Esse filme dirigido por Esmir Filho é baseado no livro de Ismael Caneppele, que antes de estrear como romancista foi ator e fez teatro com Gerald Thomas. O filme parece bastante autoral e irá estrear dia 2 de abril nos cinemas. Trata-se de um romance de formação ao estilo de O Apanhador no Campo de Centeio, falando da ida de um rapaz, fã de Bob Dylan, para São Paulo, saindo de sua pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul. Na medida em que a narrativa prossegue, ela vai se tornando surrealista, como disse Mariana Peixoto no artigo do caderno Pensar do EM e intitulado Emoções em Rede, um artigo sobre o livro, editado pela Iluminuras. A internet possui um importante papel na narrativa, o que me interessou bastante. Achei um blog do Ismael Canappele: http://manifestosilencio.blogspot.com/
Vale a visita.
Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
Mostrando postagens com marcador Gerald Thomas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Gerald Thomas. Mostrar todas as postagens
domingo, 28 de março de 2010
Carta ao Emídio sobre o Vampiro
Oi, Henrique. Olha: respondendo à sua pergunta, eu suponho que o "Vamp" seja um nickname do Luiz Damasceno, diretor teatral curitibano, mas é só suposição. Suponho isso a partir da leitura dos textos no almost complete works do Gerald e de entrevistas, onde ele se refere ao Damasceno de uma forma semelhante àquele se dirige ao Vamp no blog. No mais, acho que ele não é Reinaldo Azevedo, não. Mas é leitor fanático do Azevedo e pasticha seu estilo, isso sim. O Vamp é um cara que gostaria que Lula lesse A Insustentável Leveza do Ser e pusesse o insustentável ser que é o terrorista Battisti para fora, ou seja, ficasse igual ao Vamp, Globo, Berlusconi...só falta Bush. Agora já levou uma sapatada higiênica, mas Vamp, Diogo, Azevedo e Mainardi continuam uma política herdada do homem, que já é carta fora do baralho. A bola da vez é o Battisti.
Azevedo e Diogo Mainardi sustentam aquelas posições porque são jornalistas bem pagos, ou melhor, são a ponta de lança editorial da Veja. Senão não dariam a cara a tapas nem o pescoço ao cutelo daquele jeito. Gerald Thomas não é ponta de lança editorial do Ig...Talvez o Ig tenha trazido o Gerald, em primeiro devido ao inegável talento e inteligência, em segundo para desfazer e minorar a fama de "petista" com a qual o Azevedo e o Diogo tachavam o Ig. Gerald fez amizade com Azevedo, mas parece que brigou com a turma do Manhattan Connection, onde não teve uma boa experiência: foi atacado pelo público através da correspondência do programa, o que para ele foi traumático. Acho que ele continuou amigo do Nelson Mota, mas já afirmou que Mainardi é só pose e que os outros "morreram", Caio Blinder é um "judeu insuportável", etc.
Enfim, acho que Diogo e Azevedo, assim como Nassif e Paulo Henrique Amorim, não dão nenhum passo que não seja bastante calculado e pensando, é claro, na carreira. Quando Lula ameaçou ir aos quarenta anos da Veja, PHA e Nassif ameaçaram se rebelar. Lula aparentemente voltou atrás ou foi aconselhado a não ir. Na revista Piauí ele diz que é porque se conscientizou de que, se alguém te xinga, vc não deve ir à casa dele...tomara.
O blog do GT tinha o Vamp desde antes da briga com Reinaldo Azevedo, que teve lances terríveis, do Azevedo chamar o GT para "pagar um béqueti" e o GT responder argumentando que o boquete não deveria ser esse tabu que é para os heteros e Jesus Cristo pregava o amor. Nisso Olavo de Carvalho comentou que Gerald estaria pregando que Jesus fazia boquetes (claro que não com essas palavras). Isso está por aí pela web. Talvez o próprio GT não saiba disso. Parte do post do Azevedo contra o Gerald está nesse meu blog, basta procurar pelo Luís Nassif no blog.
Na mesma época, o Olavo de Carvalho polemizou com o Paulo Ghiraldelli, filósofo pragmatista, e o Ghiraldelli analisou que o problema era que "Olavo me quer como homem". O Olavo dizia, segundo o Paulo, que tinha visto a bunda dele e que ele fizera filme pornô. Estava se referindo, suponho, a uma certa semelhança física entre Ron Jeremy (ator pornô) e Paulo Ghiraldelli, que de fato existe. Procure no google images. Quando eu vi as fotos ri muito kkkk. Ghiraldelli também chama o Azevedo de burro e coloca uma imagem lá no site dele, no que diz respeito a comentários sobre Kant e o Capitão Nascimento. Para o Azevedo, o Nascimento seria um Kant rústico. E o Kant seria o Capitão Nascimento sofisticado? O artigo do Guiraldelli contra o Reinaldo vale a pena. É só não levar o Ghiraldelli muito a sério, ele é um show man como o Gerald, mas com menos talento. Ele é péssimo crítico de cinema brasileiro, por exemplo. Reproduz preconceitos dos anos 70 sobre a pornochanchada.
Ás vezes me dá medo o fato de que um militar de direita como o Pacheco possa estar fazendo a "ficha" da gente nesse blog, que seja um agente do serviço de informações disfarçado. Uma vez, eu estava numa lista de discussão bolivariana e teve um papo assim: "um de nós é agente" e logo expulsaram um cara que dizia que era "ni ni", nem Chávez nem oposição. Eu saí da lista logo depois, achei os caras (que se reuniam no centro cultural Vergueiro, em SP) muito neurados.
Um conselho: nunca fale sobre o Orkut para o Gerald. Lá tem um monte de comunidades sacanas, tipo "fulana olha onde o Gerald Thomas" e um perfil falso dele com uma foto do Bambi, fora comentários na comunidade do Paulo Francis que dizem: "quem era o mairo cheirador depois do Francis?" E tem o cara que respondeu: "Gerald Thomas e Hélio Oiticica" e por aí vai. O GT detesta. Eu também detestaria, se fosse ele...
No blog teve papos que eu nunca entendi bem, tal como a ruptura entre Gerald e Jorge Schweitzer (o taxista que o entrevistava no Rio) e a briga entre Gerald e Contrera (que foi através de quem eu conheci o blog do Gerald). Nem tampouco a ruptura com o John Hemingway, exceto pelo fato de que o Hemingway desce o pau no Obama e o Gerald chora quando fala nele. Pelo que entendi, a Opera H do Gerald com o John vai passar no Sesc em SP, mas nem sei quem a dirige, acho que é o Caetano Vilela. Eu conheço o Contrera de um encontro em SP há anos e ninguém mais, pessoalmente, nunca tive oportunidade, pois Bom Despacho, onde moro, é longe de São Paulo. Eu tentei conciliar ele e GT e acabei brigando com o Contrera, que é um católico chileno triste, azedo, beckettiano e cioraniano que o GT conseguiu fazer que produzisse peças teatrais com nomes como O Nascimento de um Palhaço, o que é um milagre, pois ele me pareceu muito pessimista e trágico para o Brasil e assim destinado a ser raté, mesmo.
Azevedo e Diogo Mainardi sustentam aquelas posições porque são jornalistas bem pagos, ou melhor, são a ponta de lança editorial da Veja. Senão não dariam a cara a tapas nem o pescoço ao cutelo daquele jeito. Gerald Thomas não é ponta de lança editorial do Ig...Talvez o Ig tenha trazido o Gerald, em primeiro devido ao inegável talento e inteligência, em segundo para desfazer e minorar a fama de "petista" com a qual o Azevedo e o Diogo tachavam o Ig. Gerald fez amizade com Azevedo, mas parece que brigou com a turma do Manhattan Connection, onde não teve uma boa experiência: foi atacado pelo público através da correspondência do programa, o que para ele foi traumático. Acho que ele continuou amigo do Nelson Mota, mas já afirmou que Mainardi é só pose e que os outros "morreram", Caio Blinder é um "judeu insuportável", etc.
Enfim, acho que Diogo e Azevedo, assim como Nassif e Paulo Henrique Amorim, não dão nenhum passo que não seja bastante calculado e pensando, é claro, na carreira. Quando Lula ameaçou ir aos quarenta anos da Veja, PHA e Nassif ameaçaram se rebelar. Lula aparentemente voltou atrás ou foi aconselhado a não ir. Na revista Piauí ele diz que é porque se conscientizou de que, se alguém te xinga, vc não deve ir à casa dele...tomara.
O blog do GT tinha o Vamp desde antes da briga com Reinaldo Azevedo, que teve lances terríveis, do Azevedo chamar o GT para "pagar um béqueti" e o GT responder argumentando que o boquete não deveria ser esse tabu que é para os heteros e Jesus Cristo pregava o amor. Nisso Olavo de Carvalho comentou que Gerald estaria pregando que Jesus fazia boquetes (claro que não com essas palavras). Isso está por aí pela web. Talvez o próprio GT não saiba disso. Parte do post do Azevedo contra o Gerald está nesse meu blog, basta procurar pelo Luís Nassif no blog.
Na mesma época, o Olavo de Carvalho polemizou com o Paulo Ghiraldelli, filósofo pragmatista, e o Ghiraldelli analisou que o problema era que "Olavo me quer como homem". O Olavo dizia, segundo o Paulo, que tinha visto a bunda dele e que ele fizera filme pornô. Estava se referindo, suponho, a uma certa semelhança física entre Ron Jeremy (ator pornô) e Paulo Ghiraldelli, que de fato existe. Procure no google images. Quando eu vi as fotos ri muito kkkk. Ghiraldelli também chama o Azevedo de burro e coloca uma imagem lá no site dele, no que diz respeito a comentários sobre Kant e o Capitão Nascimento. Para o Azevedo, o Nascimento seria um Kant rústico. E o Kant seria o Capitão Nascimento sofisticado? O artigo do Guiraldelli contra o Reinaldo vale a pena. É só não levar o Ghiraldelli muito a sério, ele é um show man como o Gerald, mas com menos talento. Ele é péssimo crítico de cinema brasileiro, por exemplo. Reproduz preconceitos dos anos 70 sobre a pornochanchada.
Ás vezes me dá medo o fato de que um militar de direita como o Pacheco possa estar fazendo a "ficha" da gente nesse blog, que seja um agente do serviço de informações disfarçado. Uma vez, eu estava numa lista de discussão bolivariana e teve um papo assim: "um de nós é agente" e logo expulsaram um cara que dizia que era "ni ni", nem Chávez nem oposição. Eu saí da lista logo depois, achei os caras (que se reuniam no centro cultural Vergueiro, em SP) muito neurados.
Um conselho: nunca fale sobre o Orkut para o Gerald. Lá tem um monte de comunidades sacanas, tipo "fulana olha onde o Gerald Thomas" e um perfil falso dele com uma foto do Bambi, fora comentários na comunidade do Paulo Francis que dizem: "quem era o mairo cheirador depois do Francis?" E tem o cara que respondeu: "Gerald Thomas e Hélio Oiticica" e por aí vai. O GT detesta. Eu também detestaria, se fosse ele...
No blog teve papos que eu nunca entendi bem, tal como a ruptura entre Gerald e Jorge Schweitzer (o taxista que o entrevistava no Rio) e a briga entre Gerald e Contrera (que foi através de quem eu conheci o blog do Gerald). Nem tampouco a ruptura com o John Hemingway, exceto pelo fato de que o Hemingway desce o pau no Obama e o Gerald chora quando fala nele. Pelo que entendi, a Opera H do Gerald com o John vai passar no Sesc em SP, mas nem sei quem a dirige, acho que é o Caetano Vilela. Eu conheço o Contrera de um encontro em SP há anos e ninguém mais, pessoalmente, nunca tive oportunidade, pois Bom Despacho, onde moro, é longe de São Paulo. Eu tentei conciliar ele e GT e acabei brigando com o Contrera, que é um católico chileno triste, azedo, beckettiano e cioraniano que o GT conseguiu fazer que produzisse peças teatrais com nomes como O Nascimento de um Palhaço, o que é um milagre, pois ele me pareceu muito pessimista e trágico para o Brasil e assim destinado a ser raté, mesmo.
Marcadores:
Gerald Thomas,
Henrique,
Reinaldo Azevedo,
Vamp
domingo, 3 de janeiro de 2010
Blognovela Penetrália: entrevista

Blognovela Penetrália: Entrevista (Imaginária) de Gerald Thomas com Oswald Thomas
(O Vampiro Brasileiro liga a televisão e os mesmos personagens acima param para ver o programa de entrevistas de Oswald Thomas na Rede Esgoto).
Oswald: Hello, Gerald.
Gerald: Hello, Oswald. Já estou arrependido de ter aceitado essa entrevista.
Oswald: E aí, você parou com o teatro? Parou por que?
Gerald: O teatro não significa nada. Não quero nem ouvir falar. Estou para lançar um livro, um filme, estou sempre descobrindo talentos e escrevendo prefácio para escritores tais como Walter Greulach, Denny Yang...
Oswald (sobrepondo sua voz com a de Gerald): O teatro é importante, sim. Sabe, quando eu fiz meu Hamlet pútrido num navio...
Gerald: quer trocar de lugar comigo? Quer que eu te entreviste? Você tem de parar de imitar o Jô, copiar a Marília Gabriela e encontrar sua assinatura própria.
Oswald: No, no. Então poderia só responder yes ou no?
Gerald: No. Você é um autor de uma peça só, hypocrit! E plagiada. E plagiada de mim! Agora você continua plagiando minha aparência, me imitando aqui na TV!
Oswald: Oh, stupid! Como assim? Foi absolutamente original quando fiz A Tempestade na Alemanha nazista!
Gerald: Falta cultura a essa falta de cultura. Antes, eu fiz A Tempestade num aeroporto.
Oswald (tentando retomar o controle da entrevista): E suas polêmicas recentes? Você já viu o filme Lula, o Filho do Brasil?
Gerald: De jeito nenhum. Eu vomitaria nos primeiros quinze minutos! Vomitaria de xenofobia e stalinismo! Não aceito culto de personalidade, isso leva ao fascismo e eu sou uma pessoa que perdeu toda a família num campo de concentração.
Oswald: Nem aceita que cultuem sua obra e sua pessoa?
Gerald: Esse Gerald que eles cultuam está morto. E minha obra é intocável, cara!
Oswald (irritado): Você vota Dilma ou Serra? Você é um sabotador do Brasil?
Gerald: Não entendo nada da política brasileira. I´m still still. Dilma ou Serra, o Brasil vai continuar sendo o País da Merda de que falavam Estragon e Vladimir em Godot...
Oswald: Você já montou Beckett ou algum dos outros diretores do teatro do absurdo, Ionesco, Arrabal, Adamov?
Gerald: Esse Beckett absurdo é um absurdo. Nunca existiu. Como seu teatro, Oswald. Ionesco, Adamov, sim, são absurdos. Tão absurdos que nem me interessam. Enrabal? Quem é esse, um matemático?
Oswald: Defina em poucas palavras Woody Allen e Gabriel Vilela.
Gerald: Woody: tudo! Gabriel: nada!
Oswald: Você viu Som e Fúria, a série da qual eu participei?
Gerald: Lá em New York não tem Rede Esgoto. God Damm! Deus me livre!
Oswald (entre dentes): Mas você está aqui na Rede Esgoto agora. Olha, olha, me responde só uma pergunta...
(De repente,o Vampiro Brasileiro apaga a televisão, nervoso):
Vampiro Brasileiro: Não sei como ele continua se envolvendo com essa gente esquisita!
Marcadores:
Blognovela,
Gerald Thomas,
Oswald Thomas
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Um Comentário do Cláudio: 3 cenas
mais uma fugida aqui pela lentox , e o domingo acabando , acabando meu tempo .
comi banana frita com chicabom derretido agora . prozac perde ...
bem só para me atualizar sobre o " 3-way on becket " :
cena 1 .
gostei de ler o texto do gerald e assistir ao video de beckett que o lucio publicou no seu site . uma opção de situação .
além da viagem artística , o video é revigorante . faz bem à saude . quer dizer , quem pode negar que jeremy irons é um verdadeiro complexo vitamínico para todos os sentidos ?
cena 2 .
do targino : " ... gorilas ... Existe um filme muito bom que trata desse assunto."
esperei alguém se manifestar sobre o filme " nas montanhas dos gorilas " , estrelado pela gigante sigorney weaver no papel da antropóloga que vai salvar os bichos das garras dos humanos malvados , e se dá mal .
" A notável aventura da primatologista Dian Fossey dentro habitat dos gorilas das montanhas de Ruanda. Em uma perfomance pela qual ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz dramática, Sigourney Weaver vive a carismática e imponente cientista, dona de uma determinação desmedida - que ao longo de sua vida foi sua força, mas que talvez tenha sido um dos elementos que culminaram em seu trágico assassinato . "
pois é : a cena mais comovente do filme é quando Dian recebe uma surpresa . ela não sabe ainda , mas foi enviado pelos traficantes de peles e etceteras de gorilas como ameaça .
é uma caixa de presente com as mãos decepadas da mamãe-gorila do bando que ela estudava . não lembro se estavam embrulhadas na " seda azul do papel que envolve a maçã " do caetano veloso .
mas da cena e da música , o GV lembrou , e eu também .
cena 3 .
" ashes to ashes , dust to dust ... "
comi banana frita com chicabom derretido agora . prozac perde ...
bem só para me atualizar sobre o " 3-way on becket " :
cena 1 .
gostei de ler o texto do gerald e assistir ao video de beckett que o lucio publicou no seu site . uma opção de situação .
além da viagem artística , o video é revigorante . faz bem à saude . quer dizer , quem pode negar que jeremy irons é um verdadeiro complexo vitamínico para todos os sentidos ?
cena 2 .
do targino : " ... gorilas ... Existe um filme muito bom que trata desse assunto."
esperei alguém se manifestar sobre o filme " nas montanhas dos gorilas " , estrelado pela gigante sigorney weaver no papel da antropóloga que vai salvar os bichos das garras dos humanos malvados , e se dá mal .
" A notável aventura da primatologista Dian Fossey dentro habitat dos gorilas das montanhas de Ruanda. Em uma perfomance pela qual ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz dramática, Sigourney Weaver vive a carismática e imponente cientista, dona de uma determinação desmedida - que ao longo de sua vida foi sua força, mas que talvez tenha sido um dos elementos que culminaram em seu trágico assassinato . "
pois é : a cena mais comovente do filme é quando Dian recebe uma surpresa . ela não sabe ainda , mas foi enviado pelos traficantes de peles e etceteras de gorilas como ameaça .
é uma caixa de presente com as mãos decepadas da mamãe-gorila do bando que ela estudava . não lembro se estavam embrulhadas na " seda azul do papel que envolve a maçã " do caetano veloso .
mas da cena e da música , o GV lembrou , e eu também .
cena 3 .
" ashes to ashes , dust to dust ... "
Marcadores:
cena dois,
Cláudio Martins,
Gerald Thomas,
Samuel Beckett,
twitter
domingo, 27 de dezembro de 2009
Uma Carta de Ezyr (II)
Meu caro AMIGO INTERLOCUTOR E COLEGA DE "CRÍTICA CONSTRUTIVA!" E "CULTUAÇÃO APAIXONADA" pela OBRA E PRESENÇA-IMAGEM de nosso MESTRE TEATRAL COSMOPOLITA Sr. GERALD THOMAS SIEVERS!!!
O SR. Gerald THOMAS , na PEÇA , faz UMA METÁFORA do CHOCOLATE com O "GELO" dos icebergs DOS PÓLOS de nosso PLANETA TERRA MAMÃE que ESTÃOOOOO DERRRETENDO...e daqui 07 ANOOOOO...07 = SETE anos segundo RELATÓRICO GLOBAL, tudo vai FICAR + CRÍTICO se OS PÁISES EMISSORES DE GÁS CARBÔNICO E GASES NOCIVOS não "entraram NUM ACORDO MÚTUO DE CONSCIÊNCIA DA PRESERVAÇÃO DE TUDO DA VIDA nesse nosso PLANETA TERRA-MAMAÃE, entende??????
p.s OKEY, entendi sUA "HIPERBOLICE---kikikikikiahaahaaaaahhh".BYEEEE AND SAUDAÇÕES my DEAR PHILOSOPHER AND TRANSLATOR AND WRITER LUCIO JR.!!! Ezir MIRIAM de PAIVA
P.S 2. VOU ESCREVER SOBRE A PEÇA LOGO LOGO. TE ENVIO, OKEY???? KINDEST GREEETINGS...MERRY X-MASSSS AND HAPPY NEW YEAR 2010, YEAH!!!!
Minha resposta: Ezyr, seu estilo original apontou CAMINHOS para mim, para essa nova forma de expressão que são os BLOGS! VC é intersemiótica E ultrasensível, admiro-te como Bridget, Astronauta de Júpiter e tudo! Abs e feliz ano novo!
Eu gostaria também de pedir: fale sobre o Ohio Impromptu. Como disse, estou ainda aprendendo sobre Beckett!
Marcadores:
carta de Ezir,
Gerald Thomas,
Ohio Impromptu
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
A Importância do Caminho Torto de Hemingway
GERALD THOMAS
É perturbador ler Estranha Tribo de John Hemingway. Mas eu digo isso com a melhor das intenções. Muito da literatura em nossa história não é objeto confortável de contemplação. Strange Tribe é uma estranha trip, ou talvez, uma odisséia; uma mistura disfuncional de fracassos familiares de um homem contra sua imagem ao avesso. John, ao contrário de seu pai e avô, é um contador de histórias “normal”, sobrevivente e capaz de contar essa fascinante história de família num jeito simples e quase irônico, depois de ter vivido e visto dias e noites a si mesmo e ao pai através do espelho quebrado de um circo de horror.
É um forma irônica de explicar o que parece inexplicável. Esse livro pode até não ter o impacto conceitual no leitor que possui a vida e obra de Oscar Wilde, mas é provavelmente a primeira coisa que vem à mente, assim como os trocadilhos. Ernest Hemingway era o ideal de masculinidade para seu filho, e depois de muitas falhas em ser bem sucedido como o pai (obcecado como era com o paizão, um escritor famoso), fracassou no sentido lato da palavra. Kafka vem à mente. Sua famosa Carta ao Pai, quero dizer.
Mas Strange Tribe não é certamente escrita para ser interpretada como uma tragédia ou um melodrama. Existem tantas passagens engraçadas. Eu disse engraçado? Sim, engraçado, emocionante, quente, são espantosas imagens da condição humana e, é claro, instantes das vidas (são tantas) que encontraram pela frente esse touro que era Ernest Hemingway. É difícil não notar o estresse com que John faz a descrição de seu pai Greg, sua luta contra a depressão e o próprio fato de que nascera na Grande Depressão. Culpado do suicídio de Ernest em 1961, Greg acabou trocando de sexo: outro movimento que parece fictício, uma curta história curta para uma vida tão curta. Greg Hemingway morreu como mulher.
A importância de ser doidão
Tanto desentendimento aqui em sua família, tanta natureza aqui que eu às vezes me vejo imerso no mundo de outro irlandês: mundo de Samuel Beckett e seu texto “Primeiro Amor”, que é um texto sobre o momento quando uma mão de criança toca a mão do pai, mas sem qualquer outro significado que possa ser tirado. Pai e filho apertando as mãos, claro e simples. Mas não é justifável somente pelo amor. Antes de ler o livro, eu pensava em Hemingway como um lutador de boxe, um toureiro. Um homem que tinha um relação de amor e ódio com América e amava Cuba, tendo trabalhado de repórter na Guerra Civil Espanhola. Depois de Strange Tribe, eu penso que em Greg em um trocadilho com Guernica, de Picasso: Greg-nica, com sua claustrofobia e uma solitária lâmpada pendurada através das sombras, assim como é duro perder a guerra contra seu pai. Talvez eu tenha lido o livro de cabeça para baixo. Talvez o livro seja um acerto de contas com uma luta familiar, talvez eu o tenha tomado como uma obra-prima de construção/desconstrução, assim como do desconforto que as melhores obras literárias em nossa história precisam ter.
Gerald Thomas é diretor teatral
É perturbador ler Estranha Tribo de John Hemingway. Mas eu digo isso com a melhor das intenções. Muito da literatura em nossa história não é objeto confortável de contemplação. Strange Tribe é uma estranha trip, ou talvez, uma odisséia; uma mistura disfuncional de fracassos familiares de um homem contra sua imagem ao avesso. John, ao contrário de seu pai e avô, é um contador de histórias “normal”, sobrevivente e capaz de contar essa fascinante história de família num jeito simples e quase irônico, depois de ter vivido e visto dias e noites a si mesmo e ao pai através do espelho quebrado de um circo de horror.
É um forma irônica de explicar o que parece inexplicável. Esse livro pode até não ter o impacto conceitual no leitor que possui a vida e obra de Oscar Wilde, mas é provavelmente a primeira coisa que vem à mente, assim como os trocadilhos. Ernest Hemingway era o ideal de masculinidade para seu filho, e depois de muitas falhas em ser bem sucedido como o pai (obcecado como era com o paizão, um escritor famoso), fracassou no sentido lato da palavra. Kafka vem à mente. Sua famosa Carta ao Pai, quero dizer.
Mas Strange Tribe não é certamente escrita para ser interpretada como uma tragédia ou um melodrama. Existem tantas passagens engraçadas. Eu disse engraçado? Sim, engraçado, emocionante, quente, são espantosas imagens da condição humana e, é claro, instantes das vidas (são tantas) que encontraram pela frente esse touro que era Ernest Hemingway. É difícil não notar o estresse com que John faz a descrição de seu pai Greg, sua luta contra a depressão e o próprio fato de que nascera na Grande Depressão. Culpado do suicídio de Ernest em 1961, Greg acabou trocando de sexo: outro movimento que parece fictício, uma curta história curta para uma vida tão curta. Greg Hemingway morreu como mulher.
A importância de ser doidão
Tanto desentendimento aqui em sua família, tanta natureza aqui que eu às vezes me vejo imerso no mundo de outro irlandês: mundo de Samuel Beckett e seu texto “Primeiro Amor”, que é um texto sobre o momento quando uma mão de criança toca a mão do pai, mas sem qualquer outro significado que possa ser tirado. Pai e filho apertando as mãos, claro e simples. Mas não é justifável somente pelo amor. Antes de ler o livro, eu pensava em Hemingway como um lutador de boxe, um toureiro. Um homem que tinha um relação de amor e ódio com América e amava Cuba, tendo trabalhado de repórter na Guerra Civil Espanhola. Depois de Strange Tribe, eu penso que em Greg em um trocadilho com Guernica, de Picasso: Greg-nica, com sua claustrofobia e uma solitária lâmpada pendurada através das sombras, assim como é duro perder a guerra contra seu pai. Talvez eu tenha lido o livro de cabeça para baixo. Talvez o livro seja um acerto de contas com uma luta familiar, talvez eu o tenha tomado como uma obra-prima de construção/desconstrução, assim como do desconforto que as melhores obras literárias em nossa história precisam ter.
