(Penumbra. Gerald Thomas faz o jogo do copo para bater um papo com o fantasma de Hitchens. Tenta baixar o espírito, mas desce o espírito de Stálin para lhe dar um esporro).
Gerald: Hit, Hitchens, sou seu fã desde os anos 70. Você é o novo Trotsky...
(voz grave em off): Não. Ele achava que Trotsky era a cara do Bob Dylan...
Gerald: Não seja modesto, Hitinho, vc sabe que te adoro...
Voz off: o fantasma...Stálin...
Gerald: Sinto interromper, but...também sempre combati Stálin.
Voz off: Orwell foi informante do governo...
Gerald: really, Orwell me informou.
Voz off: não sou Hit.
Gerald: Vc é para poucos mesmo, darling. Adorei sua postura no onze setembro. Foi beckett!
voz off: Eu sou...O FANTASMA DE S-TÁ-LIN!!!
Gerald (apavorado, grita, faz gestos de exorcismo): VADE RETRO, SATANÁS!
(cortina de fumaça.)
Surge uma mulher síria vendendo coxinhas e kibes.
Gerald: Querida, eu quero te invadir.
Síria: Deixa de ser imperialista, Gerald.
(to be continued).
Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Microcontos na Piauí
Bilhete
Batom no espelho: amanhã estarei morta.
Quaresma
Jesus? Diabo? Não! Sou advogado dele.
Guerra
Teatro de operações: Gerald dirige tanque.
http://revistapiaui.estadao.com.br/blog/concurso/post_310/Participantes_da_edicao_de_dezembro.aspx
Batom no espelho: amanhã estarei morta.
Quaresma
Jesus? Diabo? Não! Sou advogado dele.
Guerra
Teatro de operações: Gerald dirige tanque.
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quarta-feira, 28 de abril de 2010
Da Arte de Chutar

O Cientista. Anônimo. MOBA (Museum of Bad Arts).
Paga-se um preço por criar e paga-se outro por imitar (artigo de Gerald Thomas)
Da Arte de Chutar (comentários de Lúcio Jr)
Publicado na Folha de São Paulo, 17 de abril de 2010. A partir de livro da professora e pesquisadora Sílvia Fernandes, diretor Gerald Thomas analisa o teatro contemporâneo e aponta a falta de originalidade deste.
GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Gerald: Existe um momento quando o teu passado te bate na cara, atropela seus rins e fígados e te deixa em estado de êxtase e dor. Eu estava aqui em Londres, quando me chega o livro de Sílvia Fernandes, “Teatralidades Contemporâneas”. Trata-se de uma obra densa e compreende muita informação sobre a atualidade (ou não atualidade) do teatro mundial e explora as variantes sobre a vida no palco dessas últimas três décadas. Esse livro foi escrito ao longo de dez anos.A introdução do livro me menciona de forma incrivelmente simpática. Sempre me senti um ponto de entrada, mas entendo que agora eu seja um ponto de partida. É a vida!
Lúcio: Achei que o livro era sobre o teatro brasileiro nas últimas décadas. Pois é, o teatro brasileiro e mundial contemporâneo é atual (ou não!)
Gerald: Mas a Sílvia não comete o engano que tantos acadêmicos cometem quando “classificam” uma arte qualquer ou fazem uma “melange” de todas as artes. Sílvia Fernandes toma partido. É uma crítica durona e isso é maravilhoso. Somos muitos nesse livro, ou melhor, somos “todos”. Mas somos, apesar de seres originais, personagens também.
Lúcio:Mas todo acadêmico faz, de uma forma ou outra, classificações. Se um acadêmico for pretensioso ao ponto de querer fazer mistura (mélange) de todas as artes para fazer um artigo, vai se dar mal, porque a tônica da academia é a especialização. Quem costuma ter essa pretensão de ser artista em todas as artes são alguns artistas. Segundo Thomas, os criadores dos anos 90 são, então, seres originais, além de personagens da Sílvia Fernandes. Se somos seres originais, algo de original se aproveita em nossa arte (ou não!)
Gerald:Com exceção de um ou outro, que Sílvia aponta como “o pastiche de todos” ou o imitador sem caráter, somos os personagens ativos numa longa jornada teatral dantesca, brutal, darwiniana, em que a sobrevivência não é a do mais forte, mas do mais persistente.
Lúcio: Aqui chegamos ao ponto mais importante do texto: Gerald Thomas quer apontar Felipe Hirsch como mero plagiador e imitador, posição que não é a de Sílvia Fernandes. No entanto, se a sobrevivência for do mais persistente, então Felipe Hirsch será mais feliz do Gerald Thomas, que já disse ter desistido do teatro. Vale a pena ler o livro de Sílvia Fernandes para saber quem está fazendo pastiche de todos. Aliás, pastiche é uma categoria a que se dá valor na pós-modernidade. Silviano Santiago fez pastiche de Graciliano Ramos e fez o livro Em Liberdade.
Gerald: Falo e escrevo na primeira pessoa. O que seria um diretor sem caráter? Em inglês, esse duplo sentido até que chega a ser engraçado. “Character” significa “personagem” e o teatro é feito deles. E a Sílvia deixa claro quem começou, quem imitou, quem se limitou, quem segue ou quem persegue os verdadeiros “characters”.
Lúcio: Talvez o problema não seja a primeira pessoa e sim a falta de capacidade teórica para teorizar e resenhar um texto acadêmico, que infelizmente Gerald Thomas não tem. Ele faz uma crítica cultural a partir do próprio umbigo. Alô, alô, Silvia Colombo, que coisa mais anos 80 colocar alguém que está há vinte anos em Nova Iorque para criticar o teatro brasileiro contemporâneo! Se Sílvia Fernandes aponta que existem diretores sem caráter, ou de mau caráter no teatro brasileiro, então ela seria uma crítica ao estilo do passado, que julga a obra pelo mau comportamento biográfico do artista...
