Depois de escrever um ou dois posts sobre Diogo Mainardi, fui cobrado pelo Henrique Hemídio, de que eu não deveria comentar o Diogo Mainardi, pois ele é pago para repercutir e assim eu estaria enchendo o bolso do cara.
Só que essa semana, na Veja que eles estão me dando de graça (eles querem me fidelizar, mas não no sentido chavista da coisa, e sim fazer com que eu a assine), o homem pisou no meu calo: Glauber Rocha. Será que é tudo uma grande conspiração? Bom, aposto uma mariola que o Diogo lê o blog do Gerald Thomas.
Diogo, no fim das contas, está junto nessa grande corrente da mídia que, conservadora, só tem elogios para o Henrique Meirelles, blindado em meio a inúmeras denúncias, mas que ataca violentamente o terceiro-mundismo da política externa, que tem dado resultados, tanto que eles mesmos assumem que um dos problemas é que não existirá como voltar atrás nessa política (e isso virou um problema).
Mas ele falou mal do Glauber numa coluna até divertida. Diogo tem humor, um humor irritante. Glauber dizia que o subdesenvolvimento tem uma comicidade epidérmica e que é por isso que o povo ria vendo Mazzaroppi.
Minha mãe é petista roxa e lê ele, pois acha "instigante" (!). Ele está horrorizado com a possibilidade do Brazyl abrir uma embaixada em Pyongyang. Ele teme que, se Arnaldo Carrilho for o embaixador e der um DVD de Terra em Transe para o Kim, que ele jogue uma bomba na gente.
Ora, mas se Arnaldo contasse que esse é um país onde jornalistas que o detestam escrevem livros, colunas, fazem programas de TV de luxo, são um sucesso? Um país onde falar mal dele mesmo é um produto vendável! Aí sim, ele nos bombarderia com razão. É uma boa pedida dar a ele um filme nosso. Sou a favor do livre mercado, da livre circulação das mercadorias e das pessoas, tá sabendo, Dioguito? De quê adianta fazer esses boicotes que as grandes potências querem fazer, sanções internacionais! Acabam punindo as populações, que ficam ainda mais ligadas a esses líderes.
Kim pode gostar, sim, desse papo de ópera e metralhadora.
E uma coisa, Diogo, que você me obriga a falar: a Coréia do Norte, vou deixar por enquanto com acento para dar uma idéia dos mísseis que eles podem jogar, é uma ditadura do proletariado. Tá, é um monstruoso conceito. Mas a do Coreia do Sul foi uma ditadura por trinta anos! Por que? Por que? Ela teve seus Porfirios Diaz!
Assim como o Vietnã do Sul, a Coréia capitalista custou a conseguir legitimidade junto a seu povo. Criar um regime capitalista lá, em 1945, era reaproveitar todos os fascistas e entreguistas que estavam lá desde 1910, ou antes, que foi quando o Japão invadiu o País. Por isso a Coréia do Norte invadiu a do Sul, para acabar com essa farsa de customizar o fascismo no capitalismo. Aliás, se Diogo vivesse lá ia correndo escrever num jornal colaboracionista! Caio Blinder disse uma vez no programa Manhattan Connection que o partido Republicano era amigo do bolso do Francis. Diogo entrou no lugar do Francis, logo...deixa para lá.
Mas deu certo, parcialmente. Aqui também deu certo. Não tem gente que participou do regime de 64 às pampas discursando contra a ditadura de Chávez? O regime de 64 deixava vir palestrista de fora acusá-los de ditadores ou de idiotas, como faz o globetrotter do liberalismo, Vargas Lhosa pai & filho?
Quando a Coréia do Norte invadiu a do Sul, que era área de influência norte-americana, tinha certa razão: quem lutou ao lado dos russos e chineses para libertar a península dos japoneses? Os comunistas. Algum liberal soltou um pio contra a dominação do Japão na Coréia, que data da guerra russo-japonesa da virada do século XIX para o XX? Duvido. Cada país tem o Puerto Rico que merece, não é, Dom Diego "Alemão"?
Então, finalizando, a grande questão da Coréia, a grande carta é: será que até hoje, o povo do Sul se esqueceu de que somente na década de 80 deixou de ser uma ditadura capitalista? Será que podem aceitar a invasão do Norte? E o Japão, potência desmilitarizada, é frágil, vulnerável, precisa pedir apoio aos norte-americanos, o que para eles é humilhante.
Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
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terça-feira, 2 de junho de 2009
É tudo Diogo de Novo
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quinta-feira, 28 de maio de 2009
As Monarquias Socialistas do Mundo
Pessoal, eu, como meu amigo Laerte, acho que é preciso, diante das campanhas da mídia, esclarecer fatos sobre o Irã e a Coréia.
Mas de fato é muito irritante a sucessão dinástica nas tais ditaduras do proletariado: em Cuba é o irmão, na Coréia é o filho que assume o lugar é o pai...Mas Laerte poderia objetar: mas não teve Bush pai e filho, assim como, por pouco, Hillary Clinton não assumiu o lugar de Obama? Aliás, ela está no governo, não? Não são, também nos USA, duas famílias se sucedendo?
Os anarquistas bem que avisaram que esses grupos não representariam mais o interesse dos proletários e sim a si mesmos. E essa é a melhor crítica desse conceito.