Gerald Thomas é diretor teatral
Marcadores:
Gerald Thomas,
John Hemingway,
resenha,
Strange Tribe
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Um poema na revista Tiplov
A revista Tiplov, de Portugal, é associada à revista Agulha. Eles reproduziram recentemente um texto meu, as Notas sobre o Teatro de Gerald Thomas.
http://www.triplov.org/
Vale a visita. Olhem que poema maravilhoso que retirei de lá:
CALA-TE!
Maria Estela Guedes
Filo-café «Silêncio ou morte», Incomunidade. Petín, 07.11.09
A vida, esse livro do ser
Lê-se em silêncio.
Mestre, oficia o rito
Que eu apenas respondo ao salmo,
E no resto
Nem respiro.
O silêncio é uma arma de três gumes
Que usamos diariamente
Para calar amarguras
Ou saltando como pumas:
Cala-te! Porque não te calas?
A vida, esse livro do ser
Lê-se em silêncio.
E a outros, se falam, um punhal
Corta sem hesitar a garganta:
Ou silêncio ou morte!
Não o sabias? Então de que te espantas?
Nada incomoda mais que as ciciantes
Preces, as dos que querem ser lidos
Como revistas de moda,
As dos que sabem tudo, tudo censuram,
A todos desautorizam, em altos gritos de arara.
Cala-te! Porque não te calas, charlatão?
Silêncio, que estou a cantar o fado…
Muito barulho fazeis por coisa de nada
E nada em boa justiça se aplica
Aos que bem mereciam a cadeia.
Nem é a autoridade dos que governam impérios
Com a pressão das armas e do dinheiro
A que mais nos ofende com censura
Sim o seu miniatural espelho
De quem nenhuma obra ousou,
Além de poluir o silêncio com mentira.
À luz da nossa vida pessoal, quem mais nos cala
É quem está mais próximo
Mas esse, porque proclama sem cadeira,
Feitos nem actos,
Por excessiva frioleira, mandemo-lo calar
Pois pouco existe, é só fala-barato.
Abençoados os que se calam
A ouvir.
É preciso sabedoria para reconhecer
Que ignoramos
E que outros no seu dizer
Revelam alguma mestria.
Falem-me em silêncio, na língua da erva
Ou na mais cantarolante dos regatos
E das aves que fazem estrugir as folhas secas
Quando as fêmeas se enamoram
Ao ver as danças dos machos.
A vida, esse livro tremendo,
Representa-se devagar,
Em cenário nocturno
Cortado pelo brilho da lua e pelo
Visionar da coruja.
Mais nada é preciso para tocar o astro
Excepto silêncio e cordura.
http://www.triplov.org/
Vale a visita. Olhem que poema maravilhoso que retirei de lá:
CALA-TE!
Maria Estela Guedes
Filo-café «Silêncio ou morte», Incomunidade. Petín, 07.11.09
A vida, esse livro do ser
Lê-se em silêncio.
Mestre, oficia o rito
Que eu apenas respondo ao salmo,
E no resto
Nem respiro.
O silêncio é uma arma de três gumes
Que usamos diariamente
Para calar amarguras
Ou saltando como pumas:
Cala-te! Porque não te calas?
A vida, esse livro do ser
Lê-se em silêncio.
E a outros, se falam, um punhal
Corta sem hesitar a garganta:
Ou silêncio ou morte!
Não o sabias? Então de que te espantas?
Nada incomoda mais que as ciciantes
Preces, as dos que querem ser lidos
Como revistas de moda,
As dos que sabem tudo, tudo censuram,
A todos desautorizam, em altos gritos de arara.
Cala-te! Porque não te calas, charlatão?
Silêncio, que estou a cantar o fado…
Muito barulho fazeis por coisa de nada
E nada em boa justiça se aplica
Aos que bem mereciam a cadeia.
Nem é a autoridade dos que governam impérios
Com a pressão das armas e do dinheiro
A que mais nos ofende com censura
Sim o seu miniatural espelho
De quem nenhuma obra ousou,
Além de poluir o silêncio com mentira.
À luz da nossa vida pessoal, quem mais nos cala
É quem está mais próximo
Mas esse, porque proclama sem cadeira,
Feitos nem actos,
Por excessiva frioleira, mandemo-lo calar
Pois pouco existe, é só fala-barato.
Abençoados os que se calam
A ouvir.
É preciso sabedoria para reconhecer
Que ignoramos
E que outros no seu dizer
Revelam alguma mestria.
Falem-me em silêncio, na língua da erva
Ou na mais cantarolante dos regatos
E das aves que fazem estrugir as folhas secas
Quando as fêmeas se enamoram
Ao ver as danças dos machos.
A vida, esse livro tremendo,
Representa-se devagar,
Em cenário nocturno
Cortado pelo brilho da lua e pelo
Visionar da coruja.
Mais nada é preciso para tocar o astro
Excepto silêncio e cordura.
Marcadores:
Gerald Thomas,
peça de teatro,
poema,
revista,
Tiplov
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
New York, New York ou: o ataque do homo telenovelicus de sapatos verdes
Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior
Embora intitulado New York, New York, nome da famosa de canção de Sinatra que enaltece a grande cidade norte-americana, o clima nesse romance de Denny Yang não é de exaltação nem de otimismo em relação a essa cidade.
Muito pelo contrário. O personagem central, um introspectivo e desenraizado ator teatral que, após umas “férias prolongadas” onde desligou-se do mundo, busca um lugar no mundo numa cidade com praia que, aparentemente, poderia ser o Rio de Janeiro, é mais um lugar onde o ator vaga, desempregado, confuso e com problemas de identificação. Marcado o nome do romance com o nome de um lugar, o romance não se situa em lugar algum, não citando, com freqüência, praticamente nenhuma cidade a não ser New York.
A narrativa gira em torno da sofrida tentativa do protagonista em adaptar-se à vida social depois das férias prolongadas – que bem pode ser uma metáfora para um processo de enlouquecimento ou uma estadia numa clínica de recuperação. A televisão joga um importante papel em sua tentativa de voltar à realidade e não se confundir, ajudando-o a se comunicar com o mundo novamente. E é através da TV que esse personagem deslocado entra em contato com o grande evento do século XXI, a queda das Torres Gêmeas em onze de setembro de 2001.
Se o romance se organizasse em torno desse acontecimento, poderíamos dizer que esse é um romance de geração. Quando o personagem precisa de relaxamento e integração, o mundo reage no sentido contrário, entrando em seu momento de maior tensão, insegurança e conflito após a Guerra Fria. É um grande acontecimento, mas em tudo regressivo: os Estados Unidos despem o discurso universalista da globalização e assumem, nesse estágio histórico, um discurso agressivamente nacionalista. Embora os terroristas fossem sauditas, é o miserável e devastado Afeganistão que sucumbe vítima de uma invasão punitiva dos Estados Unidos. Todos esses fatos não escapam à visão do protagonista, que, ao contrário de muitos, não se exalta em paixão patriótica norte-americana naquele momento.
A narrativa encena a enorme reversão de expectativas, de positivas em negativas, daquele momento: o texto lembra José Agrippino de Paula em sua densidade, no uso das aspas americanas e em seu discurso indireto, repleto de referências a atos cotidianos, embora sem a referência ao mundo das celebridades e sem a violência presentes em PanAmérica, por exemplo. A forma como Fabiano, oponente do jovem ator, é apresentado, denota a antipatia que lhe provocam as telenovelas, produto artístico cujo naturalismo é negado na descrição anti-naturalista de um protagonista de uma delas, conforme se pode ler na passagem abaixo:
“Como ele”? É um que tem uma pinta no rosto e usa sapatos verdes? E apontei com meu dedo na bochecha direita. “A pinta...” ela disse ao padeiro. “Todo mundo conhece ele pela pinta”, e o padeiro concordava, sorrindo (YANG, 2008, p. 60).
Embora a TV jogue um papel importante para que o protagonista se reintegre à vida cotidiana, é Fabiano, vaidoso ator de novelas, que faz um papel desintegrador junto da mulher que o protagonista ama, Aline, curiosamente também o nome de uma história em quadrinhos de Adão Itussuragai transformada, recentemente, em minissérie televisiva onde Aline é uma mulher que namora dois homens.
Os tais sapatos verdes, citados no fragmento acima, são curiosamente da maior importância no decorrer do romance. Um dos motivos-guia desse New York, New York, suponho, é o ponto de virada, a súbita reversão de expectativas positivas quase alucinatória: Os Estados Unidos vão ocupando o Afeganistão, o caso do ator com Aline tornar-se cada vez mais trágico: ele vai a uma festa de um artista plástico chamado Tom e acaba por encontrar o “homem dos sapatos verdes”, Fabiano (o namorado de Aline), com outra mulher, o que paradoxalmente põe a perder o relacionamento de Aline com o protagonista.
No final do romance, o desejo de ir para Nova Iorque, lugar onde ocorreu o trágico ataque citado no decorrer do romance, é afirmado, também numa virada surpreendente. O ator nega-se a fazer novela, e, muito diferente das narrativas naturalistas de um André Takeda, por exemplo, a narrativa de Denny Yang encena essa negação, tanto em suas personagens quanto na sua estética. Não fica claro, ao final do texto, nem mesmo se New York vai conseguir sustentar alguma utopia, mas é melhor do que a atopia até então colocada.
Embora intitulado New York, New York, nome da famosa de canção de Sinatra que enaltece a grande cidade norte-americana, o clima nesse romance de Denny Yang não é de exaltação nem de otimismo em relação a essa cidade.
Muito pelo contrário. O personagem central, um introspectivo e desenraizado ator teatral que, após umas “férias prolongadas” onde desligou-se do mundo, busca um lugar no mundo numa cidade com praia que, aparentemente, poderia ser o Rio de Janeiro, é mais um lugar onde o ator vaga, desempregado, confuso e com problemas de identificação. Marcado o nome do romance com o nome de um lugar, o romance não se situa em lugar algum, não citando, com freqüência, praticamente nenhuma cidade a não ser New York.
A narrativa gira em torno da sofrida tentativa do protagonista em adaptar-se à vida social depois das férias prolongadas – que bem pode ser uma metáfora para um processo de enlouquecimento ou uma estadia numa clínica de recuperação. A televisão joga um importante papel em sua tentativa de voltar à realidade e não se confundir, ajudando-o a se comunicar com o mundo novamente. E é através da TV que esse personagem deslocado entra em contato com o grande evento do século XXI, a queda das Torres Gêmeas em onze de setembro de 2001.
Se o romance se organizasse em torno desse acontecimento, poderíamos dizer que esse é um romance de geração. Quando o personagem precisa de relaxamento e integração, o mundo reage no sentido contrário, entrando em seu momento de maior tensão, insegurança e conflito após a Guerra Fria. É um grande acontecimento, mas em tudo regressivo: os Estados Unidos despem o discurso universalista da globalização e assumem, nesse estágio histórico, um discurso agressivamente nacionalista. Embora os terroristas fossem sauditas, é o miserável e devastado Afeganistão que sucumbe vítima de uma invasão punitiva dos Estados Unidos. Todos esses fatos não escapam à visão do protagonista, que, ao contrário de muitos, não se exalta em paixão patriótica norte-americana naquele momento.
A narrativa encena a enorme reversão de expectativas, de positivas em negativas, daquele momento: o texto lembra José Agrippino de Paula em sua densidade, no uso das aspas americanas e em seu discurso indireto, repleto de referências a atos cotidianos, embora sem a referência ao mundo das celebridades e sem a violência presentes em PanAmérica, por exemplo. A forma como Fabiano, oponente do jovem ator, é apresentado, denota a antipatia que lhe provocam as telenovelas, produto artístico cujo naturalismo é negado na descrição anti-naturalista de um protagonista de uma delas, conforme se pode ler na passagem abaixo:
“Como ele”? É um que tem uma pinta no rosto e usa sapatos verdes? E apontei com meu dedo na bochecha direita. “A pinta...” ela disse ao padeiro. “Todo mundo conhece ele pela pinta”, e o padeiro concordava, sorrindo (YANG, 2008, p. 60).
Embora a TV jogue um papel importante para que o protagonista se reintegre à vida cotidiana, é Fabiano, vaidoso ator de novelas, que faz um papel desintegrador junto da mulher que o protagonista ama, Aline, curiosamente também o nome de uma história em quadrinhos de Adão Itussuragai transformada, recentemente, em minissérie televisiva onde Aline é uma mulher que namora dois homens.
Os tais sapatos verdes, citados no fragmento acima, são curiosamente da maior importância no decorrer do romance. Um dos motivos-guia desse New York, New York, suponho, é o ponto de virada, a súbita reversão de expectativas positivas quase alucinatória: Os Estados Unidos vão ocupando o Afeganistão, o caso do ator com Aline tornar-se cada vez mais trágico: ele vai a uma festa de um artista plástico chamado Tom e acaba por encontrar o “homem dos sapatos verdes”, Fabiano (o namorado de Aline), com outra mulher, o que paradoxalmente põe a perder o relacionamento de Aline com o protagonista.
No final do romance, o desejo de ir para Nova Iorque, lugar onde ocorreu o trágico ataque citado no decorrer do romance, é afirmado, também numa virada surpreendente. O ator nega-se a fazer novela, e, muito diferente das narrativas naturalistas de um André Takeda, por exemplo, a narrativa de Denny Yang encena essa negação, tanto em suas personagens quanto na sua estética. Não fica claro, ao final do texto, nem mesmo se New York vai conseguir sustentar alguma utopia, mas é melhor do que a atopia até então colocada.
Marcadores:
clipe,
Denny Yang,
Gerald Thomas,
new york,
resenha,
romance
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Lula para a Academia Brasileira de Letras!
Eu explico, eu explico. Sou oposição ao governo Lula. No entanto, eu o quero na ABL. Por que? Porque ele tem interesse em Gramática. Outro dia foi registrado que ele perguntou ao ministro Luiz Dulci sobre a crase, assim como corrigiu o "interviu" do ministro Tarso Genro. Ele tem curiosidade a respeito da Gramática, daí que será um belo estímulo para nossos alunos. E esse quase haikai que ele fez?
Não tem poema com narcotráfico
Poema ao narco tráfego
Não é um belo mote para um poema?
Não há rima com o narcotráfico
Não há poema; o narco
trêfego
anarco
trôpego
A droga é a morte do filho de Gullar
Na coca a poesia morre
Nada de cosmococa
Nada de Hélio Oiticica
depois do incêndio.
O estado fará tréguas
secretas
--segredos de liqui
dificador
com os traficantes.
Eles brincam com
nossas vidas:
polícia &
ladrão.
Outro dia, lendo um livro de Saulo Ramos, Código da Vida, vi que ele -- ou um amigo dele, não estou lembrado ao certo -- pediu ao Sarney que fizesse tudo, só não colocasse Lula na ABL, em nome do Português e da Gramática. Já eu adoraria ver aquelas carecas de louça e ratazanas fardadas estremecendo diante de um "menas", ou chorando sangue diante da ausência de um plural! Ahhh! Eu quero, eu quero!
DEDO IVO, JOSÉ SARNA, TREEEEMEEEEI!
LULA PARA A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS!
PS: o próximo a ser lançado será o Gerald Thomas, para realmente ABALAR as estruturas! Já pensaram o Gerald com aquele fardão e os taxistas perguntando, em movimento: SOIS REI?
Não tem poema com narcotráfico
Poema ao narco tráfego
Não é um belo mote para um poema?
Não há rima com o narcotráfico
Não há poema; o narco
trêfego
anarco
trôpego
A droga é a morte do filho de Gullar
Na coca a poesia morre
Nada de cosmococa
Nada de Hélio Oiticica
depois do incêndio.
O estado fará tréguas
secretas
--segredos de liqui
dificador
com os traficantes.
Eles brincam com
nossas vidas:
polícia &
ladrão.
Outro dia, lendo um livro de Saulo Ramos, Código da Vida, vi que ele -- ou um amigo dele, não estou lembrado ao certo -- pediu ao Sarney que fizesse tudo, só não colocasse Lula na ABL, em nome do Português e da Gramática. Já eu adoraria ver aquelas carecas de louça e ratazanas fardadas estremecendo diante de um "menas", ou chorando sangue diante da ausência de um plural! Ahhh! Eu quero, eu quero!
DEDO IVO, JOSÉ SARNA, TREEEEMEEEEI!
LULA PARA A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS!
PS: o próximo a ser lançado será o Gerald Thomas, para realmente ABALAR as estruturas! Já pensaram o Gerald com aquele fardão e os taxistas perguntando, em movimento: SOIS REI?
Marcadores:
academia brasileira de Letras,
Código da Vida,
Gerald Thomas,
Lula,
Sarney,
Saulo Ramos
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Entrevista de Gerald/comentários de Leo Lama
arta-feira, Outubro 14, 2009
Entrevista de Gerald Thomas ao Jornal “O Globo”, com comentários de Leo Lama
RIO - Gerald Thomas vai deixar o teatro. No mês passado, o diretor que fez da controvérsia seu gênero teatral divulgou pela internet um artigo no qual afirmava que daria adeus ao teatro. "Continuar o quê?", disse ele no artigo; "Se formos analisar o último filme ou CD de fulano de tal, ou a última coreografia de não sei quem, veremos que tudo é uma mera repetição medíocre e menor (...)". Ao GLOBO, por e-mail, o diretor confirma a saída, mas não se será definitiva.
Você vai parar de dirigir? É sua aposentadoria?
GERALD THOMAS: Eu não chamaria de aposentadoria. Aposentadoria implica receber pensão, não? Não é o meu caso. O meu é um pouco mais profundo. Acredite.
LEO LAMA: Eu acredito.
Se é um ''breve'' adeus, como você diz no artigo, você para por um tempo e depois volta?
GERALD: Não tenho nada decretado. Digo no meu artigo que preciso de tempo pra me achar e que não há originalidade alguma na minha geração. Digo que os tempos de hoje estão extremamente chatos, e as verdadeiras estrelas são aquelas fora do teatro: não faz mesmo sentido entreter um pequeno número de pessoas presas em cadeiras, vendo "miragens" no palco. Essa mentirinha está mal contada. E eu parei de contá-la. Mas não estou reclamando: me deram "the time of my life". Tive os melhores teatros do mundo e agradeço a Deus por isso.
LEO LAMA: Que geração é essa, a do Gerald, que se perdeu procurando originalidade? Não há como negar que esses tempos estão chatos, mas e os tempos que não existem nessa chatice como será que estão? Que tempos são esses? Que relógios marcam tais tempos? Quais tempos existem de verdade e na Verdade? Tudo é realtivo, mas o Absoluto não se relativiza com o relativo, ou seja, pra que falar do relativo como se fosse absoluto? Pra que falar do sem sentido se não há sentido algum? (REPOUSO) Então o que Gerald fazia era entreter um pequeno número de pessoas presas em cadeiras que viam “miragens” no palco? E agora, o que se propõe? Que se conte melhor a mentirinha? Ou que se a abandone sem piedade, ainda que as verdadinhas possam não ser essas? (REPOUSO) Teria sido Deus que lhe concedeu os teatros? Se foi, o que Gerald Thomas deu em troca? Uma arte que caiu no ridículo da desistência, na falência, no esgotamento? Que retribuição é essa? É só uma pergunta. Eu não faço críticas, eu apenas formulo questões: ora, O Todo Poderoso já não tinha avisado através de um de seus profetas que já não havia nada de novo debaixo do sol? Ah, essas mentes iluminadas por refletores! O que quer dizer “não há nada de novo sob o sol (ou outras traduções possíveis do Qohélet, como a de Haroldo de Campos: névoas de nadas, disse O-que- sabe, tudo névoa nada. Tudo tédio palavras... e não há nada novo sob sol...)? Se isso é uma coisa que foi proferida e avisada de forma atemporal e simbólica, quando um dia se descobre que não há nada de novo no “teatro”, ou nada de novo a se fazer, ainda que não se tenha feito nada de novo nos anos em que se achava que se fazia novidades, está se falando da mesma falta de novidade a que se refere o Livro Sagrado ou fala-se do que o Livro disse que aconteceria com quem não se deixasse ler pelo Livro? Então pergunto: do que fala Gerald e do que fala o Eclesiastes? Tudo o que possamos fazer já foi feito, “Não há nada de novo sob o Sol”. Tudo é vaidade, diz o Livro. E Gerald parou de contar a mentirinha, ainda que a Verdade já tivesse sido contada há muito, e não por ele, é claro. O que não o desmerece, ainda que se pergunte: o que ele fez para merecer tanto espaço de Deus? O que ele fez com seu tempo de vida? Quando foi que se trocaram os Princípios pela originalidade, a Atualização do Espírito pela novidade? Vai saber. Vai saber.
Vai participar de projetos teatrais fora da direção?
GERALD: Eu parei. Procure me entender. Parei. O Gerald Thomas parou.
LEO LAMA: Parou com o que? O que era “isso” que o Gerald Thomas fazia? Teatro ou aquilo que ele chamava de teatro? O que quer dizer “parei de fazer teatro!”? O que é teatro? O de um é o de todos? Digamos que tal teatro fosse arte. Parou de fazer arte? Mas quando ele começou a fazer arte, se seu teatro for arte e se tal arte é arte? O que é arte? Não estou criticando “sua” arte ou "seu" teatro, estou apenas questionando se o que um “artista” faz é a arte de todos ou é a representação de todas as artes ou de toda a arte. E ainda pergunto se o que enxergamos não é aquilo que conseguimos ver e também se o que vemos não é exatamente aquilo que estamos vendo e nada mais ou a mais. O que ocorre e não estamos vendo? Ah! O que não se vê? O que é o invisível? Quem são os que já viram tudo? Os que sempre vêem as mesmas coisas ou os que possuem o dom de ver na e a totalidade? Gerald Thomas vê por todos ou só por si mesmo? Se é por si que se vê, que diferença faz para nós, se vai parar ou continuar, dizer isso ou aquilo, encenar tal ou tal peça? No entanto “sua” reflexão é importante, ou melhor dizendo, interessante, pois nos faz pensar sobre o que é a crise de um e a crise de todos. A quem damos voz? Há quem nos represente? Um artista representa o que? Uma sociedade? Uma crise geral pode ser medida por uma crise pessoal de um artista que recebeu espaço da mídia durante anos? E os artistas que não foram vistos, não são relevantes, ainda vão ser, ou são relevantes e por isso mesmo não foram vistos por aqueles que achavam que quem tinha que ser visto era Gerald Thomas? Justo este, aquele que não vê mais nada ou viu que nunca viu. Haja vista. (REPOUSO)Sim, podemos dizer que Gerald é o retrato da modernidade, mas quem quer guardar a fotografia desse tempo inócuo? Ele mesmo já não quer. Chafurdar desde o começo no sem sentido para um dia cansar do sem sentido é algum tipo de abandono ou é cair na obviedade abandonável daquilo em que se meteu?
Vai deixar de assistir a peças também?
GERALD: Não quero nem ouvir falar de teatro ou em teatro.
LEO LAMA: Mas e se o teatro for justamente ouvir? Mas e se for ouvir o que não se faz mais? Sem querer dizer o que é e o que não, escuto. A repórter pergunta sobre assistir e Gerald responde que não vai mais ouvir. Onde está o erro, na pergunta ou na resposta? Veremos o teatro sem escuta?
O que você fará a partir de agora? Vai estudar? O quê? Vai viajar? Para onde?
GERALD: Vou trabalhar alguma prosa, pensar na vida. Pensar na vida. Repensar no que aconteceu e onde tudo se perdeu. Porque... te digo com toda a sinceridade: a mediocridade reina, seja na música, seja nas artes plásticas ou no cinema. Então... estamos atravessando um período onde é melhor se calar e... quieto no meu canto, vou pisar em outras calçadas que não NY e Londres, e essas que piso sempre.
LEO LAMA: Precisamos pensar na diferença entre o mundo e a vida. A vida não é o mundo. A vida é verbo, pensar no mundo como se fosse a vida é engano, não vale a pena. A pena valida a vida. Pensar valida o mundo. (REPOUSO) A mediocridade reina no reino da mediocridade, quanto a isto não resta menor dúvida. Há outros reinos? A que rei se quer servir? Sim, é melhor se calar, mas há o que pode ser mais bem dito. Eu nunca quis conhecer Nova Iorque. E o sonho da minha filha é morar em Londres. Isso interessa?
Você fala que não tem vontade de criar um "iTheatro''. As experiências culturais ao vivo, como o teatro, estão em declínio? Quando se vai a um show de música, as pessoas não assistem mais a ele sem fotografar ou filmar. Se pudessem fazer o mesmo com as peças, ajudaria o teatro?
GERALD: Uma de minhas últimas peças foi "Kepler the dog: um cão que insultava mulheres", levada ao ar pelo "Ig". Então, isso, eu já fiz. Foi visto numa noite por mais gente do que uma peça é vista numa temporada inteira. Não culpo o público nunca. Culpo a nós mesmos por não termos tido a coragem de ter ido mais longe: ficamos nessa merda de desconstrutivismo por tempo demais. E deu no que deu. Caiu tudo. A minha geração não tem cultura, falta cultura a essa falta de cultura!
LEO LAMA: Uma pessoa faz merda e por causa disso ninguém mais deve fazer? Será que não existe uma singularidade na merda de cada um? Uma merda vista, todas foram vistas (ou cheiradas)? Sim, "Kepler the dog: um cão que insultava mulheres" a peça do Ig, (ou seria Id?) poderia ser considerada uma merda, ou não, mas por causa dessa merda tudo vira merda? Por que uma quantidade enorme de gente viu a qualidade não pode mais ser vista? Quem ficou nessa merda de desconstrutivismo afinal? Bem, quem realmente ficou muito tempo na merda foi o Derrida. Caiu tudo? Levanta sacode a poeira, da volta por cima, já diria mestre Vanzolini. A verdade é que há muitas gerações sem cultura sobre a falta de cultura, isso não é privilégio do Gerald ou da geração dele, mas eu pergunto: o que foi cultivado?
Como entrar em contato com os que se nivelam pela "culturazinha de merda'', como você diz no seu artigo? A sua geração artística não teria conseguido lidar com isso?
GERALD: Não competíamos com a internet ou a TV a cabo e o Twitter e o celular que manda text message, e isso e aquilo. Isso tudo afasta qualquer pessoa da arte. Seja a arte que for. Havia um tempo para ser dedicado à arte. Havia uma imprensa que nos apoiava aqui em NY. Hoje a imprensa que resta (o "Village Voice") virou um bando de anúncio de travestis.
