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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

I am the Ressurection

Bom, pessoal: posicionando-me sobre os últimos acontecimentos: admiro a poesia de Henrique, mas nada tenho com sua vida pessoal nem conheço sua família. Até segunda ordem, acredito no Fernando, que não é anônimo: ele está morto e enterrado.

Se a poesia é a maior do que a farsa...não sei, para mim a poesia é farsa e quase toda farsa é poesia.

Mas, para sair desse clima pesadão (Anticristo, suicídio, morte, ressurreição), uma música dos também sumidos Stones Roses:



domingo, 4 de outubro de 2009

Coroas para Henrique: Suicide Notes

Coroas para Henrique: Suicide Notes

Para Henrique Emidio

Ó homem elefante,
De corpo coberto de cicatrizes interiores.
O tempo passa devagar.
A cidade tentacular devorou o poeta.
Suas epístolas, seus coríntios, tudo boiando na sarjeta.
E o poeta um mendigo assaltado,
Certa mente suicida.
Elephant man, você me enganou com seus advérbios.
Prometeu blognovelas não cumpridas, além das vividas.
As palavras agora morrem na minha boca.
Vomito esses cadáveres só por amarga insistência.
Recolho suas próprias palavras para fazer o meu poema.
Te insulto para que você volte do abismo sujo de seu nada.
Pois em sua morte me recuso a acreditar.
Também não sou seu amigo.
Emocionalmente pesado,
Você sentia tudo muito profundamente.
Tudo que eu gostaria era te dar um abraço como num filme francês e chorar.
No céu de Minas passam anjos a jato.
& eles levam sua mente exilada no corpo de poeta
Ouvia atrocidades no rádio.
O dia em que as fórmulas fracassam chegou.
Seu corpo mais seu espírito não combinavam.
Cedo, muito cedo você voltou pra casa, pro nada, pro lugar de onde veio.
E agora nós sabemos que esse lugar não fica em Minas.
Você escapou como uma porção de água entre as mãos crispadas
Na fonte da vida.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O Poeta não morreu: Para Henrique

Oi, pessoal. Fui ao blog do Henrique Emidio e, ao abrir, enfim, os comentários de um poema do Tzara, me deparei com a notícia de sua morte num hotel em Passos, no dia 11 de agosto desse ano. Reproduzo um poema dele de um post um pouco anterior. Não é possível, não é possível, nenhum amigo fez nem um post? Não encontro nada objetivo no google. Ah, não brinca não, Henrique.

Que o Henrique era triste eu já sabia. Eu lhe disse para lutar, lutar por reconhecimento, brinquei com ele que os poemas eram emo, emocionalmente pesados. Ele me disse que Sâo Paulo o estava tornando suicida.

Não acredito ainda em sua morte. "O poeta não morreu, foi ao inferno e voltou..." Tomara que seja tudo uma brincadeira de mau gosto em que eu estou caindo...



que dizer da morte
que me espera
feito fera
na moita do caminho

Desses olhos que me espreitam
pelas frestas
desses dentes que me rangem
pelos trilhos

O que dizer da sina
se sou eu presa
por lei da natureza
dessa rota que me traça

dessa hora que me apressa
para o encontro
no fim do ponto
que toda linha passa

O que dizer desse ponto
?
de encontro
no fim da linha
Postado por Henrique Hemidio às 09:03 5 comentários

www.ohomemelefante.blogspot.com

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Colóquios sobre a morte da arte e arte da morte

O escritor Dênis Reis, cujo livro de contos O Vendedor de Batatas é objeto de uma resenha que estou fazendo, escreveu em um conto sobre os colóquios da morte da arte e perguntou sobre os da arte da morte. Morrer pode ser uma arte e o assassinato, uma das belas-artes? Não sei.

Minha professora de origem genebrina, Jeanne Marie Gagnebin de Bons, lá da UNICAMP, disse a alguém, que perguntava muito sobre a Suíça, após a aula: "eles são devagar demais..." Não sei a que se referia, mas talvez ao fato da Suíça ter sido um dos últimos países a conceder o voto às mulheres (teve cantão que foi só em 1972. No Brasil, para que seja feita uma comparação, foi em 1934!)

O fato é que, quem ama, mata. Quem está tomado de paixão, das fúrias e das erínias é realmente capaz de matar. Ele (Denis) tem provocações ótimas. Reis cita James Joyce em Finícius Revém (Finnegans Wake), numa citação bem escolhida e hilária:

Sua visão pode ser reta e romana
Mas sua bunda é que é uma dis-grécia

Já a morte da arte...Nunca vi um colóquio sobre a morte da filosofia, mas os artistas precisam urgentemente fazer, para o Rodrigo Duarte e seus seguidores na UFMG, adornianos, debaterem, o que seria sumamente interessante --mesmo se não houvesse tradução simultânea em alemão. Hegel deseja uma filosofia que pense a totalidade, mas, segundo li em Iser, não acredita que a arte seja capaz de apreender a totalidade. Já a teoria serviu perfeitamente para Adorno: a crítica dele substituiria a arte, arte essa já morta: por mais que a arte buscasse estratégias para fugir, cairia sempre no abismo da indústria cultural.

Eu, por mim, quero mais é ver Moses and Aron do Gerald Thomas (vimeo Patrick Grant no blog dele) e debater Kandinsky, Koons, Pollock, Hirst, Habacuc Vargas e outros grandes artistas. Em BH tem uma exposição refazendo a primeira exposição modernista na cidade em 1943, quando estávamos enfim nos emancipando e inventando a Pampulha & Brasília com JK. Oswald narrou essa exposição em crônicas. Disse que os paulistas chegavam a BH depois de dois dias de trem, davam palestra e voltavam para a Paulicéia no dia seguinte, para desvairarem. Não podiam perder tempo! Ele concluiu que os paulistas querem mesmo trabalhar duro, respirar poluição, gripar. Reclamam, reclamam, mas não largam a cidade.

Quem sabe um dia o Aécio Neves, nesse ímpeto modernizador, traz também a Cosmococa do Hélio Oiticica e os Travestis de Stoppard da Ópera Seca? Pelo menos gosto para atores o Aécio tem: já colocou o Nanini para fazer propaganda do governo dele. Aécio seria uma boa para quebrar a hegemonia paulista na política e que traduz a hegemonia econômica. Precisamos quebrar o determinismo da estrutura sobre a superestrutura no Brasil.

Se o marxismo levou Gullar a escrever o "extremamente populista" Violão de Rua, que agora ele renega como bobagem, a vanguarda tem culpa disso? O fato é que esse conceito de populismo está mal empregado e Gullar anda jogando para a assistência. Não deveria ridicularizar as próprias obras, deveria deixar isso para a crítica, para nós, para mim...E outra: na época em que ele escreveu Violão de Rua, em 1963, Paulo Francis era cronista do jornal varguista Última Hora e os irmãos Campos faziam poemas rimando Coca-cola e cloaca, em ritmo de salto participante. Só para contextualizar, ele não estava numa de ultra-populismo e sim estava acompanhando a vanguarda de seu tempo, até mesmo de seu grupo neoconcreto.

No fim das contas, acho que os filósofos querem provocar os artistas e essa é a finalidade principal dessa teoria (da morte da arte).