Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Hemingway In My Life: The Day Ernest Hemingway Died Crucified
Lúcio Jr.
Brazilian Writer
Questions: Allie Baker, from hemingwayproject.blogspot.com
1) Do many people in Brazil know who Hemingway is? Do they read him in school?
Yes, I think many people know him here. There is either a text that we usually receive by the internet that says: “Why the chicken passed away the highway? So, it point a lot of answers: Nietzsche answer: “the chicken passed to be an superchicken”. There are Socrates, Darwin and so. On. But it´s interesting that there are a Hemingway answer too: “To die. Alone. In the rain”. Although this joke is very popular, I guess Hemingway´s style is very popular here and all around the world. But they don´t usually read him in school here in Brazil.
2) It is interesting that even though Hemingway writes about America in the Nick Adams stories, it makes you think of Brazil. Is it because of the landscape or the characters?
It´s rather because of the landscapes than the caractheres. Also there´s the taste of go fishing with my father. I love to see themes like this in short stories like “A Way You´ll Never be” and “Now I Lay Me”.
3) What is your very favorite Hemingway book? Why?
The Sun also Rises. I don´t how exactly how to explain, how it seduces me, but I guess it´s because Spain has a clear identification with Brazil. My brother travelled to Europe and told me this too. I even wrote a little essay about it: “The Sex also Rises”, about sexuality in this novel. This book seems to be superficial but it isn´t. I wish to do a conference about him, drinking a small drink that he was drinking on every passage. I guess it will be somewhat synestesic.
4) What part of Hemingway's life is the m interesting to you? Why?
His early years on Paris, because I love that “bildungsroman” kind of novel.
5) If you could ask Hemingway anything, what would you ask him?
Do you ever heard of “Os Sertões”, de Euclides da Cunha? Est-ce que vous pensez que Jake Barnes est impossibilité d´avoir des rapports sexuelles à causes psicologiques ou physiques?
6) How do Brazilian readers regard the very masculine persona that Hemingway developed over the years?
Till nowadays, the majority of brazilian readers used to take his macho image not a persona, but a reality. Also, there was, among brazilian writers, a disseminate image of Hemingway as a macho winner: a man who won, literally, Tolstói and Turgeniev, and after them, won his rivality with Fitzgerald and others from his generation and so on. Take a look at the quotes of Hemingway at the text "Mulher de trinta e oito" at my blog. He really loves the macho image of Hemingway. It´s a sex simbol for him (and a lot of readers), a symbol of masculinity! He´s also and obsessed with Hemingway and Marilyn. Ernest fiction and image is used by him in this tale (That can be translated as a joke with Balzac, something like“Thirty-Eight Years Woman”) as a poster child for Viagra.
7) How does Hemingway influence you as a writer?
There’s something in it for everyone, his descriptive style, his crisp dialog, the carnival atmosphere of the Fiesta itself and, as always in his works, his fascination with androgyny, or as the protagonist of The Garden of Eden put it, finding “a more African sexuality, one that goes beyond all tribal law.” I consider him an extraordinarily complex and modern writer.
Hemingway influencied me as a writer, especially with Nick Adam´s stories. I love his short sentences, and his dry stile in this book, it´s specially clear. I´ve lived in a city called Uberaba here in Minas Gerais. It was a quartier near to the countryside and I found it similar as the narratives told in Nick Adam´s stories.
My adventures at that time was a little similar like Nick Adam´s ones: go fishing some crawfishes on the Uberaba River, wandering thru woods and streams full of mossy rocks and playing with red and black or thorny seeds. I particularly remember a day when I saw a snake in the square in front of our house, and after we found a snake inside our house. I was always wondering lonely, mostly of the time.
First, I´ve read Mark Twain and then, Hemingway. For me, there was a clear continuity between then. When I was an adolescent and wanted to be a writer, for me, the biography of a writer was: a man on the desk, writing. But Hemingway biography did revolutionize this concept.
So, I think of my childhood maybe was something similar as the Hemingway in Idaho. But my adolescence and youth the writer´s technique did change: I used a electric typewriter for some time but no longer the word for windows arrived. I think it´s the great difference between Hemingway era and ours: the work of the writer is totally different today.
8) What books have you read about Hemingway's life?
Life and Works John L. Brown
Hemingway Interview with George Plimpton, Paris Review
9) Is there anything else you would like to say?
Allie, have you ever heard of Roberto Drummond, a writer from Brazil? It was published in 1978. But I think he´s about a leftist jornalist prosecuted by brazilian dictadorship. He wrote a book called The Day Ernest Hemingway Died Crucified. It´s a very pop influencied, interesting and experimental novel.
domingo, 30 de agosto de 2009
O Sexo Também se Levanta: Códigos Sexuais Num Romance de Hemingway
Introdução
A androginia na obra de Ernest Hemingway já tem sido bastante pesquisada. Mas é sempre interessante ler um romance como The Sun Also Rises observando os códigos sexuais ali presentes. Inicialmente, o romance gira em torno da amizade entre Cohn e Jake, assim comov desdobra-se num triângulo amoroso com a entrada da figura de Lady Ashley Brett. Jake Barnes é um jornalista em Paris que é amigo de Robert Cohn, herdeiro rico de família judaica, boxeador e escritor.
2. Os triângulos Barnes/Brett/Cohn e Bill/Barnes/Cohn
Jake Barnes é o melhor amigo de Robert Cohn, mas sempre o descreve com distanciamento e ironia. Temos então o eixo Barnes/Cohn, ampliado para Brett como objeto de desejo dos dois. Barnes explica o que aconteceu quando da formação desse triângulo amoroso:
A razão é que, até o dia em que se apaixonou por Brett, eu nunca o ouvira (Cohn) fazer alguma observação que o distinguisse dos outros. Era agradável vê-lo numa quadra de tênis. Tinha um bom corpo e conservava-se em forma, jogava bem o bridge e havia nele um quê divertido de colegial (HEMINGWAY, 1982, p. 53).