Gerald:Agora, tendo me despedido do teatro através de um artigo no velho blog, mas que está como manifesto no novo blog (http://geraldthomasblog.wordpress.com), vejo minha vida teatral e operística com enorme saudades, mas com uma tremenda resolução: sou um “ponto zero”, um ponto falho, se deixei falhas enormes para trás. Qual ponto falho?
Lúcio: Gerald deixou o teatro e ainda fica só falando sobre teatro, sobre a própria obra, mais do que sobre teatro brasileiro contemporâneo, assunto, do qual, aliás, ele pouco entende ou assiste fora sua própria obra.
O teatro é uma arte para poucos. Ele sempre existirá, porque o ego de quem se exibe nos palcos sempre estará maior. Esse ego quer explodir, quer se mostrar, quer berrar e ser “tocado” pelo público. Mas o problema é que não estão dizendo nada. Nada que interesse. Então, temos egos vazios, cantando aberrações em tonalidades de cores que se confundem com aquilo que era uma pintura original da época em que se tinha algo a dizer.
Lúcio: A esta altura, Gerald afirma que seria necessário ter uma mensagem, dizer alguma coisa que interesse. Interesse a quem? À crítica? Ao público que vem ver peças com atores da telenovela? É tão importante assim o conteúdo? Depois de largar o teatro, Gerald virou crítico conteudista, moralista à la Tolstói?
Gerald: Me diverti com texto do crítico de teatro da Folha, Luiz Fernando Ramos, sobre um espetáculo: “Fulano de tal se revela sem rumo nem estilo, como se fosse mais importante soar genial do que servir à obra. Essa fraqueza fica explícita nos três momentos em que as luzes da suposta sala de cinema se acendem. No mais provocativo, quando os atores permanecem olhando o público em silêncio por minutos, repete-se gesto de Gerald Thomas de 20 anos atrás, com menos brilho e mais afetação. A tal peça queria ser uma bofetada no gosto do público. Consegue ser chata, apesar de desempenhos vigorosos dos intérpretes, da linda iluminação e do cenário funcional de Daniela Thomas.” Por que me divirto? Porque Ramos se refere ao meu espetáculo “M.O.R.T.E.” (1990) e porque em “Teatralidades…”, o mesmo sujeito é descrito como meu “fiel seguidor”. Onde termina a homenagem e começa o plágio? Ou quando tudo vira caso de polícia?
Lúcio: Boa pergunta: por que se diverte? Porque a crítica não é contra ele (senão ele se enfureceria e diria que suas peças são intocáveis, não sei quê, etc), é uma crítica que insinua que Felipe Hirsch é imitador de Gerald Thomas e é chato. Dizer que é “chato”, é “pretensioso” são categorias subjetivas. Estou cada vez mais certo de que Hirsch inspira-se no teatro de Gerald Thomas e no teatro dos anos 80 e 90 em geral para ser a superação histórico-concreta. Hirsch retoma a narrativa, por exemplo, de Dalton Trevisan e coloca a estética dark pós-moderna a serviço dela, abandonando a fragmentação esquizofrênica.
Gerald: O que acontece? Falta cultura a essa “falta de cultura?” Sim, pelo que Sílvia aponta existe uma enorme originalidade no teatro das últimas décadas. Se isso não resume a crise e o inescrupulismo em que vivemos, o que mais posso dizer? Uma “nação teatral” conquista sua história com independência, sangue e formula sua própria “constituição” através de uma, duas, três ou mais revoluções.
Lúcio: Então, Sílvia aponta originalidade no teatro brasileiro das últimas décadas? Ou não! Aliás, o que é originalidade mesmo? Frases tolas, subjetivas, sem sentido: “inescrupulismo”, “crise”. A crise é de caráter? Nação teatral. Sílvia fala de teatro em termos nacionais ou não?
Gerald:“MUDAR O MUNDO” (palavras sábias de Julian Beck). Tudo isso tem um preço. Um preço alto e, por isso, o teatro não está mais “mudando o mundo”. Paga-se um preço ao criar, paga-se outro por imitar. O “teatro-supermercado” de “gadgets” que precisamos para viver é algo chato e sem pensamentos a respeito de si. O teatro não se repensa há tempos. A arte que repete ou imita é retórica, mas não tem opinião! É a morte, a minha M.O.R.T.E., que significa: “Movimentos Obsessivos e Redundantes para Tanta Estética”. Poucos, nesses 30 anos de teatro revisitados por Sílvia, são pensadores originais da arte. O resto obceca em torno de uma estética velha. Não sei se devo ou não agradecer por essa desgraça.
Lúcio:Se a questão é transformar o mundo, então deve-se é deixar Beckett em prol de Brecht, Gerald Thomas e Hirsch em prol de Boal e Vianinha, Nelson Rodrigues em prol de Oswald de Andrade. O ponto de chegada desse artigo é acusar Felipe Hirsch não de fiel seguidor, mas sim de plagiador. Mas plágio é um conceito atrasado em termos de teoria crítica de arte, pois há muito se discute a intertextualidade. O teatro, sim, se repensa, quem não é teórico de jeito nenhum é o diretor Gerald Thomas. Ele não está obcecado por uma estética velha, mas por sua própria obra, que parte da crítica também já disse fazer pastiche de Beckett, Kantor, dentre outros. O teatro que se faz a partir com artistas da Globo, por exemplo, Wagner Moura no papel de Hamlet é que seria esse teatro-supermercado, com Wagner a ser consumido como gadget-nascimento? Seria o Brecht da Denise Fraga? As comédias de Cláudia Raia ou Miguel Fallabella? Como acusar, sem dar exemplos? Coragem, dê nomes aos bois! A quem essa crítica é endereçada? Mas ele, como Caetano Veloso, domina a arte de chutar, tão bem definida em um artigo recente do professor Sírio Possenti:
Se Foucault vivesse entre nós, ficaria espantado com "nossos" intelectuais. Um dos mais notáveis é Caetano Veloso, nosso Aristóteles - ele opina sobre tudo. Aparece em todos os meios de comunicação - mostrando seu banheiro em Caras ou depondo sobre a importância de Lévi-Strauss na Folha de S. Paulo (o que é também uma ilustração de como a Folha explica) (Sírio Possenti em sua coluna no Terra Magazine).