LEO LAMA: É essa tecnologia toda que afasta as pessoas da arte ou é a arte que é feita que afasta as pessoas da arte? Eis o paradoxo de Tostines. A arte precisa das pessoas ou as pessoas precisam da arte? O que é arte? Eis de novo a impertinente questão.
Acha que esse nivelamento por baixo, esse esvaziamento da arte, poderia se ligar a um também esvaziamento da política? Assim como as pessoas não teriam mais paixões políticas, estariam mais cínicas também para uma discussão da cultura?
GERALD: Como assim "não têm paixões políticas"? Coloquei toda a minha energia na campanha do presidente Obama ano passado. E acho ótimo ter feito isso!!!!! Aqui, nos EUA, não há cinismo algum em relação à política, e sim, um tremendo renascimento político. Não cultural. Mas político, sim.
LEO LAMA: Sim, tais paixões e outras patologias não faltam.
Sua decisão de abandonar o teatro parece vir de um processo longo de reflexão. Mas houve algum acontecimento que tenha servido de gota d'água, de catalisador para essa sua decisão? O que foi?
GERALD: Foi há um mês, quando estive em Amsterdã pela 30 vez e vi um dos auto retratos de Rembrandt. Aquele que ele pintou aos 55 anos. Eu estou com 55 anos. Nos comunicamos através de um estranho olhar. Ele num tempo, e eu, num outro, divididos por 400 anos. Fiquei de tal forma emocionado com aquele quadro (que conheço a minha vida inteira) que dessa vez algo em mim simplesmente se quebrou.
LEO LAMA: O que disse o olhar de Rembrandt além de sua idade (seu tempo)? O que nem em 400 anos poderá se colar? (REPOUSO) Onde estão as estrelas?
Postado por Leo Lama às 2:17 AM
10 comentários:
Andréah disse...
(se Gerald Tomas não tivesse publicado este artigo... eu aplaudia de pé, pela primeira vez, diga-se, essa atitude não-artistica que por isso mesmo, tempos de hoje, é que vai sendo Artisticamente justa... É que por razões diversas, em muitos pontos, eu coaduno, mesmo concordando com o que você Leo, comenta... é que há além dos pontos divergentes, um mal estar unico... só que por ironia da trama desta-vida-conjunta, ontem mesmo, acabava de tomar contato com este trechinho que o fio da minha meada descostura lentamente...
Vê: ...“se a razão motivadora para que eu devolva a John o livro [emprestado] no tempo combinado não é minha consideração por ele, mas minha decisão de viver de acordo com o princípio geral de que promessas devem ser cumpridas, meu ato não é moral, mas moralista”.) Uma ação moral não “serve” a “propósito” algum e certamente não é guiada pela expectativa de lucro, conforto, notoriedade, reforço do ego, aplauso público ou qualquer outro tipo de autopromoção. Embora seja verdade que feitos “objetivamente bons”, isto é, proveitosos e úteis, têm sido realizados continuamente a partir do cálculo de ganhos do ator – seja obter a divina graça, comprar a estima do público ou mostrar arrependimento para ganhar a absolvição dos pecados e o perdão divino por atos insensíveis ou sem piedade em outras ocasiões –, eles não poderiam ser classificados como genuinamente morais porque foram motivados dessa forma..." (mais pra frente, o autor completa:) "Essa é uma razão crucial pela qual a demanda ética, aquela pressão “objetiva” a ser moral que emana do próprio fato de estar vivo e compartilhar o planeta com outros seres vivos, é e deve permanecer silenciosa."
... ...
... de tudo o mais que aqui eu vi e ouvi, quem gritou silenciosamente de maneira contundente foi a propria Arte, pra minha plena alegria... espelhando o que no espelho mesmo, Gerald nunca poderia ver aparente... Tomara a gente faça um coro silencioso de ações pro Teatro poder ser ouvido, sempre...
Dorim.
12:34 AM
Edu disse...
Esse Gerald Thomas é o tipo do bitoladinho de cidade grande. "Não tem mais música, não tem mais filme... buááá... buááá..."
Qualquer curva de rio tem mais novidade que toda a nossa perversão cultural.
Quem procura novidade é porque envelheceu em definitivo.
Você nem deveria tocar nesse assunto, Lama, falar de um tonto mimado desses. Nem eu. O mundo dele se resume a NY e Londres, coitado. Aí é que não dá pra ter novidade nenhuma, mesmo, nunca.
1:35 PM
E. Fields disse...
Vou aproveitar este espaço pra dizer o que penso de Geraldo Thomas:
1:42 PM
Líbio Santeleno disse...
Cena 1: Geraldinho está à toa em Amsterdão, fumando e gastando uns cobres que mamãe deixou na lata da cozinha. Vai até o museu e vê um auto-retrato de Rembrandt. Resolve se emocionar. É tão inteligente e culto se emocionar com Rembrandt ! Ele pensa: vou dizer pra todo o mundo que parei. (Ao fundo, ouve-se aquela velha canção, na linda voz de Ney Matogrosso, que diz a mesma coisa: '...eu parei...')
Cena 2: Geraldinho está impaciente, de banho tomado, fuma e anda pra lá e pra cá em seu lindo apartamento no Rio de Janeiro. Ele pensa: eu parei, eu parei, preciso dizer que parei. Vou ligar pra Sandrinha e dizer pra ela que parei. (Sandrinha sendo uma amiga jornalista d'O Globo.)
Cena 3: Sandrinha encontra o impaciente Geraldo, de 55 anos, numa lanchonete do Leblon.
- Eu parei, Sandrinha, você não está entendendo, eu parei !
- Se parou, tá parado, pra quê tocar no assunto ? Não há nada pra entender.
Ele a encara por um caco de segundo, então sente que alguma coisa se quebrou dentro dele:
- Eu não consigo.
E desata a chorar feito uma criança.
Cena 4: Geraldo acorda subitamente, naquela mesma noite, em sua cama, em seu lindo apartamento do Rio de Janeiro. Tem um único pensamento:
Olimpíada 2016 ! Da Grécia para o Rio de janeiro ! Como o teatro !
2:05 PM
Anônimo disse...
Não com cordo com a Andreah, aplaudir de pé atitude de covardia é covardia também. A vida é difícil e sempre será, a secura e a aridez está aí e vai piorar, os artistas devem ser artistas em suas expressões até o fim de suas vidas. ë obrigação de um artistas se renovar, mas antes de tudo, ser artista ë ter o que dizer, ë ter o que acrescentar, ou então, vá dirigir as olimpíadas, como sugeriu o amigo aí em cima.
Rogério
3:19 PM
Duda disse...
Gostei da reflexão do Leo, e acho que dialogar com as pessoas que querem expor suas decisões como se fossem importantes, é importante, pois esvaziar os discursos vazios é um dever do artista.Assim como enche-los. Acho que o que disse o Fields:() é no fundo o que tem-se a dizer mesmo, mas é importante mostrar que os discursos da mídia, na maioria das vezes não passam de umm amontoado de abobrinhas egóicas. Vi uma entrevista do Gerald da Maria Gabriela há uns anos atrás, o cara só fazia fazer apologia ao Rivotril. O pior é que esses discursos, não falo nem da pessoa, são como o Jason, nunca morrem. Devo concordar com o Leo quando ele diz que os jornalistas, ou o jornalismo sõa idiotas, porque parece que todas as notícias são a mesma, ou seja, é tudo notícia do mesmo vazio.
Blargh!
3:29 PM
Adriana disse...
Acho Rembrandt pintor de uma arte menor. Pode ser só opinião minha, mas vejo certas conexões entre as escolhas que fazemos e as coisas que nos emocionam. Acho essa coisa de auto-retrato uma merda. Pra que ficar se auto-retratando?
3:33 PM
Anônimo disse...
A gente se destrata demais, auto-retrato é coisa boa.
4:56 PM
Andréah disse...
(o olhar deste quadro é flecha: contundência da ironia resignada, por 400 anos! Fiquei botando reparo um tempão na força dessa expressão...)
Não aplaudi, Rogério, aplaudiria se. Não a covardia, mas a "negação" do que está posto, o não-acomodamento, a necessidade de por as barbas de molho, a fragilidade, a humildade para a reavaliação de si... e principalmente, aplaudiria a tirada da máscara de tantos anos, aquela que mais o assegurava... Não estaria assim se renovando? Aplaudiria a coragem: isso sim ... se tudo isso fosse um impulso pelo Bem do Outro... não um discurso público...
Aplaudiria não com palmas, nem com louros... Não haveria "espetáculo", entende? Atentaria: a expressão do artista nascendo perante o Outro... ! Era caso pra olhar de sorriso aliviado... Quase um brinde com o olho no olho do olho...
...
... Pra que o Rembrandt foi fazer auto retrato? (vixe Maria!) Pra acordar o Gerald Thomas! rsrs... Num tá de bom tamanho? (to brincando...)
...
2:56 AM
Priscilla disse...
Eu, artista em crise, elocubro com outros artistas acerca da falta de sentido, da busca pelo sentido, do que é sentido. Justo. Mas é como se eu, médico em crise, pensasse a medicina sem diálogo com o paciente. Que sentido há em um público que não se vê, que não tem "cultura", mas que já não sei quem é? Pra quem desejo falar? O que sua ausência quer nos dizer? Como obter respostas sem olhar para fora de mim e dos meus colegas? Objetiva e profundamente? Perdoe-me, Geraldo, mas se estamos sozinhos, encerrados em nós mesmos, continuaremos sem arte. Nós e eles.
1:18 PM
Postar um comentário
Links para esta postagem
Criar um link
Postagem mais antiga Início
Assinar: Postar comentários (Atom)
Entrevista de Gerald Thomas ao Jornal “O Globo”, com comentários de Leo Lama
RIO - Gerald Thomas vai deixar o teatro. No mês passado, o diretor que fez da controvérsia seu gênero teatral divulgou pela internet um artigo no qual afirmava que daria adeus ao teatro. "Continuar o quê?", disse ele no artigo; "Se formos analisar o último filme ou CD de fulano de tal, ou a última coreografia de não sei quem, veremos que tudo é uma mera repetição medíocre e menor (...)". Ao GLOBO, por e-mail, o diretor confirma a saída, mas não se será definitiva.
Você vai parar de dirigir? É sua aposentadoria?
GERALD THOMAS: Eu não chamaria de aposentadoria. Aposentadoria implica receber pensão, não? Não é o meu caso. O meu é um pouco mais profundo. Acredite.
LEO LAMA: Eu acredito.
Se é um ''breve'' adeus, como você diz no artigo, você para por um tempo e depois volta?
GERALD: Não tenho nada decretado. Digo no meu artigo que preciso de tempo pra me achar e que não há originalidade alguma na minha geração. Digo que os tempos de hoje estão extremamente chatos, e as verdadeiras estrelas são aquelas fora do teatro: não faz mesmo sentido entreter um pequeno número de pessoas presas em cadeiras, vendo "miragens" no palco. Essa mentirinha está mal contada. E eu parei de contá-la. Mas não estou reclamando: me deram "the time of my life". Tive os melhores teatros do mundo e agradeço a Deus por isso.
LEO LAMA: Que geração é essa, a do Gerald, que se perdeu procurando originalidade? Não há como negar que esses tempos estão chatos, mas e os tempos que não existem nessa chatice como será que estão? Que tempos são esses? Que relógios marcam tais tempos? Quais tempos existem de verdade e na Verdade? Tudo é realtivo, mas o Absoluto não se relativiza com o relativo, ou seja, pra que falar do relativo como se fosse absoluto? Pra que falar do sem sentido se não há sentido algum? (REPOUSO) Então o que Gerald fazia era entreter um pequeno número de pessoas presas em cadeiras que viam “miragens” no palco? E agora, o que se propõe? Que se conte melhor a mentirinha? Ou que se a abandone sem piedade, ainda que as verdadinhas possam não ser essas? (REPOUSO) Teria sido Deus que lhe concedeu os teatros? Se foi, o que Gerald Thomas deu em troca? Uma arte que caiu no ridículo da desistência, na falência, no esgotamento? Que retribuição é essa? É só uma pergunta. Eu não faço críticas, eu apenas formulo questões: ora, O Todo Poderoso já não tinha avisado através de um de seus profetas que já não havia nada de novo debaixo do sol? Ah, essas mentes iluminadas por refletores! O que quer dizer “não há nada de novo sob o sol (ou outras traduções possíveis do Qohélet, como a de Haroldo de Campos: névoas de nadas, disse O-que- sabe, tudo névoa nada. Tudo tédio palavras... e não há nada novo sob sol...)? Se isso é uma coisa que foi proferida e avisada de forma atemporal e simbólica, quando um dia se descobre que não há nada de novo no “teatro”, ou nada de novo a se fazer, ainda que não se tenha feito nada de novo nos anos em que se achava que se fazia novidades, está se falando da mesma falta de novidade a que se refere o Livro Sagrado ou fala-se do que o Livro disse que aconteceria com quem não se deixasse ler pelo Livro? Então pergunto: do que fala Gerald e do que fala o Eclesiastes? Tudo o que possamos fazer já foi feito, “Não há nada de novo sob o Sol”. Tudo é vaidade, diz o Livro. E Gerald parou de contar a mentirinha, ainda que a Verdade já tivesse sido contada há muito, e não por ele, é claro. O que não o desmerece, ainda que se pergunte: o que ele fez para merecer tanto espaço de Deus? O que ele fez com seu tempo de vida? Quando foi que se trocaram os Princípios pela originalidade, a Atualização do Espírito pela novidade? Vai saber. Vai saber.
Vai participar de projetos teatrais fora da direção?
GERALD: Eu parei. Procure me entender. Parei. O Gerald Thomas parou.
LEO LAMA: Parou com o que? O que era “isso” que o Gerald Thomas fazia? Teatro ou aquilo que ele chamava de teatro? O que quer dizer “parei de fazer teatro!”? O que é teatro? O de um é o de todos? Digamos que tal teatro fosse arte. Parou de fazer arte? Mas quando ele começou a fazer arte, se seu teatro for arte e se tal arte é arte? O que é arte? Não estou criticando “sua” arte ou "seu" teatro, estou apenas questionando se o que um “artista” faz é a arte de todos ou é a representação de todas as artes ou de toda a arte. E ainda pergunto se o que enxergamos não é aquilo que conseguimos ver e também se o que vemos não é exatamente aquilo que estamos vendo e nada mais ou a mais. O que ocorre e não estamos vendo? Ah! O que não se vê? O que é o invisível? Quem são os que já viram tudo? Os que sempre vêem as mesmas coisas ou os que possuem o dom de ver na e a totalidade? Gerald Thomas vê por todos ou só por si mesmo? Se é por si que se vê, que diferença faz para nós, se vai parar ou continuar, dizer isso ou aquilo, encenar tal ou tal peça? No entanto “sua” reflexão é importante, ou melhor dizendo, interessante, pois nos faz pensar sobre o que é a crise de um e a crise de todos. A quem damos voz? Há quem nos represente? Um artista representa o que? Uma sociedade? Uma crise geral pode ser medida por uma crise pessoal de um artista que recebeu espaço da mídia durante anos? E os artistas que não foram vistos, não são relevantes, ainda vão ser, ou são relevantes e por isso mesmo não foram vistos por aqueles que achavam que quem tinha que ser visto era Gerald Thomas? Justo este, aquele que não vê mais nada ou viu que nunca viu. Haja vista. (REPOUSO)Sim, podemos dizer que Gerald é o retrato da modernidade, mas quem quer guardar a fotografia desse tempo inócuo? Ele mesmo já não quer. Chafurdar desde o começo no sem sentido para um dia cansar do sem sentido é algum tipo de abandono ou é cair na obviedade abandonável daquilo em que se meteu?
Vai deixar de assistir a peças também?
GERALD: Não quero nem ouvir falar de teatro ou em teatro.
LEO LAMA: Mas e se o teatro for justamente ouvir? Mas e se for ouvir o que não se faz mais? Sem querer dizer o que é e o que não, escuto. A repórter pergunta sobre assistir e Gerald responde que não vai mais ouvir. Onde está o erro, na pergunta ou na resposta? Veremos o teatro sem escuta?
O que você fará a partir de agora? Vai estudar? O quê? Vai viajar? Para onde?
GERALD: Vou trabalhar alguma prosa, pensar na vida. Pensar na vida. Repensar no que aconteceu e onde tudo se perdeu. Porque... te digo com toda a sinceridade: a mediocridade reina, seja na música, seja nas artes plásticas ou no cinema. Então... estamos atravessando um período onde é melhor se calar e... quieto no meu canto, vou pisar em outras calçadas que não NY e Londres, e essas que piso sempre.
LEO LAMA: Precisamos pensar na diferença entre o mundo e a vida. A vida não é o mundo. A vida é verbo, pensar no mundo como se fosse a vida é engano, não vale a pena. A pena valida a vida. Pensar valida o mundo. (REPOUSO) A mediocridade reina no reino da mediocridade, quanto a isto não resta menor dúvida. Há outros reinos? A que rei se quer servir? Sim, é melhor se calar, mas há o que pode ser mais bem dito. Eu nunca quis conhecer Nova Iorque. E o sonho da minha filha é morar em Londres. Isso interessa?
Você fala que não tem vontade de criar um "iTheatro''. As experiências culturais ao vivo, como o teatro, estão em declínio? Quando se vai a um show de música, as pessoas não assistem mais a ele sem fotografar ou filmar. Se pudessem fazer o mesmo com as peças, ajudaria o teatro?
GERALD: Uma de minhas últimas peças foi "Kepler the dog: um cão que insultava mulheres", levada ao ar pelo "Ig". Então, isso, eu já fiz. Foi visto numa noite por mais gente do que uma peça é vista numa temporada inteira. Não culpo o público nunca. Culpo a nós mesmos por não termos tido a coragem de ter ido mais longe: ficamos nessa merda de desconstrutivismo por tempo demais. E deu no que deu. Caiu tudo. A minha geração não tem cultura, falta cultura a essa falta de cultura!
LEO LAMA: Uma pessoa faz merda e por causa disso ninguém mais deve fazer? Será que não existe uma singularidade na merda de cada um? Uma merda vista, todas foram vistas (ou cheiradas)? Sim, "Kepler the dog: um cão que insultava mulheres" a peça do Ig, (ou seria Id?) poderia ser considerada uma merda, ou não, mas por causa dessa merda tudo vira merda? Por que uma quantidade enorme de gente viu a qualidade não pode mais ser vista? Quem ficou nessa merda de desconstrutivismo afinal? Bem, quem realmente ficou muito tempo na merda foi o Derrida. Caiu tudo? Levanta sacode a poeira, da volta por cima, já diria mestre Vanzolini. A verdade é que há muitas gerações sem cultura sobre a falta de cultura, isso não é privilégio do Gerald ou da geração dele, mas eu pergunto: o que foi cultivado?
Como entrar em contato com os que se nivelam pela "culturazinha de merda'', como você diz no seu artigo? A sua geração artística não teria conseguido lidar com isso?
GERALD: Não competíamos com a internet ou a TV a cabo e o Twitter e o celular que manda text message, e isso e aquilo. Isso tudo afasta qualquer pessoa da arte. Seja a arte que for. Havia um tempo para ser dedicado à arte. Havia uma imprensa que nos apoiava aqui em NY. Hoje a imprensa que resta (o "Village Voice") virou um bando de anúncio de travestis.
LEO LAMA: É essa tecnologia toda que afasta as pessoas da arte ou é a arte que é feita que afasta as pessoas da arte? Eis o paradoxo de Tostines. A arte precisa das pessoas ou as pessoas precisam da arte? O que é arte? Eis de novo a impertinente questão.
Acha que esse nivelamento por baixo, esse esvaziamento da arte, poderia se ligar a um também esvaziamento da política? Assim como as pessoas não teriam mais paixões políticas, estariam mais cínicas também para uma discussão da cultura?
GERALD: Como assim "não têm paixões políticas"? Coloquei toda a minha energia na campanha do presidente Obama ano passado. E acho ótimo ter feito isso!!!!! Aqui, nos EUA, não há cinismo algum em relação à política, e sim, um tremendo renascimento político. Não cultural. Mas político, sim.
LEO LAMA: Sim, tais paixões e outras patologias não faltam.
Sua decisão de abandonar o teatro parece vir de um processo longo de reflexão. Mas houve algum acontecimento que tenha servido de gota d'água, de catalisador para essa sua decisão? O que foi?
GERALD: Foi há um mês, quando estive em Amsterdã pela 30 vez e vi um dos auto retratos de Rembrandt. Aquele que ele pintou aos 55 anos. Eu estou com 55 anos. Nos comunicamos através de um estranho olhar. Ele num tempo, e eu, num outro, divididos por 400 anos. Fiquei de tal forma emocionado com aquele quadro (que conheço a minha vida inteira) que dessa vez algo em mim simplesmente se quebrou.
LEO LAMA: O que disse o olhar de Rembrandt além de sua idade (seu tempo)? O que nem em 400 anos poderá se colar? (REPOUSO) Onde estão as estrelas?
Postado por Leo Lama às 2:17 AM
10 comentários:
Andréah disse...
(se Gerald Tomas não tivesse publicado este artigo... eu aplaudia de pé, pela primeira vez, diga-se, essa atitude não-artistica que por isso mesmo, tempos de hoje, é que vai sendo Artisticamente justa... É que por razões diversas, em muitos pontos, eu coaduno, mesmo concordando com o que você Leo, comenta... é que há além dos pontos divergentes, um mal estar unico... só que por ironia da trama desta-vida-conjunta, ontem mesmo, acabava de tomar contato com este trechinho que o fio da minha meada descostura lentamente...
Vê: ...“se a razão motivadora para que eu devolva a John o livro [emprestado] no tempo combinado não é minha consideração por ele, mas minha decisão de viver de acordo com o princípio geral de que promessas devem ser cumpridas, meu ato não é moral, mas moralista”.) Uma ação moral não “serve” a “propósito” algum e certamente não é guiada pela expectativa de lucro, conforto, notoriedade, reforço do ego, aplauso público ou qualquer outro tipo de autopromoção. Embora seja verdade que feitos “objetivamente bons”, isto é, proveitosos e úteis, têm sido realizados continuamente a partir do cálculo de ganhos do ator – seja obter a divina graça, comprar a estima do público ou mostrar arrependimento para ganhar a absolvição dos pecados e o perdão divino por atos insensíveis ou sem piedade em outras ocasiões –, eles não poderiam ser classificados como genuinamente morais porque foram motivados dessa forma..." (mais pra frente, o autor completa:) "Essa é uma razão crucial pela qual a demanda ética, aquela pressão “objetiva” a ser moral que emana do próprio fato de estar vivo e compartilhar o planeta com outros seres vivos, é e deve permanecer silenciosa."
... ...
... de tudo o mais que aqui eu vi e ouvi, quem gritou silenciosamente de maneira contundente foi a propria Arte, pra minha plena alegria... espelhando o que no espelho mesmo, Gerald nunca poderia ver aparente... Tomara a gente faça um coro silencioso de ações pro Teatro poder ser ouvido, sempre...
Dorim.
12:34 AM
Edu disse...
Esse Gerald Thomas é o tipo do bitoladinho de cidade grande. "Não tem mais música, não tem mais filme... buááá... buááá..."
Qualquer curva de rio tem mais novidade que toda a nossa perversão cultural.
Quem procura novidade é porque envelheceu em definitivo.
Você nem deveria tocar nesse assunto, Lama, falar de um tonto mimado desses. Nem eu. O mundo dele se resume a NY e Londres, coitado. Aí é que não dá pra ter novidade nenhuma, mesmo, nunca.
1:35 PM
E. Fields disse...
Vou aproveitar este espaço pra dizer o que penso de Geraldo Thomas:
1:42 PM
Líbio Santeleno disse...
Cena 1: Geraldinho está à toa em Amsterdão, fumando e gastando uns cobres que mamãe deixou na lata da cozinha. Vai até o museu e vê um auto-retrato de Rembrandt. Resolve se emocionar. É tão inteligente e culto se emocionar com Rembrandt ! Ele pensa: vou dizer pra todo o mundo que parei. (Ao fundo, ouve-se aquela velha canção, na linda voz de Ney Matogrosso, que diz a mesma coisa: '...eu parei...')
Cena 2: Geraldinho está impaciente, de banho tomado, fuma e anda pra lá e pra cá em seu lindo apartamento no Rio de Janeiro. Ele pensa: eu parei, eu parei, preciso dizer que parei. Vou ligar pra Sandrinha e dizer pra ela que parei. (Sandrinha sendo uma amiga jornalista d'O Globo.)
Cena 3: Sandrinha encontra o impaciente Geraldo, de 55 anos, numa lanchonete do Leblon.
- Eu parei, Sandrinha, você não está entendendo, eu parei !
- Se parou, tá parado, pra quê tocar no assunto ? Não há nada pra entender.
Ele a encara por um caco de segundo, então sente que alguma coisa se quebrou dentro dele:
- Eu não consigo.
E desata a chorar feito uma criança.
Cena 4: Geraldo acorda subitamente, naquela mesma noite, em sua cama, em seu lindo apartamento do Rio de Janeiro. Tem um único pensamento:
Olimpíada 2016 ! Da Grécia para o Rio de janeiro ! Como o teatro !
2:05 PM
Anônimo disse...
Não com cordo com a Andreah, aplaudir de pé atitude de covardia é covardia também. A vida é difícil e sempre será, a secura e a aridez está aí e vai piorar, os artistas devem ser artistas em suas expressões até o fim de suas vidas. ë obrigação de um artistas se renovar, mas antes de tudo, ser artista ë ter o que dizer, ë ter o que acrescentar, ou então, vá dirigir as olimpíadas, como sugeriu o amigo aí em cima.
Rogério
3:19 PM
Duda disse...
Gostei da reflexão do Leo, e acho que dialogar com as pessoas que querem expor suas decisões como se fossem importantes, é importante, pois esvaziar os discursos vazios é um dever do artista.Assim como enche-los. Acho que o que disse o Fields:() é no fundo o que tem-se a dizer mesmo, mas é importante mostrar que os discursos da mídia, na maioria das vezes não passam de umm amontoado de abobrinhas egóicas. Vi uma entrevista do Gerald da Maria Gabriela há uns anos atrás, o cara só fazia fazer apologia ao Rivotril. O pior é que esses discursos, não falo nem da pessoa, são como o Jason, nunca morrem. Devo concordar com o Leo quando ele diz que os jornalistas, ou o jornalismo sõa idiotas, porque parece que todas as notícias são a mesma, ou seja, é tudo notícia do mesmo vazio.
Blargh!
3:29 PM
Adriana disse...
