Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Uma carta para Erik Fishuk sobre o pcb nos anos 50
E o que aconteceu? Stálin morreu, Beria o sucedeu, durou três meses e foi preso e morto num complô. Para garantir o sucesso do grupo, o marechal Zhukov deu um golpe garantindo o poder de Kruschev. Consolidado Kruschev, esse expôs sua nova interpretação da história em 1956: um relatório onde destruía a reputação de seu antecessor. O sucedâneo ideológico do golpe de estado que tinha sido dado. Ao fazer pesquisa em fontes primárias na Rússia, o professor Grover Furr verificou que o relatório contém 60 acusações falsas e uma duvidosa, das 61 que são feitas. Prestes entendeu parcialmente a situação ao repetir isso aqui dentro do PCB, tanto que deu o golpe ele mesmo, destituindo os seus camaradas do comitê central, ou seja, criando o racha que gerou o PC do B. Talvez ele pensasse que o golpe era inevitável. No fim das contas, o golpe foi contra ele mesmo, daí seu afastamento posterior. O que se deveria fazer, nesse caso, não era romper e sim discutir exaustivamente os temas tratados por Kruschev, pesquisar no próprio Lênin, traduzir artigos, etc.
Kruschev, com esse relatório, não visava apenas o poder, afastando o grupo de Stálin definitivamente, mas também agiu para colocar o seu grupo, que representava a burocracia autoritária, definitivamente no poder, colocando uma interpretação que se mostrou falsa do marxismo-leninismo (mas que só se mostrou definitivamente falsa quando aplicada por Gorbachev). Kruschev era parte de uma burocracia que passava a trabalhar no sentido de se tornar burguesia, mas não podia pregar a contra-revolução pacífica abertamente. Mas como, você poderia perguntar, a burocracia autoritária não estava no poder com Stálin? A resposta é não, no período Stálin, assim como depois na revolução cultural chinesa, o partido estimulava a cobrança do povo em relação aos dirigentes. Kruschev inverte o sentido das cobranças do período Stálin: na coletivização, industrialização forçada e expurgos, a grande pressão era foi sobre a burocracia e os dirigentes, recaindo sobre o povo em momentos como a Yezovchina, a conspiração de Nikolai Yezhov (o próprio chefe da NKVD era um conspirador zinovievista-trotsquista que prendeu inocentes para estimular um golpe, vejam só), mas que não foi o sentido geral dessas cobranças.
O artigo fala sobre a URSS, mas baseia-se em historiadores de corte trotsquista ou eurocomunista como Wallenstein e Claudín. Kruschev favoreceu muitíssimo essa linha de pensamento. O resultado do relatório Kruschev foi o racha internacional do movimento comunista, com a China e a Albânia rompendo com a União Soviética e inúmeros rachas ocorrendo mundo afora, inclusive no Brasil. O racha na Hungria, em 1956, acentua o que é o kruschevismo na prática: contra-revolução pacífica inspirada no titismo iugoslavo, mas que no contexto húngaro descamba para guerra civil, evitada com a intervenção do exército vermelho. Tito era o kruschevismo antes de Kruschev.
No Brasil, penso que a grande questão, desde 1945, é que o partido hesitava em considerar Vargas e seus seguidores como aquela burguesia nacional que deveriam apoiar para cumprir um programa reformista. Um dos motivos é que mesmo o governo Vargas ou Jango não chegam a legalizar o partido comunista, o que o deixou numa situação desfavorável. Vargas e Jango representavam essa burguesia nacional e por isso foram apagados da história.
O kruschevismo favorece tanto o reformismo eurocomunista quanto o trotsquismo e outros desvios que visam, no fim, Lênin. Kruschev foi o desafogo e a festa dos intelectuais de classe média, satisfeitos de enfim se verem livres de conceitos como “ditadura do proletariado”.
Essa burguesia nacional existia, representada por empresários como Wallinho Simonsen, dono da TV Excelsior e da Panair, que apoiou Jango até o fim em 64 e perdeu suas empresas por causa disso. Esse setor apoiou, de fato, medidas que implicavam em disputar um projeto com o imperialismo, tais como reforma agrária e taxa de remessa de lucros para as multinacionais. O projeto nacionalista de Hugo Chávez, bem sucedido, constitui-se basicamente no sucesso da boliburguesia ( que nada mais é do que a burguesia nacional) que estabeleceu uma aliança com partidos e movimentos sociais que apóiam o presidente. O PT repete em certa medida essa aliança no Brasil, mas a burguesia nacional não existe da mesma forma aqui, existindo apenas uma burguesia de interesses nacionais, tais como Eike Batista, na prática associada ao capital internacional e às multinacionais, mas que lucra com um projeto brasileiro próprio.
Aliás, voltando, seu tema principal é a “inevitabilidade do socialismo”. Ora, esse discurso é justamente o tal socialismo democrático que, com o tempo, o PT promete que vai chegar. Ou seja, vai chegar tanto como se fosse um Gorbachev prometendo que vai chegar!
Para quem quiser ler o artigo original, o blog do Erik é:
http://materialismofilosofia.blogspot.com/2012/02/erick-fishuk-inevitabilidade-do.html
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Carta aos participantes do Ocupar BH
Eu deixei um comentário aqui sobre uma proposta de palestra sobre a história do socialismo e ele não foi respondido (foi apagado, suponho). Enviei também a bibliografia que estou traduzindo sobre o período Stálin para vcs e não fui respondido. Eu suponho que isso decorre do pensamento de classe média que vcs produzem, com papos furados sobre anarquismo e Cristiânia, sobre não ter líderes e hierarquias, etc. Vcs são de classe média e estão num bairro de classe média. Eu sugiro que se desloquem para a Praça da Rodoviária e evoluam para um espaço soviético de discussão de experiências socialistas passadas, com os moradores e passantes participando e solidificando um espaço de educação popular socialista, que abracem a ideologia que apresenta o ponto de vista do povo: Marx, Lênin, Stálin, Mao, Ivan Pinheiro, Gilberto Vasconcellos, Laerte Braga; senão irão dar com os burros n´água. O programa de vocês não é viável no capitalismo: a democracia possível no capitalismo é essa e o sistema financeiro não tem salvação é daí para pior, não se iludam.
Atenciosamente,
Professor Lúcio Jr.
Blog do Ocupar BH: http://ocupabh.org/2011/12/31/feliz-ano-mundo-novo/#respond
terça-feira, 24 de maio de 2011
Risque o meu nome do seu caderno...
Como está na moda fazer carta de exoneração, farei também a minha: quero ser exonerado do papel de orientando de Maria Eugênia Boaventura, conforme ainda (apesar de meus apelos desesperados) consta no site dessa professora da UNICAMP:
Orientandos Doutorado:
1. Roberval Pereira – “Campos de Carvalho: o desertor no deserto”.
PICD, defesa realizada em 06 abril de 2000.
2. Mirhiane Mendes de Abreu – “Notas de rodapé: um toque de verossimilhança aos romances indianistas alencarianos”,
FAPESP. Defesa realizada em Outubro/2002.
3. Eloesio Paulo dos Reis – “A loucura como alegoria em três romances dos anos 70”,
FAPESP. Defesa realizada em fevereiro de 2004.
4. Pascoal Farinaccio – “A questão da representação e o romance brasileiro contemporâneo”.
FAPESP. Defesa realizada em abril de 2004.
5. Antonia Maria Nunes – "Manuel Bandeira, gênese e memória: revelação de uma poética". CNPq. Exame de qualificação realizado em abril de 2004.
6. Sebastião Marques – “A construção dos personagens na Trilogia do Exílio de Oswald de Andrade”.
7. Lúcio Júnior – "A trilogia de Plínio Salgado e o Marco Zero de Oswald". Em andamento. Defesa realizada em abril de 2004.
