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terça-feira, 28 de abril de 2009

Nelson Rodrigues X Vianninha e os Porcos com Asas

Estava lendo a coluna do Afonso Romano de Sant Anna ontem e dela recolho a polemica de Vianninha versus Nelson Rodrigues:

"Meu caro Nelson Rodrigues: de tempos em tempos para ca, voce anda me cobrindo de penas (...). De marxista de galinheiro passei a cambaxirra, a colibri e vou ficando cada vez mais empenado (...). Voce sabe que o projeto do teatro brasileiro que se instalou e irreversivel e deixa voce longe de varios corpos."

E Nelson respondeu, em Dracula ou Passarinho: "Eu e o Vianninha falamos a mesma lingua, isto e, eu falo a brasileira e o Vianninha, a cubana. Mas nao e o idioma que nos separa (em ultimo caso, o que nos separa e a idade. Somos de duas epocas que se digladiam a cusparadas (...). E vamos e venhamos: para um velho como eu (sou realmente uma mumia), e uma delicia discutir com as Novas Geraçoes. Todavia, no meu debate com o Vianninha ha um defeito tecnico. Pergunto: como polemizar com um sujeito que trato pelo diminutivo? (...). Nao deixando pedra sobre pedra, eu era um sujeito desmoronado, um sujeito demolido. E, agora mesmo, ao redigir essas linhas, tenho que espanar a poeira do meu proprio desabamento".

Eu tambem me sinto a sim ao ironizar que a gripe seria fashion. Ate o teclado desconfigurou-se, hoje. Sao os virus de computador, tao malevolos quanto os dos porcos. Alias, esse ano faz 40 anos do crime da Manson Family.

PIGS! DEATH TO PIGS!

Os porcos infectados com virus da gripe porca ou Nova Gripe poderiam ser mandados ao Paquistao? Para servirem no exercito, para serem servidos aos muçulmanos ou para serem porcos-bomba?

Have you seen the little piggies, living piggy lives...

Lembram dos Beatles? Leram Porcos com Asas? Escutaram Pig Floyd? Pinks on the Wing?

Eu pergunto que nos trara a peste, quem sera a pessoa que nos trara esse novo virus. Mas ele se alastra muito rapidamente e no mesmo dia em que eu falava os casos ja estavam, supostamente, aqui em BH, 150 km de onde escrevo. Fiquei com medo de pagar lingua. Ah, Sandra, fazer uma orgia e morrer.Bom projeto para o futuro. Mas com gripe nao da.

E como Freud diz: eu vos trago a peste.

A mesma mascara negra...lembram da marchinha de carnaval? E que tipo de moda fashion combina com mascaras azuis?

Ja pensaram um desfile de modelos com mascaras pretas, azuis, estilo Primeira Guerra Mundial, etc?

Barbara Heliodora e um monolito? Otimo! E se fosse um COPROLITO? Eu gosto dela, ela e simpatica. So nao curte muito a vanguarda, parece que ela e transa mais a retaguard

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Sobre o Vazio Teatral II--Eis as questões...

Fiquei matutando, durante a noite, as questões pontuadas pelo professor de Teatro aí embaixo.

1) Ele quis ser o transparente possível em sua montagem de O Processo, de Kafka. No entanto, essa montagem não é transparente, pois O Processo é romance e não peça. Trata-se de um experimento autoral, sim, já realizado por Gerald Thomas, por exemplo. Para tanto, seria importante assumir um olhar autoral no Segundo Caderno, na forma cênica, etc. O olhar não é óbvio e Kafka tb não. Se mesmo assim cobraram a angústia kafkiana e o autor fez humor com Kafka, então não se está, aqui, tão longe dos escorregadios dogmas do teatro carioca. E se o malemolente teatro carioca é dogmático, o que será do alto clero da Igreja Católica e da magistratura brasiliense?

2) O autor se disse conservador e ficou temeroso em relação ao futuro de Bilontra, assim como em relação a seu próprio futuro. Porque ele sabe que a tendência é que fiquemos mais presos aos anos de formação com o passar do tempo. E ele é preso a cânone: afinal, é tão importante para um aluno entender bem o Ésquilo quanto fazer pastiche do estilo de Beckett, o que, afinal, é muito bom exercício de estilo se for bem conduzido -- aí o papel do mestre, do condutor das ovelhas do rebanho...