Nesse triângulo, portanto, existe admiração platônica de Jake Barnes pelo belo físico de Cohn e uma forte afeição de Cohn por Barnes. A relação irá se complicar com a entrar em cena Brett, figura muito próxima das poules (putas) de Paris, pendendo inicialmente mais para o envolvimento com o rico Cohn do que com o distanciado e frio Barnes. O amor de Barnes por Brett é forçosamente platônico, pois Barnes foi ferido na guerra e sofre as seqüelas psicológicas. Isso faz, de certo modo, com os ânimos entre Barnes e Cohn esfriem.
O núcleo central é abalado quando os três se inserem em meio a outros personagens em uma viagem à Espanha. Brett, objeto de desejo platônico de Barnes e efetivamente envolvida com Cohn, liga-se também a um toureiro espanhol. O fascínio de Brett pelo toureiro é partilhado por Barnes, que se refere a ele duas vezes como “um homem muito bonito”.
A partir daí, o conflito principal é deslocado para um conflito semelhante ao do romance Carmen, de Prosper Mérimée e gerou a adaptação de Bizet para a ópera: Cohn, Brett e o toureiro. De certa forma, os oponentes de Barnes são primeiramente Cohn e depois o próprio toureiro. No entanto, Barnes tem uma postura cínica, distanciada, que não se justifica nem moraliza. Barnes é pouco envolvido com os acontecimentos que narra, os quais enxerga como se fosse um drama que se desenrolasse à parte: ele tem um olhar impotente para interferir. Quando ele se desloca do eixo, vai beber com Bill. A conversa, regada a álcool, em plena festa de San Fermin, em Pamplona, exibe um deslocamento da ligação Barnes/Cohn para a ligação Barnes/Bill. De certo modo, se considerarmos a fala de Bill para Barnes, pode-se dizer que Barnes ficou em outro triângulo amoroso, outro vértice de afetos, mas entre pessoas do mesmo sexo: Cohn/Barnes/Bill. Ao se deslocar do eixo com Brett e Cohn, devido à entrada do toureiro em seu lugar, ele também se desloca do afeto heterossexual para um campo de afetos homossexuais. O deslocamento de lugares (Paris/Espanha, USA/Espanha) também permite deslocamentos de afeto e declarações reveladoras. Uma frase de Bill reflete esse deslocamento com uma visão de mundo fortemente marcada pela vulgarização da psicanálise:
Escute. Você é um sujeito ótimo, formidável. Gosto mais de você que de qualquer pessoa. Mas não podia dizer-lhe isso em Nova York. Eu seria considerado um efeminado. Foi a causa da guerra civil. Abraham Lincoln era efeminado. Estava apaixonado pelo General Grant. Jefferson também. Dred Scott foi forjado pela liga antialcoólica. O sexo explica tudo. A mulher do coronel e Judy O´ Grady são lésbicas até a medula. Parou de falar (HEMINGWAY, 1982, p. 125).
Acima, nessa fala de Bill, ele projetou numa explicação baseada em códigos sexuais uma selvagem explicação da história. As relações entre pessoas do mesmo sexo seriam, para ele, a chave das grandes narrativas históricas e desencadeariam os acontecimentos importantes. Claro que a explicação histórica de Bill é fantasia movida pelo álcool, mas essa fantasia é profundamente interessante porque nela aparece delineado um triângulo amoroso que explicaria algo fundamental: a guerra civil americana. O triângulo seria: General Grant/Abraham Lincoln/Jefferson. Esse triângulo pode ser aproximado ao triângulo que acaba de se formar: Bill/Barnes/Cohn. O fato de que Bill ama Barnes “mais do que qualquer outra pessoa” explica o ódio que ele sente de Cohn, a quem hostiliza com freqüência: ele quer afastar Barnes de Cohn, uma vez que sente ciúmes.
Em The Sun Also Rises, assim com em Carmen, o ponto de virada é a entrada do toureiro na narrativa. Em Carmen existia a relação entre o soldado e a cigana Carmen, mas ela se complica quando Carmen se liga um toureiro: o resultado é que o soldado mata a cigana, tomado de ciúmes.
Carmen é uma ópera em quatro atos de Georges ,Bizet com libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, baseada na novela homônima de Prosper Mérimée. Ambientada em Sevilha, na primeira metade do século XIX, narra a história do oficial de exército Don José, que, prometido à jovem Micaëla, deixa-se seduzir pelos encantos da cigana Carmen, causando para si inúmeros problemas como a prisão e o rebaixamento no exército por facilitar-lhe uma fuga quando ela fora declarada culpada por agredir uma colega na fábrica de cigarros onde ela trabalha. Abandonando a vida honrada para se entregar à vida errante junto aos ciganos, Don José vê Carmen trocá-lo pelo toureiro Escamillo e, tomado por uma crise de ciúmes, mata-a.
É o mais popular triângulo amoroso numa ópera. É uma das mais conhecidas óperas de todos os tempos. E algumas de suas árias ficaram tão populares que foram até plagiadas em publicidade. Carmen, de Georges Bizet (1838-1875), no entanto, é a história de uma mulher que gostava de homens. E por eles era capaz de tudo: de abandoná-los e de levá-los a matar. E até a morte.
A ópera de Bizet foi baseada em novela do francês Prosper Mérimée, com acréscimo de personagens, como Micaela, para ser o contraponto da cigana Carmen. O compositor teve medo que a moral da época rejeitasse a ópera por causa da personalidade de Carmen, uma das mais fortes e dominadoras.
Em The Sun, Cohn é que possui um papel análogo ao do soldado: ele ataca o toureiro. Esse conflito dissolve o triângulo amoroso. Mais tarde, afastada do toureiro e de Robert Cohn, Lady Brett volta para Jake Barnes em Paris. Os deslocamentos no espaço produzem o deslocamento final e o fim do triângulo amoroso: o episódio todo fez com que Barnes decidisse retornar aos Estados Unidos e decidisse que seu lugar não era a Europa; o romance de Brett com o toureiro foi prejudicado pela agressão deste a Cohn, a quem Brett se afeiçoara.