Paga-se um preço por criar (e por chutar), mas criação é, como disse Boal em O Teatro do Oprimido (vamos estudar e não chutar, pessoal!) recriação do princípio criador da natureza. A prova de que o teatro se repensa é esse livro de Sílvia! E prova de quanto vai mal a crítica teatral na Folha é esse artigo de Gerald Thomas, pontificando asneiras a partir de New Yorrrrrk...
GERALD THOMAS é diretor e autor teatral
domingo, 14 de março de 2010
Blognovela Penetrália: Onde Há Fumaça, É fogo: Parte 20
(Refugiados do blog do Vamp e do blog de Gerald Thomas, um grupo se reúne no blog Penetralia e traça estratégias para evitar a diáspora. O momento é um dia antes de Vamp anunciar que voltou. Lúcio resolve voltar com a blognovela).
Mariene: O ateísmo é uma ruptura, gente. Se Deus é o absurdo coletivo, seu equivalente é a fé na existência devida em outros mundos. Tudo cai nesse ponto, Deus existe.
Susan Clayre: Sabe quem está indo para o Brasil? Zack Glass. Ele canta folk, é um gato, adora brasileiras...
Walter Greulach: Si señorita lo consigue de una vez, gracias que lo disfrute...
Ana Paula: Zack Glass, ah, que vergonha!
Van: vida de monja, de vez em quando encontro uma naja no jardim.
Alziro Patafísico: estou triste.
Fabrício Estrada: Spinoza à la carte: o problema das paixões tristes é que paralisam o conatus.
Ana Paula: Não vamos misturar psicotrópicos com religião porque...
Lúcio: Alguém aí de vocês é Jesus?
Targino: O diabo tá morando no Vaticano, muitos bispos não acreditam em Deus e o cultuam. Li um padre contando: “e ele goza na minha cara!”
Cláudio Diet: Andy Warhol veio para fazer escola. Ah, nossos quinze minutos de fama! Ônus, bônus.
Susan Clayre: Eu fui ver a casa de Hemingway em Cuba!
John Hemingway: It’ll be my first time at the Hemingway House and after this I’ll have seen all of his homes except for the Finca Vigía outside of Havana (which for a US citizen like myself is just a tad more difficult to visit). Eventually, however, I’m sure that I’ll make it to Cuba, too. The government down there, in collaboration with the American Finca Vigía Foundation, has been doing a lot of important work in saving my grandfather’s island hideaway from the ravages of Cuba’s humidity, termites and tropical storms.
Lúcio: Sabia que o John Hemingway não conhece? Não é fácil para os cidadãos americanos irem a Cuba.
Reinaldo Pedroso: Não t intendendo! Isso aqui é campo de refugiados de petistas enxotados do blog do Gerald Thomas e do Vamp? Blognovela número 20? Cadê as outras dezenove?
Lúcio: Tão por aí no blog, Reinaldo, é só procurar. Aqui é igual ao Afpaki, tá cheio de refugiados mesmo. Há mais coisas entre o céu e terra que a nossa Van...
Mariene: Buenas, Tarja, deu bad-bolck nesse seu HD interior! O mundo é um cobol, limitado este nosso ser que vc imagina ser PC: Máquina eletrônica de armazenar, processar e enviar dados. We are much more than this.
Regininha Poltergeist Vereza: Há todo um lobby nacional e internacional visando a manutenção de Lula no poder.
Lúcio: Uma nóia. É como diz o Tene Cheba: somos blogólatras. Pena que o Tene ficou dublando a voz de Gianechini e perdeu-se numa cápsula espacial.
Ezyr: Lá VEM a Van com o JOGO INTERSEMIÓTICO DE SEM-PRÉ...
Wilson Nanini: rosas cerzidas com arame farpado me ditam rotas de colisão!
Lúcio: Não é a Van não, Ezyr. Deve ser a Fulaninha, o M60, o Pato Donald, o Crítico de Arte, o...
Cíntia: Targinão, my beloved! For the love of god, aqui em Salvador tá um calor!
Ana Paula: Creeeeedo, migraram a verborragia! JUJUIS me acode!
Targino: O sertão vai virar mar! As águas do velho Chico vão bater no meio do mar e não na boca dos sertanejos com sede.
Sandra: Se Dilma vencer, será a Kristallnacht.
Daniela: Lula não é o profeta do diálogo.
Vamp: Como é difícil defender os torturadores cubanos e o José Dirceu, hein, pessoal? E essa TV Brasil, pense que assistindo você está apoiando Lula, a filha do Lula, o Nassif, a filha do Nassif... Todos mamando! Dá traço de audiência!
Mariene: Sou contra qualquer tipo de transposição, mesmo astral.
Lúcio: Lula já fez greve de fome no tempo do Geisel e fez sua autocrítica.
Reinaldo: Ciro, num lero de que vai transpor as águas do São Francisco...blasfêmia. Tipo, caminhando sobre as águas?
Maria do Rosário: UM OLHO NO PEIXE, O OUTRO NO GATO!