Acho Rembrandt pintor de uma arte menor. Pode ser só opinião minha, mas vejo certas conexões entre as escolhas que fazemos e as coisas que nos emocionam. Acho essa coisa de auto-retrato uma merda. Pra que ficar se auto-retratando?
3:33 PM
Anônimo disse...
A gente se destrata demais, auto-retrato é coisa boa.
4:56 PM
Andréah disse...
(o olhar deste quadro é flecha: contundência da ironia resignada, por 400 anos! Fiquei botando reparo um tempão na força dessa expressão...)
Não aplaudi, Rogério, aplaudiria se. Não a covardia, mas a "negação" do que está posto, o não-acomodamento, a necessidade de por as barbas de molho, a fragilidade, a humildade para a reavaliação de si... e principalmente, aplaudiria a tirada da máscara de tantos anos, aquela que mais o assegurava... Não estaria assim se renovando? Aplaudiria a coragem: isso sim ... se tudo isso fosse um impulso pelo Bem do Outro... não um discurso público...
Aplaudiria não com palmas, nem com louros... Não haveria "espetáculo", entende? Atentaria: a expressão do artista nascendo perante o Outro... ! Era caso pra olhar de sorriso aliviado... Quase um brinde com o olho no olho do olho...
...
... Pra que o Rembrandt foi fazer auto retrato? (vixe Maria!) Pra acordar o Gerald Thomas! rsrs... Num tá de bom tamanho? (to brincando...)
...
2:56 AM
Priscilla disse...
Eu, artista em crise, elocubro com outros artistas acerca da falta de sentido, da busca pelo sentido, do que é sentido. Justo. Mas é como se eu, médico em crise, pensasse a medicina sem diálogo com o paciente. Que sentido há em um público que não se vê, que não tem "cultura", mas que já não sei quem é? Pra quem desejo falar? O que sua ausência quer nos dizer? Como obter respostas sem olhar para fora de mim e dos meus colegas? Objetiva e profundamente? Perdoe-me, Geraldo, mas se estamos sozinhos, encerrados em nós mesmos, continuaremos sem arte. Nós e eles.
1:18 PM
Postar um comentário
Links para esta postagem
Criar um link
Postagem mais antiga Início
Assinar: Postar comentários (Atom)
Marcadores:
blog,
comentários,
Gerald Thomas,
Leo Lama
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Fernanda Torres fala dos Dias de Tempestade e Fúria
Eu costumo olhar arte com olho de vidro. Teórico. Mas essa moça. Tenho vontade de dar uma beijoca nela. Pronto. Falei.
Marcadores:
Fernanda Torres,
Flash and Crasy Days,
Gerald Thomas
Duas indicações de blog
Duas indicações de blog:
http://improvisions.blogspot.com/ (do graphonótico Marcelo Kraiser e da adorável maluca Vera Lúcia Rosas)
edwardsteinhardt.blogspot.com (blog do Edward, poeta e escritor amigo de Key West e amigo do John Hemingway).
Um dos diálogos do post sobre a perda do pai que ele fez tem um diálogo mais ou menos assim:
--Pai, sabe o Ryan?
--Sei.
--Somos mais próximo do que se aceita socialmente, entende?
--Sim. Não se sinta culpado.
(...) E isso, vindo de alguém que pouco tempo antes ele tinha visto desposar uma mulher.
Lúcio chegou. Quando do inverno o tredo vento balançava o coqueiral vetusto. Ainda o recordo, pálido de medo e trêmulo de susto.
Teologia penetrália: JC,
Jesus Cristo = Gerald Thomas.
Caets (Veloso) é Judas.
Zênites.
Nadires: Giba-Glauber-Laerte Braga
Pólos: Caets/GT
X
Laerte Braga + GibaGlauber
http://improvisions.blogspot.com/ (do graphonótico Marcelo Kraiser e da adorável maluca Vera Lúcia Rosas)
edwardsteinhardt.blogspot.com (blog do Edward, poeta e escritor amigo de Key West e amigo do John Hemingway).
Um dos diálogos do post sobre a perda do pai que ele fez tem um diálogo mais ou menos assim:
--Pai, sabe o Ryan?
--Sei.
--Somos mais próximo do que se aceita socialmente, entende?
--Sim. Não se sinta culpado.
(...) E isso, vindo de alguém que pouco tempo antes ele tinha visto desposar uma mulher.
Lúcio chegou. Quando do inverno o tredo vento balançava o coqueiral vetusto. Ainda o recordo, pálido de medo e trêmulo de susto.
Teologia penetrália: JC,
Jesus Cristo = Gerald Thomas.
Caets (Veloso) é Judas.
Zênites.
Nadires: Giba-Glauber-Laerte Braga
Pólos: Caets/GT
X
Laerte Braga + GibaGlauber
Marcadores:
blog,
Edward Steinhardt,
Gerald Thomas,
Jesus Cristo,
teologia penetrália,
zênites e nadires
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Com Gerald, na sombra de um Starbucks
Monday, August 10, 2009
CON GERALD, A LA SOMBRA DE UN STARBUCKS
W.G.G
El pronóstico para aquella jornada de agosto era que, por tercer día consecutivo, se levantaría el mercurio por arriba de los cien grados Fahrenheit. Miami se iba transformando en el infierno tan temido, la humedad desfiguraba rostros, transparentando estados de ánimo.
Mientras me acercaba por Meridian, buscando el Starbucks de la esquina con Lincoln Road, miraba ansioso el cielo, anhelando una nube gris que presagiara la divina tormenta.
Gerald Thomas me había avisado que llegaría el sábado por la tarde y quedamos de encontrarnos en el café, el martes alrededor de las diez de la mañana. Por la peatonal circulaba poca gente. A media cuadra del negocio, casi soy atropellado por un curioso individuo que llevaba en el manubrio de su bicicleta un enorme y bien cuidado gallo blanco, de cresta alta y roja. “South Beach” pensé divertido, aquí podes encontrarte cualquier cosa. Levanté la vista del gallo móvil que se alejaba y me encontré la figura del maestro Gerald, hundida en una silla como escondida del resto de la gente.
Se levantó con energía y me dio un fuerte abrazo. Me pareció más bajo que la última vez y noté que por su rostro surcaba una profunda tristeza.
—¿Como está mr. Thomas? —le dije estrechando su huesuda mano.
—No muy bien querido —me contestó con un leve temblor en la voz.
Ordené un expreso en la barra, con una torta de blueberry (mi favorita). Gerald ya estaba tomando un café late. La colombiana del mostrador me regaló un cappuccino con mucha crema y salsa de cranberry arriba. Lo había hecho equivocadamente y no quería que el jefe lo viera. Volví cargado a la mesa y el anglo brasilero me miró sorprendido.
—¿Te vas a tomar todo eso querido? Mucha azúcar no es bueno para la salud —me recriminó.
Asegurándome de que la empleada no me miraba, tiré la apetitosa bebida al basurero y me quedé solo con el cafecito y el dulce. Le pregunté a mi amigo la causa de su tristeza, aunque sabía que el laureado director siempre tendría una causa para su romántica melancolía.
—El día anterior —me contó— había fallecido una de las personas que más respetaba. La anciana de 91 años, toda una leyenda en el ambiente teatral neoyorquino, estaba encargada de la dirección del prestigioso teatro, donde también trabaja él. Más allá de la enorme pena que lo embargaba, debía asumir ahora la plena responsabilidad de la conducción del establecimiento cultural. Sus esperadas vacaciones de seis días en South Beach, no pasarían de tres.
La crisis terminal del teatro y el cine independiente en general, lo tenían trastornado.
—Se rompió el circuito Walter. —me dijo apenado— Más de doscientos locales de cine y teatro han cerrado el último año en el área metropolitana de New York. Si no presentas un bodrio ( no dijo esta palabra pero me sirve) hollywoodense, con Adam Sandler incluido, no tenes sala ni productor disponible.
Tomó un trago corto y se arregló el largo pelo en un movimiento característico. La peatonal comenzaba a cobrar vida. Dos homeless, con sus carritos de supermercado repletos de porquerías, pasaron hablando entusiasmadísimos.
—Para colmo, la ciudad nos redujo los subsidios casi totalmente y nuestra deuda es un lastre enorme. A mediados de septiembre comenzamos la temporada y realmente no sé si podremos afrontarla. Pero hay que intentarlo, no nos queda otra—dijo abriendo los brazos en señal de resignación.
—Nunca estuvimos tan desamparados, creo que el panorama caótico es mundial. Solo en Brasil, donde tengo bastantes problemas en la actualidad, y en Francia, donde no me conoce nadie, hay un movimiento esperanzador— terminó dándole un poco de positivismo a un monologo que venía en caída libre.
—¿Y en la Argentina? —pregunté inocentemente.
—Estuve en Bs As dos meses atrás, haciendo un trabajo para el teatro San Martin. Encontré una ciudad embotada, apesadumbrada. Se ve que van perdiendo la esperanza que al principio tenían con los Kirchners. En el plano cultural, el mismo caos que aquí. No hay trabajo por ningún lado.
Si necesitaba una inyección de optimismo esa mañana, sin duda mr. Thomas no me iba a dar. Por lo menos al principio. Empezaba a conocerlo bien y sabía que detrás de esa coraza de persona amargada, habitaba un hombre tierno y supersensible. Siempre guardaba algunas noticias buenas (por lo menos para mí) para el final.
—Lo de España es un hecho —acotó, refiriéndose a unos contactos que había realizado para promocionar El Guionista… en la madre patria— A fin de mes tenemos algo marchando por allá.
Se ofreció a ayudarme en unas cuestiones legales y me invitó, una vez más, a quedarme en su casa un fin de semana y conocer la gran manzana. Le comenté del proyecto de hacer un video sobre el libro y me prometió colgarlo de su blog apenas estuviese listo. La palabra blog como que lo acercó a otra realidad.
—El tema de mi sitio me tiene preocupado querido. El administrador de IG me ha pedido que me dedique a tocar temas culturales, como si la política no fuese cultura también. El vampiro de Curitiba (un columnista de su blog) ha estado criticando a Lula y el sitio es sostenido por el gobierno Brasilero— comentó haciendo un gesto de disgusto con la boca— Yo casi no opino sobre política Brasilera. Tampoco quiero pelearme con el Vamp, él tiene libertad para hablar de lo que quiera, así que es probable que cierre el sitio. Una pena porque además de ser una ayuda económica en estas épocas, estaba alcanzando un éxito singular.
Rozando el mediodía nos levantamos con pereza. La conversación estaba entretenida pero debíamos volver a nuestras obligaciones. El tomaba un vuelo a Nueva York en tres horas y yo entraba a apilar reposeras y revolear toallas en la playa del National. Caminamos lentamente por la peatonal rumbo al Delano Hotel, donde se estaba hospedando. Cruzó su brazo sobre mi hombro y seguimos hablando sobre sus pasados viajes por el planeta.
—¡Ámsterdam da pena querido! —dijo en un suspiro— Jóvenes de todo el mundo confluyen a drogarse allá con total libertad. Ves a cientos, muchos americanos, desparramados por las calles. Algunos tirados en estado lamentable. En el centro solo encuentras pizzerías y negocios de comida chatarra, que es todo lo que comen. La decadencia de la civilización.
Pasamos por enfrente del Lincoln Theather y miró curioso en la cartelera, pero no habia presentacion alguna.
—Más allá de su capacidad innegable, está con las manos atadas —comentó sus pensamientos y adiviné que se referia a Obama.— Es tan grande el desastre que creó Bush que no veo forma en que lo pueda arreglar en un futuro proximo.
—Por menos razón lo echaron a Nixon —le acoté, buscando una respuesta.
—Sí, pero corrían otros tiempos, ahora Bush se encargó de crear un estado de psicosis nacional respecto al peligro del terrorismo. Fue como un escudo tras el cual, él y sus laderos cometieron todo tipo de barbaridades.
Tardamos cinco minutos en pasar la Collins, una fila de buses de turismo tenían el tráfico atascado. Comentó que volvería en tres o cuatro semanas e iríamos a comer algo por allí y a hablar más tranquilamente. Se despidió con su habitual beso en la mejilla, deseándome la mejor de las suertes mientras me recordaba que le mandara el link de mi libro en amazon.com.
—Saludos a Daniela —le dije, en relación a su hermosa esposa carioca y lo vi subir con su desgarbado andar las escaleras del Delano.
Ya estaba llegando a trabajar quince minutos tarde. Hoy no me importaba, pues la mañana había sido bien aprovechada. Pensé en como disfrutaba las charlas con esta entrañable criatura. Se me ocurrió compararlo con don Quijote, después que una de las aspas de su principal enemigo, un molino gigante, lo hubiera derribado golpeándolo duramente. Se sentía deprimido, más estaba seguro que se levantaría, acometiendo de nuevo contra todos los imposibles que lo enfrentaban. En síntesis de eso se trataba su vida. Una lucha continua, casi utópica, por un mundo mejor… o al menos habitable
Salud maestro Gerald!
Posted by GERARDWALT at 4:33 PM 6 comments
waltergreulach.blogspot.com
CON GERALD, A LA SOMBRA DE UN STARBUCKS
W.G.G
El pronóstico para aquella jornada de agosto era que, por tercer día consecutivo, se levantaría el mercurio por arriba de los cien grados Fahrenheit. Miami se iba transformando en el infierno tan temido, la humedad desfiguraba rostros, transparentando estados de ánimo.
Mientras me acercaba por Meridian, buscando el Starbucks de la esquina con Lincoln Road, miraba ansioso el cielo, anhelando una nube gris que presagiara la divina tormenta.
Gerald Thomas me había avisado que llegaría el sábado por la tarde y quedamos de encontrarnos en el café, el martes alrededor de las diez de la mañana. Por la peatonal circulaba poca gente. A media cuadra del negocio, casi soy atropellado por un curioso individuo que llevaba en el manubrio de su bicicleta un enorme y bien cuidado gallo blanco, de cresta alta y roja. “South Beach” pensé divertido, aquí podes encontrarte cualquier cosa. Levanté la vista del gallo móvil que se alejaba y me encontré la figura del maestro Gerald, hundida en una silla como escondida del resto de la gente.
Se levantó con energía y me dio un fuerte abrazo. Me pareció más bajo que la última vez y noté que por su rostro surcaba una profunda tristeza.
—¿Como está mr. Thomas? —le dije estrechando su huesuda mano.
—No muy bien querido —me contestó con un leve temblor en la voz.
Ordené un expreso en la barra, con una torta de blueberry (mi favorita). Gerald ya estaba tomando un café late. La colombiana del mostrador me regaló un cappuccino con mucha crema y salsa de cranberry arriba. Lo había hecho equivocadamente y no quería que el jefe lo viera. Volví cargado a la mesa y el anglo brasilero me miró sorprendido.
—¿Te vas a tomar todo eso querido? Mucha azúcar no es bueno para la salud —me recriminó.
Asegurándome de que la empleada no me miraba, tiré la apetitosa bebida al basurero y me quedé solo con el cafecito y el dulce. Le pregunté a mi amigo la causa de su tristeza, aunque sabía que el laureado director siempre tendría una causa para su romántica melancolía.
—El día anterior —me contó— había fallecido una de las personas que más respetaba. La anciana de 91 años, toda una leyenda en el ambiente teatral neoyorquino, estaba encargada de la dirección del prestigioso teatro, donde también trabaja él. Más allá de la enorme pena que lo embargaba, debía asumir ahora la plena responsabilidad de la conducción del establecimiento cultural. Sus esperadas vacaciones de seis días en South Beach, no pasarían de tres.
La crisis terminal del teatro y el cine independiente en general, lo tenían trastornado.
—Se rompió el circuito Walter. —me dijo apenado— Más de doscientos locales de cine y teatro han cerrado el último año en el área metropolitana de New York. Si no presentas un bodrio ( no dijo esta palabra pero me sirve) hollywoodense, con Adam Sandler incluido, no tenes sala ni productor disponible.
Tomó un trago corto y se arregló el largo pelo en un movimiento característico. La peatonal comenzaba a cobrar vida. Dos homeless, con sus carritos de supermercado repletos de porquerías, pasaron hablando entusiasmadísimos.
—Para colmo, la ciudad nos redujo los subsidios casi totalmente y nuestra deuda es un lastre enorme. A mediados de septiembre comenzamos la temporada y realmente no sé si podremos afrontarla. Pero hay que intentarlo, no nos queda otra—dijo abriendo los brazos en señal de resignación.
—Nunca estuvimos tan desamparados, creo que el panorama caótico es mundial. Solo en Brasil, donde tengo bastantes problemas en la actualidad, y en Francia, donde no me conoce nadie, hay un movimiento esperanzador— terminó dándole un poco de positivismo a un monologo que venía en caída libre.
—¿Y en la Argentina? —pregunté inocentemente.
—Estuve en Bs As dos meses atrás, haciendo un trabajo para el teatro San Martin. Encontré una ciudad embotada, apesadumbrada. Se ve que van perdiendo la esperanza que al principio tenían con los Kirchners. En el plano cultural, el mismo caos que aquí. No hay trabajo por ningún lado.
Si necesitaba una inyección de optimismo esa mañana, sin duda mr. Thomas no me iba a dar. Por lo menos al principio. Empezaba a conocerlo bien y sabía que detrás de esa coraza de persona amargada, habitaba un hombre tierno y supersensible. Siempre guardaba algunas noticias buenas (por lo menos para mí) para el final.
—Lo de España es un hecho —acotó, refiriéndose a unos contactos que había realizado para promocionar El Guionista… en la madre patria— A fin de mes tenemos algo marchando por allá.
Se ofreció a ayudarme en unas cuestiones legales y me invitó, una vez más, a quedarme en su casa un fin de semana y conocer la gran manzana. Le comenté del proyecto de hacer un video sobre el libro y me prometió colgarlo de su blog apenas estuviese listo. La palabra blog como que lo acercó a otra realidad.
—El tema de mi sitio me tiene preocupado querido. El administrador de IG me ha pedido que me dedique a tocar temas culturales, como si la política no fuese cultura también. El vampiro de Curitiba (un columnista de su blog) ha estado criticando a Lula y el sitio es sostenido por el gobierno Brasilero— comentó haciendo un gesto de disgusto con la boca— Yo casi no opino sobre política Brasilera. Tampoco quiero pelearme con el Vamp, él tiene libertad para hablar de lo que quiera, así que es probable que cierre el sitio. Una pena porque además de ser una ayuda económica en estas épocas, estaba alcanzando un éxito singular.
Rozando el mediodía nos levantamos con pereza. La conversación estaba entretenida pero debíamos volver a nuestras obligaciones. El tomaba un vuelo a Nueva York en tres horas y yo entraba a apilar reposeras y revolear toallas en la playa del National. Caminamos lentamente por la peatonal rumbo al Delano Hotel, donde se estaba hospedando. Cruzó su brazo sobre mi hombro y seguimos hablando sobre sus pasados viajes por el planeta.
—¡Ámsterdam da pena querido! —dijo en un suspiro— Jóvenes de todo el mundo confluyen a drogarse allá con total libertad. Ves a cientos, muchos americanos, desparramados por las calles. Algunos tirados en estado lamentable. En el centro solo encuentras pizzerías y negocios de comida chatarra, que es todo lo que comen. La decadencia de la civilización.
Pasamos por enfrente del Lincoln Theather y miró curioso en la cartelera, pero no habia presentacion alguna.
—Más allá de su capacidad innegable, está con las manos atadas —comentó sus pensamientos y adiviné que se referia a Obama.— Es tan grande el desastre que creó Bush que no veo forma en que lo pueda arreglar en un futuro proximo.
—Por menos razón lo echaron a Nixon —le acoté, buscando una respuesta.
—Sí, pero corrían otros tiempos, ahora Bush se encargó de crear un estado de psicosis nacional respecto al peligro del terrorismo. Fue como un escudo tras el cual, él y sus laderos cometieron todo tipo de barbaridades.
Tardamos cinco minutos en pasar la Collins, una fila de buses de turismo tenían el tráfico atascado. Comentó que volvería en tres o cuatro semanas e iríamos a comer algo por allí y a hablar más tranquilamente. Se despidió con su habitual beso en la mejilla, deseándome la mejor de las suertes mientras me recordaba que le mandara el link de mi libro en amazon.com.
—Saludos a Daniela —le dije, en relación a su hermosa esposa carioca y lo vi subir con su desgarbado andar las escaleras del Delano.
Ya estaba llegando a trabajar quince minutos tarde. Hoy no me importaba, pues la mañana había sido bien aprovechada. Pensé en como disfrutaba las charlas con esta entrañable criatura. Se me ocurrió compararlo con don Quijote, después que una de las aspas de su principal enemigo, un molino gigante, lo hubiera derribado golpeándolo duramente. Se sentía deprimido, más estaba seguro que se levantaría, acometiendo de nuevo contra todos los imposibles que lo enfrentaban. En síntesis de eso se trataba su vida. Una lucha continua, casi utópica, por un mundo mejor… o al menos habitable
Salud maestro Gerald!
Posted by GERARDWALT at 4:33 PM 6 comments
waltergreulach.blogspot.com
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Um poema de Ana Peluso
NOTAS DE GERALD THOMAS
gerald:
sete cabeças
sete vidas
sete pulos
milhões de saltos
a
l
t
o
s
purpu
rimadíssimos
geral
ID
entidade
múltipla
quaDrante
transformação
astuta
o bruto do bruto no bruto
o doce do doce no doce
o olhar humano estupefato
o tato a falta o rato
buracos semanas a fio
o canto do canto nas naves
a nave de neves na alma
o parto de pernas abertas
o rumo o homem
não viu
bocas quietas
semelhanças
corações estupefatos [!]
o grito agudo no ato
sentido mulher olfato
tímidos corações
orações
surdez
serena cortina resguarda
-. Anotações:
as notas de gerald thomas
são notas em escala clássica
olhadas de ponta cabeça
do avesso e do direito
com ouvidos
bem abertos
os olhos decantam tudo.
*
Ana Peluso é poeta, ilustradora, webmaster de Zunái e editora do site Officina do Pensamento. Escreve o blog palavrap, tentando domar as idéias, antes das palavras. Possui participações em algumas antologias.
*
Leia também a entrevista com o dramaturgo, conheça seu repertório e veja imagens das peças.
gerald:
sete cabeças
sete vidas
sete pulos
milhões de saltos
a
l
t
o
s
purpu
rimadíssimos
geral
ID
entidade
múltipla
quaDrante
transformação
astuta
o bruto do bruto no bruto
o doce do doce no doce
o olhar humano estupefato
o tato a falta o rato
buracos semanas a fio
o canto do canto nas naves
a nave de neves na alma
o parto de pernas abertas
o rumo o homem
não viu
bocas quietas
semelhanças
corações estupefatos [!]
o grito agudo no ato
sentido mulher olfato
tímidos corações
orações
surdez
serena cortina resguarda
-. Anotações:
as notas de gerald thomas
são notas em escala clássica
olhadas de ponta cabeça
do avesso e do direito
com ouvidos
bem abertos
os olhos decantam tudo.
*
Ana Peluso é poeta, ilustradora, webmaster de Zunái e editora do site Officina do Pensamento. Escreve o blog palavrap, tentando domar as idéias, antes das palavras. Possui participações em algumas antologias.
*
Leia também a entrevista com o dramaturgo, conheça seu repertório e veja imagens das peças.
Marcadores:
Ana Peluso,
Gerald Thomas,
poema,
revista Zunái
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Teatro, mito e metáfora
Teatro, Mito e Metáfora:
Conversas com Gerald Thomas
Por Ana Peluso e Claudio Daniel
Zunái - Você nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu muitos anos em países como a Inglaterra, a Alemanha e os Estados Unidos. O que esse périplo trouxe a você, como conhecimento da arte, de si mesmo e do mundo?
GT - Existe algum conflito sobre onde eu nasci, desde o momento em que me foi revelado - aos 28 anos de idade - que o meu pai não era o meu pai. E que meu "verdadeiro" pai, o biológico era fulano de tal. Minha vida virou de cabeça pra baixo. Tive que rever cada momento da minha vida ate então. Fiz um rewind daqueles 28 anos, de cada beijo e abraço, de cada coisa que me foi dita, enfim... E há cerca de um ano descobri que nasci num quarto de hotel, o Gramercy Park Hotel, aqui em Nova York. Mas ainda não é a versão definitiva. Continuo botafoguense. Ter vivido nesses países todos como um, digamos, "nativo", foi duro e ao mesmo tempo muito agradável. O fato é que hoje, ao ver os fogos de artifício explodirem nesse dia da independência americana, aqui na frente do meu apartamento, em Manhattan, nesse 4 de julho, percebo que não pertenço a lugar algum. Passei 2003 em Londres, achando (ilusão pura) que estaria voltando ao lugar da minha adolescência, o lugar onde tive os meus dois primeiros casamentos e onde aprendi o que era a vida pratica. Pura mentira. Desencanto total. Na primeira oportunidade, me mandei de volta pra Nova York, ainda o único lugar que consigo chamar de "casa". Veja bem, não os EUA, mas Nova York.
Mas sou um Nowhere Man. Sempre fui tratado como tal. Nunca tive o sotaque do local, sempre tentei ao máximo ser como os outros, mas era evidente que esse judeu errante errava mesmo. Acho que as minhas peças falam, narram isso. Então, me refugiei no mundo abstrato da cultura, da pintura, do teatro, da literatura e me infiltrei, mergulhei tão fundo nisso que ninguém conseguiu mais me acompanhar. De tal forma que quando "emergi", as analogias e metáforas que eu fazia eram somente minhas, resultado de leituras muito peculiares e muito particulares. Mas assim é o artista, não é? Isolado, marginalizado e com uma assinatura que nem sempre é entendida. Graças a Deus, tive publico.
Zunái - Suas primeiras encenações teatrais foram realizadas no La MaMa Experimental Theater, em Nova York, onde você adaptou e dirigiu 12 estréias mundiais de obras de Samuel Beckett. Comente essa experiência.
GT - Não sei muito bem por quê, mas o Beckett foi com a minha cara. A biógrafa dele, a Deidre Bair, já estava me seguindo (e seguindo a correspondência entre nós - eu e Beckett) quando, um dia, eu recebi um cartão dele um pouco menos monossilábico que os outros. Aí ela falou: "Voa já pra Paris. Ele quer te ver". Naquela tarde, eu estava embarcando. O resto é história. Tocar em Beckett - fisicamente - era como se eu estivesse tocando em Joyce. Quer dizer, ter essa experiência já vale a pena ter vivido. É como ter dirigido Julian Beck, fundador do Living Theater, que só trabalhou comigo fora da sua própria companhia, a mais revolucionaria de todo o século XX, aquela que tirou o teatro do recinto teatral e levou o drama para as ruas e para as prisões etc. Julian trabalhou em cinema com Pasolini, com Coppola e com Spielberg. Sabendo que ia morrer, com câncer, ele pediu pra trabalhar comigo numa peça de Beckett. Fizemos a première americana de That Time (Aquela Vez), e, frágil do jeito estava, ele rejuvenesceu. Lotávamos o La MaMa Annex na East 4th Street e ainda fizemos uma curta turnê pela Europa até que não deu mais. Julian morreu.