3. Conclusão
No final do romance, Jake Barnes rompeu também o triângulo homossexual para o qual tinha se deslocado, entre Cohn e Bill, retornando a Paris e retomando o laço afetivo, mais platônico do que afetivo, estabelecido com Brett no início do romance, sonhando em poder amá-la e que sua história pudesse ter sido diferente – assim como, já que esse amor não se efetiva, é bem provável que está aberto um outro vértice para outro possível personagem participar desse triângulo, dando a idéia de um final em aberto em “infinito”.
4. Bibliografia
HEMINGWAY, Ernest. O sol também se levanta. São Paulo: Círculo do Livro, 1982.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Muito perto do Sol (Too Close to Sun)
Estão gozando muito essa peça na imprensa. Dizem que deveria se chamar "para fechar domingo" (To close to sunday), que nem é tão ruim para virar cult nem tão bom para que possa continuar em outras temporadas.
Outro ponto é que como é que poderia um musical sobre a fase final de Hemingway, em Idaho, que terminou em seu suicídio? Hemingway morreu, vamos cantar e dançar?
Na peça, Hemingway está limpando o fuzil que depois o matará e cantando algo como "igual a você eu já comi mais de cem, pode vir quente que estou fervendo" (transcrio). A crítica considerou isso uma ofensa ao espectador e à memória de Hemingway.
E o review que li disse ainda, que como Hemingway, a peça é autodestrutiva. A personagem de Mary Hemingway, sua última mulher, diz em certo momento: "escritores são melhor conhecidos através de seus livros"...
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Nota: sou a favor da Festa
Se os conservadores acham que Hemingway seria contra essa versão "desconstrucionista" de suas memórias, eu digo que o livro nem sequer foi construído.
Li um trecho no New York Times e achei que Seán fez bem em incluir passagens que mostram o remorso de Hemingway em relação a namorara duas mulheres ao mesmo tempo, relação essa que dissolveu o casamento com sua primeira mulher. Anteriormente, Pauline tinha ficado como uma predadora e a primeira mulher como vítima. Nos trechos incluídos agora e não agregados por Mary anteriormente, Hemingway reconhece sua parcela de responsabilidade ao envolver-se com Pauline, grande amiga de sua mulher, causando à esposa enorme sofrimento.
Embora existam excessos, foi uma boa isso que Barthes e Foucault colocaram, o abrandamento da autoridade do autor sobre sua obra. Eles colocaram isso na marra: "O AUTOR MORREU!"
terça-feira, 28 de julho de 2009
Paris é uma festa, é uma festa, é uma festa...
Não sem controvérsias. Nick Barbanes, editorialista, escreveu um artigo resenhando essa reedição e dizendo que Seán modificou o texto e fez as memórias mais favoráveis a Pauline, sua avó. O artigo termina até criticando o acento no nome "Seán", que segundo o furibundo articulista, também deveria ser objeto de revisão.
"The son also revises", dizem os gozadores.
O texto das memórias no volume publicado originalmente foi estabelecido algum tempo depois da morte do escritor, com auxílio de Mary Hemingway e do biógrafo Hoetchner, enquanto, em contrapartida, Paris é uma Festa reloaded conta com um adendo com partes suprimidas anteriormente, "Paris Sketches".
Barbanes afirma que tal modificação não tem cabimento e o abre margem para, por exemplo, a família de Scott Fitzgerald retirar as passagens que se referem ao tamanho do pênis de Scott (ele cismou que era pequeno e consultou Hemingway a respeito...) ou os herdeiros de Ford Maddox Ford reclamarem da menção ao fato de que ele exalava mau cheiro.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Vigência de Hemingway
Michel Hernández
Ernest Hemingway, considerado el dios de bronce de la literatura estadounidense, nunca ha pasado a engrosar el maldito libro de las ausencias. El escritor que hacía de la literatura una pelea de peso pesado, se ha inmortalizado en las páginas de obras cumbres como El viejo y el mar, en las historias que lo revelan al mundo como conductor de ambulancias voluntario durante la Primera Guerra Mundial, en las fotos de sus famosos safaris en Kenia y Tanzania, o en el cálido ambiente de su primer refugio habanero, el Hotel Ambos Mundos, donde vivió durante la década del 30 antes de instalarse en la Finca Vigía, en las afueras de La Habana.
Precisamente en esa céntrica instalación, en la que aún se conserva intacta la habitación donde residió el escritor, un reciente coloquio estuvo dedicado al aniversario 110 de su natalicio, el 70 de su residencia en Cuba, el 80 de la novela Adiós a las armas y el 55 del otorgamiento del Nobel de Literatura.
En el encuentro, que contó con la participación de especialistas de Cuba, Estados Unidos e Italia, destacó la presencia de la curadora de la Colección Hemingway de la Biblioteca y Museo John F. Kennedy, Susan Wrynn, quien brindó una pormenorizada exposición sobre los documentos históricos relacionados con la "leyenda Hemingway", preservados en esa institución, y se refirió a la cooperación mantenida con expertos cubanos que han contribuido a conservar su legado en Finca Vigía, donde residió por 21 años.
La experta estadounidense, en entrevista con Granma, señaló que entre los documentos más preciados que alberga la Colección Hemingway se encuentran los manuscritos escritos por su puño y letra.
"Aquí guardamos materiales —explica— que tienen los posibles títulos de sus obras en la letra de Hemingway. Por ejemplo en lugar de Adiós a las armas el pensó en nombres como Amor en la guerra, Tristeza por placer, Si hay que amar, La retirada de Italia, Cada noche y todo, El avance de los patriotas, entre otros. Eso demuestra las diferentes formas en que él pensaba desarrollar sus historias".
Quizás ningún escritor haya mantenido una relación tan fiel con las cámaras como el autor de París era una Fiesta. Solo con las fotos que visten su leyenda, en las que aparece como cazador, pescador de agujas, aficionado de las corridas de toros, boxeador, soldado o corresponsal de guerra, "Papa Ernest", como lo llamaban sus amigos cubanos, pudiera disfrutar de su propio Louvre fotográfico.