Cíntia: Lúcio, quem dirige essa blognovela? Parece o Gianechini com a voz do Gerald Thomas e com montagem da Ezyr.
Lúcio: Pois é, Deus é o grande problema, né, Cíntia. O diretor é pai, tirano, regente, Deus.
Gerald Thomas: Oh, give me a break. FORGET ME!
Druot: Sim. No Havaí, os locais chamam os brancos de haoles, que significa os que são mortos por dentro. Eles dizem que não estamos vivos, porque não estamos conectados com os espíritos e a natureza.
Londrina: Todos somos seres humanos, até Diogo Maigayde e Gaynalda Azeda. O Brasil tá sintonizado com o Vaticano: tem o partido dos DEMO.
Márcia: putz, que lástima.
Lúcio: Tem uma tarefinha para a gente poder imigrar para outro lugar, a nossa terra prometida, o nosso Israel. Temos que bolar um nome para o filme The Hurt Locker que não seja Guerra ao Terror. Que tal O Esconderijo Escondidinho da Explosão? O Prendedor da Dor?
Márcia: Ih, a visita desse site pode danificar seu computador...
Londrina: Dilma já está na frente de Serra!
Cíntia: Os comments esparramaram como mercúrio cromo quando quebra...
Mariene: Bem Jujú, resolveu que o viver dela clube da luluzinha na pizaria, ia ter a vó e a bisavó.
Lúcio: Os travestis do Caetano Vilela tão a postos no blog dele: Lênin, Tzara e Joyce papeando. Vamos pôr eles para papear aqui?
Londrina: Lúcio, é muito triste um ator se prestar a esse papel.
Lúcio: Mas tá vindo também o filme do Xyco Xavier. Xyko não precisava de atores, vinham os espíritos mesmo. Em New York, Marilyn Monroe contou para ele que não se suicidou. Tava triste e tomando umas bolas, mas a intenção nunca foi se suicidar.
Londrina: terroristo e não terrorismo.
Cíntia: Pode despirulitar que eu não vou largar esse blog legal, alternativo.
Van: Esse blog é a insônia das minhas noites de deleite!
Lúcio: Que tal se fizermos todos uma seita tipo Santo Daime? Uma religião atéia.
Ana Paula: O psicopata SOMOS NÓS!
Cláudio-Diet: Não precisa encher a casa para a festar ficar boa.
Lúcio (fechando a cortina italiana): Então, por enquanto, vamos ficar pensando aqui que rumo tomar. Enquanto isso vocês vão ouvindo Hard Rain is Gonna Fall, do Bob Dylan e Unknown Soldier, dos Doors. Logo mais vem o cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.
Mariene: O ateísmo é uma ruptura, gente. Se Deus é o absurdo coletivo, seu equivalente é a fé na existência devida em outros mundos. Tudo cai nesse ponto, Deus existe.
Susan Clayre: Sabe quem está indo para o Brasil? Zack Glass. Ele canta folk, é um gato, adora brasileiras...
Walter Greulach: Si señorita lo consigue de una vez, gracias que lo disfrute...
Ana Paula: Zack Glass, ah, que vergonha!
Van: vida de monja, de vez em quando encontro uma naja no jardim.
Alziro Patafísico: estou triste.
Fabrício Estrada: Spinoza à la carte: o problema das paixões tristes é que paralisam o conatus.
Ana Paula: Não vamos misturar psicotrópicos com religião porque...
Lúcio: Alguém aí de vocês é Jesus?
Targino: O diabo tá morando no Vaticano, muitos bispos não acreditam em Deus e o cultuam. Li um padre contando: “e ele goza na minha cara!”
Cláudio Diet: Andy Warhol veio para fazer escola. Ah, nossos quinze minutos de fama! Ônus, bônus.
Susan Clayre: Eu fui ver a casa de Hemingway em Cuba!
John Hemingway: It’ll be my first time at the Hemingway House and after this I’ll have seen all of his homes except for the Finca Vigía outside of Havana (which for a US citizen like myself is just a tad more difficult to visit). Eventually, however, I’m sure that I’ll make it to Cuba, too. The government down there, in collaboration with the American Finca Vigía Foundation, has been doing a lot of important work in saving my grandfather’s island hideaway from the ravages of Cuba’s humidity, termites and tropical storms.
Lúcio: Sabia que o John Hemingway não conhece? Não é fácil para os cidadãos americanos irem a Cuba.
Reinaldo Pedroso: Não t intendendo! Isso aqui é campo de refugiados de petistas enxotados do blog do Gerald Thomas e do Vamp? Blognovela número 20? Cadê as outras dezenove?
Lúcio: Tão por aí no blog, Reinaldo, é só procurar. Aqui é igual ao Afpaki, tá cheio de refugiados mesmo. Há mais coisas entre o céu e terra que a nossa Van...
Mariene: Buenas, Tarja, deu bad-bolck nesse seu HD interior! O mundo é um cobol, limitado este nosso ser que vc imagina ser PC: Máquina eletrônica de armazenar, processar e enviar dados. We are much more than this.
Regininha Poltergeist Vereza: Há todo um lobby nacional e internacional visando a manutenção de Lula no poder.
Lúcio: Uma nóia. É como diz o Tene Cheba: somos blogólatras. Pena que o Tene ficou dublando a voz de Gianechini e perdeu-se numa cápsula espacial.
Ezyr: Lá VEM a Van com o JOGO INTERSEMIÓTICO DE SEM-PRÉ...
Wilson Nanini: rosas cerzidas com arame farpado me ditam rotas de colisão!
Lúcio: Não é a Van não, Ezyr. Deve ser a Fulaninha, o M60, o Pato Donald, o Crítico de Arte, o...