8. Benilton Lobato Cruz . “Expressionismo alemão e a poesia do modernismo. Iniciada em 2006
http://www.unicamp.br/~boaventu/page1.htm
Minhas divergências com Maria Eugênia são inúmeras, mas ressalto as de natureza política. Sou simpatizante do comunismo e Maria Eugênia é a favor de privatizações. A professora me disse que não se pode garantir se Oswald de Andrade foi comunista, embora seja evidente em seus textos entre 1930-45 e isso conste até da biografia de Oswald escrita pela própria Maria Eugênia (O Salão e a Selva). Sinto muito, mas esse tipo de coisa enche o saco. E meu trabalho era justamente sobre a fase comunista do Oswald de Andrade, fase do romance Marco Zero.
Por isso, fica difícil escutar tolices tais como "Não sei porque o Oswald não participou da revolução de 32..." Ora, ora, minha cara, não só Oswaldão não participou como chamou os estudantes que a puxaram de "cânceres" de São Paulo e achou muito bom que a classe trabalhadora paulista não tenha lutado, em peso, ao lado do que chamou de tubarões feudais. As tais elites, "zelites", que vc tanto repete, porque provavelmente quer ser dessas "elites"...são isso, minha cara!!! Mas lembre-se de que essas elites não gostam de baianos. Eles dizem que os baianos vieram para o sul cantar: "ó que saudade da Bahia. Se é por falta de adeus." E lembremos que Oswald ridicularizou 32 em MZ.
Guardei também e-mails da professora prometendo que em fevereiro de 2010 eu defenderia minha dissertação...tou esperando até hoje!
É isso, que não seja por falta de adeus: RISQUE O MEU NOME DO SEU CADERNO, JÁ NÃO SUPORTO O INFERNO!!!!!!!!!!
domingo, 10 de abril de 2011
Uma Análise da carta do atirador Wellington
Vi análises pobres desse texto na web. Umas tentam aproximá-lo ao Islã, outras, do pessoal do campo "psi", tentam enquadrá-lo em patologias ou absolvê-lo de outras.
Wellington, o mestiço de classe média baixa do subúrbio excluído da Globo e do Big Brother, que não vive na Zona Sul e não transa belas artistas da Globo, é quem vem anunciar, com seu culto da morte, que já chegamos no estágio da barbárie tecnológica imperialista. O Brasil é um país "desenvolvido", enfim.
Em primeiro, a mídia jamais se denunciará, então é preciso denunciá-la: foi a comunicação de massa que alimentou o desejo de encher as "telinhas" com uma chacina diretamente importada de Columbine, nos USA. Antes de mais nada, Wellington apresentou a cabeça colonizada, o desejo desesperado de aparecer com um feito nas telinhas, ainda que um feito horrível.
Rodrigo Pimentel, Beltrame, Padilha, o Rio de Janeiro com sua guerra entre milícias, traficantes e PM corrupta criaram o ambiente de guerra onde a mente de Wellington pode se alimentar, com fertilidade, de fantasias violentas e partiu para a prática de assassino serial.
Nesse ambiente violento, uma mente doentia alimenta obsessão pela morte e deseja ser o centro da atenção, "encher as telinhas", mesmo que seja com algo horrível. Como Paris Hilton, como os heróis de Bial, ele quer aparecer, mesmo fazendo algo de gosto abominável, um monstruoso crime.
A carta é dividida em três partes: a primeira é o delírio onde Welligton fantasia a própria morte. Para ele, a morte é Deus, Deus é a morte, não amor. A morte, para ele, merece culto, é bela, é um dom. E ele quer distribuir essa dádiva generosamente. É puro porque, em seu delírio, é um campeão do culto da morte. Para ele, subvertendo o sistema de crenças do cristianismo, que lhe daria, se perguntasse a uma autoridade, uma passagem direta para queimar no fogo do inferno, Deus é a morte, a negação da vida e da sexualidade é que é divina.
Nesse delírio, todos os fracassos viram sucesso, viram a marca de um eleito, alguém superior. Mesmo assim, esse praticante do culto da morte precisa ser banhado, precisa de rituais de purificação. E as razões de seu ato horrível, ele nos nega.
Depois que ele se refere à mãe, à origem, o delírio cessa em parte e ele percebe quem, originalmente, ele era. De agredido que passará, em breve, à posição de agressor e predador, ele percebe que sairá perdendo e pede que alguém cultue, também, sua morte. O "eleito" julga saber a verdade sobre o cristianismo: para Welligton, virgem como um padre, na verdade o cristianismo é culto da morte também e por isso basta orar que Jesus o buscará em sua segunda vinda.
Além de ser necessário saber punir quem vendeu as armas, é preciso saber quem e onde ele treinou. E, também, se participou de seitas religiosas fundamentalistas.
Efetivamente, prevenir o bullying é uma boa atitude para evitar que esse desastre se repita. Denunciar a mídia que propagandeia que o importante é aparecer na telinha, que alguém existe se ali aparece, é outro.
Na última parte da carta, Wellington apresenta preocupações pequeno-burguesas sobre seus bens após a morte. É tão grande o apego a coisas que se pode ver as pessoas não significam nada. Ao matar, ele alimentará seu culto ao seu Deus-morte; eliminará algumas coisas, alguns obstáculos para chegar ao corredor que leva à Globo. O mestiço pobre, o menino rejeitado no ventre da mãe, chegará enfim a seu objetivo, será "alguém".
É esse o sentido obscuro de seus atos: aparecer na mídia, ser objeto de atenção. Na última parte da carta, com repetições obsessivas e coisificantes, o pequeno-burguês mesquinho vomita suas certezas: prefere as coisas e os animais à família, às pessoas. Ele quer intermediar, do além, uma briga de família por seu mísero apartamento, indiferente ao sofrimento que irá causar nos parentes. Para escrever suas certezas idiotas, para exprimir seu desprezo ao seu semelhante que trata como coisa, ele escreve em português padrão, provavelmente porque deve imaginar que sua pureza poderá ser maculada pelo professor Pasquale quando a carta sair na mídia.
A razão de seu crime é que ele, fracassado, queria aparecer na mídia e obteve sucesso em seu intento. Estimulados por essa publicidade, outros farão o mesmo. A TV não está preparada para não cobrir esse fato com a justificativa de evitar outros. Esse tipo é justamente o fato que mais a atrai. Sem ética, ela lucra. Wellington, cujo ego era completamente formado pela telinha, sabia disso. Ontem mesmo fizeram o mesmo na Holanda.
O ventre de onde saiu esse monstro continua fértil.
Aguardem.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Carta ao Alex sobre o esquerdismo
Camarada:
Gostei muitíssimo de seu texto sobre o Esquerdismo e gostaria de fazer
algumas observações a respeito dele. Nele você fala da dificuldade em
organizar a militância e fundar as células nas cidades do interior, assunto
que me interessa bastante. Em primeiro, gostaria de opinar sobre esse
assunto que o motiva a escrever, o esquerdismo tal como definido por Lênin.
Em primeiro, ao tratar dele, você reclama com razão de uma má vontade com as
eleições que se pode observar na resposta do holandês Anton Pannekoek em uma
carta em resposta a Lênin. O principal argumento de Pannekoek é que um russo
como Lênin, que viveu sempre sobre o absolutismo, não pode conhecer a
estrutura que é a democracia capitalista holandesa, que Pannekoek pretendia
desmontar a partir da base, sem participar de eleição alguma. No entanto,
para desmontar tal estrutura, concordo com Lênin que seria preciso lutar
dentro e fora dela, justamente pelo fato dela ser forte. Mas o fato é que
ali, Lênin fala a partir do ponto de vista de alguém que pode dar lições
sobre como conduzir a revolução, pois está à testa de uma revolução
vitoriosa. Não estando à testa de uma experiência bem sucedida, parte dessa
autoridade se esvai. Pode-se dizer que, hoje em dia, o esquerdismo é bem
mais disseminado do que o marxismo-leninismo tradicional.