"Nosotros atesoramos más de 10 000 fotos desde los primeros años de su infancia. En ese entonces su mamá, Grace Hall, le llenó cuatro álbumes con sus fotografías. También guardamos el diario de la enfermera Agnes H. von Kurowski"— quien más tarde se convertiría en la modelo que le sirvió de protagonista de Adiós a las Armas— imágenes tomadas en Cuba y una muy buena selección de recortes de periódicos, con algunas de las críticas que se publicaron a varias de sus obras.
"Tenemos otros materiales que todavía no hemos catalogado que incluyen, por ejemplo, recibos del Hotel Ambos Mundos, sus pasaportes, relojes y un increíble boceto de Hemingway hecho por el maestro Gattorno", explica Susan.
La colección Ernest Hemingway del Museo Presidencial John. F Kennedy recibe diariamente la visita de estudiantes e investigadores interesados en conocer con mayor profundidad la vida y obra del escritor, interés que ha aumentado después de que enriqueció su catálogo con copias de los documentos facilitados por Finca Vigía, en cuya labor de conservación han participado técnicos cubanos y estadounidenses.
Para Susan este ha sido un "proyecto maravilloso que hemos logrado materializar. El intercambio entre especialistas de ambas naciones ha dado frutos magníficos. A mí personalmente me gusta mucho trabajar con investigadores cubanos, puesto que poseen una elevada preparación. Por todo este trabajo y más, hay que volver a dar gracias a Hemingway".
Tomado de Granma
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Hemingway por Dante Gatto e num Poema
NO CAIS DE ESMIRNA [1]
Era estranho, disse ele, como gritavam todas as noites à meia-noite. Não sei porque gritavam àquela hora. Estávamos no porto, e elas se amontoavam no cais e à meia-noite começavam a gritar. Costumávamos ligar os refletores em cima delas para silenciá-las. Dava sempre resultado. Passávamos os refletores por elas duas ou três vezes, e elas paravam. Uma vez, eu era o oficial-de-dia no cais, e um oficial turco aproximou-se de mim danado da vida porque um de nossos marinheiros o havia insultado. Por isso, eu lhe disse que o camarada ficaria preso no navio e seria severamente punido. Pedi-lhe que o apontasse. E ele apontou para um ajudante de artilheiro, sujeito inteiramente inofensivo. Disse que o havia insultado muitas vezes e com ferocidade; falava comigo através de um intérprete. Não consegui imaginar como o ajudante de artilheiro aprendera suficiente turco para insultá-lo. Chamei-o e disse:
_ Isso é só porque você pode ter falado com qualquer oficial turco.
_ Não falei com oficial nenhum.
_ Não duvido disse eu mas é melhor que você vá para o navio e não volte à terra até o fim do dia.
Depois, falei ao turco que o homem estava preso a bordo e seria severamente punido. Sim, com o maior rigor. Ele ficou absolutamente encantado com a coisa. Éramos grandes amigos.
As piores, disse ele, eram as mulheres com filhinhos mortos. Ninguém conseguia que as mulheres largassem os filhinhos mortos. Algumas agarravam-se a criancinhas mortas há seis dias. Não as largavam. Nada havia a fazer. Por fim, era-se obrigado a arrancá-las à força. E havia também uma velha, um caso deverás extraordinário. Contei o caso a um médico, e ele disse que eu mentia. Tratávamos de tirá-las do caís, tínhamos de remover as mortas, e essa tal velha estava deitada numa espécie de maca. Elas disseram: “Quer dar uma olhada nela, seu moço?” Portanto, tive de olhar para ela, e justo nesse momento ela morreu e ficou logo toda dura. As pernas dobraram-se nos joelhos, e ela dobrou-se na cintura e ficou inteiramente rígida. Exatamente como se estivesse morta há muitas horas. Estava mortinha e absolutamente rígida. Falei a um médico a respeito do caso, e ele me disse que era impossível.
Estavam todas lá no cais, e não era como se tivesse havido um terremoto ou qualquer coisa do gênero, porque nunca se sabia o que os turcos iam fazer. Elas nunca sabiam o que o velho turco ia fazer. Lembra-se de quando nos proibiam de entrar para recolher mais gente? Nem sei o que eu esperava, quando entramos naquela manhã. Ele tinha baterias à beça e podia ter acabado com a gente ali mesmo na água. Nós íamos entrar, encostar no cais, soltar as âncoras da proa e da popa e depois bombardear a parte turca da cidade. Eles podiam ter acabado com a gente, mas nós também teríamos mandado a cidade pro beleléu. Pois eles só fizeram disparar uns tiros de pólvora seca enquanto nós íamos entrando. Kemal [2] desceu e demitiu o comandante turco. Por abuso de autoridade ou qualquer coisa parecida. Ele se excedeu. Teria sido uma mixórdia dos diabos.
Você se lembra do porto. Havia uma porção de coisas lindas a flutuar nele. Foi a única época da vida em que eu tive pesadelos. A gente nem ligava pras mulheres que pariam ali mesmo; ligava, mas era pras que se agarravam aos filhos mortos. Pariam ali mesmo. É incrível que tão poucas morressem. A gente se limitava a cobri-las com qualquer coisa e deixá-las pra lá. Escolhiam sempre o canto mais escuro do porão para parir. Nenhuma delas ligava mais pra nada depois que saía do cais.
Os gregos também eram boas praças. Quando realizaram a evacuação, tiveram de livrar-se de todos os animais de carga que não podiam levar em sua companhia, e por isso quebraram as pernas dianteiras dos bichos e jogaram todos na água rasa. Todos aqueles burros com as pernas dianteiras quebradas empurrados para a água rasa. Foi mesmo um negócio muito agradável. Palavra que foi um negócio agradabilíssimo.