Cíntia: Targinão, my beloved! For the love of god, aqui em Salvador tá um calor!
Ana Paula: Creeeeedo, migraram a verborragia! JUJUIS me acode!
Targino: O sertão vai virar mar! As águas do velho Chico vão bater no meio do mar e não na boca dos sertanejos com sede.
Sandra: Se Dilma vencer, será a Kristallnacht.
Daniela: Lula não é o profeta do diálogo.
Vamp: Como é difícil defender os torturadores cubanos e o José Dirceu, hein, pessoal? E essa TV Brasil, pense que assistindo você está apoiando Lula, a filha do Lula, o Nassif, a filha do Nassif... Todos mamando! Dá traço de audiência!
Mariene: Sou contra qualquer tipo de transposição, mesmo astral.
Lúcio: Lula já fez greve de fome no tempo do Geisel e fez sua autocrítica.
Reinaldo: Ciro, num lero de que vai transpor as águas do São Francisco...blasfêmia. Tipo, caminhando sobre as águas?
Maria do Rosário: UM OLHO NO PEIXE, O OUTRO NO GATO!
Cíntia: Lúcio, quem dirige essa blognovela? Parece o Gianechini com a voz do Gerald Thomas e com montagem da Ezyr.
Lúcio: Pois é, Deus é o grande problema, né, Cíntia. O diretor é pai, tirano, regente, Deus.
Gerald Thomas: Oh, give me a break. FORGET ME!
Druot: Sim. No Havaí, os locais chamam os brancos de haoles, que significa os que são mortos por dentro. Eles dizem que não estamos vivos, porque não estamos conectados com os espíritos e a natureza.
Londrina: Todos somos seres humanos, até Diogo Maigayde e Gaynalda Azeda. O Brasil tá sintonizado com o Vaticano: tem o partido dos DEMO.
Márcia: putz, que lástima.
Lúcio: Tem uma tarefinha para a gente poder imigrar para outro lugar, a nossa terra prometida, o nosso Israel. Temos que bolar um nome para o filme The Hurt Locker que não seja Guerra ao Terror. Que tal O Esconderijo Escondidinho da Explosão? O Prendedor da Dor?
Márcia: Ih, a visita desse site pode danificar seu computador...
Londrina: Dilma já está na frente de Serra!
Cíntia: Os comments esparramaram como mercúrio cromo quando quebra...
Mariene: Bem Jujú, resolveu que o viver dela clube da luluzinha na pizaria, ia ter a vó e a bisavó.
Lúcio: Os travestis do Caetano Vilela tão a postos no blog dele: Lênin, Tzara e Joyce papeando. Vamos pôr eles para papear aqui?
Londrina: Lúcio, é muito triste um ator se prestar a esse papel.
Lúcio: Mas tá vindo também o filme do Xyco Xavier. Xyko não precisava de atores, vinham os espíritos mesmo. Em New York, Marilyn Monroe contou para ele que não se suicidou. Tava triste e tomando umas bolas, mas a intenção nunca foi se suicidar.
Londrina: terroristo e não terrorismo.
Cíntia: Pode despirulitar que eu não vou largar esse blog legal, alternativo.
Van: Esse blog é a insônia das minhas noites de deleite!
Lúcio: Que tal se fizermos todos uma seita tipo Santo Daime? Uma religião atéia.
Ana Paula: O psicopata SOMOS NÓS!
Cláudio-Diet: Não precisa encher a casa para a festar ficar boa.
Lúcio (fechando a cortina italiana): Então, por enquanto, vamos ficar pensando aqui que rumo tomar. Enquanto isso vocês vão ouvindo Hard Rain is Gonna Fall, do Bob Dylan e Unknown Soldier, dos Doors. Logo mais vem o cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.
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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Blognovela Penetrália: Os canibais estão na sala de jantar

Blognovela Penetrália, número...the torture never stops!
Episódio de réveillon: Os canibais estão na sala de jantar
(Sala de jantar. Os convidados estão a postos: Calígula está na cabeceira, de bata e coroa de louros; Vampiro Brasileiro é o garçon, enquanto Coffin Joe, Cintia Lennon Claude Diet Fábio Pipipi, Joseph Waltcheco, Divo da Eira são os convidados).
Coffin Joe: não são os mesmos velhos procedimentos, não. Hoje vamos comer algo unglauber.
Calígula: comer, fazer uma grande orgia e morrer?
Vampiro Brasileiro: o Serra, Vampiro Brasileiro, reich, putsch (faz sons ameaçando uma cuspida com desprezo).
Coffin Joe: vai passar uma minissérie sobre Dalva de Oliveira e Herivelto Martins de Maria Adelaide Amaral, sabe Calígula? Eu comprei a trilha sonora daquela da Maysa. Mautner e Maysa transaram? Eu vi uma minissérie da Maria Adelaide onde o personagem ia à Semana de Arte Moderna, era sobre um sopro no coração sabe, mas não tinha nada a ver com Clarice Lispector não, sabe, dizem que a mãe dela foi estuprada num pogrom na Ucrânia. Mas, falando da minissérie. O personagem via quadros da Semana e dizia que tinha visto, em Paris, exposições bem mais avançadas. Isso em 1922. Achei que foi como se Gerald Thomas tive saído num túnel do tempo e falasse pela boca daquele personagem. Aliás, hoje vamos comer torresmo, feijoada, tutu com torresmo, comida mineirinha, tá...
Calígula: Cocô não, já te disse Joe, porco come cocô.
Coffin Joe: Pois é. Pois é. Mas vamos agora para algo totalmente diferente, né? Você quer comer as receitas do Joseph Waltcheco?
