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domingo, 18 de abril de 2010

Blog do Brizola Neto

Um blog muito bom a respeito de política, contando inclusive com o colunista da Folha de São Paulo e professor universitário Gilberto Vasconcellos, que durante o governo FHC deu uma lavada nele com o livro O Príncipe da Moeda:

http://www.tijolaco.com/

terça-feira, 26 de maio de 2009

O Itamaraty de Celso Amorim

O Itamaraty de Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães

por Gilberto Felisberto Vasconcellos



Itamaratizão... ironizava Darcy Ribeiro. No período Collor foi um puteiro pop; em seguida lobby de privatização internacional do território para FHC descolar prendas honoris causa no exterior. Agora o presidente Lula acertou na escolha de um patriota, nacionalista, culto, idôneo, intelectual conhecedor da história do Brasil não só do ponto de vista econômico, mas estético.

A ALCA não passará! Los gringos no passaron com a ALCA!

Tiremos o chapéu para o chanceler Celso Amorim. Nascido em Santos, a cidade do patriarca José Bonifácio de Andrade e Silva que viu cinema, estudou e meditou sobre o bom, recusando o “bad movie” pornochique. O jovem Amorim fez a cabeça lendo o filósofo húngaro marxista, Georg Lukàcs, sendo mais tarde influenciado por Glauber Rocha, de quem foi amigo e sobre quem escreveu coisas profundas, tal qual João Carlos Texeira Gomes, o biógrafo do cineasta na versão barroca revolucionária que o diferencia de outros cineastas. Para Celso Amorim, o cineasta queria “abarcar a totalidade do universo”. Essa é a bela ambição estética de cada filme seu a refletir o que é o Brasil dentro do cosmos. É isso o que tece o diálogo glauberamorim na "nova new geopolítica” materializada em A Idade da Terra (1980), o filme da fotossíntese vegetal, assim como Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) indigitava onde havia petróleo na Bahia. Cinematograficamente ele experimentou todas as etapas energéticas. Barravento. Montagem nuclear. A estesia cinematográfica da biomassa energética. Em A Idade da Terra Celso Amorim teve participação criativa na montagem. Eu lembro seu artigo de 1980 destinado aos intelectuais. Glauber insistiu para que Lula visse A Idade da Terra, a obra prima do século XX sobre o imperialismo, “a tirania decorrente da dominação estrangeira”, segundo Amorim. O nacionalismo do cinema novo repercutirá no Itamaraty de 2003 com Samuel Pinheiro, para quem a periferia é o centro do mundo, insurgindo contra a peste resignada da sociologia cepalina até o Cebrap, a justificação ideológica do inexorável domínio anglosaxônico, no qual o eminente Celso Furtado foi tragado por Wall Street: a história começou na Grécia e acabou nos Estados Unidos!

Samuel Pinheiro consignou o verdadeiro desígnio da política externa: “A América do sul é a circunstância inevitável, histórica e geográfica do Estado e da sociedade brasileira”. Como dizia Oswald de Andrade, é a América do sol situada no trópico úmido. A política externa com uma matriz energética e tecnológica adequada à natureza física do país, a qual ainda não foi dimensionada pelo governo Lula, pois este recusa o ideário da escola da biomassa energética preferindo repercutir a melancólica alienação da Cepal, ou seja, a concepção equivocada da tecnologia como variável externa, pacotes tecnológicos agregados fora do país, o que hoje corresponde ao truque de substituir o desenvolvimento social e econômico pelo combate assistencial à pobreza e à fome com teologias caridosas da má consciência.

Samuel Pinheiro mostrou o ardil sociológico feagaceano - “país injusto” e não “país subdesenvolvido” - que colocou em nosso peito a culpa exclusiva pela miséria. Os brasileiros somos culpados. A culpa mora é dentro de casa. Triste é a substituição do príncipe da moeda pelo príncipe da esmola. A esmola como o antídoto do desenvolvimento. A substituição da miséria da filosofia pela filosofia da miséria. O sacolão da caridade foi criticado pela “estética da fome” glauberiana desde 1965. O grande lance é erradicar a pobreza, e não governar para pobres.


http://onacional.zip.net/arch2005-09-01_2005-09-30.html


Gilberto Felisberto Vasconcellos é doutor em sociologia pela USP e professor na Universidade Federal de Juiz de Fora.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Texto do Giba sobre Olho Gordo

Quinta-feira, Novembro 04, 2004
Gilberto Vasconcellos é o maximo..

Aprecio sobremaneira os textos deste meu guru, ainda me tornarei limpo e enxuto como ele...