O fato é que os grupos de esquerda passaram a chamar aqueles que deles
divergem de infantis, de imaturos, de forma muito livre (o que não é o caso
do seu artigo). Daí, a avaliação produziu um adjetivo, um julgamento moral,
que é algo que o artigo de Lênin traz muito sutilmente, como no título, onde
fala em “doença infantil”. Assim, surge uma metáfora medicalizante: o
esquerdista seria um doente, um infantil, um imaturo, um ignorante. A
direita apropriou-se dessa imagem para fazer dela a imagem de todo
comunista, como na frase boboca que faz orgulho a Churchill e foi citada por
Lula: “Quem não é socialista aos vinte anos não tem coração, quem não é
conservador aos cinqüenta não tem cabeça”. Assim, teríamos a fórmula de que
só se pode ser socialista sem cabeça e conservador sem coração. Mas é
justamente de “socialistas sem cabeça” que estamos tratando aqui.
A realidade é tão adversa que é preciso fazer mais do que um julgamento
moral: qual será a conformação social, econômica e psicológica que gera algo
tão insistente como a vontade de resolver as coisas sem paciência, sem
método, rápido demais, para chegar mais rápido ao futuro, ignorando um
conselho de um brilhante revolucionário como Lênin com um argumento
culturalista infundado como esse citado acima? É algo que não decorre da
experiência do stalinismo, pois existia antes dele. No entanto, essas
acusações a respeito dos supostos massacres de Stálin e sobre o stalinismo
real precisam ser respondidas, pois é o ataque que a mídia repete
diariamente, sempre que tem oportunidade. É um fardo ter que dizer isso, mas
a mídia dá a tarefa de defender as facetas positivas de Stálin, Mao e Pol
Pot ao repetir acusações insistentes contra eles. Sem encontrar na
militância comunista argumentos e respostas, é muito fácil que as pessoas
não queiram se envolver e busquem saída no esquerdismo, que busquem grupos
de “ação direta”, “autônoma”, opondo-se a partidos, supondo que a
centralização, a administração e a disciplina necessárias em qualquer
partido levarão faltamente ao dogmatismo cego e a novas repressões.
Não só as denúncias contra Stálin, que se voltam contra o socialismo como um
tudo, ajudam a empurrar as pessoas para o esquerdismo, assim como os
acontecimentos dos anos 60 levaram essa vaga ainda mais adiante. O
esquerdismo apresentou-se justamente enquanto alternativa para o conflito
entre USA e URSS. O comportamento da chamada “nova esquerda”, embora
apresente uma problemática nova e que precisa ser estudada, tinha muitos
pontos em comum com os grupos que Lênin critica.
Assim sendo, coloco um outro desdobramento do problema: o marxismo, que
possibilita aos trabalhadores a consciência revolucionária, é um tipo de
explicação do mundo que está muito mais acessível aos intelectuais, à
pequena burguesia letrada do que aos operários e camponeses. Não é
transmitido pelo senso comum, não é facilmente transmissível de pai para
filho. Implica em estudos, leituras, participação em sindicatos ou partidos.
Tendo origem na pequena burguesia, o intelectual precisa revolucionar seu
pensamento para atingir as posições proletárias. Mas o intelectual muitas
vezes imagina que já sabe tudo o que precisa saber, que com seus
raciocínios, sem muita pesquisa, esforço e prática, chegará à conclusão de
qual é a ação correta, daí a pressa e a impaciência, que faz com que as
experiências bem sucedidas e a voz de um militante mais experiente não sejam
escutadas.
Creio que é pode ser essa contradição que reside na base dos variados
esquerdismos. O anarquista sonha então em acabar logo com o estado sem
passar pela ditadura do proletariado de Lênin, supondo que a teoria de Lênin
e Stálin da revolução em um só país seria violentar a teoria de Marx, só
porque ele não criou essa teoria, supondo que ela criada somente para que
pudessem justificar o fato de que detinham poder.
Não idealizamos o proletário e digamos que o contrário também existe: o
proletário que tem resistência à teoria por ela ter de ser aprendida junto a
pessoas de origem pequeno-burguesa. Ele supõe que uma teoria marxista também
seria pequeno-burguesa e que também visa explorá-lo.
O PT é um exemplo curioso. Esse partido em sua origem criticava tanto as
revoluções socialistas quanto trabalhistas anteriores, mas adotava uma
plataforma revolucionária com a finalidade de superá-las. Enquanto tanto o
PDT quanto o PCB confiaram que existia uma “burguesia nacional progressista”
comandando a transição, o PT crescia e triunfava em sua radicalização
esquerdista de um partido dos trabalhadores, “sem patrões”, mas não porque
avaliasse seriamente que essa burguesia com um projeto nacional capaz de
enfrentar o imperialismo não existia, mas porque essa estratégia era
proveitosa no momento. Assim, na prática creio que sempre foi,
majoritariamente, um grupo social-democrata de direita, com fraseologia de
esquerda. A plataforma democrático-popular era adotada não por convicção,
mas para competir com os demais partidos de esquerda. Atentemos para isso,
portanto: a violenta competição entre as organizações de esquerda, que faz
com que organizações adotem essa ou aquela política ditadas pela necessidade
de competir, mas sem acreditar a fundo nelas.
Aliás, derrubada a URSS e com a burguesia internacionalizando-se em último
grau nos anos 90, derrotados o PCB e Brizola, o PT passa a se aliar com os
patrões. Passou de um início esquerdista para a senilidade neoliberal, tendo
em comum ter tido sempre como inimigos os setores da burguesia que desejavam
um projeto nacional, setores esses que praticamente deixaram de existir a
partir das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. Então estamos
vivendo o flagelo de ter que um partido de esquerda de massas, que unia
sindicalismo, intelectuais rompidos com o trabalhismo e a URSS e os setores
progressistas da Igreja Católica, passando de um comportamento “esquerdista”
a neoliberal. Após conquistado o estado, o partido prosseguiu mantendo sua
base na esquerda e ampliando-a para a direita ao adotar posições mais
conservadoras. O fim da URSS, a respeito de cujo projeto diziam não se
interessar, mostrou-se, no entanto, determinante no comportamento que
assumiram posteriormente.
Creio que numa situação tão desfavorável quanto é a de fundar um partido em
pequenos municípios conservadores, onde um militante fica extremamente
exposto, existem várias precauções que precisam ser tomadas. Não é a questão
de fazer treinamento para a luta armada, mas não é descabido que o partido
promova cursos de defesa e segurança pessoal para seus militantes.
A grande proprietária espiritual das populações interioranas é a Igreja
Católica. Outra fonte de informação determinante é a televisão. Em ambas a
discussão política aberta e explícita não existe, mas uma visão política é
transmitida indiretamente e naturalizada, em ambas existe quase que uma
totalização conservadora, uma verdadeira lavagem cerebral. Nesse contexto
profundamente adverso, creio que o militante precisa se inserir nos espaços
que estiverem disponíveis, sejam eles uma Comunidade Eclesial de Base ou uma
torcida organizada.
E, finalmente, creio que no interior o comunista deve lidar com todos
pequenos grupos esquerdistas que encontrar, buscando cooperar com eles e
entender o meio onde está participando, buscando atenuar justamente a
competição entre as organizações de esquerda.