Terminada a guerra, Ernest Hemingway transformou-se em corresponde estrangeiro, escrevendo sobre as turbulências que então ocorriam nos Balcãs e no Oriente Médio, envolvendo a Bulgária, Sérvia, Montenegro e Grécia, além dos turcos. Em termos de ficção, este período é representado por este pequeno e terrível conto. A presença americana no local dava-se não pelos conflitos bélicos, propriamente ditos, mas por outras razões deles resultantes: comerciais e assistenciais.[3]
Enredo psicológico, corresponde às lembranças tétricas de um personagem inominado, Narrador-protagonista (se se quiser utilizar a tipologia de Friedman) [4], que começa a narrar estimulado por um “ele”, que nos parece simplesmente uma estratégia desencadeadora ou motivo desequilibrador: “Era estranho, disse ele, como gritavam todas as noites à meia-noite.” Não discernimos uma situação inicial. Trata-se pois de um começo in-abrupto.
Apesar do enredo psicológico, temos o conflito, inerente ao gênero, e, a partir dele, podemos fazer a nossa análise, conforme a classificação de Henry James: apresentação, complicação, (ou desenvolvimento), clímax, e desenlace (desfecho). Mas qual é o conflito? Responderemos oportunamente está questão apesar da desnecessidade.
A apresentação se faz na estranheza proporcionada pelo interlocutor do nosso narrador: o porto, o cais, mulheres (inferimos que se tratam de mulheres) que gritam inexplicavelmente à meia-noite e só são silenciadas pelas luzes dos refletores.
Em função do enredo psicológico, há vários cenas que configuram complicação (ou desenvolvimento). Sabemos que há um cuidadoso trabalho de seleção do autor, que, no entanto, se apresentam como flashes do passado que vem à tona de uma maneira quase aleatória. Podemos enumerar os momentos de desenvolvimento do enredo:
Primeiro parágrafo: as mulheres que gritam, que já mencionamos;
a desavença com o oficial turco;
Terceiro parágrafo: as mulheres com filhinhos mortos;
a velha;
quarto parágrafo: novamente, a desavença com os turcos;
quinto parágrafo: as “coisas lindas” que havia no porto (ironia);
sexto parágrafo: os gregos (ironia).
O conjunto compõe um quadro horripilante. Para cada momento, um clímax, não é verdade? Poder-se-ia, no entanto, discernir um maior, que marca o tom do conto, digamos assim, o paroxismo, a catarse. Veja, no quinto parágrafo, quando o narrador fala de “uma porção de coisas lindas a flutuar nele (porto)”, em seguida apresenta a situação antitética na frase: “Foi a única época da vida em que eu tive pesadelos”. Segue-se uma sucessão de horrores, numa dolorosa ironia que, por paradoxal, perturba o leitor, configurando o clímax.
A ironia não acaba aí e, consequentemente, nem o clímax. Apresenta, nosso narrador, os gregos como “boas praças” para, em seguida bombardear-nos com suas atrocidades. E finaliza enfático: “Palavra que foi um negócio agradabilíssimo”. Quase que podemos caracterizar esta colocação como um desequilíbrio emocional de um neurótico de guerra. Poderíamos dizer que o desfecho está no próprio clímax maior, figurando o parágrafo anterior como um anti-clímax.
Deixamos em suspenso a questão do conflito. Por se tratar de um enredo psicológico, o conflito se configura na própria inquietação do Narrador-protagonista que não consegue adormecer suas lembranças, o que é plenamente justificável, diga-se de passagem.
Personagem complexa ou, se preferirem, redonda (utilizando a caracterização de E. M. Forster) o nosso protagonista. Assim concluímos pela multiplicidade que se afigura sua personalidade: a ironia coruscante, que já nos referimos, contrapõem-se, por uma lado à tentativa de indiferença ao horror; por outro, a uma preocupação com os bons relacionamentos profissionais, como demonstra na saída diplomática com o oficial turco. É claro, que uma personalidade é um todo. O personagem convive com suas contradições, fazendo do completo da sua personalidade um quadro da maior complexidade. A maneira como escamoteia o olhar direto para o que o atormenta é outra de suas características. Falamos do “ele” : “Era estranho, disse ele”, “As piores, disse ele”. Quase no final do conto a personagem fala de um “você”. O que podemos concluir? Veja se vocês concordam comigo: nosso personagem, por um lado, guardando consigo lembranças perturbadoras das quais não consegue se libertar, e, por outro, não as assume como preocupações diretas suas, cria um “ele” que desperta as trágicas reminiscências. Só no final do conto, rompida a barreira inicial de encarar sua dor, o personagem se dirige diretamente ao interlocutor “você”. Ora, isto é próprio de uma idiossincrasia do americano típico, mas aprofundaremos esta questão oportunamente.
Protagonista, sem dúvida. Resta a questão: herói ou anti-herói? Que maçada, não é? Não falemos aqui em fraqueza de caráter, ou características atávicas, ou inferioridade congênita ou coisas que as valham. Pensemos no fenômeno humano. No homem esmagado pelas adversidades, alienado pelas circunstâncias (reificado, como preferia Lukács), que busca trabalhar sua consciência e alcançar uma totalidade possível num mundo que já não abarca. Volto a perguntar: herói ou anti-herói? Herói problemático (mais uma vez lembrando Lukács), podemos configurá-lo como anti-herói. Mesmo porque, na nossa contemporaneidade não há mais lugar para heróis.
Os antagonistas estão por toda parte, nem vale a pena enumerá-los. O ambiente, principalmente, apresenta-se como o maior antagonista, mas discutiremos isto oportunamente.
O enredo psicológico no mais das vezes implica tempo psicológico. Temos, neste conto, a ordem natural dos acontecimentos alterada, por um lado, pela idiossincrasia emocional do personagem; por outro, pelo condensação do tempo que o gênero conto promove. Daí a fragmentação, o estilhaçamento dos acontecimentos, gerando a rapidez dos relatos e a banalização desses conflitos próprias aos momentos de guerra.
O tempo da enunciação? Como sabê-lo. Trata-se, sem dúvida, de um momento posterior aos acontecimentos já que o conto são lembranças: “Você se lembra”. O tempo do enunciado? Imediatamente depois da Primeira Guerra. Portanto, um flashback e, neste caso, o tempo do enunciado não “alcança” o tempo da enunciação.