Zunái - Você foi um dos maiores ilustradores do The New York Times, cargo que abandonou para dedicar-se ao teatro. O que o trabalho na imprensa trouxe para você, e o que o levou a esse afastamento?
GT - A pressão de ser o ilustrador da OpEd page do Times é enorme. E você tem que ter uma idéia "genial" diariamente. Veja bem, não é cartoon. Eram pinturas, eu fazia coisas a quatro cores que eram reproduzidas em preto e branco (half tone drop out) e eram metáforas, como aquela que ganhou um prêmio: tratava-se de um artigo que alertava a população sobre caminhões cujo conteúdo era lixo nuclear e que literalmente utilizavam estradas que margeavam as grandes cidades. Com o tamanho dos buracos dessas estradas, podia acontecer um enorme acidente, de proporções inimagináveis. Depois de passar a noite em claro, pensei na seguinte imagem: aquele cartão porta-ovo, que tem aquela divisão que parecem dois silos nucleares. E eu coloquei um único ovo lá dentro, rachado, vazando a gema...
Zunái - Como surgiu a Companhia Ópera Seca? Qual é o balanço que você faz das atividades do grupo? O que levou a sua dissolução?
GT - Meu Deus! Essa resposta precisa de 19 horas! Surgiu com o que sobrou da montagem de Carmem com Filtro 1, com o Fagundes. Ou seja, Bete Coellho, Oswaldo Barreto, Luiz Damasceno e, claro, Daniela Thomas. Aí fomos adicionando gente. No Rio, foi a Vera Holtz, a Beth Goulart, Maria Alice Vergueiro... e fizemos Elektra Com Creta logo após a estréia de Quartett, do Heiner Mueller, com Tônia Carreiro e Sergio Britto. Estourou. Ficou mais de um ano em cartaz. Eu ficava indo e vindo, do Brasil pra cá. Próxima grande produção (grande mesmo): a Trilogia Kafka, aumentando ainda mais o elenco. O Processo, Metamorfose e Praga. Aí vieram os convites internacionais. A trilogia (mais Carmem Com Filtro 2) veio pro La MaMa Annex e fez tanto sucesso que a temporada foi estendida por duas semanas em Viena. Fomos convidados pelo Wiener Festwochen, o Festival de Viena, que é o evento que te abre todas as portas pro mercado de língua alemã (virtualmente, o mercado "sério" de teatro, Alemanha, Áustria, Suíça etc). E aí, não paramos mais. A Cia de Ópera Seca, ou Dry Opera, ficou sendo a companhia de teatro brasileira que mais viajava pelo mundo.
Durou 18 anos, e foi ótimo. Mas acho que chegamos a um desgaste com a residência da Cia no Sesc Copacabana, em 2001, 2002. Tive que apresentar seis novos espetáculos e não há diabo que agüente. Então, desde o Ventriloquist, e Gabi com Esperando Beckett até Reynaldo Gianechini com Príncipe de Copacabana, tinha Nietzsche contra Wagner e Solos Secos e não sei mais o quê. Me desgastei como não sei o quê. Estava em frangalhos. E ainda presenciei a queda do World Trade Center aqui, o que acabou comigo... Na volta, tive que estrear Deus Ex Machina... e o desgaste foi enorme.
Com os "desencontros" que tive no Rio durante Tristão e Isolda, pensei: "pro inferno com o passado". Vou rebatizar a companhia na primeira oportunidade. Quando estreei Anchorpectoris aqui no La MaMa, em marco de 2004, na minha volta a NY, resolvi engajar atores novos e pegar um novo nome, ou seja, o Terceiro Trilho, The Third Rail Company. E assim será com A Circus of Kidneys and Livers, com o Nanini. Afinal, sobrevivi aos 50 anos e me vejo no direito de mudar o que eu quiser. Amanhã, acho que vou mudar o meu nome.
Zunái - Além de diretor, você também é o autor da maioria das peças que encena, como Elektra com Creta, Carmem com Filtro, a Trilogia Kafka, entre outras. Quando você escreve, já está pensando nos atores, na cenografia, na iluminação, enfim, na obra dramática como um todo?
GT - Escrevo diretamente para os "meus" atores, conhecendo as idiossincrasias deles, as suas peculiaridades etc. Dirigir não se dá no palco, mas, muitas vezes, em torno dele ou completamente fora dele. É criação de "climas". E, sim, crio com toda a cena na cabeça, cada luz ligada, cada cenário em seu lugar. É a tal Gesamtkunstwerk que o Richard Wagner falava.
Zunái - Na ópera Mattogrosso, você trabalhou em parceria com o músico Phillip Glass. Como foi esse processo de criação conjunta?
GT - Não foi só em Mattogrosso. Na Trilogia Kafka também. Em Carmem Com Filtro 2 também. Estamos trabalhando juntos em Cantebury Tales, uma ópera baseada nos contos de Chaucer. Não dá pra responder a essa pergunta. Toda parceria tem os seus segredos e as suas manias. Não existe uma máquina por traz, ou tampouco um método. Somos os melhores amigos, o Philip e eu, então, isso facilita muito as coisas. Rimos muito. Fazemos muitas piadas o tempo todo. Ele aceita todas as minhas sugestões e vice-versa. Mas o segredo de uma boa parceria não é a brincadeira entre os dois e nem o fato de fazermos piada o tempo todo. O segredo vem do profundo respeito que um tem pelo trabalho do outro. Só posso dizer que o Philip é o nosso grande compositor erudito contemporâneo, o nosso Beethoven de hoje, digamos. Muita gente não se dá conta disso. O leque de sua obra é enorme. O que já foi escrito sobre ela é gigantesco, assim como os lugares em que sua musica foi apresentada, e os músicos que a regeram ou tocaram foram simplesmente os mais importantes músicos vivos de nossa era. Eu tenho a humildade suficiente para saber que trabalho com o maior gênio da música vivo.
Zunái - Você é organizado, metódico, faz anotações e ensaios muitas vezes ou é mais intuitivo, confiando nas sensações? Comente o seu processo criativo.
GT - Minhas cenas nascem de desenhos meticulosos, cada cena é anotada, desenhada quase que obsessivamente e geometricamente e milimetricamente coreografada com luz e som. Mas, claro, no decorrer dos ensaios acontecem erros. E os erros não existem, então eu os transformo em acertos e os incorporo logo. Chamo isso de obra do acaso total. Como escrevo para aqueles atores que estão ali, nada mais natural do que eles reagirem àquilo que eu escrevi. Então, essa metalinguagem causa uma certa estranheza. Exemplo: Julian Beck estava com câncer terminal fazendo o papel de alguém morrendo. O público sabia disso e o resultado era de arrepiar. Outro exemplo: Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, mãe e filha na vida real. A tal cena da masturbação causou tanta confusão (até aqui, no Lincoln Center) porque as pessoas jamais puderam esquecer (e eu as lembrava disso o tempo todo) de que aquelas duas eram mãe e filha na vida REAL. E Gabi era uma entrevistadora também na peça Esperando Beckett, e Reynaldo Gianechini era um ator despreparado, assim como o príncipe dinamarquês Hamlet, é um filosofo despreparado para lidar com as armadilhas reais e cruéis da vida real do castelo de Elsinore. É essa a minha assinatura: a metalinguagem. Uma linha corre abaixo daquilo que você vê e que te soa um pouco atonal, apesar da total harmonia que sai dos alto-falantes.
Zunái - O que significou para você o contato com Haroldo de Campos? Qual é a relação que existe entre a poesia e o teatro de Gerald Thomas?
GT - Haroldo de Campos não significa somente para Gerald Thomas, mas para todo e qualquer criador em qualquer área das artes brasileiras. Sem ele, a arte brasileira não seria considerada "moderna". Seriamos algo como o Uruguai ou a Bolívia. Claro, estou exagerando. Mas quero deixar bem claro que o Haroldo não teve o tratamento em vida que merecia. Eu sinto muita, muita falta dele. Não dá nem para medir o quanto. Éramos próximos. Muito próximos. Não posso dizer como era uma delícia passar as tardes com ele, conversando, ou melhor, bombardeando conversas. Isso resultou em dois livros que ele orientou, ambos pela Perspectiva. E longos artigos que ele publicou pela Folha. E na peça Graal, que ele havia escrito em 1952 e eu encenei em 1997, com alunos da CAL mais a Bete Coelho... Não sei, são tantas as memórias que é difícil dizer. Só gostaria que outros artistas brasileiros fossem mais generosos e confessassem o quanto Haroldo de Campos foi fundamental na vida deles. Infelizmente, a mesquinharia é enorme e isso talvez não aconteça ou demore muito a acontecer.
Zunái - Você já encenou óperas como O Navio Fantasma e Tristão e Isolda. De onde vem o seu interesse pela obra de Richard Wagner? A seu ver, qual é a novidade que essa arte dramática ainda reserva para os dias de hoje?
GT - O teatro musical (como a ópera é chamada em alemão) te dá a chance, como encenador, de delirar e construir, desconstruir temas e mais temas, sem que haja o tal TEXTO, o tal diálogo dos atores que sempre remete à ação para um lugar determinado, ou seja, o didatismo e a objetividade disso, daquilo ou daquilo outro, por mais "surreal" ou "absurda" que a cena seja. Na ópera, a cena é lírica. Geralmente, não se entende o que está sendo cantado (por causa das vogais esticadas, consoantes suprimidas etc), então, o campo da ação fica inteiramente livre para que o encenador lide com o MITO em questão (o Holandês Voador ou Tristão e Isolda, no caso) e os impulsos da música, e constrói em cima desses impulsos as suas desconstruções, os seus delírios as suas leituras sobre esses mitos através dos tempos.
Zunái - Você é conhecido como um artista polêmico. Durante a encenação de Tristão e Isolda, no Rio de Janeiro, ao ser provocado por alguns dos espectadores, reagiu subindo ao palco e mostrando a bunda, o que lhe valeu um processo judicial e o seu afastamento do país. Comente o caso.
GT - Deixa o caso ter um desfecho judicial no STF que eu comento. Aliás, juro que não agüento mais falar sobre. Isso. Foram cinco segundos. O Haroldo de Campos havia morrido naquela tarde e isso havia acabado comigo... Sei lá, deixa esse caso pro STF.
Zunái - O que você espera fazer, quando retornar ao Brasil? Tem planos para novas montagens?
GT - Escrevi uma peça pro Marco Nanini, A Circus of Kidneys and Livers, ou Um Circo de Rins e Fígados, que possivelmente acontecerá mais tarde, neste ano, se eu sobreviver. Marco Nanini é, sem dúvida, o ator dos meus sonhos. Um ator completo, aquele que sabe se desconstruir no palco a ponto de conseguir confundir a platéia sobre o fato de estar ou não perdido no texto, se deu ou não branco na cabeça, se perdeu o norte. Se (des)posicionar no palco é uma das coisas mais difíceis que existem. Exemplo? Um ator, quando tem que fazer um bêbado, inevitavelmente entorta a boca, entorta o tom e começa a cambalear. Bebedeira não é nada disso. Estar bêbado é tentar mostrar ao máximo que NÃO se esta bêbado, não é isso? Os bêbados não tentam provar que ainda estão sóbrios? Mas ator raramente pensa nisso. O Nanini é muito meticuloso nesses pequenos detalhes e, ao mesmo tempo, sabe delirar com uma mera palavra.
Zunái - Diversas produções que você realizou na Europa e nos EUA foram transmitidas pela televisão, em seus respectivos países. A seu ver, no Brasil, faz falta essa parceria entre a televisão e o teatro?
GT - No Brasil faz falta muita coisa. Mas não é só no mundo das artes. O Brasil está em falta consigo mesmo. E nas péssimas condições sociais em que está, por que deveria soltar dinheiro para as artes? Essa é uma pergunta que eu me faço e é justamente por causa disso que não moro no Brasil e não mamo nas instituições que distribuem dinheiro, não faço parte das panelinhas que sobrevivem das mutretas e das ladroagens e das incríveis corrupções (o mundo teatral é uma terrível corrupção, acreditem) que acontecem aí. Nesse sentido, me sinto menos mal no Primeiro Mundo, onde a fome, a educação e a saúde já foram resolvidos e, portanto me sinto menos culpado em cobrar o que cobro para encenar algo que escrevi ou algo que algum compositor compôs.
Zunái - Você já realizou experiências com o cinema? Planeja adaptar alguma de suas peças para a telona?
GT - Há cerca de dois anos, o Dogma 95, da Dinamarca, literalmente "acampou" no meu apartamento em Williamsburg, Brooklyn e propôs um filme. Transformaram a minha vida num verdadeiro inferno durante uma semana (eles bebem 24 horas por dia) e a coisa não deu em nada. Preciso explicar. Tenho uma vida muito ativa na Dinamarca desde o inicio dos anos 90 (92 pra ser preciso), que é quando levamos Flash and Crash Days para lá pela primeira vez e a crítica de todos os jornais foi absolutamente exuberante. Alguns críticos usaram nosso espetáculo para zombar do teatro local, usando o titulo "É assim que se faz". Na platéia só tinha gente de teatro e de cinema, incluindo o Lars, e o pessoal do Dr Dante Aveny, que mais tarde, em 95 e 96 eu fui dirigir. De dois em dois anos, na década de 90, eu ia pra Copenhague me apresentar e fazer debates. O cinema me interessa e ao mesmo tempo não me interessa nem um pouco. Digo, o processo industrial envolvido. Mas nunca se diz não, não é? Em Elektra Com Creta (96), Sérgio Augusto, na crítica que fez para a Folha de S. Paulo, escreveu que eu fazia cinema no palco e urrava: "dêem uma câmera pr'esse homem, urgente!" Acho que o que diferencia o meu teatro do dos outros é que - até hoje - continuo fazendo cinema no palco.
Zunái - Você se considera um artista inovador? Como encara a série de mutações (e permutações) da história da arte? O artista é um inventor ou reinventor da roda?
GT - Não cabe a mim dizer isso. Cabe à História. Conheço bem a História. Sou praticamente formado nela, pela Biblioteca do Museu Britânico. Sei dos seus ciclos, sei das suas injustiças, sei das suas frivolidades e crueldades, enfim. O "meu" inventor da roda é Marcel Duchamp, que colocou a roda de bicicleta em cima de um banco, tornando-a redundante. E, em plena era industrial, os ready-mades vieram pra sacanear a praticidade das coisas. Esse foi um dos statements mais fortes da arte ou da anti-arte, como queira.
Zunái - Morte das vanguardas, fim da história: para você, estes são slogans ideológicos, ou realmente nada mais existe para ser dito?
GT - Nada disso tem mais significado algum. Pode berrar o que quiser. Nada morre e nada nasce. Esta tudo aí nas vitrines. Tudo é decorativo.
Zunái - Como você vê a nova situação de poder no mundo de hoje, e em especial a política desenvolvida por George W. Bush e Tony Blair?
GT - Existe gente melhor do que eu para falar sobre isso. Por isso o livro de Bob Woordward, Plan of Attack, ou o filme brilhante de Michael Moore, Farenheit 911, estão aí. Bush - para começar - "roubou" as eleições na Flórida, então não era nem para ter sido presidente. A conexão da família Bush (o pai e filho) com a família saudita Bin Laden vem de décadas. Não havia nenhuma conexão entre Saddam Hussein e Bin Laden e tampouco Saddam tinha os tais weapons of mass destruction e tanto a CIA e o FBI quanto a NSA sabiam disso. Por isso que George Tenet, da CIA (há um mês) renunciou - dizendo que precisava passar mais tempo com a família. A 911 Commission foi um escândalo. O Senado descobriu o quanto Bush-Cheney mentiram para o publico americano, ignorando qualquer tratado internacional, ou qualquer escrúpulo, a pretexto de invadir o Iraque. PETRÓLEO e bastante dano de estrutura causado pelos bombardeios, para que a Halliburton - firma enorme de construção da qual Cheney foi CEO durante 5 anos - pudesse entrar e lucrar com a tal da "reconstrução" do Iraque. Removeram Saddam, mas, com isso, abriram milhões de tocas de fundamentalistas; aquilo ali vai feder e até agora já morreram quase 900 soldados americanos. Bush é inescrupuloso, burro, guloso, ignorante. Mas vai pagar caro por isso. E Blair, como cúmplice (e às vezes, até como mastermind) vai se sair bem na História, por ser articulado, bem-educado e nunca ter sido aquele a ter tomado a iniciativa. Mas tanto os EUA como a Grã Bretanha (os dois países entre os quais eu me movo) são alvos permanentes graças a esses dois imbecis.
Zunái - Vivemos num conto de Kafka, numa peça de Beckett ou numa fábula das Mil e Uma Noites, em tradução ruim?
GT - Seria injusto colar o mundo de hoje a autores que conseguiram transformar a realidade em metáfora de uma forma tão brilhante. Não vivemos nenhuma metáfora e sim uma horrenda realidade. Eu diria que vivemos algo mais parecido com Orwell ou Huxley.
Zunái - Qual é o sentido de fazer arte hoje, numa era regida pelo mercado, pela moda e pela mídia?
GT - Me pergunto isso todos os dias, e todos os dias a resposta mais honesta que a minha consciência consegue me dar é que a arte hoje não vale a pena. Por isso é que a mídia virou a merda que virou. Os interesses estão nas fofocas, na moda, nas coisas de superfície. A tese de Andy Warhol venceu e quem conseguir ficar famoso por 15 minutos conquistou o seu lugar. Os reality shows são uma vergonha, mas voltamos à época romana dos Coliseus. Me preocupa aonde isso vai dar na escalada da evolução. Daqui a pouco não me resta muita dúvida de que estarão matando pessoas ao vivo na televisão, para que cresça o Ibope. E isso não deixa de ser a arte do nosso tempo.
Zunái - Acredita em alguma utopia, pessoal ou coletiva?
GT - Acho que você terá que me fazer essa pergunta quando sairmos do buraco negro. Ainda estamos em plena virada de século e de milênio. Se você consultar a História, as outras viradas não foram diferentes para as vanguardas. O mundo está sangrento, grande parte do mundo está com fome, doente, e os milionários estão aí, nos Hamptons, em Beverly Hills e no Morumbi com seus enormes automóveis e iates, vestindo griffes de vomitar. Enquanto isso, estamos numa guerra que não existe, a pretexto de encontrar terroristas que talvez sejam simplesmente invenção ou um master plan desse mesmo Bush-Laden que quer beber petróleo e ganhar seus bilhões. Utopia Avenue é uma avenida em Queens e está bem detonada.
LOVE,
Gerald
Veja também fotos das peças de Gerald Thomas, leia um poema dedicado a ele, e conheça a cronologia de seu trabalho em Repertório.
*
*
escreva para ZUNÁI: revistazunai@hotmail.com
retornar <<<
Conversas com Gerald Thomas
Por Ana Peluso e Claudio Daniel
Zunái - Você nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu muitos anos em países como a Inglaterra, a Alemanha e os Estados Unidos. O que esse périplo trouxe a você, como conhecimento da arte, de si mesmo e do mundo?
GT - Existe algum conflito sobre onde eu nasci, desde o momento em que me foi revelado - aos 28 anos de idade - que o meu pai não era o meu pai. E que meu "verdadeiro" pai, o biológico era fulano de tal. Minha vida virou de cabeça pra baixo. Tive que rever cada momento da minha vida ate então. Fiz um rewind daqueles 28 anos, de cada beijo e abraço, de cada coisa que me foi dita, enfim... E há cerca de um ano descobri que nasci num quarto de hotel, o Gramercy Park Hotel, aqui em Nova York. Mas ainda não é a versão definitiva. Continuo botafoguense. Ter vivido nesses países todos como um, digamos, "nativo", foi duro e ao mesmo tempo muito agradável. O fato é que hoje, ao ver os fogos de artifício explodirem nesse dia da independência americana, aqui na frente do meu apartamento, em Manhattan, nesse 4 de julho, percebo que não pertenço a lugar algum. Passei 2003 em Londres, achando (ilusão pura) que estaria voltando ao lugar da minha adolescência, o lugar onde tive os meus dois primeiros casamentos e onde aprendi o que era a vida pratica. Pura mentira. Desencanto total. Na primeira oportunidade, me mandei de volta pra Nova York, ainda o único lugar que consigo chamar de "casa". Veja bem, não os EUA, mas Nova York.
Mas sou um Nowhere Man. Sempre fui tratado como tal. Nunca tive o sotaque do local, sempre tentei ao máximo ser como os outros, mas era evidente que esse judeu errante errava mesmo. Acho que as minhas peças falam, narram isso. Então, me refugiei no mundo abstrato da cultura, da pintura, do teatro, da literatura e me infiltrei, mergulhei tão fundo nisso que ninguém conseguiu mais me acompanhar. De tal forma que quando "emergi", as analogias e metáforas que eu fazia eram somente minhas, resultado de leituras muito peculiares e muito particulares. Mas assim é o artista, não é? Isolado, marginalizado e com uma assinatura que nem sempre é entendida. Graças a Deus, tive publico.
Zunái - Suas primeiras encenações teatrais foram realizadas no La MaMa Experimental Theater, em Nova York, onde você adaptou e dirigiu 12 estréias mundiais de obras de Samuel Beckett. Comente essa experiência.
GT - Não sei muito bem por quê, mas o Beckett foi com a minha cara. A biógrafa dele, a Deidre Bair, já estava me seguindo (e seguindo a correspondência entre nós - eu e Beckett) quando, um dia, eu recebi um cartão dele um pouco menos monossilábico que os outros. Aí ela falou: "Voa já pra Paris. Ele quer te ver". Naquela tarde, eu estava embarcando. O resto é história. Tocar em Beckett - fisicamente - era como se eu estivesse tocando em Joyce. Quer dizer, ter essa experiência já vale a pena ter vivido. É como ter dirigido Julian Beck, fundador do Living Theater, que só trabalhou comigo fora da sua própria companhia, a mais revolucionaria de todo o século XX, aquela que tirou o teatro do recinto teatral e levou o drama para as ruas e para as prisões etc. Julian trabalhou em cinema com Pasolini, com Coppola e com Spielberg. Sabendo que ia morrer, com câncer, ele pediu pra trabalhar comigo numa peça de Beckett. Fizemos a première americana de That Time (Aquela Vez), e, frágil do jeito estava, ele rejuvenesceu. Lotávamos o La MaMa Annex na East 4th Street e ainda fizemos uma curta turnê pela Europa até que não deu mais. Julian morreu.
Zunái - Você foi um dos maiores ilustradores do The New York Times, cargo que abandonou para dedicar-se ao teatro. O que o trabalho na imprensa trouxe para você, e o que o levou a esse afastamento?
GT - A pressão de ser o ilustrador da OpEd page do Times é enorme. E você tem que ter uma idéia "genial" diariamente. Veja bem, não é cartoon. Eram pinturas, eu fazia coisas a quatro cores que eram reproduzidas em preto e branco (half tone drop out) e eram metáforas, como aquela que ganhou um prêmio: tratava-se de um artigo que alertava a população sobre caminhões cujo conteúdo era lixo nuclear e que literalmente utilizavam estradas que margeavam as grandes cidades. Com o tamanho dos buracos dessas estradas, podia acontecer um enorme acidente, de proporções inimagináveis. Depois de passar a noite em claro, pensei na seguinte imagem: aquele cartão porta-ovo, que tem aquela divisão que parecem dois silos nucleares. E eu coloquei um único ovo lá dentro, rachado, vazando a gema...
Zunái - Como surgiu a Companhia Ópera Seca? Qual é o balanço que você faz das atividades do grupo? O que levou a sua dissolução?
GT - Meu Deus! Essa resposta precisa de 19 horas! Surgiu com o que sobrou da montagem de Carmem com Filtro 1, com o Fagundes. Ou seja, Bete Coellho, Oswaldo Barreto, Luiz Damasceno e, claro, Daniela Thomas. Aí fomos adicionando gente. No Rio, foi a Vera Holtz, a Beth Goulart, Maria Alice Vergueiro... e fizemos Elektra Com Creta logo após a estréia de Quartett, do Heiner Mueller, com Tônia Carreiro e Sergio Britto. Estourou. Ficou mais de um ano em cartaz. Eu ficava indo e vindo, do Brasil pra cá. Próxima grande produção (grande mesmo): a Trilogia Kafka, aumentando ainda mais o elenco. O Processo, Metamorfose e Praga. Aí vieram os convites internacionais. A trilogia (mais Carmem Com Filtro 2) veio pro La MaMa Annex e fez tanto sucesso que a temporada foi estendida por duas semanas em Viena. Fomos convidados pelo Wiener Festwochen, o Festival de Viena, que é o evento que te abre todas as portas pro mercado de língua alemã (virtualmente, o mercado "sério" de teatro, Alemanha, Áustria, Suíça etc). E aí, não paramos mais. A Cia de Ópera Seca, ou Dry Opera, ficou sendo a companhia de teatro brasileira que mais viajava pelo mundo.
Durou 18 anos, e foi ótimo. Mas acho que chegamos a um desgaste com a residência da Cia no Sesc Copacabana, em 2001, 2002. Tive que apresentar seis novos espetáculos e não há diabo que agüente. Então, desde o Ventriloquist, e Gabi com Esperando Beckett até Reynaldo Gianechini com Príncipe de Copacabana, tinha Nietzsche contra Wagner e Solos Secos e não sei mais o quê. Me desgastei como não sei o quê. Estava em frangalhos. E ainda presenciei a queda do World Trade Center aqui, o que acabou comigo... Na volta, tive que estrear Deus Ex Machina... e o desgaste foi enorme.
Com os "desencontros" que tive no Rio durante Tristão e Isolda, pensei: "pro inferno com o passado". Vou rebatizar a companhia na primeira oportunidade. Quando estreei Anchorpectoris aqui no La MaMa, em marco de 2004, na minha volta a NY, resolvi engajar atores novos e pegar um novo nome, ou seja, o Terceiro Trilho, The Third Rail Company. E assim será com A Circus of Kidneys and Livers, com o Nanini. Afinal, sobrevivi aos 50 anos e me vejo no direito de mudar o que eu quiser. Amanhã, acho que vou mudar o meu nome.
Zunái - Além de diretor, você também é o autor da maioria das peças que encena, como Elektra com Creta, Carmem com Filtro, a Trilogia Kafka, entre outras. Quando você escreve, já está pensando nos atores, na cenografia, na iluminação, enfim, na obra dramática como um todo?
