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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Glauber sobre a China

Glauber sobre a China:

Na China, está acontecendo uma coisa muito importante, uma revisão crítica e dialética do socialismo. Isso abre novas perspectivas históricas para um país que ficou mumificado pela teoria do maoísmo. Felizmente, houve em tempo uma revisão dialética e o povo chinês pôde entrar num barato de uma neocapitalização que não destrói as perspectivas do socialismo, mas abre possibilidades para que o socialismo possa ser feito na paz, na liberdade e no progresso, adotando uma política nova, uma política revolucionária, de todos aqueles que pensam em salvar o povo da fome e da miséria.


Em: A Épica Eletrônica de Glauber, p. 125

Um vídeo de drum´n´bass que atualiza a parte que mais gosto de Terra em Transe:

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

quinta-feira, 28 de maio de 2009

As Monarquias Socialistas do Mundo

Pessoal, eu, como meu amigo Laerte, acho que é preciso, diante das campanhas da mídia, esclarecer fatos sobre o Irã e a Coréia.

Mas de fato é muito irritante a sucessão dinástica nas tais ditaduras do proletariado: em Cuba é o irmão, na Coréia é o filho que assume o lugar é o pai...Mas Laerte poderia objetar: mas não teve Bush pai e filho, assim como, por pouco, Hillary Clinton não assumiu o lugar de Obama? Aliás, ela está no governo, não? Não são, também nos USA, duas famílias se sucedendo?


Os anarquistas bem que avisaram que esses grupos não representariam mais o interesse dos proletários e sim a si mesmos. E essa é a melhor crítica desse conceito.

O problema é que a revolução islâmica foi muito popular e ainda tem legitimidade. Ahmadinejad não é um ditador e o que ele diz é distorcido pela imprensa ocidental. O que ele diz não é beeem aquilo. Ele disse que o sionismo, se continuar, cairá como uma árvore numa tempestade. Isso foi lido como se ele estivesse dizendo que quer riscar Israel do mapa! Ele não pode jogar uma bomba lá sem matar os palestinos também: vinte por cento dos israelenses, até hoje, são de origem árabe ou palestina.

O que está em jogo é a hegemonia militar no Oriente Médio. Até agora, ninguém podia enfrentar Israel. A partir do momento em que o Irã tem a bomba, Israel não poderá atacá-lo. Fica mais difícil derrubar o regime, que é um objetivo geopolítico dos USA. E, a partir da saída das tropas do Iraque, ficará o desafio de impedir uma revolução islâmica lá. E, podem anotar, um dia a Síria tentará reconquistar as colinas do Golã, a China tentará anexar Taiwan, uma das Coréias tentará unificar o país, o Tibete tentará se separar da China.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Turismo na Coréia do Norte

Essa é especialmente para o Tene Cheba e o Sieg do blog do GT.


A questão toda me parece ser a seguinte: se a Coréia do Norte tem a bomba, pode guerrerar com a do Sul sem que os USA possam interferir diretamente, que é o que eles querem. O Norte precisa tentar a reunificação, nem que seja na porrada. Ao contrário do Vietnã, onde o sul era uma ditadura militar sem apoio da população, parece-me que a democracia liberal da Coréia do Sul funcionou muito bem, principalmente no quesito economia. Se não funcionasse, também...mesmo assim, li lá na wikipedia:

Hoje depende freqüentemente de ajuda humanitária e apresentou, em 1995, um IDH com o Coeficiente de Gini no valor de 0.766, similar ao da China nos dias atuais, e superior ao IDH do Brasil na época. Mas o país, que passa por crises sociais graves busca acordos multilaterais para se re-erguer.

Em 1994 morreu Kim Il-sung, que governara o país desde 1948. Seu filho, Kim Jong-il, assumiu o comando do partido dos trabalhadores norte-coreano em 1997, e seguindo a linha do pai, opõe-se à abertura econômica do país, inflando gastos com o setor militar, possivelmente para barganhar algo dos inimigos políticos.

Dêem uma voltinha lá na China/Coréia do Norte:

sábado, 31 de maio de 2008

Habermas na China

Em sua visita à China, a convite da Academia de Ciências Sociais e do Instituto Goethe, o filósofo alemão Jürgen Habermas causa perplexidade entre os intelectuais das mais diversas tendências

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Por Johnny Erling (DIE WELT online, 15/05/2001)

Trad.: zé pedro antunes

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A liberdade acadêmica e os braços abertos com que Jürgen Habermas foi recebido na China pelas Universidades, Academias e Escola Superior do Partido não teriam passado de um grande mal entendido?

Duas semanas depois da visita do filósofo alemão, entre os círculos acadêmicos e na internet irrompeu um acalorado debate entre esquerdistas e reformistas.

Traídos se sentem tanto marxistas ortodoxos como a nova esquerda nacionalista.

Em vez de encontrar em Habermas um marxista ocidental, um crítico do capitalismo moderno e da globalização, e uma das testemunhas principais contra as intervenções dos EUA por razões humanitárias, teriam trazido ao país um "apologeta burguês" dos Direitos Humanos.