Os fatos que correspondem ao conto referem-se às turbulências que então ocorriam nos Balcãs e no Oriente Médio. Como sabemos, a função do ambiente, como do tempo, é das mais esclarecedoras (verossimilhança). Mesmo sem nenhuma informação adicional sabemos que estamos diante de soldados, pessoas habituadas aos horrores da guerra.
Das funções do ambiente [5], podemos concluir que este se apresenta em conflito com os personagens. Ora, pelo simples fato de se tratar de uma guerra. Foi o ambiente responsável por tudo e que desencadeou o flashback, com as lembranças terríveis. É claro que são as personagens que fazem os ambientes, portanto, estas são as antagonistas no sentido último da questão. Mas neste pequeno organismo fechado (o conto) o que o transcende não nos interessa.
Narrador-protagonista, em primeira pessoa. Predomínio da Cena. Discurso indireto na maioria das vezes. Este último parece-nos uma opção das mais significativas. Veja que discurso direto só mereceu o ajudante de artilharia (americano também), sendo o único personagem, que por alguns momentos, divide a cena com o protagonista:
"Chamei-o e disse:
_ Isso é só porque você pode ter falado com qualquer oficial turco.
_ Não falei com oficial nenhum.
_ Não duvido - disse eu - mas é melhor que você vá para o navio e não volte à terra até o fim do dia".
E vejam o tom de credibilidade que ele recebe. O oficial turco, por sua vez, não merece voz. Quanto as mulheres do cais, também o tratamento é diferenciado:
“Elas disseram: ‘Quer dar uma olhada nela, seu moço?’ Portanto, tive de olhar para ela”.
Além do protagonista não se dignar a trocar palavras, elas não mereceram os expressivos travessões. É como se, figurativamente, as aspas as prendessem, isto é, prendessem suas lamentações e dores.
Deixamos uma questão em suspenso no decorrer desta pequena análise, a saber, “a idiossincrasia do americano típico”. É sabido do caráter patriótico e nacionalista deste povo em detrimento de uma certa impermeabilidade aos dissabores dos outros. Este conto, se, por um lado, demonstra isto, inclusive pela opção discursiva, como verificamos; por outro, mostra um ex-soldado atormentado, um homem que sofre e tal sofrimento fica configurado naquela ironia despropositada. Hemingway pretendeu, podemos concluir, um olhar crítico, alfinetando a alma de seus compatriotas, arrancando-lhes as máscaras e expondo-lhes as contradições. Não podia ter sido mais feliz, inclusive, pela conveniente escolha do foco narrativo.
Fevereiro de 1999.
BIBLIOGRAFIA E NOTAS
[1] HEMINGWAY, Ernest. Contos. 3.ª ed. Trad. A . Veiga Fialho. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1976. p.7-9.
[2] Mustafá Kemal, importante figura pública da Turquia.
[3] ARRUDA, José Jobson de A. História moderna e contemporânea. São Paulo: Ática, 1983. p. 271.
[4] LEITE, Lígia Chiappini Moraes. O foco narrativo. 3.ed. São Paulo: Ática, 1987. Série Princípio, 4.
[5] GANCHO Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 1991. Série Princípios, 207.
Dante Gatto
Professor da UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso)
conto hiperbreve de Arthur Cravan jr
premio faroni de textos hiperbreves 2002
trad.: zpa
Hemingway Vs. Stevenson
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El club de los asesinos se enfrenta al club de los suicidas. Tan sólo un asesino es lo bastante rápido.
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O clube dos assassinos enfrenta o clube dos suicidas. Só um dos assassinos é rápido o bastante.
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[http://www.notodo.com/concursos/15lineas/obra.php?idescrito=64
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Mulher de Trinta e Oito
- Ta sentindo culpa? - acendi um cigarro.
Culpa é uma coisa tesuda. "Do you 'ismóqui'?"
- Qual é o seu nome? - Aí mandei calar a boca.
Trinta e oito ano, dois filhos gordinhos. Um marido impotente que "lê livros técnicos". Enfado. Ódio. Tesão.
Quis assassina-la.
Mas tava beleza, a gente tava fudendo legal. Então, pedi pra ela me chamar de caubói.
- Sou um cara mau, compreende? - e apaguei o cigarro no colchão.
Ocorreu-me - por que diabos? - a figura doutrinadora de Clodovil Hernández, fazendo biquinho. Eu disse pra ela ir rebolando em direção ao parapeito.
- Olha lá pra baixo! - eu gritava "olha!, olha!" - e, no deck, enchia a cara de Gin.
Uma bundinha ok. Ela disse que tava "com medo" ou alguma coisa parecida - vestia um roupão felpudo. Quando esvaziei a garrafa de Gin e me aproximei sem que ela percebesse, trazia no bolso do meu roupão (eu e ela de roupão, ridículos) um cutelo afiado e a surpreendi, gritando:
- Um cutelo!
- Ah, amor?!
- Sabe pra que serve isso? Já ouvi falar em desossamento?
A idiota recolheu-se na própria idiotice. O que chamam por aí de "posiçãofetal". Uma puta frescura, diga-se de passagem.
- Ce já voou? - perguntei pra ela e ao mesmo tempo joguei o cutelo do décimo segundo andar.
Ela não sabia voar. E nunca ouvira falar em cutelos, machadinhas, desossamento. Mandei ela se desenrolar daquela posição idiota. E...
- então, me chama de Hemingway, porra! porra!
A mulher não sabia quem era Hemingway. Ela queria me explicar por que traía o marido. Tive vontade de assassina-la, pela segunda vez. E pedi - delicadamente, segurando minha pica em riste - pra ela mudar de assunto.
Eu não tava lá pra resolver problema de ninguém. O marido ("só leio livros técnicos"), engenheiros da Cosipa, jamais investira na direção do rabo cheio de merda da esposa. Em geral, leitores de "livros técnicos" não sabem distinguir um "enjambement" trivial de uma sofisticada foda-aranha.