Em diálogo com o seguinte texto:
http://saojoaodelpueblo-pcb.blogspot.com/2011/03/infantilidades-dos-comunistas.html
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Carta com propostas para Bom Despacho
• Diante do fato de que não existe uma Lei Municipal de Cultura, os artistas locais contam com a administração para algumas atividades esparsas, mas no geral a cultura, artes e comunicações estão entregues à competição selvagem do mercado e contam com ajuda insuficiente da administração local. Convoca-se, através desta, os cidadãos interessados em cultura para tomarem uma atitude em relação à redação da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
• Apoio à Festa de Reinado com divisão igual da verba destinada aos cortes envolvidos na Festa.
• Se a conjuntura política da atual administração é de crise, também crítica se encontra a situação dos músicos locais, que encontram pouquíssimos espaços de trabalho remunerado. Reivindica-se, através desta, espaço remunerado nas rádios de Bom Despacho para os músicos locais.
• Necessidade de criação e apoio à TV local (lutar para trazer TV Interativa também para a TV como canal aberto) e uma rádio comunitária (que poderia ser a 104, 7 Killer FM, legalizada).
• Apoio a iniciativas como o Coral Voz e Vida, assim como a volta das aulas de Música às escolas.
• Exigir apoio da comunidade e da administração para iniciativas como a editora Dez Escritos. Reivindicar o estímulo à produção de produção oral e escrita na Língua do Negro da Costa, também conhecida como “gira da Tabatinga”, tendo em vista preservar esse rico patrimônio lingüístico local, ameaçado de extinção; apoio ao cumprimento de lei que obriga a inclusão de aulas de cultura afro-brasileira, ausentes na cidade, com exceção de uma experiência na Escola Martinho Fidélis. Criação de oficinas e apoio à publicação de livros na Língua do Negro da Costa (“Gira” da Tabatinga)
• Pagamento do INSS para os funcionários demitidos da prefeitura.
• Pagamento do piso salarial de oitocentos reais (por 25 horas semanais) para os professores.
• Estatização das siderúrgicas locais, hoje paradas devido à crise, com indenizações para os trabalhadores e para os moradores do bairro São Vicente, que há anos conviveram com a poluição.
• Revitalização do Beco dos Aflitos, com valorização do patrimônio afro local.
• Liberdade de organização e reunião para o movimento estudantil da UNIPAC Bom Despacho. Transformação da dívida da UNIPAC com a prefeitura em bolsas para os estudantes.
• Não à privatização da BR 262 depois de duplicada e não ao pagamento de pedágios. Ampliação da duplicação até Bom Despacho (atualmente, só chega até Nova Serrana). Construção do trevo diante da UNIPAC para maior segurança dos alunos.
• Construção do aterro sanitário local.
• Criação do Parque Mata do Batalhão, transformando a mata em um parque ecológico público sob controle do município.
• Apoio aos pequenos produtores locais para que possam se opor ao agronegócio e dizerem não aos transgênicos.
• Reinstalação do posto do ministério do trabalho que Bom Despacho perdeu.
• Apoio à construção da sede da ADEFIS (Associação dos Deficientes Físicos) e da sede da escola de música do maestro Domingos.
• Apoio à CPI do prefeito Haroldo Queiroz e, se ela comprovar as acusações, impeachment já.
Isto posto, convido a todos para debater os pontos acima aqui no revista cidade sol.
Adorei os seguintes questionamentos recebidos:
Anônimo disse...
1-A arte e a cultura devem ter investimento, inclusive em cidades pequenas, já que os únicos que conseguem desenvolver são destinados as tradições locais. Então para haver mais pluralidade cultural e artística que são limitadas.
2-Temos urgentemente de criar veículos públicos de comunicação. E a radio comunitária é um dos meios mais eficientes e populares para o interior.
3-Sobre os desempregados, é necessário pagar seguro desemprego, ou já está pagando?INSS também...
4-O piso nacional dos professores, em termos de Brasil, se não me engano, é 950, mas os neoliberais de Minas pagam mais ou menos 600 reais na pratica. Esse piso colocado, no blog, é para professores da rede municipal? Ou será que as horas semanais desse piso é bem menor do que o nacional?O que justificaria um valor menor...?
5-Uai, se tem empresas paradas, o estado (poder publico) tem a obrigação de levantar isso. Já a poluição é outro agravante, que tem que ser prevenido e combatido...
6-Geralmente as universidades particulares têm movimento muito fraco em relação às publicas. Esses movimentos devem ser criados para essas universidades alcançar a eficiência e as decisões democráticas que tem nas publica, tornando assim instituições de ensino “semi-social”.
7-A preservação do meio ambiente é uma bandeira do futuro e presente e apenas os reacionários e conservadores não as defendem, ou não enxergam a importância de defendê-las. Refiro ao parque e ao aterro.
8-Não apoiar a manutenção de pequenos produtores, ou pequenas propriedades, é uma bandeira que os comunistas não apóiam como têm muitos por ai dizendo. É conciliável existir socialismo com pequenas propriedades produtivas, com regulação da sociedade é claro.
9-Um posto do ministério de trabalho ajudara cada vez mais os trabalhadores conhecer seus direitos e lutar por eles.
10-Político corrupto e culpado é demissão, mas acho que isso só não basta, ou seja, é cadeia neles e sem privilégios de preso político.
3 de agosto de 2010 14:03
Em breve tentarei respondê-los.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Carta ao povo brasileiro, por Cesare Battisti

Carta ao povo brasileiro, por Cesare Battisti*
Data: 19/11/2009 - 20/11/2009
AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA
PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL SUPREMO MAGISTRADO DA NAÇÃO BRASILEIRA
"Trinta anos mudam muitas coisas na vida dos homens, e às vezes fazem uma vida toda". (O homem em revolta - Albert Camus)
Se olharmos um pouco nosso passado a partir de um ponto de vista histórico, quantos entre nós, podem sinceramente dizer que nunca desejou afirmar a própria humanidade, de desenvolvê-la em todos os seus aspectos em uma ampla liberdade. Poucos. Pouquíssimos são os homens e mulheres de minha geração que não sonharam com um mundo diferente, mais justo.
Entretanto, frequentemente, por pura curiosidade ou circunstâncias, somente alguns decidiram lançar-se na luta, sacrificando a própria vida.
Minha história pessoal é notoriamente bastante conhecida para voltar de novo sobre as relações da escolha que me levou à luta armada. Apenas sei que éramos milhares, e que alguns morreram, outros estão presos, e muito exilados.
Sabíamos que podia acabar assim. Quantos foram os exemplos de revolução que faliram e que a história já nos havia revelado? Ainda assim, recomeçamos, erramos e até perdemos. Não tudo! Os sonhos continuam!
Muitas conquistas sociais que hoje os italianos estão usufruindo foram conquistadas graças ao sangue derramado por esses companheiros da utopia. Eu sou fruto desses anos 70, assim como muitos outros aqui no Brasil, inclusive muitos companheiros que hoje são responsáveis pelos destinos do povo brasileiro. Eu na verdade não perdi nada, porque não lutei por algo que podia levar comigo. Mas agora, detido aqui no Brasil não posso aceitar a humilhação de ser tratado de criminoso comum.
Por isso, frente à surpreendente obstinação de alguns ministros do STF que não querem ver o que era realmente a Itália dos anos 70, que me negam a intenção de meus atos; que fecharam os olhos frente à total falta de provas técnicas de minha culpabilidade referente aos quatro homicídios a mim atribuídos; não reconhecem a revelia do meu julgamento; a prescrição e quem sabe qual outro impedimento à extradição.
Além de tudo, é surpreendente e absurdo, que a Itália tenha me condenado por ativismo político e no Brasil alguns poucos teimam em me extraditar com base em envolvimento em crime comum. É um absurdo, principalmente por ter recebido do Governo Brasileiro a condição de refugiado, decisão à qual serei eternamente grato.
