar em cima  e uma semana na praia para esquecer outro papelório em desajuste com os  negócios, mas dentro do mercado.
George Bush pai perdeu  para Clinton no momento que não soube responder à afirmação do democrata. “É  economia seu estúpido”. Não faz a menor idéia do que seja isso.  
Só o colar da senhora  McCain usado na convenção do Partido Republicano custou 300 mil dólares. A  senhora em questão é do meio oeste e voluntária na ajuda a crianças pobres do  resto do mundo. Promove pipocas dançantes.    
Como afirma César  Benjamin, “Karl Marx manda lembranças”.
 
 
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