Joseph Waltcheco: eu tive de engolir meus personagens, quero comer o crítico de teatro, o doido varrido, o Pato Donald no tucupi, sabe? Rabada, rabada com Lula e creme de limão, misturas instigantes, nouvelle cuisine.
Divo da Eira: eu li O Sexo do Crepúsculo do Jorge Mautner e ao ler aqueles dois soldados fazendo sexo no crepúsculo, eu me lembrei do meu pai na Wehrmacht e no partido comunista alemão e ao mesmo tempo eu quis assar um polvo imbecil; é como a frase de Hitler: ou é o escudo dourado dos germanos ou a escuridão do bolchevismo asiático e Mautner mostrou nesse livro que assim foi na Europa Oriental. Mautner transou com Maysa, foi mais um na multidão de amores.
Vampiro Brasileiro: assar polvo não, imbecil! Qualquer lugar para você é melhor do que o Brasil. Você tá se a-Sean-do? Isso é confusão mental! Vou pedir indenização de um milhão de dólares por propaganda desse software sempre livre nazi-stalinux aqui. Nazi-stali-heitorista-reinaldista-dilmista.
Fábio Pipipi: PI..pi...pi...agora Benazir Buto e Odete Roitman, as duas bichas, viraram Vampiro Brasileiro e Calígula! Voltem para o reduto, me enganem que eu gosto. Você viram o filme Bruno, do Sacha Baron Cohen? Aquilo é humor judeu? Vocês vieram da Áustria para serem popstars mais famosas que Hitler?
Coffin Joe: que tal uma Lula ao creme marinado? Marinado com maionese de marienne.
Cintia Lennon: isso de Lula para lá, Lula para cá, tou enjoada de Lula. Prefiro Lennon ou até mesmo Lênin.
Claude Diet: Eca! Eca com Creta! Comam pouco, mas não comam porco!
Coffin Joe: tem uma história que queria contar. Eu tinha um colega que fazia, diziam, loucuras bissexuais e ouvia Philip Glass. Ele montou Nietzsche, o Louco Poeta da Punheta. Começavam com Nietzsche se masturbando. Depois, teve um dia que um espetáculo meio maluco no Centro Cultural da UFMG e o diretor se parecia com Gerald Thomas, mas não era e...
Calígula: você já me cocô...digo, já me contou essa história. Mas nós viemos aqui para jantar nossos mortos. Somos os canibais na sala de jantar. Essa imagem de Gerald Thomas que você repete é horrível, essa imagem está morta, entendeu? É pura imagem, entendeu? UNGLAUBER?
Coffin Joe: Glauber. Ghost Writer. Suicide Notes. Beckett speaks. Einmalisch!
(Pano rápido. Trevas).
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sábado, 26 de dezembro de 2009
Ohio/Denmark Improptu
DENMARK IMPROMPTU
Uma peça imaginária
CENA 1
Por Gerald Thomas
(A e B, dois filósofos "verdes", irlandeses, sentados numa conferência mundial, dispostos a salvar o mundo. Líderes mundiais discursam inutilidades. O diálogo abaixo acontece enquanto Tony Blair justifica, sorrindo, sua "invasão" do Iraque, com ou sem "weapons of mass destruction".
A- A imaginação não dava quando dava, quilos de queijo, quilos de porcos, quilos de manteiga, e eu caminhava e rastejava uns bons bocejos quando....
(B bate mão na mesa, interrompe)
B- Quando uma face na multidão surgiu e deu-lhe um Berluscão na boca e no nariz.
A- Sangrou?
B- Pouco.
A- Hmm.
A- Não o quanto deveria.
B- Hmmm.
A- Deveria ter escorrido rios. Já que Lindsay Kemp, na Toscana dos céus divinos, via atentamente, sentado, meditando sobre a palavra ausente... a mente ausente e o gesto presente... Berluscar! O ato de Berluscar. Mão direita no nariz e na boca PUM, e PIM e PAM, e a "g-o-t-a" de s-a-n-g-u-e!
B- Nada sabem sobre o balé das gerações ou sobre o triste fim das interpretações do fim ou o FIM.
A- Nada sabem de mais nada. Agora só sabem de tudo.
B- O chocolate derretendo aqui em Copenhague dois centímetros a cada década.
A- Para ser preciso, dois centímetros e três milímetros de chocolate derretendo a cada década em Copenhague, digo, as barras do mundo e a supremacia dos países e a imaginação morta imaginando-se capaz de incubar icebergs, e cubos imaginando-se ao quadrado.
B- Em Fermanagh, até ainda...
A- Chocolate?
B- Sim, mas rouba-se da Páscoa até o Natal, quando nasci/ morri e me imaginei na faixa de pedestre em Hampstead, onde o Alan foi morto por um ciclista. Cinza esse dia.
A- Foxrock nada tem e nada foi, a não ser a mão de meu pai, mesmo que o...
B- ...O "socoBerlusco" faça com que Pozzo segure a corda de todos os escravos do mundo.
A- "Taramosalata" que foi só o que os gregos nos deram e foi somente isso mesmo, somente só, nesse mundo só, onde somente estamos sós, uma breve passagem só, passando pelos hema-Thomas e outras feridas e furúnculos da pus ao pós, até o fim, só.
A- Aquela alemã hoje não sabe mais distinguir o pão de um tijolo ou tijolo da areia, ou a areia de um montinho de terra. Cinza.
B- Nada como ver essa tragédia de derretimento como a camada de choco-ozônio de CO2. Caminhando como estamos, sós, rastejando como vamos, iremos para o Dante escuro, nenhuma luz, nenhuma única luz, nem em diâmetro, nem em largura, somente a espessura do soco Berlusco poderá nos dizer no futuro o quão grotesco fomos aqui neste, durante este...