E frente ao fato das enormes dificuldades de ganhar essa batalha contra o poderoso governo italiano, o qual usou de todos os argumentos, ferramentas e armas, não me resta outra alternativa a não ser desde agora entrar em "GREVE DE FOME TOTAL", com o objetivo de que me sejam concedidos os direitos estabelecidos no estatuto do refugiado e preso político. Espero com isso impedir, num último ato de desespero, esta extradição, que para mim equivale a uma pena de morte.
Sempre lutei pela vida, mas se é para morrer, eu estou pronto, mas, nunca pela mão dos meus carrascos. Aqui neste país, no Brasil, continuarei minha luta até o fim, e, embora cansado, jamais vou desistir de lutar pela verdade. A verdade que alguns insistem em não querer ver, e este é o pior dos cegos, aquele que não quer ver.
Findo esta carta, agradecendo aos companheiros que desde o início da minha luta jamais me abandonaram e da mesma forma agradeço àqueles que chegaram de última hora, mas, que têm a mesma importância daqueles que estão ao meu lado desde o princípio de tudo. A vocês os meus sinceros agradecimentos. E como última sugestão eu recomendo que vocês continuem lutando pelos seus ideais, pelas suas convicções. Vale a pena!
Espero que o legado daqueles que tombaram no front da batalha não fique em vão. Podemos até perder uma batalha, mas tenho convicção de que a vitória nesta guerra está reservada aos que lutam pela generosa causa da justiça e da liberdade.
*Cesar Battisti é escritor e ativista político italiano
sábado, 3 de outubro de 2009
Carta para o Fernando e Anitha
Estou também triste de não ter feito nada, mas não saber o quê aconteceu também me entristece. Me consola o fato de que, olhando o blog dele outra vez, coletar poemas que dão a entender que ele não queria, explicitamente, ajuda de nós, amigos. Tinha essa ideia fixa com o suicídio, mas nunca nos disse: "eu me odeio e quero morrer", porque reagiríamos diante disso, conversaríamos, não é, e a ideia fixa, quem sabe, ficaria apagada, assim. Fiz o que estava ao meu alcance; ele gostou, quem sabe, até mais do James que de mim, tendo confidenciado ao James que estava mal. Nós o perdemos entre as mãos, como grãos de areia na praia. Mas que dá um desespero belo e aterrador ao ler o blog dele, onde todos os toques estão dados, unindo-se Torquato, Maiakóvski, Ian Curtis e outros...dá.
Morto, sim. Enterrado, está um pouco dentro de nós, também; só se enterrará totalmente com nossa morte, né. Fiz o que estava ao meu alcance, repito para mim mesmo. Ele me prometeu fazer uma blognovela, nunca fez, assim como prometi reproduzir os poemas dele no meu blog, nunca reproduzi. É triste, viu, é triste.
Lúcio,
lamento informar que a história é mesmo verdadeira, ele está morto e enterrado.
o Henrique era meu companheiro de birita e de algumas viagens pelo país. fui o primeiro a conhecer muitos de seus poemas, quando ele mesmo os lia nos bares que frequentávamos. além disso não foram poucas as noites que viramos de cara cheia discutindo os problemas do mundo e da vida, literatura, música, arte em geral...
mas agora isto é passado, a poesia dele permanecerá e não há muito mais que eu possa dizer sobre isso, posto que nem na época eu quis comentar e, como deve ter percebido, sequer citei este fato em meus blogs - não é uma questão de falta de consideração, ainda mais de mim que não via como apenas um artista e sim como um amigo; apenas acho que a vida é assim, não posso ficar lamentando para sempre, meu trabalho não é este.
por enquanto, posso lhe dizer que em breve surgirá um e-book reunindo seus melhores poemas, os quais estou ajudando a selecionar - é o melhor que posso fazer.
infelizmente, neste país, as pessoas ganham mais reconhecimento quando mortas que quando vivas, isso nós devemos lamentar.
abraço,
F.A.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Carta de Gunter Axt para Gerald
DE UM GRANDE AMIGO:
GUNTER AXT
Gerald, querido;
Vc produziu um belo texto de balanço de tua obra. Um poderoso desabafo! Raras vezes vê-se nos dias de hoje um artista tão desnudo, tão exposto, tão autêntico, tão corajoso e, sobretudo, tão coerente. Vc vem partilhando com a gente a sua crise, pessoal e profissional, com o teatro, há alguns anos, pelo blog. Graças a esta moderna ferramenta de comunicação, o teu público pôde partilhar das tuas angústias e das tuas dúvidas nos últimos tempos, coisa que, no passado, os artistas confiavam aos seus diários, ou a cartas endereçadas a uns poucos amigos próximos, dramas que chegavam ao grande público apenas anos mais tarde, em geral, anos após a sua morte. Quando vc se remete a Rembrandt, fala em morte e em renascimento. Eis uma conexão instigante: se vc e sua arte morrem em tempo real, on-line, comunicando num piscar de olhos aquilo que os grandes artistas do passado levavam décadas para transmitir, então a chance do renascimento é mais forte do que nunca.
A tua peculiar proximidade a Beckett, experiência para ti de enorme intensidade e vivida por tão poucos, fez dele, creio, uma espécie de alter-ego para vc. Diante disso, entendo que o problema de não ver sentido em continuar é, sim, bastante real e palpável. Pode parecer uma aporia, em se tratando justamente de Beckett, que dizia: “fracasse outra vez, fracasse melhor”. Estranho otimismo às avessas, otimismo encontrado na inversão, haurido da dupla negação, desse pessimista para com a condição humana, condição cujo destino se afiguraria melancólico e desamparado, como que sintetizando o desencanto agressivo de Schopenhauer, proclamando que a vida mais parece uma catástrofe e que a salvação, embora prometida, jamais chegará. Em minha modesta opinião, Beckett revolucionou o teatro não apenas pela sua técnica e pelo seu estilo únicos. Mas porque ele conduz, com estonteante naturalidade, seus leitores às fronteiras da razão, instaurando a instabilidade absoluta – e absurda – do Humano, que, como dizia Ortega y Gasset, está pela primeira vez na História integralmente diante de si mesmo, sem a âncora identitária do passado a lhe guiar os passos para o futuro, precisando, por isso mesmo, de uma nova revelação. Ortega era um conservador que preconizava a idílica restauração da erudição, a reconciliação reacionária com a tradição. Vc entende Beckett muito melhor do que eu, mas eu sempre achei que, bem ao estilo irlandês, ele seria irreverente de mais para um niilismo satírico à la Kafka, ou para, como Gasset, levar água ao moinho do discurso conservador. Joyce sinalizou para esta nova revelação, ao celebrar, em seu magnífico Ulisses, apesar de toda a deliciosa ironia obscena, o poder construtivo do homem comum, libertado, justamente, pelo século XX que, para Gasset não passava de uma rota expressa para a decadência. Creio que foi com este valor que Beckett dialogou, antecipando um mundo onde a verdade estaria erodida e a relatividade do signo estabelecida. É nesse contexto que o absurdo limiar do pensamento racional converte-se em poderosa ferramenta de libertação, pela confrontação do establishment, pela desestabilização dos sentidos. Sim, L.H.O.O.Q, cinco letras que em 1919 questionaram todos os alicerces da arte ocidental. A “loucura do inesperado” bombardeando a “arte da retina”. Ou o caos organizado do Caberet Voltaire como reflexão enfurecida sobre o caos letal fora de suas paredes – esse sim, absurdo! – de uma guerra cujo único objetivo parecia ser a carnificina em massa. Ou Ensor, antes ainda, irreverente, irônico, investindo contra o público apreciador de arte convencional. Não foi Picasso quem definiu o conjunto da arte moderna como uma soma de destruições? Quando Beckett escreveu, os móbiles de Calder, com seu equilíbrio precário, ainda não haviam cumprido o seu papel de tornar mais rasa a fossa abissal entre as vanguardas e o gosto da classe média. Escrevendo em outra língua que não a sua, adotando um outro país de residência, partilhando a diluição das identidades de um indivíduo, o mundo fluído que Backett antecipou chegou. Por que confrontar pela desestabilização do signo se ele já se tornou instável, se o relativismo já se tornou regra, se a verdade deixou de existir?