GT - Escrevo diretamente para os "meus" atores, conhecendo as idiossincrasias deles, as suas peculiaridades etc. Dirigir não se dá no palco, mas, muitas vezes, em torno dele ou completamente fora dele. É criação de "climas". E, sim, crio com toda a cena na cabeça, cada luz ligada, cada cenário em seu lugar. É a tal Gesamtkunstwerk que o Richard Wagner falava.
Zunái - Na ópera Mattogrosso, você trabalhou em parceria com o músico Phillip Glass. Como foi esse processo de criação conjunta?
GT - Não foi só em Mattogrosso. Na Trilogia Kafka também. Em Carmem Com Filtro 2 também. Estamos trabalhando juntos em Cantebury Tales, uma ópera baseada nos contos de Chaucer. Não dá pra responder a essa pergunta. Toda parceria tem os seus segredos e as suas manias. Não existe uma máquina por traz, ou tampouco um método. Somos os melhores amigos, o Philip e eu, então, isso facilita muito as coisas. Rimos muito. Fazemos muitas piadas o tempo todo. Ele aceita todas as minhas sugestões e vice-versa. Mas o segredo de uma boa parceria não é a brincadeira entre os dois e nem o fato de fazermos piada o tempo todo. O segredo vem do profundo respeito que um tem pelo trabalho do outro. Só posso dizer que o Philip é o nosso grande compositor erudito contemporâneo, o nosso Beethoven de hoje, digamos. Muita gente não se dá conta disso. O leque de sua obra é enorme. O que já foi escrito sobre ela é gigantesco, assim como os lugares em que sua musica foi apresentada, e os músicos que a regeram ou tocaram foram simplesmente os mais importantes músicos vivos de nossa era. Eu tenho a humildade suficiente para saber que trabalho com o maior gênio da música vivo.
Zunái - Você é organizado, metódico, faz anotações e ensaios muitas vezes ou é mais intuitivo, confiando nas sensações? Comente o seu processo criativo.
GT - Minhas cenas nascem de desenhos meticulosos, cada cena é anotada, desenhada quase que obsessivamente e geometricamente e milimetricamente coreografada com luz e som. Mas, claro, no decorrer dos ensaios acontecem erros. E os erros não existem, então eu os transformo em acertos e os incorporo logo. Chamo isso de obra do acaso total. Como escrevo para aqueles atores que estão ali, nada mais natural do que eles reagirem àquilo que eu escrevi. Então, essa metalinguagem causa uma certa estranheza. Exemplo: Julian Beck estava com câncer terminal fazendo o papel de alguém morrendo. O público sabia disso e o resultado era de arrepiar. Outro exemplo: Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, mãe e filha na vida real. A tal cena da masturbação causou tanta confusão (até aqui, no Lincoln Center) porque as pessoas jamais puderam esquecer (e eu as lembrava disso o tempo todo) de que aquelas duas eram mãe e filha na vida REAL. E Gabi era uma entrevistadora também na peça Esperando Beckett, e Reynaldo Gianechini era um ator despreparado, assim como o príncipe dinamarquês Hamlet, é um filosofo despreparado para lidar com as armadilhas reais e cruéis da vida real do castelo de Elsinore. É essa a minha assinatura: a metalinguagem. Uma linha corre abaixo daquilo que você vê e que te soa um pouco atonal, apesar da total harmonia que sai dos alto-falantes.
Zunái - O que significou para você o contato com Haroldo de Campos? Qual é a relação que existe entre a poesia e o teatro de Gerald Thomas?
GT - Haroldo de Campos não significa somente para Gerald Thomas, mas para todo e qualquer criador em qualquer área das artes brasileiras. Sem ele, a arte brasileira não seria considerada "moderna". Seriamos algo como o Uruguai ou a Bolívia. Claro, estou exagerando. Mas quero deixar bem claro que o Haroldo não teve o tratamento em vida que merecia. Eu sinto muita, muita falta dele. Não dá nem para medir o quanto. Éramos próximos. Muito próximos. Não posso dizer como era uma delícia passar as tardes com ele, conversando, ou melhor, bombardeando conversas. Isso resultou em dois livros que ele orientou, ambos pela Perspectiva. E longos artigos que ele publicou pela Folha. E na peça Graal, que ele havia escrito em 1952 e eu encenei em 1997, com alunos da CAL mais a Bete Coelho... Não sei, são tantas as memórias que é difícil dizer. Só gostaria que outros artistas brasileiros fossem mais generosos e confessassem o quanto Haroldo de Campos foi fundamental na vida deles. Infelizmente, a mesquinharia é enorme e isso talvez não aconteça ou demore muito a acontecer.
Zunái - Você já encenou óperas como O Navio Fantasma e Tristão e Isolda. De onde vem o seu interesse pela obra de Richard Wagner? A seu ver, qual é a novidade que essa arte dramática ainda reserva para os dias de hoje?
GT - O teatro musical (como a ópera é chamada em alemão) te dá a chance, como encenador, de delirar e construir, desconstruir temas e mais temas, sem que haja o tal TEXTO, o tal diálogo dos atores que sempre remete à ação para um lugar determinado, ou seja, o didatismo e a objetividade disso, daquilo ou daquilo outro, por mais "surreal" ou "absurda" que a cena seja. Na ópera, a cena é lírica. Geralmente, não se entende o que está sendo cantado (por causa das vogais esticadas, consoantes suprimidas etc), então, o campo da ação fica inteiramente livre para que o encenador lide com o MITO em questão (o Holandês Voador ou Tristão e Isolda, no caso) e os impulsos da música, e constrói em cima desses impulsos as suas desconstruções, os seus delírios as suas leituras sobre esses mitos através dos tempos.
Zunái - Você é conhecido como um artista polêmico. Durante a encenação de Tristão e Isolda, no Rio de Janeiro, ao ser provocado por alguns dos espectadores, reagiu subindo ao palco e mostrando a bunda, o que lhe valeu um processo judicial e o seu afastamento do país. Comente o caso.
GT - Deixa o caso ter um desfecho judicial no STF que eu comento. Aliás, juro que não agüento mais falar sobre. Isso. Foram cinco segundos. O Haroldo de Campos havia morrido naquela tarde e isso havia acabado comigo... Sei lá, deixa esse caso pro STF.
Zunái - O que você espera fazer, quando retornar ao Brasil? Tem planos para novas montagens?
GT - Escrevi uma peça pro Marco Nanini, A Circus of Kidneys and Livers, ou Um Circo de Rins e Fígados, que possivelmente acontecerá mais tarde, neste ano, se eu sobreviver. Marco Nanini é, sem dúvida, o ator dos meus sonhos. Um ator completo, aquele que sabe se desconstruir no palco a ponto de conseguir confundir a platéia sobre o fato de estar ou não perdido no texto, se deu ou não branco na cabeça, se perdeu o norte. Se (des)posicionar no palco é uma das coisas mais difíceis que existem. Exemplo? Um ator, quando tem que fazer um bêbado, inevitavelmente entorta a boca, entorta o tom e começa a cambalear. Bebedeira não é nada disso. Estar bêbado é tentar mostrar ao máximo que NÃO se esta bêbado, não é isso? Os bêbados não tentam provar que ainda estão sóbrios? Mas ator raramente pensa nisso. O Nanini é muito meticuloso nesses pequenos detalhes e, ao mesmo tempo, sabe delirar com uma mera palavra.
Zunái - Diversas produções que você realizou na Europa e nos EUA foram transmitidas pela televisão, em seus respectivos países. A seu ver, no Brasil, faz falta essa parceria entre a televisão e o teatro?
GT - No Brasil faz falta muita coisa. Mas não é só no mundo das artes. O Brasil está em falta consigo mesmo. E nas péssimas condições sociais em que está, por que deveria soltar dinheiro para as artes? Essa é uma pergunta que eu me faço e é justamente por causa disso que não moro no Brasil e não mamo nas instituições que distribuem dinheiro, não faço parte das panelinhas que sobrevivem das mutretas e das ladroagens e das incríveis corrupções (o mundo teatral é uma terrível corrupção, acreditem) que acontecem aí. Nesse sentido, me sinto menos mal no Primeiro Mundo, onde a fome, a educação e a saúde já foram resolvidos e, portanto me sinto menos culpado em cobrar o que cobro para encenar algo que escrevi ou algo que algum compositor compôs.
Zunái - Você já realizou experiências com o cinema? Planeja adaptar alguma de suas peças para a telona?
GT - Há cerca de dois anos, o Dogma 95, da Dinamarca, literalmente "acampou" no meu apartamento em Williamsburg, Brooklyn e propôs um filme. Transformaram a minha vida num verdadeiro inferno durante uma semana (eles bebem 24 horas por dia) e a coisa não deu em nada. Preciso explicar. Tenho uma vida muito ativa na Dinamarca desde o inicio dos anos 90 (92 pra ser preciso), que é quando levamos Flash and Crash Days para lá pela primeira vez e a crítica de todos os jornais foi absolutamente exuberante. Alguns críticos usaram nosso espetáculo para zombar do teatro local, usando o titulo "É assim que se faz". Na platéia só tinha gente de teatro e de cinema, incluindo o Lars, e o pessoal do Dr Dante Aveny, que mais tarde, em 95 e 96 eu fui dirigir. De dois em dois anos, na década de 90, eu ia pra Copenhague me apresentar e fazer debates. O cinema me interessa e ao mesmo tempo não me interessa nem um pouco. Digo, o processo industrial envolvido. Mas nunca se diz não, não é? Em Elektra Com Creta (96), Sérgio Augusto, na crítica que fez para a Folha de S. Paulo, escreveu que eu fazia cinema no palco e urrava: "dêem uma câmera pr'esse homem, urgente!" Acho que o que diferencia o meu teatro do dos outros é que - até hoje - continuo fazendo cinema no palco.
Zunái - Você se considera um artista inovador? Como encara a série de mutações (e permutações) da história da arte? O artista é um inventor ou reinventor da roda?
GT - Não cabe a mim dizer isso. Cabe à História. Conheço bem a História. Sou praticamente formado nela, pela Biblioteca do Museu Britânico. Sei dos seus ciclos, sei das suas injustiças, sei das suas frivolidades e crueldades, enfim. O "meu" inventor da roda é Marcel Duchamp, que colocou a roda de bicicleta em cima de um banco, tornando-a redundante. E, em plena era industrial, os ready-mades vieram pra sacanear a praticidade das coisas. Esse foi um dos statements mais fortes da arte ou da anti-arte, como queira.
Zunái - Morte das vanguardas, fim da história: para você, estes são slogans ideológicos, ou realmente nada mais existe para ser dito?
GT - Nada disso tem mais significado algum. Pode berrar o que quiser. Nada morre e nada nasce. Esta tudo aí nas vitrines. Tudo é decorativo.
Zunái - Como você vê a nova situação de poder no mundo de hoje, e em especial a política desenvolvida por George W. Bush e Tony Blair?
GT - Existe gente melhor do que eu para falar sobre isso. Por isso o livro de Bob Woordward, Plan of Attack, ou o filme brilhante de Michael Moore, Farenheit 911, estão aí. Bush - para começar - "roubou" as eleições na Flórida, então não era nem para ter sido presidente. A conexão da família Bush (o pai e filho) com a família saudita Bin Laden vem de décadas. Não havia nenhuma conexão entre Saddam Hussein e Bin Laden e tampouco Saddam tinha os tais weapons of mass destruction e tanto a CIA e o FBI quanto a NSA sabiam disso. Por isso que George Tenet, da CIA (há um mês) renunciou - dizendo que precisava passar mais tempo com a família. A 911 Commission foi um escândalo. O Senado descobriu o quanto Bush-Cheney mentiram para o publico americano, ignorando qualquer tratado internacional, ou qualquer escrúpulo, a pretexto de invadir o Iraque. PETRÓLEO e bastante dano de estrutura causado pelos bombardeios, para que a Halliburton - firma enorme de construção da qual Cheney foi CEO durante 5 anos - pudesse entrar e lucrar com a tal da "reconstrução" do Iraque. Removeram Saddam, mas, com isso, abriram milhões de tocas de fundamentalistas; aquilo ali vai feder e até agora já morreram quase 900 soldados americanos. Bush é inescrupuloso, burro, guloso, ignorante. Mas vai pagar caro por isso. E Blair, como cúmplice (e às vezes, até como mastermind) vai se sair bem na História, por ser articulado, bem-educado e nunca ter sido aquele a ter tomado a iniciativa. Mas tanto os EUA como a Grã Bretanha (os dois países entre os quais eu me movo) são alvos permanentes graças a esses dois imbecis.
Zunái - Vivemos num conto de Kafka, numa peça de Beckett ou numa fábula das Mil e Uma Noites, em tradução ruim?
GT - Seria injusto colar o mundo de hoje a autores que conseguiram transformar a realidade em metáfora de uma forma tão brilhante. Não vivemos nenhuma metáfora e sim uma horrenda realidade. Eu diria que vivemos algo mais parecido com Orwell ou Huxley.
Zunái - Qual é o sentido de fazer arte hoje, numa era regida pelo mercado, pela moda e pela mídia?
GT - Me pergunto isso todos os dias, e todos os dias a resposta mais honesta que a minha consciência consegue me dar é que a arte hoje não vale a pena. Por isso é que a mídia virou a merda que virou. Os interesses estão nas fofocas, na moda, nas coisas de superfície. A tese de Andy Warhol venceu e quem conseguir ficar famoso por 15 minutos conquistou o seu lugar. Os reality shows são uma vergonha, mas voltamos à época romana dos Coliseus. Me preocupa aonde isso vai dar na escalada da evolução. Daqui a pouco não me resta muita dúvida de que estarão matando pessoas ao vivo na televisão, para que cresça o Ibope. E isso não deixa de ser a arte do nosso tempo.
Zunái - Acredita em alguma utopia, pessoal ou coletiva?
GT - Acho que você terá que me fazer essa pergunta quando sairmos do buraco negro. Ainda estamos em plena virada de século e de milênio. Se você consultar a História, as outras viradas não foram diferentes para as vanguardas. O mundo está sangrento, grande parte do mundo está com fome, doente, e os milionários estão aí, nos Hamptons, em Beverly Hills e no Morumbi com seus enormes automóveis e iates, vestindo griffes de vomitar. Enquanto isso, estamos numa guerra que não existe, a pretexto de encontrar terroristas que talvez sejam simplesmente invenção ou um master plan desse mesmo Bush-Laden que quer beber petróleo e ganhar seus bilhões. Utopia Avenue é uma avenida em Queens e está bem detonada.
LOVE,
Gerald
Veja também fotos das peças de Gerald Thomas, leia um poema dedicado a ele, e conheça a cronologia de seu trabalho em Repertório.
*
*
escreva para ZUNÁI: revistazunai@hotmail.com
retornar <<<
Marcadores:
Ana Peluso,
Gerald Thomas,
revista Zunái,
teatro
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Uma entrevista de Gerald com Joe Lopes
A Candid Talk with Gerald Thomas, Brazil's Brightest Prima-Donna PDF Print E-mail
Written by Joe Lopes
Wednesday, 04 January 2006 20:14
Brazilian Gerald ThomasTrying to explain one's art and motivation, while defending a particularly individualistic view of the same, can be a time-consuming impediment to progress for any professional artist, as it surely must be for most people inside or outside the public domain.
But to say that Gerald Thomas, the talented director, writer, producer, illustrator and designer, has a particularly "individualistic" point of view, is clearly an understatement: he is absolutely, without hesitation, Brazil's most controversial contemporary stage figure.
His copious plays and uniquely identifiable pieces, along with an impressive and ever-expanding body of operatic work - not to mention his Dry Opera Company and frequent collaborations with composer Philip Glass - have certainly enlivened the dramatic and performing arts to no end.
With constant "exposure" of his avant-garde ideas in the press and in the theater, however, Thomas has been forced at times into expressing his own level of frustration in no uncertain terms, as evidenced by his much-publicized butt-baring episode at Rio's Teatro Municipal in August 2003.
Residing in London for most of the remainder that year, he returned to New York in March 2004, for the opening of his play Anchorpectoris (The United States of the Mind) at LaMaMa Experimental Theater, on E. Fourth Street in Greenwich Village - the scene of his first stage triumphs with ex-mentor Ellen Stewart and the works of playwright Samuel Beckett.
In this, his most recent interview, completed in the U.S. after the successful run of his Um Circo de Rins e Fígados (A Circus of Kidneys and Livers) in Brazil, Thomas quite candidly delves into, and expands upon, a wide range of subjects, i.e. his early career as an illustrator and in the opera house; his major artistic and literary influences; his personal recollections of John Lennon's death and 9/11; his criticism of Brazil's Minister of Culture, Gilberto Gil; his future plans for the coming year and beyond, among which are his long-awaited stage-acting and directorial film debuts; and the release of his new book, Suicide Note.
Politics mingled with art - ah, there's the Thomas rub; and if ever there were an example of the two intertwining and becoming indisputably one, then Gerald Thomas would be held up as the premier exponent, Brazil's poster-boy for artistic and political activism.
U2's Bono Vox, beware!
Brazzil - The first thing I'd like to know more about, as I'm sure our readers would, too, is the origin of your name: is it really Gerald Thomas?
Gerald Thomas - It's my first and middle name. The full name is Gerald Thomas Sievers.
Brazzil - Have you had any identity crises or cultural clashes because of your American-sounding moniker?
Gerald Thomas - I've always been a Nowhere Man or, when I was a kid in school, a Nowhere Boy. I came to realize that very soon, because I never, ever fitted in. I was always from "abroad," from "another culture." At home, we never ate what the people of the country we lived in ate and that made me feel terrible. I remember the very first time I was invited (by the neighbors on the ground floor in Leblon, Rio) to come and eat dinner with them. I was stunned at the amount, the variety of different foods on the table, amongst which, black beans. We had been in Rio for about a year and all I knew was boiled potatoes and meat of some sort or another. Suddenly, this colorful rainbow opens up and I felt so great about Brazil.
Brazzil - You learned recently that you were born in New York City but moved to Rio at an early age. Despite most articles (including my own) claiming you were from Brazil, how has living in places like the Big Apple, Rio de Janeiro and London contributed to a better or worse sense of your own individual identity?
Gerald Thomas - In Brazil, I have to say that I was born there, given the nature of my criticism of the government and Gilberto Gil, the minister of himself. No foreigner would ever be able to say such things without being thrown overboard. But a real and intriguing question does exist about the place where I was born: I do have three birth certificates and I do carry a German passport. It's weird in a way to feel as though you belong to all of those places and, yet, the only place I can really call home are a couple of blocks on the East Side of Manhattan, between St Mark's Place and E. Third Street on Second Avenue. I guess my parents must have registered me every time my father (the non-biological one) was moved by Lloyd's Insurance from one country to another. That may have been a smart move.
Brazzil - Indeed it was. But have you ever experienced a feeling of loss when you go abroad because of your country of origin or your Jewish background, in view of the apparent pride you have in being Brazilian?
Gerald Thomas - I know that the Jewish thing should play an enormous role here...but it doesn't really. I guarantee you that I would be a rich man now if I had played that card but reality has it that I never felt very comfortable with those rituals. My bar mitzvah was awkward, I felt terribly awkward, having to memorize all that stuff phonetically. Plus the "father that brought me up" (the man of my life!) wasn't Jewish himself and, during the years as a volunteer at Amnesty International in London, I got to know a lot of Catholic priests who were protecting political prisoners in Brazil. I thought that those people were so great. They showed me Italy for the first time. It was through their eyes that I saw the Vatican, its little holes and labyrinths...
Brazzil - It's a fascinating place. Since then, you've been all over the world, practically, and you're always on the move. Are you comfortable with the ever-increasing globetrotting demands of your career?
Gerald Thomas - Always less comfortable because traveling nowadays is a problem, it consumes far more energy out of you with all the "checkpoints," and cities are growing out of control, making traffic impossible, irritatingly so. I used to be productive in planes: open up the laptop and work. Nowadays, the guy sitting next to me in business class is just concerned with getting drunk. So no, thanks. I'm not going to wait until his margarita spills all over my PC.
Brazzil - I don't blame you. In contrast, throughout his life composer Richard Wagner was often referred to as a man "possessed." Are you similarly possessed, and by what?
Gerald Thomas - I try to stay away from things like that. And as for what's written about mythological characters, one never knows. Was it really so? Some people are furious, some are angry, others are simply frustrated and have tantrums and History can turn all that into "being possessed." I am as cool as can be because when I have dealt with the actors, I remain in the theater and deal with all the other technical aspects of the play or opera I'm staging.
Brazzil - That's probably the best approach. With opera being such an international endeavor, how many languages are you fluent in?
Gerald Thomas - I really only speak three languages: English, Portuguese and German. The rest is parroting my way around the world.
Brazzil - Yet you speak with a slight British accent. Would it have been more difficult for you career-wise if your name had been Caetano or Chico and you had spoken with a Brazilian accent, or spoken no English at all?
Gerald Thomas - Well, that is difficult to answer since there are thousands of British or American or Australian or Canadian directors in the world who've achieved nothing in spite of their well-spoken English. I think that I owe my position in the world to my talent. Bluntly speaking, that's it.
Brazzil - I agree. Speaking of talent, who was the person or persons whose views influenced you the most as a youth?
Gerald Thomas - Samuel Beckett and Caetano Veloso, Hélio Oiticica and Haroldo de Campos. Marcel Duchamp, Marcel Duchamp and Marcel Duchamp. Saul Steinberg. Steinberg and Steinberg.
Brazzil - That's quite an impressive list. Where did opera first come in and how did you eventually come to stage it?
Gerald Thomas - That was in 1987 in Rio, and The Flying Dutchman was the victim. A very conceptual piece to begin with, I decided to stage it in such a way that the place was Berlin, East and West, divided by the Wall. The dead man (the Dutchman) and his vessel would appear on the East Side, and Senta would be waiting for him on one of those wooden platforms built by the Allies, forced to look over onto the other side. But all of that was metalanguage, since it all played as an installation watched by a "false" audience inside a mega-exhibition hall: the Kassel Documenta. So, two years before the fall of the Wall, it had already become an "installation of the past, an artwork worth nothing compared to the thousands dead trying to cross it."
Brazzil - Have your musical and operatic tastes subsequently evolved over the years?
Gerald Thomas - Yes and no. I have gone back and decided on opposite extremes such as Mahler and Schoenberg. I could sit all day and just vary between recordings of their works...
Brazzil - You seem to show a strong "affinity" for modern music, i.e. Arnold Schoenberg, Philip Glass, Karlheinz Stockhausen, Ferruccio Busoni, and others, which you've used frequently in your pieces. Is there a specific reason for this?
Gerald Thomas - But I also steal from Wagner and from Mendelssohn and from Haydn. There isn't a specific choice for the moderns, though it gives me pleasure to work with someone who is alive and well, rather than some corpse.
Brazzil - Have you ever used or thought of using Brazilian classical or popular music in any of your works?
Gerald Thomas - Other than Villa-Lobos, I know very little about Brazilian classical music. You were the one telling me about Carlos Gomes. I do know how to drum the samba, since I am one of a very few allowed into Mangueira to be part of the drum section of their victorious samba school.
Brazzil - Then you must know Marisa Monte, whose father was connected at one time to Velha Guarda (The Old Guard) da Portela Samba School in Rio?
Gerald Thomas - I was an "adviser" to her, when she first put her legs and voice on stage, through the hands of Nelson Motta: that was in 1986.
Brazzil - You started out as a graphic artist and illustrator - a very good one, I might add. How has this early background in art and design bolstered your work on the stage?
Gerald Thomas - Difficult question: I've told you before - or maybe I haven't - that, at age fourteen, I managed to creep my way into the rehearsals of Victor Garcia's version of Genet's The Balcony in São Paulo. Undoubtedly one of the greatest stagings of the 20th Century, this vertical production not only caused a hell of an impression on me, but I also learned a great deal about the theater while being there every day (and night, ALL night!!!). I learned what "modern and experimental theater" was and how that integrated with the visual arts, somehow. In other words, I was experiencing a live Bosch painting, as it were. Then, two years later, in London, I sort of "infiltrated" the Royal Shakespeare Company while Peter Brook was rehearsing his Midsummer Night's Dream. So, all the visual arts and dramatic arts came together as a whole.
Brazzil - You once worked at The New York Times, The Boston Globe and other newspapers. Do you still find time to illustrate for publications that are outside your normal field?
Gerald Thomas - No fun no more! I illustrate the programs of my own plays and the posters and I "design" or draw each and every one of the scenes that are to be staged...but that's about it as far as drawing is concerned, commercially. I have a lot of recent material, but I keep all that to myself. Who knows one day there will be an exhibit?
Brazzil - Most recently, you've designed the posters and programs for Um Circo de Rins e Fígados (A Circus of Kidneys and Livers), staged at Teatro SESC/Pinheiros.
Gerald Thomas - Yes, I'm involved in every single aspect of the theater, even in the soundtrack. Too involved!!! Some call me obsessed but I just find it normal since it's an object of my creation and nobody else knows exactly what's going on in this head of mine. So, instead of spending hours explaining, I might as well just do it myself.
Brazzil - Do you prefer doing it all yourself, or do you leave certain tasks to others?
Gerald Thomas - Well, let's say I delegate a little.
Brazzil - Is this a form of "control" over the creative process?
Gerald Thomas - Look: we play being God! So, in the black box we can control the temperature, the smoke, the lights, the volume, the exactness of everything. That's why I am present as much as I can at every performance. I have a little corner where I hide and even communicate with the players and gesture to them frantically, according to how the performance is going that night. Since I give all the cues, I can change things on the spot. I tell the actors in a clear voice that they can understand (when the PA system is loud enough) and, there it is: a brand new scene, created on the spot, on that very night for that specific audience, depending if there was some MAJOR news that day.
Brazzil - Moving on to Brazilian pop music, bossa nova, seventies rock and Tropicália, were you attracted to any one style over another?
Gerald Thomas - I was very involved with the Tropicalistas. Still think that this was one of the most innovative movements ever! On the other hand, I was going to The Royal Albert Hall to some classical symphony, or to Berlin to watch Herbert von Karajan, or to see and listen to Jimi Hendrix or Led Zeppelin here at the Filmore or at the Earl's Court Arena.
Brazzil - Do you still enjoy the music of the Beatles? Hendrix? John Lennon?
Gerald Thomas - I progressed as times progressed. I loved Nirvana and Pearl Jam and so many new bands out there that this interview would become as long as the Yellow Pages. But I still go back to the old icons, sure!
Brazzil - You do resemble Lennon, you know, especially in your earliest photographs. You once portrayed him on the stage, did you not?
