Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Poema de Pedro Du Bois
63 Divido a dor
em partes igualitárias.
Negocio minha parte
em troca do esquecimento.
Alimento a sua parte
em crescimentos tardios.
O afundar do barco
em correntezas: dor
dividida em estratagemas.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 26 de maio de 2009
Poema
A nota explica
o indizível,
refaz no personagem
a memória desabitada.
A nota esclarece
a vicissitude
do embate. Embota
o som da rua.
A nota dedilhada
com alegria ao dever.
A nota agrupa
mentiras
contextualizadas.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Poema de Pedro du Bois
Estive aqui. O início repleto em medos
e a mulher em olhos sobre o corpo.
Pássaros em sobrevôos. Garras
sobre o peixe. A mulher na praia
sofre areias. Na sujidade do instante
aves e arranjos desajustados. Apaguei
a luz e me desfiz em prantos.
Estive aqui. Fechei a janela e me fiz
na escuridão o fantasma presente
ao ato. O barulho do ônibus
transita paradas. O sobe e desce
desqualificado: na conquista fui do processo
o significado: ser desconsiderado.
Estive aqui em impenetráveis dizeres.
A quente água sufocou o corpo
inexistente. A exatidão arremedou o erro
e se espalhou em ondas: areias
ressecadas sobre os corpos.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 14 de setembro de 2008
Dores
Quando a dor
varre do pensamento
o dia anterior, sofre a imperícia
de haver cessado o corpo
ao prazer. Os dias não se repetem
e a função
desenvolta sorri
dores insuportáveis.
Suponho ser o dia posterior
o elemento incalculável
do desprazer.
(Pedro Du Bois, inédito)
meu blog:
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quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Poema
Recebe a visão
do todo
e não se assusta
o todo no pouco
demonstrado
fôssemos
a inteira parte
de quase nada
o nada na resolução
afeita ao ponto de vista
onde seqüências
se bifurcam
e de todos os lados
surgem horizontes
a visão abarca a transferência
entre os caminhos: o andar lento
das inconseqüências, as incertezas
demonstradas em nossos olhares
olhares: o que vê
resulta na dúvida original
de que o todo e o nada
sejam entre os caminhos
irresolutos modos
de nos perdermos.
(Pedro Du Bois, inédito)
meu blog:
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Ao Pai
Ter com o pai a necessária conversa
de alegações e cobranças. Agradecer
o instante da criação. Desobedecer
a ordem de calar o desacerto e se fazer
surdo ao grito. Primeiro relacionar os fatos
derradeiros: a morte como seqüência
do abandono. O abandonar a esperança
de melhores dias. Ouvir razões impróprias
e a certeza da saída. Honrosa maneira
de se fazer presente. Como se ao ausente
fossem ofertados nichos obscurecidos
de janelas abertas. Cobrar a ausência
e dizer da tristeza. Em uníssono, falar
mal dos deuses permanentes. Dançar
sobre o tablado e ao se sentir distante
retornar ao âmago da relação: ter
sido uno ao tempo da bifurcação.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Pedro du Bois
Posto em sossego duplico dúvidas.
Realizo o sonho de estar sozinho. Prospero
a idéia de estar perdido. Evoco o vento
sobre o telhado e me deixo ao ínfimo:
sou da perda o compasso riscado
o destino em consideração a morte
abstraída ao amanhecer.
Em sossego esqueço o fogo: queimar
o corpo na lentidão da entrega. Afeição
e afeto. Discreto, sigo o caminho.
A solidão me objeta a presença e da imagem
não percebida o sossego me amedronta
em impessoalidade e desprezo.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 19 de julho de 2008
Poema
Alvo da investigação
miro o corpo
e atravesso as cores
onde se esconde.
Branco: o susto invade
o dia sem segredos.
Observo o olho semicerrado
com que a arma mira
o condenado.
Branco: a memória cede espaço
ao presente. O tiro parte.
Olho o alvo investigado
na constância do pecado.
Branco: intercalada cor
sem novidade.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 15 de julho de 2008
Poema de Pedro Du Bois: Aquele Homem
AQUELE HOMEM
Aquele homem contando suas moedas: repetição
em farsa decorrente de ouvir histórias. A manutenção
da memória como evidência e prova. As moedas
dentro da bolsa. O bolso recheado de pecados.
(culpa e remorso)
Sobre a colina entre tantas
repousa a árvore determinada
ao fracasso: a que seca
e não se reproduz em frutos:
sustentado corpo encordoado.
(as moedas roubadas
de imediato: rasgada a bolsa
rasgado o bolso
enforcado o corpo)
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Poema
RAZÕES
Se aguardar for o escopo, o estupor da vista
ao encontro; sendo a sinceridade a amostra,
o ódio se apresenta exausto.
Buscar a solicitude assustada: garantir.
Estornar o barulho áspero das pedras
alongadas na travessia: esvaziar
o barro dos pertences.
Se guardar for o escopo, intuir
razões em lances obscuros
e se cientificar da impropriedade.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 1 de junho de 2008
Poema
GRITO
Estiveram juntos e únicos: a separação
fadiga os corpos. A união descansa
os espíritos.
Repetiram a junção dos dias
felizes. Cessaram os murmúrios
e em sussurros disseram
da unidade.
A partilha inicia pela separação
dos corpos: leva o sorriso.
Deixa o inacessível
grito da sua garganta.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 18 de maio de 2008
Poema
LUZES
Apagados em luzes desdizemos os caminhos
percorridos: escondemos as verdades e rimos
da obviedade do medo. Estremecemos ódios
e jogamos no lixo a história. Apegados às luzes
duradouras das estrelas, permanecemos
em sombras e apertamos contra o peito
o tesouro: metal sonante e a lembrança
da carta recebida
a vida em derradeiros avisos. Afogados
em luzes contraímos dívidas necessárias
aos acordos. Acordamos cedo e no trabalho
de voltar para casa ressonamos.
Apaixonados em luzes
descobrimos a dor
e o extremo.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 12 de abril de 2008
Outro do Pedro Poeta
Minha sede
extravasa o copo
derrama sobre a pedra
e a resseca
como solo
desértico: minha sede
abarca
mares
abarrota armários
sensibiliza a carne permitida:
minha sede multiplica
a sede faz da hora
o exílio
minha sede resseca minha boca
de palavras.
(Pedro Du Bois, inédito)