Sim, o East Village não tem mais a mesma graça. As cidades também cansam, tornam-se presas da própria atitude que ajudam a construir, já que atraem uma massa de viajantes ávidos por fruir a atitude que acabam ajudando a disseminar, mas também a matar. A Nova Iorque do Max’s Kansas City, com Warhol, Iggy Pop, Bowie, com happenings de Rauschenberg, de Simone Forti, Phil Glass, Steve Reich, Michael Snow, Eva Hesse… – não podia ser eterna. A linguagem ali fundada ganhou o mundo. O que antes era um diálogo de um coletivo de jovens brilhantes, hoje está nos mais consagrados museus, teatros e filarmônicas. Pode não ter logrado preencher todos os corações do planeta, mas… Se caras como Richard Serra eram então marginais, hoje se converteram em pontos de referência. E sem terem se rendido àquilo que o mercado então queria deles. Foram coerentes com os seus conceitos e, pelo contrário, moldaram o mercado e o público aos seus conceitos. Algo que vc tb logrou alcançar, Gerald, com eficácia, em diversos momentos. E, enfim, num mundo amalgamado pela rede, onde a lógica da disciplina, tal qual descrita por Foucault, cede rapidamente espaço à lógica das redes, as distâncias diminuem, o tempo se acelera, os centros perdem sentido.
O dramático nisso tudo é que, mesmo com o fim da verdade, com a desestabilização do signo, com dinâmica de rede, com a descentralização, a promessa de realização da herança libertária dos anos 1960 não se cumpriu. E aqui, penso, reside o impasse. Qual é a linguagem capaz de reconhecer as mudanças que aconteceram, e das quais o mundo, em minha opinião, precisava, com a necessidade de manter viva a herança libertária dos anos 60?
Rimbaud, aos 17 anos, em 1871, disse que o primeiro passo para um poeta tem de ser o estudo do autoconhecimento. Este fenômeno cosmopolita que foi o modernismo desde o seu princípio, e no qual Duchamp, Beckett e vc se inscrevem, teve sempre este compromisso da busca da criação no olhar para dentro de si mesmo, sendo a arte uma expressão de sentimentos e sensações interiores. Nada mais coerente, portanto, que vc prestar atenção na sua voz mais íntima.
Tudo indica que a criação, no seu caso, é uma necessidade. Vc fundiu sua vida com o teatro. E um teatro em múltiplas direções: você dirige, atua, escreve, produz, comenta. Despedir-se dos palcos, do blog, é o primeiro passo para libertar-se desse compromisso de vida. Vc só pode encontrar a sua nova linguagem se não se sentir obrigado e compelido a fazê-lo.
Querido, desculpe se me estendi nesta carta. Mas, dessa vez, não poderia deixar de comentar com vc o que senti ao ler o seu texto. Pensei em postá-la nos comentários ao teu texto, mas fico sempre meio envergonhado de fazê-lo. Te mando ela por mail, mas fique à vontade se quiser postar no blog. E tomei tb a liberdade de ligar para a Dona Eva. Simplesmente pq há momentos em que mesmo os homens que são exércitos de guerra de um homem só precisam da mãe.
Love, G
Gunter Axt
http://www.gunteraxt.com/
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Carta de un amigo desde Honduras
To: hernan@neira.de
Subject: Carta de un amigo desde Honduras
Date: Tue, 30 Jun 2009 18:10:49 +0200
Desde Honduras:
Queridos amigos aquí en Honduras las cosas no sabemos para donde van, hemos estado incomunicados desde el domingo 28 de junio, han cortado las señales de radio, Internet, teléfono, televicion, y la energía eléctrica. Solo podemos ver canales internacionales de películas y no de noticias, CNN, y telesur esta cortados, al igual todas los canales nacionales están intervenidos, han secuestrado a los ministros y gobernadores de los departamentos, así como dueños de televisoras independientes y de radios independientes.
También nos tienen en toque de queda de 9 de la noche a 6 de la mañana. El problema es que en esos noticieros no dicen toda la verdad. Hay muchas cosas escondidas. Desde ayer estamos mas de 20 mil personas enfrente de Casa presidencial para que se solucione el problema y volvamos a un orden constitucional que antes teníamos, y nos estábamos manifestando de manera pacifica. Pero hoy lunes alrededor de las 2 de la tarde los militares y policías nos desalojaron a la fuerza golpeando y matando a muchos de nosotros. Yo me salve de milagro, porque logre convencer a los militares ypolicías que sin ninguna justificación nos golpearon con sus toletes y , de que solo estaba de pasada, pero muchos de mis compañeros de lucha han llenando las bartolinas y hospitales de tegucigalpa. Cosa que hizo que la manifestación ya no fuese pacifica y muchos de los y las manifestantes saquearon varios negocios de la capital.
Los manifestantes, mujeres, niños, ansianos, jóvenes, fueron tratados como delincuentes, golpeados y muertos, como traidores de la patria. Yo desde el principio no estaba de acuerdo con la propuesta del presidente, de la tal consulta al pueblo, por muchas razones, pero nunca porque no pensara que no se le debe de consultar al pueblo, sino porque no se le informa nada al pueblo. Pero el hecho de sacar al presidente a la fuerza de su casa, mandarlo a otro país, secuestrar a su familia y a otras personas, intervenir la radio y la televicion, (donde solo se pasan noticias que hablen bien del nuevo e ilegal gobierno), poner un presidente que el pueblo no ha elegido, desbaratar todo lo que nos ha costado tanto tiempo, y retroceder mas de 30 años, eso es indignan te para cualquier hondureño y la consulta al pueblo queda insignificante para la barbarie que se esta cometiendo.
Existe un poco de la población que esta de acuerdo con lo que esta pasando, pero no creo que sean personas que estén cien por ciento de convencidas; son personas desinformadas y que no se dan cuenta o no se quieren dar cuenta de la magnitud de lo que esta pasando, ya que en los medios de comunicación solo se entrevistan a personas de la oligarquía de Honduras.
Pero nuestra fe esta basada en las personas que son los verdaderos y verdaderas hondureñas y hondureños que construyen día a día esta nación, por eso tenemos esperanza de que todo esto nosotros lo podemos arreglar y volver a nuestras vidas normales, vidas con una mirada diferente, porque nos dimos cuenta que tienen a nuestra Honduras como su finca y nosotros somos los animales de ella.
Nèstor Moreno.
PD, si pueden publiquen esto por todos los medios que puedan, tienen mi permiso y usen mi nombre para que sepan que es algo real que vive un amigo de honduras.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Uma carta de uma aluna de Psicologia da UNIPAC
Amanha acontecera na faculdade as 19h um manifesto da nossa turma. A faculdade nao teve autorizxação do MEC p abrir nosso curso, é este o grande problema, por causa disso o CRP nao aceita fazer nossos registros ´permanentes.
Ele so ira EMITIR UM REGISTRO PROVISORIO, MAIS Q PODERA SER CAÇADO HA QUALQUER MOMENTO SE O MEC SE MANIFESTAR NEGATIVAMENTE.
VAI LA AMANHA Q LHE CONTAMOS DETALHES P VC DIVULGAR NO SEU BLOG. FALOU?
