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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Matéria do site Fazendo Estrelas: A Maldição dos Hemingway

Domingo, 14 de Setembro de 2008

a maldição dos hemingway

Trágicos desfechos perseguem a família de um dos maiores escritores da literatura mundial. Famoso pela vida aventureira, fascinado pelo perigo e vida selvagem, boxeador, caçador, bebedor, pescador, Ernest Hemingway era o modelo de virilidade. Em 1961, o autor se matou com um tiro de espingarda, na seqüência de crises de depressão. Também o seu pai, o médico Dr Clarence E. Hemingway, acometido de forte depressão se matou com um tiro em 1928. Sua irmã Ursula, após sofrer três cirurgias tomou uma overdose de barbitúricos em 1966. O tio Leicester, após ter as duas pernas amputadas por causa da diabete, também usou uma arma para se suicidar. A neta Margaux Hemingway, glamourosa atriz e modelo, segundo sua autópsia engoliu uma enorme quantidade de barbitúricos, em 1996.

Em 2001 foi a vez do filho mais novo do escritor, Gregory Hemingway, 69 anos, encontrado morto numa cela do ‘Centro de Detenção de Mulheres de Miami’. Ele estava preso havia cinco dias, detido por atentado ao pudor: vagava nu por uma rua de Miami usando jóias e carregando sapatos de salto alto. Fichado como Glória Hemingway não resistiu a problemas cardíacos e de hipertensão.

Greg teve uma vida repleta de dificuldades. Além da atormentada relação com o pai, foi acusado de ser a ovelha negra da família e de contribuir para a morte da mãe. Formado em medicina o abuso de álcool o fizeram perder a licença para clinicar. Movendo-se alternadamente entre depressões e crises maníacas havia a constante incerteza da identidade de gênero. Sentia-se melhor quando se vestia de mulher, mas isso não implicava um desejo homossexual, apaixonou-se e casou-se com várias mulheres. Como o seu pai, cultuava a virilidade através de caçadas na África e o convívio com a natureza selvagem do Estado de Montana onde, ao mesmo tempo, vestido de mulher, perambulava pelos bares.

Quis se tornar mulher, com quase sessenta anos. Passou um tempo com o implante de um seio só; e assim, já transformado parcialmente em mulher casou-se, pela quarta vez, em 1992. Em 1995, completou as cirurgias necessárias para mudar de sexo. Não por isso ele terminou seu casamento. Sua última aparição pública foi em uma festa sofisticada quando surgiu em um vestido preto e usando sapatos de salto agulha.

Essa estranha divisão de Gregory já estava em seu pai. O ilustre escritor aparece vestido de menina em fotos de sua infância, e há, em suas obras, passagens tocantes em que um homem e uma mulher que se amam são tentados por uma inversão de papéis pela qual o homem se tornaria mulher nos braços de sua amada. Todo o culto à masculinidade talvez fosse uma forma de conter a fascinação pelo feminino, e sobre a dificuldade de ser homem como regra de vida. Ou como no caso de Gregory, esta identidade masculina foi transmitida e imposta como uma bandeira, mesclada a isso existia a complexidade da identidade de gênero. Gregory obteve relativo sucesso como escritor. Deixou um espólio considerável que foi disputado numa complicada batalha judicial pelos filhos e pela viúva Ida, com quem se casou duas vezes: antes e depois da mudança de sexo.

Tudo isso é relatado no livro ‘Strange Tribe’ de John Hemingway, que conta a história do avô que morreu quando ele tinha apenas onze meses, do seu pai transexual e de como conseguiu se salvar da maldição dos Hemingway.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Margaux


MARGAUX



Confesso que tive que ser lembrado por um amigo que ontem foi o aniversário da morte do meu avô. E, claro, 2 de julho foi também o dia em que minha prima Margaux morreu. Tecnicamente eu estava vivo durante o tempo em que ambos viveram, mas eu não cheguei a encontrar meu avô. Eu tinha 10 meses de idade, quando ele se matou, mas eu conheci Margaux.

No verão de 1971, eu passei um mês na casa do meu tio Jack, em Ketchum, Idaho. Margaux tinha 16 anos, cinco anos mais que eu, e era muito mais rebelde. Alguém que, a acreditar no que a irmã mais jovem dela, Mariel, me dizia, gostava de frequentar os bares de cowboys e abrir garrafas de cerveja com os dentes. Ela era alta e atlética, mas não tinha ainda a beleza deslumbrante que o mundo iria conhecer alguns anos mais tarde.

Ela gostava de provocar as pessoas. Eu me lembro que uma vez que ela me mostrou, na presença de Mariel, alguns esboços de nus masculinos que tinha feito, com tudo à mostra, "ben in vista", como dizem os italianos. Era o tipo de coisa que ela sabia que não iria agradar sua irmã Mariel, que subiu correndo em direção à mãe gritando: "Margaux mostrou aqueles desenhos indecentes para o John!”

Mais tarde, quando se tornou famosa, acho que fiquei mais surpreso do que a maioria das pessoas ao ver seu rosto na capa de revistas. Tinha ainda a imagem de rebeldia dos dezesseis anos, mas a transformação da cowgirl em deusa da elegância não poderia ter sido mais completa.

A última vez que a vi, foi no auge de sua carreira, em 1977. Eu estava em Nova Yorque com meu pai e sua esposa Valerie, em seu pequeno apartamento na Rua 95 East. Meu pai tinha acabado de mudar de Fort Benton, Montana, depois de ter abandonado a sua primeira tentativa de clinicar naquele estado. Ele estava deprimido, enquanto eu procurava nas diversas escolas na área da Nova Inglaterra qual delas me aceitaria. Enquanto procurava uma escola, encontrei Margaux em uma esquina. Era de manhã, eu tinha descido para tomar café numa delicatessen e voltava para o apartamento. Enquanto esperava o sinal abrir, eu a vi.

"Margaux?", chamei.

"Sim?" disse ela.

"Eu sou seu primo John”, disse. Ela não podia acreditar que era eu. Ela se lembrou de mim, claro, mas a última vez que me viu eu tinha 11 anos e agora estava com 17. Ela me perguntou o que eu estava fazendo em Nova Iorque. Eu lhe contei, enquanto a admirava, como ela estava alta e linda. As revistas não exageraram a sua beleza, nem um pouco.

Ela perguntou sobre minha mãe. Ninguém na família nunca perguntara sobre Alice, porque todos sabiam que ela não estava bem. Sofria de esquizofrenia e em suas crises frequentes, Alice ouvia vozes que diziam a ela que nós tínhamos que ser entregues à Igreja Católica ou abandonados ou qualquer outra fantasia. Essa foi uma das principais razões pelas quais eu vivia pulando de casa em casa dos parentes durante a minha adolescência. Mas Margaux perguntou, e parecia verdadeiramente interessada. Estou certo de que ela sabia o que todos sabiam sobre a minha mãe, mas ela era o tipo de pessoa que não podia ajudar, mas se preocupava com o destino dos outros.

Ela tinha um coração generoso, eu nunca vou me esquecer dela.