3) O papo do Afonso de ovelhas-guia me deixou intrigado, principalmente porque se relaciona com o fato da carta estar ligada a um movimento internacional para restabelecimento das peças compreensíveis e do cânone do sistema numa perspectiva anti-sistema. Ou entendi mal? Afonso é lobo solitário, pelo que deu a entender em sua resposta, mas um lobo solitário pode guiar uma ovelha desgarrada que entra em choque, ao mesmo tempo, com as chanchadogmas do teatro rebolado karyoka e as hipóteses da academia. Aliás, alguém da academia não pode começar "limpando a área". Deve pesquisar a área, ler e ter conhecimento das interpretações de Kafka, optando por uma delas, citando as demais. Mas começar "limpando a área"...Isso não seria um efeito meio "Hitler Reichstag 1933?" Ele também começou "limpando a área". Claro que sei que o diretor de Bilontra não teve essa intenção. Mas a interpretação é importante e só faço esse paralelo para ressaltar isso.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Sobre o Vazio Teatral (do Blog do Afonso)

Publico acima uma postagem do blog do Afonso Romano e pergunto: os festivais de teatro contemporâneo não aceitam peças "compreensíveis"?



AGORA O "VAZIO" TEATRAL
Enviada por as 23:22 - 27/12/2008


NOTA: ESTA CARTA RETRATA UM MOVIMENTO QUE NÃO É SÓ BRASILEIRO, MAS INTERNACIONAL, E ESTÁ SE ALASTRANDO EM VÁRIOS ESPAÇOS ARTÍSTICOS







Prezado Affonso Romano de Sant\'Anna,

Sou diretor teatral no Rio de Janeiro e professor na Escola de Comunicação da UFRJ. Consideradas apenas essas duas qualificações, teria eu todos os motivos para discordar de suas idéias em "O Engima Vazio", e mesmo dedicar o precioso horário de meus ensaios (teatrais) e aulas a difamar seu livro e o pensamento que ele expressa. Milito, afinal de contas, em dois campos dogmáticos da "contemporaneidade": o teatro carioca e academia brasileira.

O que ocorre comigo, no entanto, é exatamente o oposto: encontro em sua obra (e nas entrevistas a respeito dela) a sistematização de muito do que venho percebendo como artista e formador de outros artistas (sou professor de direção teatral), tanto em relação à própria criação

artística quanto à crítica que dela se faz. Por um lado, sofro na pele a discriminação de propor, como encenador, um teatro de clareza e respeito à inteligência do público; por outro, como docente,perturba-me a constante batalha contra o que meus pares semeam irresponsavelmente na cabecinha indefesa dos bacharelandos, um bombardeio de "pós-isso", "des-aquilo" e outras variações aleatórias de prefixos que tentam dar novos significados às coisas velhas, ou a coisa nenhuma.

Dirigi recentemente espetáculo adaptado de "O Processo", de Kafka, que esteve em cartaz no Maison de France. Kafka é, de certa forma, um "Duchamp" da literatura, no sentido de que sobre ele já se teorizou muito mais do que o próprio escritor desejaria. "Limpar a área" de toda a impostura analítica sobre o tcheco foi esforço constante na construção da peça, de minha adaptação. Procurei contar a história que no romancese conta, sem lançar declaradamente o "meu olhar" sobre a obra; ou melhor, fazendo isso na função de diretor que interpreta seu texto sob

forma cênica, e não no programa da peça ou na entrevista do "Segundo Caderno". Mas fui cobrado, pelo que se chama de "crítica teatral" no Rio, exatamente pela falta da "angústia kafkiana" e pela "heresia" deinvestir no humor de um autor "tão sombrio". Agora estou para estrear "O Bilontra", torcendo para que não haja, sobre Arthur Azevedo, carga tão pesada de "TIORIA" (assim mesmo, com "I"). Na faculdade, luto para que alunos-diretores procurem entender Ésquilo,já bastante complexo, antes de macaquearem Beckett. É tarefa árdua e ingrata, porquanto nas demais aulas muito se ouvem as doutrinações da "pós-modernidade" e da "des-construção", sem que ninguém tenha explicado o que é moderno ou como se constrói algo. Sou o "careta", o "ranzinza", o "ultrapassado". Tudo isso aos 43 anos; imagine quando eu completar 60! Parece que o sonho de cada estudante é emplacar uma vaga nos próximos festivais de "teatro contemporâneo", que invariavelmente recusam inscrição às peças compreensíveis.

Enfim, não lhe tomarei mais tempo com a descrição de atrocidades que já são de seu conhecimento. Escrevo-lhe somente para cumprimentá-lo por sua reflexão sadia e desejar-lhe um Feliz 2009.

E se quiser aparecer em "O Bilontra", a estréia é no dia 13/1, no Solar de Botafogo, onde aliás também está em cartaz a excelente "Traição" (produção com a qual não tenho nenhuma relação), de texto do Harold Pinter, falecido ontem como o último dos dramaturgos lúcidos...