O problema é que a revolução islâmica foi muito popular e ainda tem legitimidade. Ahmadinejad não é um ditador e o que ele diz é distorcido pela imprensa ocidental. O que ele diz não é beeem aquilo. Ele disse que o sionismo, se continuar, cairá como uma árvore numa tempestade. Isso foi lido como se ele estivesse dizendo que quer riscar Israel do mapa! Ele não pode jogar uma bomba lá sem matar os palestinos também: vinte por cento dos israelenses, até hoje, são de origem árabe ou palestina.
O que está em jogo é a hegemonia militar no Oriente Médio. Até agora, ninguém podia enfrentar Israel. A partir do momento em que o Irã tem a bomba, Israel não poderá atacá-lo. Fica mais difícil derrubar o regime, que é um objetivo geopolítico dos USA. E, a partir da saída das tropas do Iraque, ficará o desafio de impedir uma revolução islâmica lá. E, podem anotar, um dia a Síria tentará reconquistar as colinas do Golã, a China tentará anexar Taiwan, uma das Coréias tentará unificar o país, o Tibete tentará se separar da China.
Mas de fato é muito irritante a sucessão dinástica nas tais ditaduras do proletariado: em Cuba é o irmão, na Coréia é o filho que assume o lugar é o pai...Mas Laerte poderia objetar: mas não teve Bush pai e filho, assim como, por pouco, Hillary Clinton não assumiu o lugar de Obama? Aliás, ela está no governo, não? Não são, também nos USA, duas famílias se sucedendo?
Os anarquistas bem que avisaram que esses grupos não representariam mais o interesse dos proletários e sim a si mesmos. E essa é a melhor crítica desse conceito.
O problema é que a revolução islâmica foi muito popular e ainda tem legitimidade. Ahmadinejad não é um ditador e o que ele diz é distorcido pela imprensa ocidental. O que ele diz não é beeem aquilo. Ele disse que o sionismo, se continuar, cairá como uma árvore numa tempestade. Isso foi lido como se ele estivesse dizendo que quer riscar Israel do mapa! Ele não pode jogar uma bomba lá sem matar os palestinos também: vinte por cento dos israelenses, até hoje, são de origem árabe ou palestina.
O que está em jogo é a hegemonia militar no Oriente Médio. Até agora, ninguém podia enfrentar Israel. A partir do momento em que o Irã tem a bomba, Israel não poderá atacá-lo. Fica mais difícil derrubar o regime, que é um objetivo geopolítico dos USA. E, a partir da saída das tropas do Iraque, ficará o desafio de impedir uma revolução islâmica lá. E, podem anotar, um dia a Síria tentará reconquistar as colinas do Golã, a China tentará anexar Taiwan, uma das Coréias tentará unificar o país, o Tibete tentará se separar da China.
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quarta-feira, 27 de maio de 2009
Turismo na Coréia do Norte
Essa é especialmente para o Tene Cheba e o Sieg do blog do GT.
A questão toda me parece ser a seguinte: se a Coréia do Norte tem a bomba, pode guerrerar com a do Sul sem que os USA possam interferir diretamente, que é o que eles querem. O Norte precisa tentar a reunificação, nem que seja na porrada. Ao contrário do Vietnã, onde o sul era uma ditadura militar sem apoio da população, parece-me que a democracia liberal da Coréia do Sul funcionou muito bem, principalmente no quesito economia. Se não funcionasse, também...mesmo assim, li lá na wikipedia:
Hoje depende freqüentemente de ajuda humanitária e apresentou, em 1995, um IDH com o Coeficiente de Gini no valor de 0.766, similar ao da China nos dias atuais, e superior ao IDH do Brasil na época. Mas o país, que passa por crises sociais graves busca acordos multilaterais para se re-erguer.
Em 1994 morreu Kim Il-sung, que governara o país desde 1948. Seu filho, Kim Jong-il, assumiu o comando do partido dos trabalhadores norte-coreano em 1997, e seguindo a linha do pai, opõe-se à abertura econômica do país, inflando gastos com o setor militar, possivelmente para barganhar algo dos inimigos políticos.
Dêem uma voltinha lá na China/Coréia do Norte:
A questão toda me parece ser a seguinte: se a Coréia do Norte tem a bomba, pode guerrerar com a do Sul sem que os USA possam interferir diretamente, que é o que eles querem. O Norte precisa tentar a reunificação, nem que seja na porrada. Ao contrário do Vietnã, onde o sul era uma ditadura militar sem apoio da população, parece-me que a democracia liberal da Coréia do Sul funcionou muito bem, principalmente no quesito economia. Se não funcionasse, também...mesmo assim, li lá na wikipedia:
Hoje depende freqüentemente de ajuda humanitária e apresentou, em 1995, um IDH com o Coeficiente de Gini no valor de 0.766, similar ao da China nos dias atuais, e superior ao IDH do Brasil na época. Mas o país, que passa por crises sociais graves busca acordos multilaterais para se re-erguer.
Em 1994 morreu Kim Il-sung, que governara o país desde 1948. Seu filho, Kim Jong-il, assumiu o comando do partido dos trabalhadores norte-coreano em 1997, e seguindo a linha do pai, opõe-se à abertura econômica do país, inflando gastos com o setor militar, possivelmente para barganhar algo dos inimigos políticos.
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