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sexta-feira, 4 de julho de 2008

Web Site do Rodrigo Duarte: Uma Lembrança

http://www.fafich.ufmg.br/~roduarte/


Vou postar esse mais a título de curiosidade, por não ter encontrado nada biográfico a respeito de Rodrigo Duarte nos blogs. E devido ao fato de ele não ter um blog, claro.

Rodrigo Duarte é um adorniano intenso e apaixonado. A base dele é Marx, que ele estudou ainda no tempo do marxismo do socialismo real, início dos anos 80.

Depois ele passou para a influência da Escola de Frankfurt, sem a virada linguística, o que irritou filósofos como Paulo Ghiradelli, que já comentou que, em seu antigo site, que Duarte recusava a linguistic turn sem bons argumentos.

Rodrigo foi um bom professor, mas desapaixonado. Ele parecia um pouco entendiado ao ensinar Ética na graduação. Ensinar em graduação não é fácil, mas eu não lembro quase nada do curso. Só me ficou na memória o fato de que Rodrigo foi o único professor a falar de Nietzsche sem desdenhá-lo, em sala de aula. Vendo o website dele, vejo que ele tem um artigo belo sobre Adorno e Nietzsche. Que bom, salvei para ler mais tarde. Tenho o livro Nove Adornos e estou lendo o texto de Rodrigo sobre Habermas: ele tem, sim, argumentação para responder ao Ghiraldelli. No texto, Rodrigo pontua, inicialmente, a divergência entre Adorno e Habermas a propósito do legado de Max Weber. Se Habermas seguisse o mestre Weber fielmente, parece insinuar Rodrigo, não teria ilusões como a razão comunicativa.

Rodrigo também voltou da Alemanha simpático ao pensamento brasileiro, no início dos anos 90. Ele frisou a influência de Nietzsche em Graça Aranha, por exemplo, o que me levou a ler o livro anos depois.

Os alunos, em sua maioria pobres, insinuavam que Rodrigo era "aristocrático" e "almofadinha" e apelidaram-no jocosamente "Catatau". Adorno também já foi chamado de elitista. Uma aluna cinéfila brigou com o Rodrigo a propósito do cinema. Ela se baseava no Deleuze e o Rodrigo dizia: "leia a Dialética do Esclarecimento, leia!". Rodrigo promoveu um programa sobre o Adorno músico e simpósios sobre a morte da arte, foram iniciativas interessantes. Outro dia vi o Rodrigo no cinema: ele estava na fila do filme Edifício Master, do Eduardo Coutinho. Ele aparentou certo constrangimento, eu não. Tem mais é que ver cinema de qualidade mesmo!