- Seu marido é um apache.
Sei lá. Essa gente é devedora crônica de IPTU. Não sabe foder. E falta tesão, sobretudo. De modo que falar em tecnologia é redundância. Quanto mais avançada mais redundante. Em 1977 o Corcel II GT era um puta carrão... eu me lembro disso (levava porrada direto naquela época).
- Um cu agridoce é fundamental - sentenciei.
- O quê, amooooor?
É isso aí. O cu é assim mesmo: uma coisa meio sertaneja e cheia de merda ao mesmo tempo, agridoce. Azar dos engenheiros. Ou chifres pra eles.
Ela, a adúltera, revelou a "intimidade do cuzinho" depois de eu ter cogitado em substituir manteiga por margarina vegetal ("Cremosi", a mais barata). Aí pedi pra ela me chamar de Brando, Marlon Brando em 1972.
- O quê?! Você não viu "O Último Tango"?
Uma coisa. Não é toda mulher de engenheiro que merece ter o cu untado de margarina vegetal...
Uma lagartixa velha de 38 anos, daquele tamanho. Eu, num misto de vingança contra a turminha dos "livros técnicos", desprezo por aquela imbecil - e pau mole, evidentemente, perguntei:
- Onde é que você aprendeu a chupar assim?
- (...) - ela, embora tivesse servido prazerosamente meu esperma, guardava um pudor reticente de não saber explicar "onde, com sua mãe?" aprendeu a chupar e a engolir daquele jeito...
Em seguida, retomou a chupeta. Eu disse:
- Você devia apresentar o Jornal Nacional - ela mordiscava meus colhões. Aquilo tudo, enfim, só fez aumentar meu desejo de assassina-la. Outra coisa. Hemingway, antes de escrever livro pior do que "Paris é Uma Festa", acertadamente a meu ver, suicidou-se. Taxa broxa.
- deixa eu examinar uma coisa aí nos seus peitinhos...
Uhumm... firmes, hein? Uns pêlos duros e compridos em volta dos mamilos. Elogiei o descuido:
- Seios bonitos, baby.
Ela não sabia chorar. Mas chupava legal. Quando fui pego no contrapé:
- Nunca ninguém foi tão carinhoso comigo.
Um grude. Tive que usar de austeridade:
- Tá mal, hein? Sabia que eu toco punheta pruma cachorra?
Expliquei-lhe que Bela era um Labrador. Au au. Falei alguma coisa do "sumo" do qual Hemingway vivia reclamando, que tinha acabado tudo pra ele.
O efeito foi diabólico. Ela resignada (porque não era tesão) e, suponho, imaginando-se no programa da Silvia Poppovic, caiu de boca. Eu fiquei constrangido, tamanha a volúpia em querer chupar todas as picas, desde o pai ausente, passando pelo marido broxa e pelos filhos gordinhos, até descambar no Manolo Otero, todas as picas chupadas na minha pica. Até pensei em cobrar pelo serviço. O sonho da classe média sempre teve preço. A materialização da pica invisível ou um ataúde de mogno pra impressionar as amigas, custa, com direito a coroa de flores importada da Holanda, anúncio no jornal, socialites pra desfilar no velório, por baixo, incluídos aí óculos escuros pra viúva chupadeira e um uniforme limpinho pro coveiro, uns quinze mil reais. Eu interrompi:
- Pera aí.
E disse que ela tava ficando velha. Ou um livro de auto-ajuda. Qualquer merda... pra ela sumir. De modo que enchi a boca para falar em "Espasmos & Surtos Psicóticos". Também falei da minha vocação ("meu dom") natural de chupar cus.
- Uma cachorra! Bela é uma cachorra puta!
Ela não sabia o que isso "uma cachorra puta" queria dizer. Eu não tive saco para explicar-lhe o caso público de Cony e Mila. Ela enfiou a língua na minha orelha. Eu lhe enfiei um tabefe nas fuças, pra ela me respeitar.
- Toco punhetas pra Bela.
O marido engenheiro. Quando tive um daqueles espasmos. Usei - pela primeira vez, aliás - o cinzeiro para apagar o cigarro. Fiz o tipo "dois varrido apagando o cigarro", a imbecil nem se deu conta da importância cinematográfica do meu gesto.
- Bogart, me chama de Bogart.
Ela não sabia quem era Bogart. Joguei o secador de cabelos pela janela.
- Eu toco punhetas pruma cachorra!!!
A mulher de trinta e oito. O marido broxa. Um filho gordinho. Outro filho gordinho. Também tem a porra da "carência" e os malditos orgasmos do programa da Silvia Poppovic.
Ela não ia embora. Usei minha arma secreta:
- O irmão da Sandy é viadinho.
Ela sabia que o irmão da Sandy era o Junior!
- Acho que é. - entre deslumbrada e perplexa.
Era minha vez:
- Você "acha que é"? É isso o que você tem pra falar? Puta que pariu, eu estou falando de ética, entende?
Também falei do canino no céu da minha boca. Também falei da minha nostalgia por mandiopans. Eu levava porrada direto em 1972...
- Afinal, quem é que comia a bunda do Mario de Andrade?
Bela, a cachorra, não era só sexo para mim.
- Tem o "lance da troca" - ("alcança o alicate de unhas, amooor").
O "lance da troca" foi minha vingança contra a conversa de "carência, um outro alguém", etc. Então arrematei:
- Chupa.
A festa do meu casamento foi no Buffet Érica. Sou viúvo, minha senhora morreu degolada num acidente de trânsito.
- Você é a cara dela chupando minha pica.
Foi uma só pancada. Ela tombou com meu pau na boca. Usei o cutelo, um outro ainda mais afiado, desossei-a e joguei um negócio que parecia ser o útero da infeliz (ou seria a alma em forma de bife?) pela janela, lá do décimo segundo andar.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Carta da Ezir
Prezado Lúcio Jr.: Como seu blog é variegado!Estas novas incursões na Literatura NORTE-AMERICANA pela mídia são coisa de pioneiros.