ABRAÇOS
ANA PAULA
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Blackout
Estou compilando alguns textos e encontrei esse recorte de jornal intitulado Blackout (2). Foi uma participação minha na seção blequitude, coluna do poeta e jornalista Ricardo Aleixo.
Ele transcreveu uma carta minha, mandada por e-mail, numa fase em que eu estava particularmente tomado pela influência dos filmes e textos de Glauber Rocha. Ele reproduziu, com muita honestidade, a carta na íntegra, o que me deixou muito feliz:
Meu caro Rick: Pra começo de conversa, que papo é esse de brankolandya? Tomara que você não diga, como o autor de ´From Coal to Cream´, que no Brasil não há democracia racial, pois os EUA é que são um ´melting pot´...um cadinho de raças...Que coisa! Mas se o afro-norte-americano protege os valores nacionais, por que você não faz o mesmo? Por que segue a lógica do mazombismo? Mais respeito com o mestre de Apipucos! Ele realizou o primeiro congresso afro-brasileiro e sua visão incluía a todos. Por falar em exclusão, por que você nunca combateu Paulo Francis, que escrevia aí no jornal? Medo de se indispor com a Casa Grande de Toninho Siúves? Pelo contrário, você se referiu a Paulo Francis como um interlocutor ameno, que confirma o que você diz...Bem que o Glauber dizia que essa coisa de Black Power é o programa do departamento cultural da CIA para o Brasil. Na sua coluna só cabem Caetano, Haroldão, a patota,o ambivalente “Gargalito” e os medalhões de sempre. Cadê os índios e seus festivais na Serra do Cipó, companheiro? Bem que o professor Fábio Lucas falou que essa moda de separar tudo em guetos é só modismo estrangeiro, segmentação de público consumidor...Olha, tá reclamando do Brasil? Tou achando que és agente da ´Blekland Yankee!´.
Logo em seguida, tentei manter contato com o Ricardo, mas ele disse preferir manter distância (entendo suas razões, essa carta foi mesmo agressiva). Em seguida, também, ele citou o professor Fábio Lucas aprovando sua coluna (o Fábio deve ter entrado em contato para dizer que não tinha nada a ver com o ataque e que aprovava o Rick).
Uma Carta sobre uma Carta
Encontrei a carta da qual te falei há alguns meses atrás. É uma carta de Hemingway para Mary Welsh. A passagem à qual eu me referi foi a seguinte:
Pickle: um sexteto ou octeto de vampiros: Belden, etc. e inclusive Carson, virão para ficar uns vinte minutos e depois irão ao regimento e receberão um relatório dramático e falso que florescerá em suas mãos como uma dessas varas chinesas que se transformam em dragões quando a gente põe água nelas (lembra) mas vivemos aqui -- e eu sou tão temerário que me surpreendo -- e temos que ir ao teatro de marionetes e assustar-nos juntos comodamente. Agora há muito bum-bum. Te amo, meu amor, queridíssimo e amado (...).
Gostaria de saber sua opinião sobre essa carta.
Abraços do Lúcio Jr.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Carta da Ezir
Prezado Lúcio Jr.: Como seu blog é variegado!Estas novas incursões na Literatura NORTE-AMERICANA pela mídia são coisa de pioneiros.
Lembro-me de ler contos do E. Hemingway na Universidade e adorar porque ele explorava o modo de vida DOS VIAJANTES OU pessoas-homens perambulando por aí, pelas ILHAS DA AMÉRICA CENTRAL E CARIBE.sÓ ele deu conta de CONTAR suas estórias provavelmente VIAGENS pela aquela região TODA DO EQUADOR.tEM UM conto que li e reli estudou mil vezes e me deu vontade de revê-lo, pelo reflexo do modo de ser de um HOMEM-FORASTEIRO.Como este tema- NÃO SEI PORQUÊ - sempre me meio infeitiçou de mistérios... então , imagina se não gostei de saber deste lIVRO.Mas meu encontro com o ERnest , PAI, foi muito feliz porque foi o prmeiro livro em inglês que ganhe de um namorado quando comecei um curso de inglês perto do Aeroporto de Congonhas. A minha história de aprender um glossário inteiro TERMOS DESCRIÇÕES DA PELE DO ROSTO DO HOMEM-PESCADOR-MARINHEIRO todo queimado de TANTO CALOR DO SOL ... e os efeitos do SOL , das temperaturas dos trópicos sobre ele ea relação do tempo de exposição ao sol e seu trabalho com os peixes, o pescar...acho que ele me fez tomarmar tanto sol quente a pico que tive que seguir aquela técnica de leitura com muitas palavras NOVAS, E FUI PASSANDO E DEIXANDO pra ver o significado depois.Mas, aprendi bem as MARCAS NO ROSTO DELE em inglês : frekles, wreckless, pimples, mouth, cheek to cheek, pomes.Foi bem FULL CONTACT pra mim uma adolescente do Brooklin. Tão grossso o livro-pocket!!! tive que vendê-lo um dia e me arrependi!Depois comecei a fazer uma pequena coleção de livrinhos lierários , mas acabei não o adquirindo. capa AZULLZONA LINDA!!!aH, ESSE VELHO E O MAR! tHE OLD MAM AND THE SEA!!!prefiro ESTAS MEMÓRIAS DELE como escritor.Me choquei quando vi numa enciclopédia que eles se atirou.TãoCHARMOSO E GALANTE!LIDAR COM OS VÍCIOS E DOMÁ-LOS DENTRO DE NÓS É UMA TRAVESSIA DE HUMILDADE, ANTES DE TUDO, E RENDIMENTO A VIDA! abraços da Ezir
18 de Setembro de 2008 19:09
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Carta Pró-Cultura
Nós, artistas, arte-educadores e gestores culturais abaixo-assinados, formamos uma associação que pesquisa e atua na área sócio-cultural de nossa comunidade. Somos cidadãos interessados em construir uma expressão cultural da cidadania e não mais nos calar em relação a omissão do poder público no que se refere à importância da cultura como indispensável ao desenvolvimento social. Bom Despacho, atualmente não conta com: Secretaria Municipal de Cultura, Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Fundo Municipal de Cultura, Conselho Municipal de Cultura e Conferência Municipal de Cultura. Esta situação deixa em estado crítico a cultura local e não podemos deixar que continue; portanto é hora de se implementar Políticas Públicas para a Cultura, pois somente assim haverá um significativo desenvolvimento social, econômico e turístico da nossa cidade.
Manifestamos aqui nossa postura de somente apoiar aquele candidato comprometido, em sua política pública, com os valores culturais; pois o direito à cultura é um direito humano. Não somente iremos apoiar, como também fazer valer este direito durante a administração futura. Afinal, a cultura permite a livre fruição de bens simbólicos, materiais e imateriais, expressando a vida coletiva local. Os governos não podem continuar implementando políticas públicas que separem desenvolvimento econômico, social e cultural.
Queremos, portanto, governos que respeitem os valores humanos e culturais presentes em cada bairro da cidade, para que possamos diminuir de modo significativo as desigualdades sociais hoje evidentes em nossa comunidade. Para isto, devemos privilegiar o caminho da cultura, porque isto move e une pessoas a pensar e fazer uma cidade com mais igualdade e justiça social. Assim, os futuros administradores de nossa cidade serão fundamentais para a transformação da realidade social atual, para o combate à exclusão social, econômica e cultural.
Queremos políticas públicas de cultura e que estas incluam a comunidade nas decisões e processos, pois de nada vale uma política pública de “cima para baixo”, afinal todos nós somos cidadãos e somos nós que fazemos a cultura.
Queremos e necessitamos também que, ao retomar as diretrizes da Secretaria de Cultura, que seja o indicado para o cargo uma pessoa competente e técnica, que consiga respeitar, estimular e facilitar a realização dos projetos de nossos artistas, que poderão contribuir e muito para o desenvolvimento de nossa comunidade.