Gerald Thomas - Yes, that was meant to be a joke. "Os Reis do Ié Ié Ié" (A Hard Day's Night) was the reunion of the Dry Opera Company and it was to have had only TWO performances. But you know how things go. Offers come in and the whores that we are...we end up accepting them!
Brazzil - You posted a poignant remembrance of the 25th anniversary of his death on your blog, http://www.geraldthomas.com. Do you remember the shooting?
Gerald Thomas - As if it was yesterday! It was a spooky day for me, because it so happens that I had brought a former political prisoner from Brazil, a poet himself - Alex Polari de Alverga and wife - and all he wanted was to be photographed in front of the Dakota building. So, that's what we did that day. Almost all afternoon we were there, outside Lennon's door. Little did I know what was to follow: When I dropped the couple off at an apartment that I was vacating and driving myself to my new Village loft, I heard Scot Muny come to the microphone and make the announcement. Unbelievable. I rushed over to the Upper West Side (out of instinct, I don't know...) and found a bunch of people there in tears...
Brazzil - You were an eyewitness to 9/11, and from your apartment window, if I'm not mistaken. How did that terrible event affect you personally?
Gerald Thomas - I am not the same any more. I'm on medication. I lost friends. Witnessing what I did, as did millions of other New Yorkers...it changed my life, Joe. It changed the world. Look at the world today. Look at how Bush played the cards in his favor. Sometimes I'm up at night rethinking the entire scene, over and over and over and over, and when paranoia sets in with those photos of the Pentagon and those commercials on TV (reopen 9/11.com, or something to that effect) and think that some of it could possibly have been staged!!!!! The whole entire affair of how this country invaded Iraq under false premises of WMDs and other lies, resulting in the mess that we're now in. The world now hates America more than in any other time in recent History and this fucking fool...
Brazzil - How did these feelings about 9/11 compare to what you felt after Lennon's untimely end?
Gerald Thomas - If the "dream was ever over," it is NOW.
Brazzil - Have these two tragedies soured you on living in large cities?
Gerald Thomas - Which two tragedies do you mean, 9/11 and Lennon? I wouldn't even begin to compare...Terrorism is something so fucking abominable and incomparable to individual murder by a crazy lunatic!
Brazzil - Let's talk about literature and poetry, something that has occupied you personally and professionally for the better part of 40 years. When did you first learn about concrete poetry and the de Campos brothers?
Gerald Thomas - I was fourteen years old, living here in NYC with Hélio Oiticica, and he wouldn't stop talking about the de Campos brothers. And he had some of their early works. So, I picked up whatever I could and started to read them, or leaf through those "pages." I was fascinated, as you can imagine, because there I saw a mixture of words and images, almost something in 3-D, touchable and so "lucid," inexplicably so. Words meaning others and it came to my perception, that early on there was this "thing" called metalanguage. I was addicted at that age. Have been since.
Brazzil - What other literary figures impressed you the most as an artist?
Gerald Thomas - Oh, as you know, there is Beckett - which also later developed into a personal relationship lasting until his death - Joyce, Gertrude Stein, Pound, Conrad, Hegel, Kafka, Kafka, Kafka, and the Greeks, and as I sat in the British Museum Reading Room doing my studies, so many authors came across my eyes: it would be silly to name all of them. It would also trivialize them. But there was this one William Shakespeare who still hasn't left me and I am not intending to leave him either.
Brazzil - You've presented numerous works by your close friend Samuel Beckett, along with Shakespeare, Brecht, Kafka, Heiner Mueller, and others. What contributions have they made toward the overall formation of your art?
Gerald Thomas - No, I've never done Brecht (not that I can remember), but I have been a guest of the Berliner Ensemble, during the days when Berlin was still divided by the Wall. Well, all of those playwrights are - combined - part of what I am. If put together, vertically and horizontally, with what I have lived through empirically, the stories I was brought up with (the holocaust) and the theater I built into my wardrobe as a child in order to "be somewhere"...what I'm trying to say is that ALL of which I have read and seen (and still do) causes an enormous impression on me. That's why I still don't know exactly what to make of 9/11 and seeing the WTC being hit. Being that the WTC were the towers of my generation: except for the Citicorp building, the rest of NYC was all built. I saw those two faceless monsters going up: they were the Warhol buildings (multiplications) or the Godot buildings: "nothing in two acts," as Walter Kerr once described it in the New York Times. He later resigned, this critic that is, because he realized that Godot was indeed THE masterpiece of the 20th Century and he didn't have perception then, in the fifties. He said goodbye to his readers by saying that he must have ruined hundreds of lives of talented authors and actors and the like.
Brazzil - You're a prolific writer yourself, as well as a playwright and journalist, having contributed a number of articles to Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil and other publications. Have you ever considered giving up show business for a career in journalism as a critic or political commentator?
Gerald Thomas - Never! I keep a journal. This journal is, finally, going to be published next year. The title is "Suicide Note." I was offered a column in the most prestigious page in the most prestigious paper in the world (just guess), but in order to do that, I would have to give everything else up. I would have to be a "political traveler." As much exposure as that would give me and throw me right into the limelight of mainstream AmeriKa, I declined because I cannot justify breathing on this planet without the theater or the opera. So, I will continue doing my work and other people, such as Wladimir Krysinski, yourself, David George, Haroldo de Campos, Flora Sussekind, and so many others, will contribute with their opinion. "O Encenador de Si Mesmo" (The Staging of the Self) is a compilation of such texts.
Brazzil - Your stage productions bear the hallmarks of silent cinema, German expressionism, surrealism, film noir and theater of the absurd. Have I left anything out?
Gerald Thomas - Yes, you've left "me" out.
Brazzil - I stand corrected! In fact, you've peeled away most theatrical elements down to their barest essentials - that is, little or no dialogue, stylized acting, non-specific sets, and dramatic, sophisticated lighting. Is this what you've tried to accomplish with your Dry Opera Company?
Gerald Thomas - No, that is because I've chosen such scenes to go on a tape to travel commercially around the world. I chose precisely the most viable scenes to go on such a tape: but if you saw the pieces in their entirety, you'd see a lot (and some people actually have complained in the eighties that there was verbal hemorrhage) of text in those plays.
Brazzil - A while back, a New York Times piece hinted at your early fascination with light and shadow - and there is certainly no shortage of light, shadow and smoke on display throughout most of your works. Are you still as captivated by these effects as you once were, or have you moved beyond this aspect of your art to other things?
Gerald Thomas - I think that, like everyone else, I go through phases. This latest play, "A Circus of Kidneys and Livers," has very little of those: it's basically the text and the actors that matter.
Brazzil - Good point. That said, the late Orson Welles was once described as the "boy wonder" of the stage, a master at multi-tasking who could act, write, paint, design, produce, direct, market and promote his works - all at the same time. As formidably talented as he undoubtedly was, Welles spent his entire life actively selling the myth of his supposed "genius" to all comers. Would you categorize yourself as a genius in the Welles mold, i.e. someone who writes, directs, produces, markets, promotes, illustrates and innovates, with the same non-stop intensity as he showed in his youth?
Gerald Thomas - No, but I fake it just as he - later in life - claimed he did. F for Fake is a great film. I would throw rotten eggs at any artist who would consider himself a genius! Seriously! At this day and age, after deconstructivism, iconoclasty...genius? Give me a break!
Brazzil - Besides physically, what characteristics differentiate you from a Welles?
Gerald Thomas - Well, if I had accomplished Citizen Kane at age 24, I would seriously give myself up as satisfied. It's one of the best movies ever, EVER made. I've never thought of myself as anything close to Welles. In fact, while he was still alive, I almost came close to inviting him to play Hamm, in Beckett's Endgame. That was right after directing the legendary Julian Beck, who died while we were touring with "The Beckett Trilogy," 1985 (Christ! 20 years ago!).
Brazzil - Many felt that Welles peaked early on and never recaptured the inspiration he initially showed with his classic Kane. You're 51 now - that's more than twice Welles' age at the height of his fame - and you've accomplished so much more in the theater than he ever did. What would you still like to do that you haven't done as yet, theatrically?
Gerald Thomas - You must be joking! Welles was truly an INTERNATIONAL CELEB, and with clout. Whether what he did or didn't do in the theater was good or not, I don't know. The photos make things look rather kitsch. People who have seen it and described it to me say that it stank! But who am I to judge? Look at where the boundaries of my work stop and look at Welles!!!!!! My obit will be one paragraph long (if that!), while his...
Brazzil - Your most favorable reviews have been for works that thrive on controversial subjects. Do you identify personally with the struggles of the protagonists of Moses und Aron, Doktor Faust, Tristan und Isolde and Don Giovanni?
Gerald Thomas - I actually do. Moses especially, with the stuttering problem. And with the fact that it was a "spoken/notated" part, especially difficult to memorize for a player, when the entire orchestra is blasting notes of a completely different nature. Plus, that biblical subject matter does interest me very much - always has - so...Schoenberg's life itself has always interested me, or, rather, fascinated me. So, putting it all together: Busoni and Schoenberg go hand-in-hand; Faust by Goethe is my favorite book (and until this date I have not entirely deciphered it, either in German or in English, or in Haroldo de Campos's version: "Deus e o Diabo na terra de Fausto" - God and the Devil in the Land of Faust). There you have the perfect subjects for me to delve into the darkest areas of the humanities, so to speak.
Brazzil - You actually changed Faust's profession from alchemist to artist - a painter, to be exact. Was this a conscious choice on your part, a sort of autobiographical statement?
Gerald Thomas - Certainly autobiographical.
Brazzil - Were you deliberately placing yourself into the stage action, and are you a frustrated actor at heart?
Gerald Thomas - Not anymore! I premiere, as an actor, next April in "Asfaltaram o Beijo" (They Cemented the Kiss), an homage I pay to Beckett and the years we spent meeting in Paris.
Brazzil - Do you regard yourself as more of an individualist and outsider, much in the manner of a Moses or a Faust?
Gerald Thomas - A total outsider, always. I was talking to Philip Glass just now and was telling him about the success "Circus" had, and how one has to constantly renew this pact with the world "within", with the audience and with the press...It's as if the world were a big memory bank that, given a month or two of our absence, would forget us altogether.
Brazzil - Have you thought about tackling other characters of this type, for example, Britten's Peter Grimes, Wagner's Tannhäuser, or Berg's Wozzeck?
Gerald Thomas - I am ready for all three of them.
Brazzil - Aren't you really more like Moses' brother, Aron, a sort of manipulator of language and the spoken word?
Gerald Thomas - The image of me in the press certainly may appear so. But that has to do with the fact that the press is lazy. I ask you: how can any one person manipulate the press? How do you do that? With money? Drugs? Chocolate? Sex? How exactly? What does that phrase mean? As in a previous answer, I am timid and profoundly involved with sensitive questions about the nature of who we are. I am also very traumatized about the nature of who we are and what we are capable of doing. Aron wasn't concerned with any of that: he merely wanted to sell his golden calf.
Brazzil - Nothing you've done on the stage could possibly be construed as being a part of the mainstream. Has this "inaccessibility" to the general public, as it were, bothered you in any way?
Gerald Thomas - Sometimes the media builds this image out of nothing, just as it always has throughout History with not-so-easily-consumable-artists. But when some audience member walks in open-hearted, he/she will find that my work isn't all that inaccessible after all.
Brazzil - Wouldn't you prefer to be less on the cutting-edge and enjoy rather more widespread critical success?
Gerald Thomas - Joe, I've been given all the awards there were. The Molières and the (forget the names, really). I dropped the last Molière just to show the audience in Paris that it was made of chalk and not marble, and said quite bluntly that I hated to be endorsed by the middle classes. Those awards are given out by critics. I have no complaints, except for financial ones.
Brazzil - In your opinion, is the notoriety you've obtained the best measure of triumph in your case, or are there other modes of measurements?
Gerald Thomas - I think that everyone who earns a certain amount of notoriety does so because of a number of factors: the media constructs its own circus and makes you into a "complex" and complicated "personality" (o polêmico) and the rest, of course, has to do with the work, with the fact that I am, in a way, untouchable, because I work in so many countries and have the endorsement of the top critics and the top houses in the world.
Brazzil - Your frustration did manifest itself strongly at Rio's Teatro Municipal in 2003, where you bared your buttocks after being roundly booed for Tristan. Could you explain what led to that encounter?
Gerald Thomas - I had received news that Haroldo de Campos had died just before the opening. That had already left me in a state. The boos don't bother me. They actually amuse me. You can see that in the tape I sent you where I deliberately include minutes of it, as I enter the stage, during the curtain call after Flying Dutchman. But when I hear a rehearsed chorus from the first few rows, "little Jew boy, go back to the camp" (judeuzinho, volta pro campo!), that...made my blood pressure rise up and...I lost it. And the rest is History. It took me a year to get acquitted, and in Brasília, by the Supreme Court!
Brazzil - Did the ruckus have anything to do with the appearance of a third major character introduced by you into the drama, namely Dr. Sigmund Freud?
Gerald Thomas - Absolutely yes! And the fact that I used cocaine as an analogy for the love/death potion given by Brangäne to Isolde. A mess from the start. Pressure from the start because the artistic director of the Municipal knew my concept an entire month before I left London, since I had published it in my column, at the time, in the now nearly defunct Jornal do Brasil (a paper financed by Rio's former governor Anthony Garotinho).
Brazzil - That was quite an unusual touch, wouldn't you say, to have the title characters analyzed by modern history's most famous shrink?
Gerald Thomas - That's my job! Otherwise, just have the conductor stage the damned thing, as Karajan did so many times. Why call me? To sell tickets and fill the house. The Municipal has never been so sold out EVER!!!!!
Brazzil - Do you find Brazilian audiences are less tolerant of these sorts of novelties than other audiences are, say, the Americans or the Europeans?
Gerald Thomas - No, they're just as open minded. But not when it comes to Richard Wagner! Man! Wagner is stronger in Brazil than anywhere else...I mean, the traditionalists. But on the following nights we saw none of those problems. And may I point out that the troublemakers were just a handful within 2500 well behaved, opera-lovin' people.
Brazzil - What are your views on the current state of classical music and opera in Brazil?
Gerald Thomas - Joe, you know as well as I do that Brazil moves in waves and nothing lasts. Some say this is a good thing, some say it's bad. It's certainly the opposite to Europe and their secular cultural struggles, which never seem to end. It's still the eternal anti-Schiller play and so on, or the latest version of the "anti-Hamlet" for the 100th time. So, Brazil is very creative since this lack of tradition liberates its artists from this heavy commitment to battle these ghosts. Yet, I find that this also leaves an incredible emptiness which leads to the popularity of the soap opera culture (novelas) and the overwhelming LOVE Brazil has with television, more so than the U.S. (I find). So, as for your question, classical music and opera haven't made a mark in Brazil because year in, year out there will be a Sala São Paulo, for instance, with heavy emphasis on classical programming - which is fantastic. But will it last past this current mayor? Or the next?
Brazzil - What can be done to improve the unfortunately low expectations for classical artists and the performing arts there?
Gerald Thomas - Famine and poverty are the first priorities. To hell with the arts!
Brazzil - Has the Ministry of Culture done much in the past few years to give aid and comfort to the arts?
Gerald Thomas - Gilberto Gil has certainly done a lot for himself! He is the Minister of Himself, and the ministry is called the "Ministério Gilberto Gil de Morte à Cultura" (The Gilberto Gil Ministry of Death to Culture). His fees for performing around the world have tripled and he simply loves to travel with Lula and shake hands with heads of state worldwide. It's a scandal, it's a shame and, yet, nobody says anything about it because the PT (Partido dos Trabalhadores - Workers' Party) is a true Stalinist revengeful party and it wouldn't amaze me if, soon, there were a blacklist: something equivalent to the McCarthy era here, except in reverse. Dreadful!
Brazzil - What are some of your future plans with respect to opera? Is there anything you can talk about openly?
Gerald Thomas - I'm involved in certain German operas at this moment that are almost embarrassing to mention: I call them train station noise (at 5 a.m., when the trains are pulling in) but I have to direct these so-called "avant-garde" things because they pay and they pay well. There is also an opera "in development" with Philip Glass, which is based on Chaucer's Canterbury Tales, and Bayreuth says it wants me in about one hundred years from now.
Brazzil - This latest Thomas-Glass collaboration is exciting news for fans. In the past, many legitimate theater and film directors often ventured into opera. There was a time when Luchino Visconti, Franco Zeffirelli, Tyrone Guthrie and Margaret Webster were all actively involved with its staging. This trend has returned somewhat with the recent operatic participation of Werner Herzog, John Frankenheimer, William Friedkin and Anthony Minghella. Do you think film directors have a better "eye" for stage detail, so to speak, than the average opera or theater director has?
Gerald Thomas - I usually find that film directors are a total flop on the stage: here are two completely different languages. You might as well call a bricklayer to do the job! People are under the impression that "performing art" is one and the same. That is the biggest and dirtiest mistake ever. Imagine if you were to call Picasso to retouch or restore the Sistine Chapel, or Francis Bacon, for that matter. Michelangelo and the two I've mentioned are all involved in the "painting" media, but sectors are not to be confused.
Brazzil - Have you given any thought to directing your own movies?
Gerald Thomas - Yes, I begin shooting "Ghost Writer" in about a year from now. I'm still developing the screenplay.
Brazzil - What else would you like to direct, if given the chance?
Gerald Thomas - I'm an obsessive writer, so I'll just continue to write my pieces. I think that History needs to move forward and we need to tell the stories of the times we live in, in whatever way we can. If we just keep on restaging The Seagull over and over and over, or the classics, we won't be telling people 500 years from now what the 21st Century was about.
Brazzil - That's so true. By the way, do you have many friends or acquaintances in the movie business?
Gerald Thomas - Yes, I'm very close to Hugh Hudson, who directed Chariots of Fire, amongst other wonderful films, such as American Revolution; and Cacá Diegues, the Brazilian filmmaker.
Brazzil - You made a cameo appearance in a film by Brazilian director Walter Salles. How did it feel to be directed by someone else instead of your doing the job yourself?
Gerald Thomas - Oh, please don't remind me of that. If I could...if I had the money I'd buy those frames and cut myself out of that movie...I wasn't directed. Someone just said "roll" and there I was.
Brazzil - You're probably the most well known, most talked about, and most written about Brazilian stage personality on the world scene today. How do you feel about that lofty position?
Gerald Thomas - I am very lonely and suffer just like anybody else when I turn on the news. Frustration kicks in, just like with anybody else. I don't feel special, in fact, I don't feel anything: all of which I've done - I feel - has somehow been reduced to ashes. Don't ask me why or how. It's just a holocaustic feeling but, all the same, true. It's vapor, it weighs nothing. I must reinvent myself, especially in this current world of NO values, of information overload, of shopping malls, of super-consumerism, iPods, Internet, where people don't really learn (they just copy and paste or use it for chats). This globalization has flattened Columbus' world. It's one with no memory or a weak one: it's drugged, drunk, money-driven or driven by one god against another. We're back to the Middle Ages, except that we have modern tools. It's a horrible place where my profession doesn't exist, really. So, all that I read about myself - I feel - I'm reading about someone who doesn't exist; i.e. someone else or a ghost: a GHOST WRITER.
Brazzil - I sense the theme of your screenplay at work. Has this constant exposure in the press hampered you to any degree? You don't seem intimidated or ambivalent by all the attention - how do you maintain your composure as well as your personal privacy?
Gerald Thomas - It's impossible to have privacy when you're having dinner and people are coming up to you constantly wanting to take a snapshot of you (with them, preferably).
Brazzil - Thank you so much, Gerald, for your openness about yourself and your art.
Gerald Thomas - Thank you, Joe.
A naturalized American citizen born in Brazil, Joe Lopes was raised and educated in New York City, where he worked for many years in the financial sector. In 1996, he moved to Brazil with his wife and daughters. In 2001, he returned to the U.S. and now resides in North Carolina with his family. He is a lover of all types of music, especially opera and jazz, as well as an incurable fan of classic and contemporary films. You can email your comments to JosmarLopes@msn.com This e-mail address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it .
Copyright © 2006 by Josmar F. Lopes
Add this page to your favorite Social Bookmarking websites
Reddit! Del.icio.us! Mixx! Free and Open Source Software News Google! Live! Facebook! StumbleUpon! TwitThis Joomla Free PHP
Set as favorite
Bookmark
Email This
Hits: 13132
Comments (2)Add Comment
feedSubscribe to this comment's feed
That\'s exactly why I never liked Gerald
written by Guest, January 06, 2006
Thar's why I never liked Gerald Thomas. What a conventional, middle-class, middle-aged pillar of the (elite) establishment. Does he actually know what is happening at Brazil? He should get his head out the fluffy clouds and take a look at .......... poverty!
...
written by Guest, January 09, 2006
this guy seems like a jerk
Write comment
Name
Email
Website
Title
Comment
quote
bold
italicize
underline
strike
url
image
quote
Written by Joe Lopes
Wednesday, 04 January 2006 20:14
Brazilian Gerald ThomasTrying to explain one's art and motivation, while defending a particularly individualistic view of the same, can be a time-consuming impediment to progress for any professional artist, as it surely must be for most people inside or outside the public domain.
But to say that Gerald Thomas, the talented director, writer, producer, illustrator and designer, has a particularly "individualistic" point of view, is clearly an understatement: he is absolutely, without hesitation, Brazil's most controversial contemporary stage figure.
His copious plays and uniquely identifiable pieces, along with an impressive and ever-expanding body of operatic work - not to mention his Dry Opera Company and frequent collaborations with composer Philip Glass - have certainly enlivened the dramatic and performing arts to no end.
With constant "exposure" of his avant-garde ideas in the press and in the theater, however, Thomas has been forced at times into expressing his own level of frustration in no uncertain terms, as evidenced by his much-publicized butt-baring episode at Rio's Teatro Municipal in August 2003.
Residing in London for most of the remainder that year, he returned to New York in March 2004, for the opening of his play Anchorpectoris (The United States of the Mind) at LaMaMa Experimental Theater, on E. Fourth Street in Greenwich Village - the scene of his first stage triumphs with ex-mentor Ellen Stewart and the works of playwright Samuel Beckett.
In this, his most recent interview, completed in the U.S. after the successful run of his Um Circo de Rins e Fígados (A Circus of Kidneys and Livers) in Brazil, Thomas quite candidly delves into, and expands upon, a wide range of subjects, i.e. his early career as an illustrator and in the opera house; his major artistic and literary influences; his personal recollections of John Lennon's death and 9/11; his criticism of Brazil's Minister of Culture, Gilberto Gil; his future plans for the coming year and beyond, among which are his long-awaited stage-acting and directorial film debuts; and the release of his new book, Suicide Note.
Politics mingled with art - ah, there's the Thomas rub; and if ever there were an example of the two intertwining and becoming indisputably one, then Gerald Thomas would be held up as the premier exponent, Brazil's poster-boy for artistic and political activism.
U2's Bono Vox, beware!
Brazzil - The first thing I'd like to know more about, as I'm sure our readers would, too, is the origin of your name: is it really Gerald Thomas?
Gerald Thomas - It's my first and middle name. The full name is Gerald Thomas Sievers.
Brazzil - Have you had any identity crises or cultural clashes because of your American-sounding moniker?
Gerald Thomas - I've always been a Nowhere Man or, when I was a kid in school, a Nowhere Boy. I came to realize that very soon, because I never, ever fitted in. I was always from "abroad," from "another culture." At home, we never ate what the people of the country we lived in ate and that made me feel terrible. I remember the very first time I was invited (by the neighbors on the ground floor in Leblon, Rio) to come and eat dinner with them. I was stunned at the amount, the variety of different foods on the table, amongst which, black beans. We had been in Rio for about a year and all I knew was boiled potatoes and meat of some sort or another. Suddenly, this colorful rainbow opens up and I felt so great about Brazil.
Brazzil - You learned recently that you were born in New York City but moved to Rio at an early age. Despite most articles (including my own) claiming you were from Brazil, how has living in places like the Big Apple, Rio de Janeiro and London contributed to a better or worse sense of your own individual identity?
Gerald Thomas - In Brazil, I have to say that I was born there, given the nature of my criticism of the government and Gilberto Gil, the minister of himself. No foreigner would ever be able to say such things without being thrown overboard. But a real and intriguing question does exist about the place where I was born: I do have three birth certificates and I do carry a German passport. It's weird in a way to feel as though you belong to all of those places and, yet, the only place I can really call home are a couple of blocks on the East Side of Manhattan, between St Mark's Place and E. Third Street on Second Avenue. I guess my parents must have registered me every time my father (the non-biological one) was moved by Lloyd's Insurance from one country to another. That may have been a smart move.
Brazzil - Indeed it was. But have you ever experienced a feeling of loss when you go abroad because of your country of origin or your Jewish background, in view of the apparent pride you have in being Brazilian?
Gerald Thomas - I know that the Jewish thing should play an enormous role here...but it doesn't really. I guarantee you that I would be a rich man now if I had played that card but reality has it that I never felt very comfortable with those rituals. My bar mitzvah was awkward, I felt terribly awkward, having to memorize all that stuff phonetically. Plus the "father that brought me up" (the man of my life!) wasn't Jewish himself and, during the years as a volunteer at Amnesty International in London, I got to know a lot of Catholic priests who were protecting political prisoners in Brazil. I thought that those people were so great. They showed me Italy for the first time. It was through their eyes that I saw the Vatican, its little holes and labyrinths...
Brazzil - It's a fascinating place. Since then, you've been all over the world, practically, and you're always on the move. Are you comfortable with the ever-increasing globetrotting demands of your career?
Gerald Thomas - Always less comfortable because traveling nowadays is a problem, it consumes far more energy out of you with all the "checkpoints," and cities are growing out of control, making traffic impossible, irritatingly so. I used to be productive in planes: open up the laptop and work. Nowadays, the guy sitting next to me in business class is just concerned with getting drunk. So no, thanks. I'm not going to wait until his margarita spills all over my PC.
Brazzil - I don't blame you. In contrast, throughout his life composer Richard Wagner was often referred to as a man "possessed." Are you similarly possessed, and by what?
Gerald Thomas - I try to stay away from things like that. And as for what's written about mythological characters, one never knows. Was it really so? Some people are furious, some are angry, others are simply frustrated and have tantrums and History can turn all that into "being possessed." I am as cool as can be because when I have dealt with the actors, I remain in the theater and deal with all the other technical aspects of the play or opera I'm staging.
Brazzil - That's probably the best approach. With opera being such an international endeavor, how many languages are you fluent in?
Gerald Thomas - I really only speak three languages: English, Portuguese and German. The rest is parroting my way around the world.
Brazzil - Yet you speak with a slight British accent. Would it have been more difficult for you career-wise if your name had been Caetano or Chico and you had spoken with a Brazilian accent, or spoken no English at all?
