Estava esperando 'baixar a poeira' para escrever sobre o 'ataque' de um grupo de pixadores na inauguração da Bienal na semana passada, mas meu nível de irritação subiu quando soube de outro 'ataque' do mesmo grupo a uma série de graffitis espalhados pela cidade de São Paulo com o pretexto de que os grafiteiros foram 'vendidos para o sistema capitalista', ou seja: mercantilizaram a sua arte!
Gosh!!! Da Vinci, Goya, Michelangelo 'et caterva' devem estar dançando nos sarcófagos pensando que se vivo fossem teriam suas obras marcadas pelos hieroglifos da 'patrulha do pixo'.
A trégua chegou ao fim depois que um estudante (classe média e com bolsa de estudos!) de uma faculdade de arte foi expulso em junho deste ano ao apresentar como trabalho de conclusão de curso uma 'invasão bárbara' na própria faculdade, pixando e destruindo tudo o que via pela frente, já postei sobre isso aqui no "Viralata" e também sobre estes atos recentes o meu vizinho Vip Felipe já publicou o que pensa aqui.
Minha opinião não mudou em nada desde os primeiros 'ataques', e como são um bando de moleques (e algumas 'minas') mimados 'pseudo revolucionários' e ignorantes digo que o que eles fizeram não é de forma alguma ARTE!
O que vimos foi uma MANIFESTAÇÃO política, muito embora os próprios não saibam disso passando ao largo dos movimentos artísticos contemporâneos. Já aprendemos com os 'performers', que confundiam todos com a 'transitoriedade' de suas 'intervenções', que para se 'fazer' ARTE há que se ter a 'intenção de'. Não foi o caso, vimos um PROTESTO de um grupo de pixadores revoltados contra o sistema capitalista (zzzz) defendendo a 'arte bruta' nascida nos guetos e nas ruas e que hoje é comprada por playboys para decorar seus apartamentos (zzzzzzzz). Sinceramente, who cares?!
Se não fossem os 'playboys' comprando tudo o que vêem pela frente não teríamos Warhol e a Pop Art (Crítica e estética! Melhor nem falar das famílias de 'playboys' da Idade Média, os Medicis), muito menos poderíamos conhecer hoje o marginal, pixador e grafiteiro Basquiat, à quem essa molecada ignorante bem nascida deve muito e muito.
Mas é besteira falar sobre isso, eles "são burros e não sabem nada", como gritava meu xará Caetano Veloso para uma platéia que o vaiava num destes festivais nos anos 60 o xingando de "vendido para o sistema". Waalll, 40 anos depois e essa juventude não aprendeu nada!!!
Sobre o tal estudante que foi expulso da faculdade, e que iniciou esse movimento todo, escrevi em 13/06/08 "Cidadania x Arte", o post completo você lê aqui e abaixo destaco o trecho:
- "Se o objetivo era chamar a atenção do 'sistema corrompido' (ai, que preguiça!) que buscasse então formas mais civilizadas para tanto, ou melhor, trocasse de curso e fosse estudar ciências sociais, pois aposto o meu piercing como esse cara não leu o básico do básico sobre história, economia e sociologia. Sem contar que obviamente ele é um péssimo 'artista'"
Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
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quarta-feira, 5 de novembro de 2008
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Branco Sobre Branco na Bienal
Há algum tempo, André Sant´Anna, escritor de vanguarda, me advertiu da antipatia de Afonso Romano contra as vanguardas. A crônica dele sobre o vazio da Bienal hoje me revelou algo que não ficou evidente nos telejornais: o segundo andar da Bienal era um "vazio" conceitual, um quadro branco, digamos assim. Penso que o debate deveria começar com o Branco sobre Branco do Malévitch.
A crônica de Afonso e outros artigos estão no site dele:
http://www.affonsoromano.com.br/index.php?titulo=128
A posição dele a respeito do Pedro Cardoso me dá a idéia, reforçada pela crítica a Damien Hirst, que no fundo Afonso quer limites, como agora também quer Ferreira Gullar. Mas achei o texto de Gullar sobre Guilherme Habacuc Vargas muito ligado ao influxo midiático sobre o Habacuc. Não fez jus ao artista. Gullar usou Vargas para chegar onde queria chegar; a obra foi mal analisada. Afonso me pareceu melhor crítico. Assim espero. Do que vi de Damien Hirst no site dele que postei aqui, gostei. Gostei de Habacuc também. Mas Afonso dirige esse acontecimento de agora para onde ele quer chegar, como faz com uma frase de Duchamp que usou no site aí acima, falando da baixeza da arte de nosso século. Uma boutade: ninguém mais que Duchamp para definir a arte de nosso século. André Sant´Anna me advertiu que, quando veio a exposição de Duchamp chegou aqui, Afonso atacou Duchamp na Cronópios. Para ele, a transgressão virou uma voz que o sistema fala na cabeça do esquizofrênico artista atual: transgrida! E ele, bobo, transgride.
O vazio dos curadores da Bienal é conceitual, um dar-se ao luxo na lógica cultural do capitalismo tardio. O vazio dos pichadores é o da exclusão e da falta do básico. Nessa contradição, ambos se estranharam e criaram o choque. Mas os curadores conseguiram: o andar em branco, conceitual, chocou. É difícil chocar, como diria a galinha vanguardista.
O vazio dos curadores da Bienal é conceitual, um dar-se ao luxo na lógica cultural do capitalismo tardio. O vazio dos pichadores é o da exclusão e da falta do básico. Nessa contradição, ambos se estranharam e criaram o choque. Mas os curadores conseguiram: o andar em branco, conceitual, chocou. É difícil chocar, como diria a galinha vanguardista.
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