Lembro-me de ler contos do E. Hemingway na Universidade e adorar porque ele explorava o modo de vida DOS VIAJANTES OU pessoas-homens perambulando por aí, pelas ILHAS DA AMÉRICA CENTRAL E CARIBE.sÓ ele deu conta de CONTAR suas estórias provavelmente VIAGENS pela aquela região TODA DO EQUADOR.tEM UM conto que li e reli estudou mil vezes e me deu vontade de revê-lo, pelo reflexo do modo de ser de um HOMEM-FORASTEIRO.Como este tema- NÃO SEI PORQUÊ - sempre me meio infeitiçou de mistérios... então , imagina se não gostei de saber deste lIVRO.Mas meu encontro com o ERnest , PAI, foi muito feliz porque foi o prmeiro livro em inglês que ganhe de um namorado quando comecei um curso de inglês perto do Aeroporto de Congonhas. A minha história de aprender um glossário inteiro TERMOS DESCRIÇÕES DA PELE DO ROSTO DO HOMEM-PESCADOR-MARINHEIRO todo queimado de TANTO CALOR DO SOL ... e os efeitos do SOL , das temperaturas dos trópicos sobre ele ea relação do tempo de exposição ao sol e seu trabalho com os peixes, o pescar...acho que ele me fez tomarmar tanto sol quente a pico que tive que seguir aquela técnica de leitura com muitas palavras NOVAS, E FUI PASSANDO E DEIXANDO pra ver o significado depois.Mas, aprendi bem as MARCAS NO ROSTO DELE em inglês : frekles, wreckless, pimples, mouth, cheek to cheek, pomes.Foi bem FULL CONTACT pra mim uma adolescente do Brooklin. Tão grossso o livro-pocket!!! tive que vendê-lo um dia e me arrependi!Depois comecei a fazer uma pequena coleção de livrinhos lierários , mas acabei não o adquirindo. capa AZULLZONA LINDA!!!aH, ESSE VELHO E O MAR! tHE OLD MAM AND THE SEA!!!prefiro ESTAS MEMÓRIAS DELE como escritor.Me choquei quando vi numa enciclopédia que eles se atirou.TãoCHARMOSO E GALANTE!LIDAR COM OS VÍCIOS E DOMÁ-LOS DENTRO DE NÓS É UMA TRAVESSIA DE HUMILDADE, ANTES DE TUDO, E RENDIMENTO A VIDA! abraços da Ezir
18 de Setembro de 2008 19:09
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Matéria do site Fazendo Estrelas: A Maldição dos Hemingway
Domingo, 14 de Setembro de 2008
a maldição dos hemingway
Trágicos desfechos perseguem a família de um dos maiores escritores da literatura mundial. Famoso pela vida aventureira, fascinado pelo perigo e vida selvagem, boxeador, caçador, bebedor, pescador, Ernest Hemingway era o modelo de virilidade. Em 1961, o autor se matou com um tiro de espingarda, na seqüência de crises de depressão. Também o seu pai, o médico Dr Clarence E. Hemingway, acometido de forte depressão se matou com um tiro em 1928. Sua irmã Ursula, após sofrer três cirurgias tomou uma overdose de barbitúricos em 1966. O tio Leicester, após ter as duas pernas amputadas por causa da diabete, também usou uma arma para se suicidar. A neta Margaux Hemingway, glamourosa atriz e modelo, segundo sua autópsia engoliu uma enorme quantidade de barbitúricos, em 1996.
Em 2001 foi a vez do filho mais novo do escritor, Gregory Hemingway, 69 anos, encontrado morto numa cela do ‘Centro de Detenção de Mulheres de Miami’. Ele estava preso havia cinco dias, detido por atentado ao pudor: vagava nu por uma rua de Miami usando jóias e carregando sapatos de salto alto. Fichado como Glória Hemingway não resistiu a problemas cardíacos e de hipertensão.
Greg teve uma vida repleta de dificuldades. Além da atormentada relação com o pai, foi acusado de ser a ovelha negra da família e de contribuir para a morte da mãe. Formado em medicina o abuso de álcool o fizeram perder a licença para clinicar. Movendo-se alternadamente entre depressões e crises maníacas havia a constante incerteza da identidade de gênero. Sentia-se melhor quando se vestia de mulher, mas isso não implicava um desejo homossexual, apaixonou-se e casou-se com várias mulheres. Como o seu pai, cultuava a virilidade através de caçadas na África e o convívio com a natureza selvagem do Estado de Montana onde, ao mesmo tempo, vestido de mulher, perambulava pelos bares.
Quis se tornar mulher, com quase sessenta anos. Passou um tempo com o implante de um seio só; e assim, já transformado parcialmente em mulher casou-se, pela quarta vez, em 1992. Em 1995, completou as cirurgias necessárias para mudar de sexo. Não por isso ele terminou seu casamento. Sua última aparição pública foi em uma festa sofisticada quando surgiu em um vestido preto e usando sapatos de salto agulha.
Essa estranha divisão de Gregory já estava em seu pai. O ilustre escritor aparece vestido de menina em fotos de sua infância, e há, em suas obras, passagens tocantes em que um homem e uma mulher que se amam são tentados por uma inversão de papéis pela qual o homem se tornaria mulher nos braços de sua amada. Todo o culto à masculinidade talvez fosse uma forma de conter a fascinação pelo feminino, e sobre a dificuldade de ser homem como regra de vida. Ou como no caso de Gregory, esta identidade masculina foi transmitida e imposta como uma bandeira, mesclada a isso existia a complexidade da identidade de gênero. Gregory obteve relativo sucesso como escritor. Deixou um espólio considerável que foi disputado numa complicada batalha judicial pelos filhos e pela viúva Ida, com quem se casou duas vezes: antes e depois da mudança de sexo.
Tudo isso é relatado no livro ‘Strange Tribe’ de John Hemingway, que conta a história do avô que morreu quando ele tinha apenas onze meses, do seu pai transexual e de como conseguiu se salvar da maldição dos Hemingway.
categoria: homossexuais célebres