Queremos governos que respeitem os valores humanos locais, multiplicando e estimulando ações cidadãs e assim, educar para uma vida mais digna. Acreditamos que governo e sociedade devem trabalhar unidos para construção de uma cultura democrática, componente central do desenvolvimento humano, que supere o autoritarismo, o clientelismo e os grupos de interesse político ainda muito presentes nas gestões públicas brasileiras. Por isto, convidamos todos os nossos conterrâneos a votar com consciência e a favor da nossa cultura!
Assinado: Geraldo Majela de Mesquita (Músico profissional, Compositor, Professor de Música), Cibele Oliveira (Cantora, Profa. de Canto, Psicóloga), Carolina Moreira (Arquiteta e Urbanista), Simone Guimarães (Profa. de Artes), Priscila Costa (Estudante de Gestão Cultural), Maria Aparecida Ferreira (Arte-educadora), Roberto Ângelo Costa (Historiador, Músico), Roberto de M. Queiroz Neto (Psicólogo, Coordenador do CRIA – Centro de Referência da Infância e Adolescência).
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Uma Carta para Mario Augusto Jacobkind
Oi, Mário. Eu só repeti o que Gerald disse. Não sei dessa briga, pedi apenas
para que ele me dissesse o que aconteceu.
Pelo artigo que li do Wolff sobre a tropicália e que está aqui nesse blog,
posso imaginar que ele não gostaria muito da arte do Gerald. Onde vc viu o
Gerald dizer que não gostava dele?
Ele (Wolff) critica Hélio Oiticica por ter mandado um abajur para Tóquio.
Provavelmente Wolf não aceitava o ready-made de Duchamp, portanto, e Gerald
ama Duchamp. A partir daí é compreensível.
Abraços do Lúcio Jr.
Uma Carta de Mario Augusto Jacobkind para Mim e para o Gerald
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Uma Carta para Gerald Thomas
Oi, Gerald, tudo bem?
Antes de mais nada: o fato de tanto a esquerda oficial (pessoal do Gil)
quanto a extrema-direita (dizem que a Mídia Sem Máscara, onde o Hélio Póvoa,
autor desse último texto, escreve, é a CIA mascarada) atacarem você é prova
de que você é um GRANDE ARTISTA. PONTO.
E o tal do Póvoa existe mesmo, outro dia vi ele na Rede Vida lançando o Eixo
do Mal Latino-Americano. Só falta ele colocar você nesse eixo como um agente
de Fidel que roda vários países e, para disfarçar, ataca Lula e Gil...
É paranóia versus esquizofrenia e a gente no meio!
Gerald, modere o blog mesmo, com tantos assuntos interessantes para a gente
conversar, fica aquela confusão e você fica respondendo a pessoas que não
conhecem nada do seu trabalho, só a imagem midiática: Gal peitos de fora,
gesto final do Tristão e Isolda...É divertido, a gente ri, mas tem dias em
que as coisas dão errado, a gente tá meio mal e ler tantas críticas
negativas puxa a gente para baixo.
Seu blog é uma plaza de toros, vc é o toureiro, vc viu essa definição do
John?
O blog do John é muito bom, ele responde sempre calorosamente e até entende
português! Tou quebrado e não tenho como comprar o Strange Tribe, senão
compraria e resenharia. Sua resenha ficou ótima, eu acho que a crítica tem
de ser isso: intervenção na obra arte. Outra obra. Já leu Glauber falando
sobre Easy Rider? Minha meta é mais ou menos aquilo. Outro dia Jean Claude
Bernardet falou isso no blog dele (que não frequento), com base em Deleuze.
Fale sobre o que está rolando culturalmente em Londres para a gente! Eu
também queria me aprofundar naquele papo sobre o artista que usou um cão na
instalação (Guilherme Habacuc Vargas) e o deixou morrer. Será que isso é
válido como arte? Será ele o Duchamp do século XXI?
Abraços do Lúcio Jr.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Carta para Jorge Schweitzer
Eu gostei da entrevista que você fez com o Gerald Thomas. Achei você inteligente e bem informado, além de bem humorado. Eu invejei Gerald Thomas, gostaria de responder uma entrevista daquelas, irrevente, bem humorada. Nela, você confundiu Olavo de Carvalho e falou "Otávio". Eu mesmo já fiz esse tipo de confusão. Achei gozado, eu acho que os erros são fonte de inspiração, como dizia Oswald de Andrade, é a "contribuição milionária de todos os erros". Daí, me inspirei para fazer um monólogo inspirado na blognovela do Gerald Thomas. Foi isso. Mas, como você se aborreceu, retirei a frase. Não foi nada pessoal, foi zoação e espero que você entenda com bom humor. Se quiser me zoar nesse blog, fique à vontade.
Atenciosamente, Lúcio Jr.
Jorge Schweitzer deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Carta Sobre Honneth":
Meu caro,
Já que você não se dignou responder sobre a inverdade que você publicou por aqui, tomei a liberdade de reproduzir em meu blog...
A Internet é fantásticamente democrática e não permite que se perpetue mentiras...
A seleção natural nos permite de tempos em tempos que idiotas se auto exilem da Rede...
O mais curioso não é a mentira pura e simples, mas a ignorância de imaginar que passaria sem que fosse percebido....
Muito feio, muito feio...
Se você nao ficou com vergonha, eu fiquei por você...
Lastimável...
domingo, 6 de julho de 2008
Carta Sobre Honneth
Encontrar justificativas em Honneth para as cotas não significa necessariamente que ele tenha idealizado a proposta ou que seja o autor a partir do qual se concebeu a proposta.
Aliás, a questão das cotas é independente, em sua formulação, à proposta das ações afirmativas.
As ações afirmativas não se dão necessariamente pelas cotas "étnicas", que é um expediente que muitos partidários das ações rejeitam.
Já a a tese das cotas nasce em outro momento, embora por vezes tenha convergido com as ações afirmativas.
O melhor exemplo é o estímulo às cotas de emprego para deficientes em empresas públicas e para mulheres nos partidos brasileiros.
Pode-se atribuir a Rawls não as cotas, mas o embasamento conceitual para as ações afirmativas (ou compensatórias).
Aliás, no Brasil, a aversão às cotas não é universal. As cotas étnicas são mal recebidas, mas as cotas sociais em universidades contam com a simpatia até da centro-direita.
Evidentemente, a questão das "cotas étnicas" acabou sendo o bode na sala para que as cotas sociais fossem mais simpáticas aos opositores.
Sem uma, nem se discutiria a outra.
Lucio
De: Lucio
Assunto: Honneth e as Cotas
Para: wedenn@yahoo.com.br
Data: Sexta-feira, 4 de Julho de 2008, 13:45
Oi, Wedenn, posso estar até equivocado, mas o fato é que Honneth vem sido
lido assim, encontrei uma dissertação a respeito.
Eu acho que pode se depreender da análise dele a necessidade de políticas
públicas de reconhecimento, tal como as ações
afirmativas.
Se efetivamente o reconhecimento é o cerne das lutas sociais, sendo ele
negado a alguns grupos ou indivíduos, pode se depreender políticas como as
cotas, não?
Honneth é crítico de Habermas em vários pontos, portanto pode não ser
incompatível com Rawls.
Abraços do Lúcio Jr.
pode dizer o seguinte sobre o Fausto: fazia juz a esse nome: Fez o pacto com o diabo mas o diabo o cuspiu
Por acaso o Jacobkind acha que iria gostar de alguem porque ele morreu? Pois, continuo odiando esse bebado! Chato! Intragavel. Pronto. ai esta.
LOVE
Gerald Thomas