Síndrome do olho gordo e do mau-olhado

Um Olhar a Mais312 págs., R$ 33,00 de Antonio Quinet. Editora Jorge Zahar

O psicanalista Antonio Quinet dá um banho de conhecimento na assimilação crítica da vida e obra de Jacques Lacan (1901-81), o célebre francês continuador de Sigmund Freud. Outra vez ainda Lacan na cultura brasileira. Este livro, "Um Olhar a Mais", não é apenas destinado aos especialistas da área "psi". Trata-se de uma reflexão sobre o olho e o olhar desde a caverna de Platão até a "Casa dos Artistas" e o "Big Brother Brasil". O lugar do ver e do ser visto, tal qual concebido por Freud e Lacan, além de Michel Foucault e o cinema de Wim Wenders, com o foco no "video ergo sum", ou seja: vejo, logo existo. A visibilidade é o imperativo do espetáculo. A necessidade de ser visto pelo outro. O minuto de fama. Eis o mandamento do gozo contemporâneo: sorria, você está sendo filmado. O índice de audiência requer o olho. O cidadão é um "televoyeur". O exibicionismo converte o horror em algo excitante. Ratinho. "Linha Direta" . Talks shows.
A intimidade em clima pornô. Tudo deve sair do armário para ser visto. Não há intimidade nem segredo. Tudo escancarado conforme o "espetáculo obsceno da banalidade". O olho doente. Mas é o olho que elege os políticos. Este quadro cultural o autor denomina "sociedade escópica", da qual o Brasil não escapa. Padecemos do mal-olhar da civilização.
A sociedade escópica é aquela em que o olho videofinanceiro faz a lei e o Estado, de modo cada vez mais totalitário e panóptico: vigilância global.
É o olho policial -"algemas eletrônicas, escuta ambiental"-, o olho domiciliar e punitivo que toma conta de tudo e para o qual não há esconderijo. O ideal de "transparência", supostamente de esquerda, acaba por reforçar o vigiar e o punir, contribuindo para a despolitização da sociedade.
Escreve Antonio Quinet: "A transparência é o grande inimigo da política". Mostre-se. Seja uma celebridade. Exiba. A "vida se transforma numa novela. Filme ou novela, lá estão o olhar da câmera e do espectador fixado na tela, telinha ou telão". O ponto alto deste livro para o entendimento da sociedade brasileira é a reflexão sobre a síndrome do mau-olhado -o olho gordo, o olho seca-pimenteira-, vinculada à inveja e ao ciúme. Assim funciona a dialética do mau-olhado: "O bem-visto é olhado pelo mal e o que é bem olhado é vítima do mau-olhado". Como dispositivo defensivo, usa-se de amuletos e das plantas "comigo-ninguém-pode" e "espada-de-são-jorge". Embora em geral as mulheres sejam portadoras de mau-olhado, essa síndrome medra em sociedades dominadas pelo patronato personificado. Latifúndio. Máfia. Banditismo. É que em tais sociedades prolifera um sentimento generalizado da falta de ter ou de ser. Mesmo o sujeito bem situado socialmente não pode gozar de seus bens diante do "olhar ávido". O olhar pidão dos pobres e miseráveis. De olho na substância do prato de comida. Estranha simbiose da fome com o olho gordo. A paranóica sociedade brasileira não consegue gozar em nenhum de seus escalões sociais: tanto faz em cima quanto embaixo.O excelente livro de Antônio Quinet é a prova de que, por estas bandas, Lacan está sendo deglutido antropofagicamente, isto é, assimilado em razão do nosso espaço e do nosso tempo.
Gilberto Vasconcellos é sociólogo

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Gesto dos Kaiapós foi Antropofágico?

Queria lançar uma polêmica: o gesto dos Kaiapós de agredir o engenheiro da Eletrobrás foi antropofágico?

O gesto em si, como vi pela lente do Fantástico, me pareceu um balé. Foi bela aquela dança da índia com o facão, mas depois começou a agressão coletiva contra o representante do capital. Valeu como gesto simbólico: antes de serem massacrados, agora, com quinhentos anos de aprendizado, com o apoio de ONGs e da Igreja Católica progressista, os índios reagirão.

O cacique que falou no Fantástico deu a entender que ele falava sobre os índios de maneira desrespeitosa. Ora, basta repetir o que se diz na Band, o que diz aquele governador inseguro de Roraima, na mídia para fazer isso.

Para mim foi, sim, um gesto antropofágico. E o cacique repetiu uma frase de Gilberto Vasconcellos: o governo está trazendo a guerra mundial para o Brasil com esse acordo com Bush sobre o etanol. Eu vibrei! Foi a consciência social colocada onde deveria estar. Giba é oswaldiano de boa cepa.