Gerald Thomas - Well, that is difficult to answer since there are thousands of British or American or Australian or Canadian directors in the world who've achieved nothing in spite of their well-spoken English. I think that I owe my position in the world to my talent. Bluntly speaking, that's it.
Brazzil - I agree. Speaking of talent, who was the person or persons whose views influenced you the most as a youth?
Gerald Thomas - Samuel Beckett and Caetano Veloso, Hélio Oiticica and Haroldo de Campos. Marcel Duchamp, Marcel Duchamp and Marcel Duchamp. Saul Steinberg. Steinberg and Steinberg.
Brazzil - That's quite an impressive list. Where did opera first come in and how did you eventually come to stage it?
Gerald Thomas - That was in 1987 in Rio, and The Flying Dutchman was the victim. A very conceptual piece to begin with, I decided to stage it in such a way that the place was Berlin, East and West, divided by the Wall. The dead man (the Dutchman) and his vessel would appear on the East Side, and Senta would be waiting for him on one of those wooden platforms built by the Allies, forced to look over onto the other side. But all of that was metalanguage, since it all played as an installation watched by a "false" audience inside a mega-exhibition hall: the Kassel Documenta. So, two years before the fall of the Wall, it had already become an "installation of the past, an artwork worth nothing compared to the thousands dead trying to cross it."
Brazzil - Have your musical and operatic tastes subsequently evolved over the years?
Gerald Thomas - Yes and no. I have gone back and decided on opposite extremes such as Mahler and Schoenberg. I could sit all day and just vary between recordings of their works...
Brazzil - You seem to show a strong "affinity" for modern music, i.e. Arnold Schoenberg, Philip Glass, Karlheinz Stockhausen, Ferruccio Busoni, and others, which you've used frequently in your pieces. Is there a specific reason for this?
Gerald Thomas - But I also steal from Wagner and from Mendelssohn and from Haydn. There isn't a specific choice for the moderns, though it gives me pleasure to work with someone who is alive and well, rather than some corpse.
Brazzil - Have you ever used or thought of using Brazilian classical or popular music in any of your works?
Gerald Thomas - Other than Villa-Lobos, I know very little about Brazilian classical music. You were the one telling me about Carlos Gomes. I do know how to drum the samba, since I am one of a very few allowed into Mangueira to be part of the drum section of their victorious samba school.
Brazzil - Then you must know Marisa Monte, whose father was connected at one time to Velha Guarda (The Old Guard) da Portela Samba School in Rio?
Gerald Thomas - I was an "adviser" to her, when she first put her legs and voice on stage, through the hands of Nelson Motta: that was in 1986.
Brazzil - You started out as a graphic artist and illustrator - a very good one, I might add. How has this early background in art and design bolstered your work on the stage?
Gerald Thomas - Difficult question: I've told you before - or maybe I haven't - that, at age fourteen, I managed to creep my way into the rehearsals of Victor Garcia's version of Genet's The Balcony in São Paulo. Undoubtedly one of the greatest stagings of the 20th Century, this vertical production not only caused a hell of an impression on me, but I also learned a great deal about the theater while being there every day (and night, ALL night!!!). I learned what "modern and experimental theater" was and how that integrated with the visual arts, somehow. In other words, I was experiencing a live Bosch painting, as it were. Then, two years later, in London, I sort of "infiltrated" the Royal Shakespeare Company while Peter Brook was rehearsing his Midsummer Night's Dream. So, all the visual arts and dramatic arts came together as a whole.
Brazzil - You once worked at The New York Times, The Boston Globe and other newspapers. Do you still find time to illustrate for publications that are outside your normal field?
Gerald Thomas - No fun no more! I illustrate the programs of my own plays and the posters and I "design" or draw each and every one of the scenes that are to be staged...but that's about it as far as drawing is concerned, commercially. I have a lot of recent material, but I keep all that to myself. Who knows one day there will be an exhibit?
Brazzil - Most recently, you've designed the posters and programs for Um Circo de Rins e Fígados (A Circus of Kidneys and Livers), staged at Teatro SESC/Pinheiros.
Gerald Thomas - Yes, I'm involved in every single aspect of the theater, even in the soundtrack. Too involved!!! Some call me obsessed but I just find it normal since it's an object of my creation and nobody else knows exactly what's going on in this head of mine. So, instead of spending hours explaining, I might as well just do it myself.
Brazzil - Do you prefer doing it all yourself, or do you leave certain tasks to others?
Gerald Thomas - Well, let's say I delegate a little.
Brazzil - Is this a form of "control" over the creative process?
Gerald Thomas - Look: we play being God! So, in the black box we can control the temperature, the smoke, the lights, the volume, the exactness of everything. That's why I am present as much as I can at every performance. I have a little corner where I hide and even communicate with the players and gesture to them frantically, according to how the performance is going that night. Since I give all the cues, I can change things on the spot. I tell the actors in a clear voice that they can understand (when the PA system is loud enough) and, there it is: a brand new scene, created on the spot, on that very night for that specific audience, depending if there was some MAJOR news that day.
Brazzil - Moving on to Brazilian pop music, bossa nova, seventies rock and Tropicália, were you attracted to any one style over another?
Gerald Thomas - I was very involved with the Tropicalistas. Still think that this was one of the most innovative movements ever! On the other hand, I was going to The Royal Albert Hall to some classical symphony, or to Berlin to watch Herbert von Karajan, or to see and listen to Jimi Hendrix or Led Zeppelin here at the Filmore or at the Earl's Court Arena.
Brazzil - Do you still enjoy the music of the Beatles? Hendrix? John Lennon?
Gerald Thomas - I progressed as times progressed. I loved Nirvana and Pearl Jam and so many new bands out there that this interview would become as long as the Yellow Pages. But I still go back to the old icons, sure!
Brazzil - You do resemble Lennon, you know, especially in your earliest photographs. You once portrayed him on the stage, did you not?
Gerald Thomas - Yes, that was meant to be a joke. "Os Reis do Ié Ié Ié" (A Hard Day's Night) was the reunion of the Dry Opera Company and it was to have had only TWO performances. But you know how things go. Offers come in and the whores that we are...we end up accepting them!
Brazzil - You posted a poignant remembrance of the 25th anniversary of his death on your blog, http://www.geraldthomas.com. Do you remember the shooting?
Gerald Thomas - As if it was yesterday! It was a spooky day for me, because it so happens that I had brought a former political prisoner from Brazil, a poet himself - Alex Polari de Alverga and wife - and all he wanted was to be photographed in front of the Dakota building. So, that's what we did that day. Almost all afternoon we were there, outside Lennon's door. Little did I know what was to follow: When I dropped the couple off at an apartment that I was vacating and driving myself to my new Village loft, I heard Scot Muny come to the microphone and make the announcement. Unbelievable. I rushed over to the Upper West Side (out of instinct, I don't know...) and found a bunch of people there in tears...
Brazzil - You were an eyewitness to 9/11, and from your apartment window, if I'm not mistaken. How did that terrible event affect you personally?
Gerald Thomas - I am not the same any more. I'm on medication. I lost friends. Witnessing what I did, as did millions of other New Yorkers...it changed my life, Joe. It changed the world. Look at the world today. Look at how Bush played the cards in his favor. Sometimes I'm up at night rethinking the entire scene, over and over and over and over, and when paranoia sets in with those photos of the Pentagon and those commercials on TV (reopen 9/11.com, or something to that effect) and think that some of it could possibly have been staged!!!!! The whole entire affair of how this country invaded Iraq under false premises of WMDs and other lies, resulting in the mess that we're now in. The world now hates America more than in any other time in recent History and this fucking fool...
Brazzil - How did these feelings about 9/11 compare to what you felt after Lennon's untimely end?
Gerald Thomas - If the "dream was ever over," it is NOW.
Brazzil - Have these two tragedies soured you on living in large cities?
Gerald Thomas - Which two tragedies do you mean, 9/11 and Lennon? I wouldn't even begin to compare...Terrorism is something so fucking abominable and incomparable to individual murder by a crazy lunatic!
Brazzil - Let's talk about literature and poetry, something that has occupied you personally and professionally for the better part of 40 years. When did you first learn about concrete poetry and the de Campos brothers?
Gerald Thomas - I was fourteen years old, living here in NYC with Hélio Oiticica, and he wouldn't stop talking about the de Campos brothers. And he had some of their early works. So, I picked up whatever I could and started to read them, or leaf through those "pages." I was fascinated, as you can imagine, because there I saw a mixture of words and images, almost something in 3-D, touchable and so "lucid," inexplicably so. Words meaning others and it came to my perception, that early on there was this "thing" called metalanguage. I was addicted at that age. Have been since.
Brazzil - What other literary figures impressed you the most as an artist?
Gerald Thomas - Oh, as you know, there is Beckett - which also later developed into a personal relationship lasting until his death - Joyce, Gertrude Stein, Pound, Conrad, Hegel, Kafka, Kafka, Kafka, and the Greeks, and as I sat in the British Museum Reading Room doing my studies, so many authors came across my eyes: it would be silly to name all of them. It would also trivialize them. But there was this one William Shakespeare who still hasn't left me and I am not intending to leave him either.
Brazzil - You've presented numerous works by your close friend Samuel Beckett, along with Shakespeare, Brecht, Kafka, Heiner Mueller, and others. What contributions have they made toward the overall formation of your art?
Gerald Thomas - No, I've never done Brecht (not that I can remember), but I have been a guest of the Berliner Ensemble, during the days when Berlin was still divided by the Wall. Well, all of those playwrights are - combined - part of what I am. If put together, vertically and horizontally, with what I have lived through empirically, the stories I was brought up with (the holocaust) and the theater I built into my wardrobe as a child in order to "be somewhere"...what I'm trying to say is that ALL of which I have read and seen (and still do) causes an enormous impression on me. That's why I still don't know exactly what to make of 9/11 and seeing the WTC being hit. Being that the WTC were the towers of my generation: except for the Citicorp building, the rest of NYC was all built. I saw those two faceless monsters going up: they were the Warhol buildings (multiplications) or the Godot buildings: "nothing in two acts," as Walter Kerr once described it in the New York Times. He later resigned, this critic that is, because he realized that Godot was indeed THE masterpiece of the 20th Century and he didn't have perception then, in the fifties. He said goodbye to his readers by saying that he must have ruined hundreds of lives of talented authors and actors and the like.
Brazzil - You're a prolific writer yourself, as well as a playwright and journalist, having contributed a number of articles to Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil and other publications. Have you ever considered giving up show business for a career in journalism as a critic or political commentator?
Gerald Thomas - Never! I keep a journal. This journal is, finally, going to be published next year. The title is "Suicide Note." I was offered a column in the most prestigious page in the most prestigious paper in the world (just guess), but in order to do that, I would have to give everything else up. I would have to be a "political traveler." As much exposure as that would give me and throw me right into the limelight of mainstream AmeriKa, I declined because I cannot justify breathing on this planet without the theater or the opera. So, I will continue doing my work and other people, such as Wladimir Krysinski, yourself, David George, Haroldo de Campos, Flora Sussekind, and so many others, will contribute with their opinion. "O Encenador de Si Mesmo" (The Staging of the Self) is a compilation of such texts.
Brazzil - Your stage productions bear the hallmarks of silent cinema, German expressionism, surrealism, film noir and theater of the absurd. Have I left anything out?
Gerald Thomas - Yes, you've left "me" out.
Brazzil - I stand corrected! In fact, you've peeled away most theatrical elements down to their barest essentials - that is, little or no dialogue, stylized acting, non-specific sets, and dramatic, sophisticated lighting. Is this what you've tried to accomplish with your Dry Opera Company?
Gerald Thomas - No, that is because I've chosen such scenes to go on a tape to travel commercially around the world. I chose precisely the most viable scenes to go on such a tape: but if you saw the pieces in their entirety, you'd see a lot (and some people actually have complained in the eighties that there was verbal hemorrhage) of text in those plays.
Brazzil - A while back, a New York Times piece hinted at your early fascination with light and shadow - and there is certainly no shortage of light, shadow and smoke on display throughout most of your works. Are you still as captivated by these effects as you once were, or have you moved beyond this aspect of your art to other things?
Gerald Thomas - I think that, like everyone else, I go through phases. This latest play, "A Circus of Kidneys and Livers," has very little of those: it's basically the text and the actors that matter.
Brazzil - Good point. That said, the late Orson Welles was once described as the "boy wonder" of the stage, a master at multi-tasking who could act, write, paint, design, produce, direct, market and promote his works - all at the same time. As formidably talented as he undoubtedly was, Welles spent his entire life actively selling the myth of his supposed "genius" to all comers. Would you categorize yourself as a genius in the Welles mold, i.e. someone who writes, directs, produces, markets, promotes, illustrates and innovates, with the same non-stop intensity as he showed in his youth?
Gerald Thomas - No, but I fake it just as he - later in life - claimed he did. F for Fake is a great film. I would throw rotten eggs at any artist who would consider himself a genius! Seriously! At this day and age, after deconstructivism, iconoclasty...genius? Give me a break!
Brazzil - Besides physically, what characteristics differentiate you from a Welles?
Gerald Thomas - Well, if I had accomplished Citizen Kane at age 24, I would seriously give myself up as satisfied. It's one of the best movies ever, EVER made. I've never thought of myself as anything close to Welles. In fact, while he was still alive, I almost came close to inviting him to play Hamm, in Beckett's Endgame. That was right after directing the legendary Julian Beck, who died while we were touring with "The Beckett Trilogy," 1985 (Christ! 20 years ago!).
Brazzil - Many felt that Welles peaked early on and never recaptured the inspiration he initially showed with his classic Kane. You're 51 now - that's more than twice Welles' age at the height of his fame - and you've accomplished so much more in the theater than he ever did. What would you still like to do that you haven't done as yet, theatrically?
Gerald Thomas - You must be joking! Welles was truly an INTERNATIONAL CELEB, and with clout. Whether what he did or didn't do in the theater was good or not, I don't know. The photos make things look rather kitsch. People who have seen it and described it to me say that it stank! But who am I to judge? Look at where the boundaries of my work stop and look at Welles!!!!!! My obit will be one paragraph long (if that!), while his...
Brazzil - Your most favorable reviews have been for works that thrive on controversial subjects. Do you identify personally with the struggles of the protagonists of Moses und Aron, Doktor Faust, Tristan und Isolde and Don Giovanni?
Gerald Thomas - I actually do. Moses especially, with the stuttering problem. And with the fact that it was a "spoken/notated" part, especially difficult to memorize for a player, when the entire orchestra is blasting notes of a completely different nature. Plus, that biblical subject matter does interest me very much - always has - so...Schoenberg's life itself has always interested me, or, rather, fascinated me. So, putting it all together: Busoni and Schoenberg go hand-in-hand; Faust by Goethe is my favorite book (and until this date I have not entirely deciphered it, either in German or in English, or in Haroldo de Campos's version: "Deus e o Diabo na terra de Fausto" - God and the Devil in the Land of Faust). There you have the perfect subjects for me to delve into the darkest areas of the humanities, so to speak.
Brazzil - You actually changed Faust's profession from alchemist to artist - a painter, to be exact. Was this a conscious choice on your part, a sort of autobiographical statement?
Gerald Thomas - Certainly autobiographical.
Brazzil - Were you deliberately placing yourself into the stage action, and are you a frustrated actor at heart?
Gerald Thomas - Not anymore! I premiere, as an actor, next April in "Asfaltaram o Beijo" (They Cemented the Kiss), an homage I pay to Beckett and the years we spent meeting in Paris.
Brazzil - Do you regard yourself as more of an individualist and outsider, much in the manner of a Moses or a Faust?
Gerald Thomas - A total outsider, always. I was talking to Philip Glass just now and was telling him about the success "Circus" had, and how one has to constantly renew this pact with the world "within", with the audience and with the press...It's as if the world were a big memory bank that, given a month or two of our absence, would forget us altogether.
Brazzil - Have you thought about tackling other characters of this type, for example, Britten's Peter Grimes, Wagner's Tannhäuser, or Berg's Wozzeck?
Gerald Thomas - I am ready for all three of them.
Brazzil - Aren't you really more like Moses' brother, Aron, a sort of manipulator of language and the spoken word?
Gerald Thomas - The image of me in the press certainly may appear so. But that has to do with the fact that the press is lazy. I ask you: how can any one person manipulate the press? How do you do that? With money? Drugs? Chocolate? Sex? How exactly? What does that phrase mean? As in a previous answer, I am timid and profoundly involved with sensitive questions about the nature of who we are. I am also very traumatized about the nature of who we are and what we are capable of doing. Aron wasn't concerned with any of that: he merely wanted to sell his golden calf.
Brazzil - Nothing you've done on the stage could possibly be construed as being a part of the mainstream. Has this "inaccessibility" to the general public, as it were, bothered you in any way?
Gerald Thomas - Sometimes the media builds this image out of nothing, just as it always has throughout History with not-so-easily-consumable-artists. But when some audience member walks in open-hearted, he/she will find that my work isn't all that inaccessible after all.
Brazzil - Wouldn't you prefer to be less on the cutting-edge and enjoy rather more widespread critical success?
Gerald Thomas - Joe, I've been given all the awards there were. The Molières and the (forget the names, really). I dropped the last Molière just to show the audience in Paris that it was made of chalk and not marble, and said quite bluntly that I hated to be endorsed by the middle classes. Those awards are given out by critics. I have no complaints, except for financial ones.
Brazzil - In your opinion, is the notoriety you've obtained the best measure of triumph in your case, or are there other modes of measurements?
Gerald Thomas - I think that everyone who earns a certain amount of notoriety does so because of a number of factors: the media constructs its own circus and makes you into a "complex" and complicated "personality" (o polêmico) and the rest, of course, has to do with the work, with the fact that I am, in a way, untouchable, because I work in so many countries and have the endorsement of the top critics and the top houses in the world.
Brazzil - Your frustration did manifest itself strongly at Rio's Teatro Municipal in 2003, where you bared your buttocks after being roundly booed for Tristan. Could you explain what led to that encounter?
Gerald Thomas - I had received news that Haroldo de Campos had died just before the opening. That had already left me in a state. The boos don't bother me. They actually amuse me. You can see that in the tape I sent you where I deliberately include minutes of it, as I enter the stage, during the curtain call after Flying Dutchman. But when I hear a rehearsed chorus from the first few rows, "little Jew boy, go back to the camp" (judeuzinho, volta pro campo!), that...made my blood pressure rise up and...I lost it. And the rest is History. It took me a year to get acquitted, and in Brasília, by the Supreme Court!
Brazzil - Did the ruckus have anything to do with the appearance of a third major character introduced by you into the drama, namely Dr. Sigmund Freud?
Gerald Thomas - Absolutely yes! And the fact that I used cocaine as an analogy for the love/death potion given by Brangäne to Isolde. A mess from the start. Pressure from the start because the artistic director of the Municipal knew my concept an entire month before I left London, since I had published it in my column, at the time, in the now nearly defunct Jornal do Brasil (a paper financed by Rio's former governor Anthony Garotinho).
Brazzil - That was quite an unusual touch, wouldn't you say, to have the title characters analyzed by modern history's most famous shrink?
Gerald Thomas - That's my job! Otherwise, just have the conductor stage the damned thing, as Karajan did so many times. Why call me? To sell tickets and fill the house. The Municipal has never been so sold out EVER!!!!!
Brazzil - Do you find Brazilian audiences are less tolerant of these sorts of novelties than other audiences are, say, the Americans or the Europeans?
Gerald Thomas - No, they're just as open minded. But not when it comes to Richard Wagner! Man! Wagner is stronger in Brazil than anywhere else...I mean, the traditionalists. But on the following nights we saw none of those problems. And may I point out that the troublemakers were just a handful within 2500 well behaved, opera-lovin' people.
Brazzil - What are your views on the current state of classical music and opera in Brazil?
Gerald Thomas - Joe, you know as well as I do that Brazil moves in waves and nothing lasts. Some say this is a good thing, some say it's bad. It's certainly the opposite to Europe and their secular cultural struggles, which never seem to end. It's still the eternal anti-Schiller play and so on, or the latest version of the "anti-Hamlet" for the 100th time. So, Brazil is very creative since this lack of tradition liberates its artists from this heavy commitment to battle these ghosts. Yet, I find that this also leaves an incredible emptiness which leads to the popularity of the soap opera culture (novelas) and the overwhelming LOVE Brazil has with television, more so than the U.S. (I find). So, as for your question, classical music and opera haven't made a mark in Brazil because year in, year out there will be a Sala São Paulo, for instance, with heavy emphasis on classical programming - which is fantastic. But will it last past this current mayor? Or the next?
Brazzil - What can be done to improve the unfortunately low expectations for classical artists and the performing arts there?
Gerald Thomas - Famine and poverty are the first priorities. To hell with the arts!
Brazzil - Has the Ministry of Culture done much in the past few years to give aid and comfort to the arts?
Gerald Thomas - Gilberto Gil has certainly done a lot for himself! He is the Minister of Himself, and the ministry is called the "Ministério Gilberto Gil de Morte à Cultura" (The Gilberto Gil Ministry of Death to Culture). His fees for performing around the world have tripled and he simply loves to travel with Lula and shake hands with heads of state worldwide. It's a scandal, it's a shame and, yet, nobody says anything about it because the PT (Partido dos Trabalhadores - Workers' Party) is a true Stalinist revengeful party and it wouldn't amaze me if, soon, there were a blacklist: something equivalent to the McCarthy era here, except in reverse. Dreadful!
Brazzil - What are some of your future plans with respect to opera? Is there anything you can talk about openly?
Gerald Thomas - I'm involved in certain German operas at this moment that are almost embarrassing to mention: I call them train station noise (at 5 a.m., when the trains are pulling in) but I have to direct these so-called "avant-garde" things because they pay and they pay well. There is also an opera "in development" with Philip Glass, which is based on Chaucer's Canterbury Tales, and Bayreuth says it wants me in about one hundred years from now.
Brazzil - This latest Thomas-Glass collaboration is exciting news for fans. In the past, many legitimate theater and film directors often ventured into opera. There was a time when Luchino Visconti, Franco Zeffirelli, Tyrone Guthrie and Margaret Webster were all actively involved with its staging. This trend has returned somewhat with the recent operatic participation of Werner Herzog, John Frankenheimer, William Friedkin and Anthony Minghella. Do you think film directors have a better "eye" for stage detail, so to speak, than the average opera or theater director has?
Gerald Thomas - I usually find that film directors are a total flop on the stage: here are two completely different languages. You might as well call a bricklayer to do the job! People are under the impression that "performing art" is one and the same. That is the biggest and dirtiest mistake ever. Imagine if you were to call Picasso to retouch or restore the Sistine Chapel, or Francis Bacon, for that matter. Michelangelo and the two I've mentioned are all involved in the "painting" media, but sectors are not to be confused.
Brazzil - Have you given any thought to directing your own movies?
Gerald Thomas - Yes, I begin shooting "Ghost Writer" in about a year from now. I'm still developing the screenplay.
Brazzil - What else would you like to direct, if given the chance?
Gerald Thomas - I'm an obsessive writer, so I'll just continue to write my pieces. I think that History needs to move forward and we need to tell the stories of the times we live in, in whatever way we can. If we just keep on restaging The Seagull over and over and over, or the classics, we won't be telling people 500 years from now what the 21st Century was about.
Brazzil - That's so true. By the way, do you have many friends or acquaintances in the movie business?
Gerald Thomas - Yes, I'm very close to Hugh Hudson, who directed Chariots of Fire, amongst other wonderful films, such as American Revolution; and Cacá Diegues, the Brazilian filmmaker.
Brazzil - You made a cameo appearance in a film by Brazilian director Walter Salles. How did it feel to be directed by someone else instead of your doing the job yourself?
Gerald Thomas - Oh, please don't remind me of that. If I could...if I had the money I'd buy those frames and cut myself out of that movie...I wasn't directed. Someone just said "roll" and there I was.
Brazzil - You're probably the most well known, most talked about, and most written about Brazilian stage personality on the world scene today. How do you feel about that lofty position?
Gerald Thomas - I am very lonely and suffer just like anybody else when I turn on the news. Frustration kicks in, just like with anybody else. I don't feel special, in fact, I don't feel anything: all of which I've done - I feel - has somehow been reduced to ashes. Don't ask me why or how. It's just a holocaustic feeling but, all the same, true. It's vapor, it weighs nothing. I must reinvent myself, especially in this current world of NO values, of information overload, of shopping malls, of super-consumerism, iPods, Internet, where people don't really learn (they just copy and paste or use it for chats). This globalization has flattened Columbus' world. It's one with no memory or a weak one: it's drugged, drunk, money-driven or driven by one god against another. We're back to the Middle Ages, except that we have modern tools. It's a horrible place where my profession doesn't exist, really. So, all that I read about myself - I feel - I'm reading about someone who doesn't exist; i.e. someone else or a ghost: a GHOST WRITER.
Brazzil - I sense the theme of your screenplay at work. Has this constant exposure in the press hampered you to any degree? You don't seem intimidated or ambivalent by all the attention - how do you maintain your composure as well as your personal privacy?
Gerald Thomas - It's impossible to have privacy when you're having dinner and people are coming up to you constantly wanting to take a snapshot of you (with them, preferably).
Brazzil - Thank you so much, Gerald, for your openness about yourself and your art.
Gerald Thomas - Thank you, Joe.
A naturalized American citizen born in Brazil, Joe Lopes was raised and educated in New York City, where he worked for many years in the financial sector. In 1996, he moved to Brazil with his wife and daughters. In 2001, he returned to the U.S. and now resides in North Carolina with his family. He is a lover of all types of music, especially opera and jazz, as well as an incurable fan of classic and contemporary films. You can email your comments to JosmarLopes@msn.com This e-mail address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it .
Copyright © 2006 by Josmar F. Lopes
Add this page to your favorite Social Bookmarking websites
Reddit! Del.icio.us! Mixx! Free and Open Source Software News Google! Live! Facebook! StumbleUpon! TwitThis Joomla Free PHP
Set as favorite
Bookmark
Email This
Hits: 13132
Comments (2)Add Comment
feedSubscribe to this comment's feed
That\'s exactly why I never liked Gerald
written by Guest, January 06, 2006
Thar's why I never liked Gerald Thomas. What a conventional, middle-class, middle-aged pillar of the (elite) establishment. Does he actually know what is happening at Brazil? He should get his head out the fluffy clouds and take a look at .......... poverty!
...
written by Guest, January 09, 2006
this guy seems like a jerk
Write comment
Name
Website
Title
Comment
quote
bold
italicize
underline
strike
url
image
quote
Marcadores:
entrevista,
Gerald Thomas,
Joe Lopes
Assinar:
Postagens (Atom)