"Com seu discurso", a "raposa esperta" esaria querendo "conciliar socialismo e liberalismo na política", escreveu um deles.

"Onde posso ficar sabendo mais?", é o que perguntam diariamente na internet outras vozes do órgão do Partido, o "Jornal Popular".

Ou comentários como: "Ouvi dizer que o grande professor da esquerda, Jürgen Habermas, habilmente passou um sermão na nossa esquerda chinesa."

Raramente um palestrante estrangeiro conseguiu produzir tal repercussão entre os círculos intelectuais da China, como o filósofo alemão, hoje com 71 anos de idade.

"Sem querer, Habermas foi cair em meio ao fogo cruzado de esquerdistas e reformistas liberais", supõe Ma Lincheng, crítico e redator-chefe do "Jornal Popular".

Justamente a nova esquerda, com seus cerca de 50 porta-vozes, grande parte com seus estudos realizados no Ocidente, estaria lançada em "lamentável perplexidade", ao concluir que o pensamento de Habermas tão pouca correspondência apresenta com as idéias que ela própria defende.

As expectativas exageradas em relação ao filósofo alemão explicam também o frisson inicial com a sua chegada.

Puseram-no em primeira página os jornais sensacionalistas de Pequim, chamando-o de um dos "onze mais importantes cientistas do mundo" e um dos "últimos luminares intelectuais detentor de conhecimento enciclopédico".

O representante da Escola de Frankfurt costuma exercer "sempre forte influência" sobre os círculos teóricos chineses.

Há que se considerar que as traduções para o chinês de livros de Habermas nunca ultrapassaram edições de alguns milhares de exemplares.

Mesmo assim, os auditórios ficaram lotados. Na Universidade de Pequim, cerca de 2000 estudantes reuniram-se para ouvi-lo falar sobre três modelos normativos de democracia.

A convite da Academia de Ciências Sociais e do Instituto Goethe, Habermas passou 14 dias no país, para proferir palestras e participar de debates informais.

Tomou posição em favor da indivisibilidade dos Direitos Humanos, situando-os no contexto da "juridização democrática" da política.

Diante da Escola Superior do Partido e em entrevistas, explicitou sua posição sobre a intervenção no Kosovo. Em caso de conflito, os Direitos Humanos deveriam prevalecer sobre a soberania dos Estados.

Para a política partidária de Pequim, uma heresia. O que explica os aplausos estrondosos por parte dos reformistas.

O filósofo Xu Youyu lançou elogios pela internet: "Habermas nos fez refletir sobre a questão direitos humanos ou soberania , em especial por não ser um representante da diplomacia dos direitos humanos praticada pelas superpotências, mas, sim, dos intelectuais da esquerda européia. Diferentemente dele, nós chegamos a falsas conclusões na questão do Kosovo. E isso porque nos apoiamos em informações e suposições falsas. Desde o início, e não a posteriori, ele soube se imiscuir com base em seu próprio conhecimento... Numa questão simples do ponto de vista moral, ele se posicionou ao lado da justiça."

Aos poucos, tanto a nova como a velha esquerda chinesa puderam se dar conta de que quase nada do que Habermas tem a dizer é compatível com o pensamento que desenvolvem.

Enquanto os velhos esquerdistas, marxistas ortodoxos, perguntam em tom denunciador: "Quem o convidou?", a nova esquerda reage de modo diferenciado, mas não menos furiosa.

O tradutor de Habermas, Cao Weidong, próximo da nova esquerda, tentou relativizar a postura do filósofo em relação à intervenção no Kosovo. Do ponto de vista argumentativo, Habermas tão-somente quis ficar ao lado do seu amigo Joschka Fischer [Ministro das Relações Exteriores da Alemanha - PV] contra a crítica da esquerda alemã.

Os novos esquerdistas chineses, agrupados em torno das publicações "Tianya" e "Dushu", não querem, em sua maior parte, saber de nada com Habermas, embora tenham mantido com ele longas discussões. Em sua homepage, procuram minimizar o seu significado. "A Escola de Frankfurt não é a fonte principal para o atual e moderno pensamento de esquerda na China, nem sequer uma entre tantas fontes", apregoava, na internet, o fórum da revista "Tianya".

A polêmica segue sendo transmitida pela internet. Também reformistas liberais, como o cientista social Li Shenzhi e os historiadores Qing Hui ou Xu Youyu, com os quais Habermas manteve encontros, publicaram suas discussões em suas plataformas na internet, inclusive todas as observações críticas de Habermas acerca da esquerda nacional chinesa.

A visita de Habermas, comentou um professor da Universidade de Pequim, tanto para reformistas como para novos e velhos esquerdistas, serve apenas como instrumento na disputa que travam para ver quem consegue exercer maior influência intelectual sobre os estudantes. Tivesse havido antes uma noção das implicações e conseqüências, é certo que, do ponto de vista oficial, Habermas não teria sido recebido com tamanho entusiasmo.