Um abraço cordial,

José Henrique Moreira





José Henrique, meu caro:



Claro que gostei de sua carta, pela franqueza e pela lucidez. E você captou bem: a partir da crise evidente nas artes plásticas temos que proceder a uma análise de todo o sistema artístico atual. Não para voltar ao passado, mas para por no seu devido lugar as "in-significâncias" que pretendem passar por criatividade.

Neste sentido, tenho recebido emails e mensagens de artistas em várias áreas, alguns acuados, outros desiludidos, muitos revoltados, todos querendo resolver essa " aporia" em que nos metemos e que faz parte de uma questão maior que só pode ser encaminhada com uma análise crítica da modernocontemporaneidade.

Com clareza você assume o peso de estar "em dois campos dogmáticos da "contemporaneidade": o teatro carioca e academia brasileira". Este o desafio: pensar o sistema, a despeito do sistema, além do sistema, sem se enquadrar na "ideologia dominante". Lembro-me de uma frase do poeta alemão Enzensberger, que ironicamente retrata a pretensão de muita gente que conhecemos:entrando para o rebanho, muitos carneiros se julgam carneiros-guias.

Quem sabe está surgindo a ocasião e o espaço para uma discussão que interessa a muitos criadores dentro e fora do Brasil?



ARS

Linque para Entrevista de Afonso Romano


21 de Dezembro de 2008, 20 HORAS, TV BRASIL


Na entrevista ao jornalista Roberto D\'Avila, o escritor Affonso Romano de Sant\'Anna fala sobre seu novo livro O Enigma Vazio. A publicação é fruto de uma longa e profunda pesquisa em diversas áreas do conhecimento, abordando o que é a arte do nosso tempo. Afastando-se dos lugares-comuns e repetições registrados nos livros de história da arte, o autor passa a pente-fino as alucinações críticas de brilhantes escritores como Octavio Paz, Jacques Derrida, Roland Barthes, Jean Clair e outros.

Com este livro, Affonso Romano de Sant\'Anna dá continuação a um trabalho tornado mais visível com Descontruir Duchamp e A cegueira e o saber. A conversa trata, ainda, da crise econômica e seus reflexos na arte, do comércio da arte, do marketing no mercado da arte e, finalmente, das mudanças que possivelmente ocorrerão.

Affonso Romano de Sant\'Anna é um caso raro de artista e intelectual que une a palavra à ação. Com uma produção diversificada e consistente, pensa o Brasil e a cultura do seu tempo, e se destaca como teórico, poeta, cronista, professor, administrador cultural e jornalista.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Branco Sobre Branco na Bienal

Há algum tempo, André Sant´Anna, escritor de vanguarda, me advertiu da antipatia de Afonso Romano contra as vanguardas. A crônica dele sobre o vazio da Bienal hoje me revelou algo que não ficou evidente nos telejornais: o segundo andar da Bienal era um "vazio" conceitual, um quadro branco, digamos assim. Penso que o debate deveria começar com o Branco sobre Branco do Malévitch.

A crônica de Afonso e outros artigos estão no site dele:

http://www.affonsoromano.com.br/index.php?titulo=128

A posição dele a respeito do Pedro Cardoso me dá a idéia, reforçada pela crítica a Damien Hirst, que no fundo Afonso quer limites, como agora também quer Ferreira Gullar. Mas achei o texto de Gullar sobre Guilherme Habacuc Vargas muito ligado ao influxo midiático sobre o Habacuc. Não fez jus ao artista. Gullar usou Vargas para chegar onde queria chegar; a obra foi mal analisada. Afonso me pareceu melhor crítico. Assim espero. Do que vi de Damien Hirst no site dele que postei aqui, gostei. Gostei de Habacuc também. Mas Afonso dirige esse acontecimento de agora para onde ele quer chegar, como faz com uma frase de Duchamp que usou no site aí acima, falando da baixeza da arte de nosso século. Uma boutade: ninguém mais que Duchamp para definir a arte de nosso século. André Sant´Anna me advertiu que, quando veio a exposição de Duchamp chegou aqui, Afonso atacou Duchamp na Cronópios. Para ele, a transgressão virou uma voz que o sistema fala na cabeça do esquizofrênico artista atual: transgrida! E ele, bobo, transgride.

O vazio dos curadores da Bienal é conceitual, um dar-se ao luxo na lógica cultural do capitalismo tardio. O vazio dos pichadores é o da exclusão e da falta do básico. Nessa contradição, ambos se estranharam e criaram o choque. Mas os curadores conseguiram: o andar em branco, conceitual, chocou. É difícil chocar, como diria a galinha vanguardista.