A- (bate, interrompe)
CENA 2
Por Gabriel Villela
(A e B agora juntam-se a C, D, E, F, G, H, I e J. Observam a entrada do Sr. KdeKing. Ele representa a entidade CongoOng. Coloca uma caixa de ébano sobre a mesa. Os conferencistas observam. De dentro dela, da caixa preta, e embrulhadas em papel de seda, destes que embrulham maçãs, saem duas mãos de gorila, que iniciam uma percussão. Ponto de Iansã.)
Cai a luz.
A videoconferência
No telão gigante, imagens ao vivo de um gorila agonizante amarrado a uma maca da Cruz Vermelha (close em seus olhos lacrimosos, depois somente a imagem de sua boca). Nota-se que faltam-lhe alguns dentes. Ele fala muito baixo, com dificuldade respiratória. De vez em quando, ele tenta erguer os braços de onde foram decepadas suas mãos.
Gorila (sussurrando)-IKÚUUUUUUUUUUUUUU-UUUUUUUUUUUUUUUUU-UUUUUUUUUUUUUUUUUU-
urrrrrrrmahhhh,rooooouhuuuuummmurrrrrrrrr-
rrrrrrrrrrrimahhhhharrrrrrkrafuuuuurhrrrrrrhuuuuuuu-
uuAiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiqhee-doorrrrrrr!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!ahahahahaahaha-
hahaahahahahahahahah,uhrhuruhrrhurmm-
mmmmmmmOLOROGUMOGUMO GUMMMMMMMM
Tradutora cor de rosa- Ele está dizendo que dói muito e pergunta se alguém aqui tem morfina para lhe dar. (quebrando a educação e gritando com as mãos do gorila) Dá pra parar um pouco? (as mãos continuam o ponto de Iansã. Homens verdes, involuntariamente, começam uma percussão com a boca, batendo e rangendo os dentes)
A morte do gorila
Gorila (fazendo termo)-ARÚMMMMMMMMMMMM-MARÚMMMMMMMMMM-MMMARÚMMMM MMMM-MMMMM-YEWÁ!!!!!!!vmphlufannnnnnhhhhhhhhhhhhrossssss,
ahhhhahhhhhhhaaiahhhhahahahahhhohrrohoooooohhhhorrrrrrrooo
-ô-ooodooor!!!!!!!!!!!!!!.Uuuuu!
Tradutora (em voz já mais controlada)- Senhor macaco, de acordo com as regras da conferência, o senhor tem mais 28 segundos para encerrar seu discurso. (atacada do sistema nervoso, ela berra) Alguém aí da organização pode controlar estas patas?! CARRRRALHO!!!!!!!
(o gorila agora tampa os olhos com seus braços cortados, abre a boca, tenta pronunciar um nome... um silêncio de morte)
Gorila-Ikúúú.................. ...................................
Hans Christian...an-an-nder-sen! (morre)
(O par de mãos aplaude freneticamente durante os sete segundos restantes. Muita luz sobre os homens verdes.)
CENA 3
Por Rubens Rusche
(Forte explosão. Escuridão. Longuíssima pausa. Silêncio absoluto. Gradualmente, a luz retorna, mas muito fraca. Poeira e ruínas. Tudo cinza. Ninguém. Longa pausa. Voz em "off" de um homem muito velho, moribundo. Ritmo sempre lento, voz muito baixa, no limite do inaudível.)
Voz
Loucura.
(Pausa)
Tudo isso.
(Pausa)
Loucura.
(Pausa)
Tudo isso aqui.
(Pausa)
Ter visto tudo isso aqui.
(Pausa)
E ouvido.
(Pausa)
Ter ouvido tudo isso aqui.
(Pausa)
Loucura.
(Pausa)
Visto, não. Entrevisto. Toda essa loucura. Mal visto e mal ouvido.
(Longa pausa)
Tudo acabado agora.
(Pausa)
Explodido.
(Pausa)
Só restaram ruínas.
(Pausa)
Cinzas.
(Pausa)
Mas o sol -
(Pausa)
Não tendo outra alternativa, o sol brilhou sobre o nada de novo.
(Longa pausa)
Loucura.
(Aos poucos, nas ruínas e no meio da poeira, surge um crânio. Gradualmente, a luz vai se extinguindo, até restar apenas um foco no crânio. Longa pausa. Silêncio. Foco se extinguindo ao som de uma longa expiração. Cinco segundos. Escuridão e silêncio absolutos.)
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terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Beckett is Back: Reencarnando Beckett!

Board to Death, Museum of Bad Arts, Boston
(Cenário: terreiro de umbanda. Música: Cancro Molly, de Satanique Samba Trio. Personagens: Pózzon de Higgs, Cacilda Beckett e Preto Velho).
Preto Velho: É, Mizifi, vô vê se vai dá prá baixá o Samuer para você, tá? (Toma um gole de cachaça e dá um trago em um beck).
Pozzón: Metateatro.
Preto Velho (baixando o santo): Não.
Pózzon: intrateatro?
Preto Velho: sim.
Pózzon: O tempo...voraz monstro janusiano...o hábito e a rotina...coleiras que atam os sujeitos a seu vômito...o indivíduo como acúmulo de eus mortos...superpostos como as camadas de uma cebola...
Preto Velho: Nada é mais engraçado do que a felicidade.
Cacilda Beckett: Estamos sobre um platô. Me segura que vou dar um troço!
Pózzon(imitando o trapalhão Mussum): colisão de hádris, Cacilds!
Cacilda: Estou acabada. A bota. Não entra. Não sei se ela diminuiu ou se foi o pé que cresceu.
Preto Velho: a fornalha de luz infernal! A santa luz! Alguém está olhando para mim ainda. Olhos nos olhos.
Pózzon: eu quero a partícula Deus! Particularmente.
Cacilda: quem está no palco? O que está acontecendo?
Preto Velho: Então voltei para casa, e escrevi. É meia-noite. A chuva está batendo nas janelas. Não era meia noite. Não estava chovendo.
(Um som ao fundo: Ping! Surge uma TV sem imagem, desintonizada)
Pózzon: Vamos ao que interessa. Beckett, você morreu há vinte anos, tem algo a acrescentar? Por que você escreve?
Preto Velho: (Olha o outro em silêncio e responde lentamente): só sirvo para isso.
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Reinaldianas Bobagens: vá estudar, Reinaldo Azevedo!

Que linda imagem! Diz tudo...
Recentemente, Reinaldo Azevedo escreveu todo cheio de si em seu blog:
Ô, Gerald Thomas! Volte logo com seu blog para que possa escrever sobre processos de construção de personagem; como é que os atores são convidados, em abordagens digamos, convencionais, a recorrer à memória afetiva para compor os seus papéis.
Mal sabe ele, no entanto, que Gerald Thomas não gosta de Stanislavski, que é o teórico do teatro que propõe o recurso à memória afetiva para compor os seus papéis, como disse num Café Filosófico recente com Contardo Calligaris. Vá estudar Reinaldo! Do Gerald Thomas ele finge que é amigo, mas não entende nada da obra. Tudo o que ele sabe do Gerald é que ele não gosta de Lula, e basta.
Reinaldo Azevedo, dizem, é bom com números. Mas a resposta de Gerald Thomas a ele foi impagável e deu num post chamado Os Idiotas:
Pera ai, Sr. Blogueiro, trocadilheiro nada engraçadinho! Com Fidel ou sem Fidel, com Hitler ou Pol Pot, com ou sem Milosovec, ou Stalin, com ou sem Robert Mugabe ou Idi Amin Dada, não vou aqui comecar a criar um incesto entre blogs. O que seria isso? Um "clogg", um "in-lock"? Enfim, se quizermos comparar crimes humanitários não precisamos de máquinas calculadoras, mas o blogueiro aí da Veja, apesar de querer colocar muitos números e estatisticas em seu blog, acho que falta sexo em sua vida. Você pratica isso por acaso? Está com a vida sexual em dia? Precisa de umas dicas? Esse blogueiro está com os ponteiros no mesmo lugar que Nader: nele próprio!!!!
Os militares brasileiros mataram, toruraram, desapareceram com um monte de gente. Os argentinos, os uruguayos e os chilenos também. Não me venha o senhor aqui com maquinazinha de merda fazer a apologia disso ou daquilo. Isso é tentar reescrever a História de uma das piores maneiras e destruir a dignidade das famílias que sofrem, até hoje, a perda da vida de milhares, digo, milhares de vidas inocentes (muitos estudantes) sacrificadas em nome de nada. Eu disse nada. Em nome da brutalidade pura, do capital estrangeiro, do investimento obscuro, do totalitarismo sem forma, sem idealismo, do regimento militar de ultra direita, financiado e orientado pela CIA. Não acredita ainda? Leia o livro de Philip Agee! Não acredita ainda, vá aos inúmeros livros lançados, na época pela isenta e excelente Amnesty International. E ainda tem gente que defende os militares? Quanta gente imbecil ! Caramba!
Estamos entrando numa nova era ideológica, digamos assim, estamos entrando numa nova era com fome ideológica. Essa fome não tem paladar, devora qualquer coisa que vier, portanto cuidado com a gastrite!. Vivemos numa era cega, sem parâmetros. Qualquer blog pode dizer qualquer coisa, ja que a garotada não tem realmente noção de quem foi Ben Gurion, Malcolm X, James Baldwin, Truman, quem foi Lord Mountbatten ou a porra de Ben Johnson. Não adianta aqui ficar 'name dropping'.
Mas essa nova fome ou era pede um novo tribunal de Nuremberg , como se pudesse haver outro. Não seriam julgados criminosos nazistas. Seriam julgados os Idiotas que escrevem em Blogs. Quem sabe eu mesmo não seria o primeiro réu?
O primeiro réu não sei, mas continuo achando que Reinaldo Azevedo merece esse lugar aí que a imagem (tirada do blog da Dilma) mostrou.
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domingo, 1 de novembro de 2009
Do blog do Atila Roque
As nossas tristezas
Ontem conversando com uma grande amiga, especialista em segurança pública, entrei em contato com uma enorme tristeza. Uma tristeza que já tinha de certa forma sido expressa no comentário do meu amigo, irmão, escritor e poeta, Alexandre Brandão, o Xandão, no post abaixo. Ela passou os últimos dias vendo e revendo as fitas com as cenas que flagraram a chocante indiferença dos policias diante da vítima ainda agonizante, mais preocupados em predar os predadores que tinham acabado de ferir mortalmente o coordenador social do Afroreggae, Evandro João da Silva. O que ela viu e a deixou ainda mais chocada não foi apenas a frieza abjeta dos policiais diante de mais uma morte inútil. Assistindo ao registro visual dos muitos minutos, quase uma hora, em que Evandro fica ali estendido na calçada, ela se deu conta da indiferença coletiva, patológica, que nos adormece os sentidos diante da tragédia humana. As pessoas passam, olham e seguem, sem que ninguém se aproxime daquele ser humano no chão para verificar se ainda vive. Ninguém usa o celular para chamar imeditamente uma ambulância que, sabemos, chegou quase uma hora depois do acontecido. Ninguém derrama uma lágrima pela tragédia do Evandro, a tragédia de todos nós, no momento em que ela acontece. As circunstâncias que a cercam são um testemundo eloquente da nossa miséria existencial. Estamos nos tornando piores a cada dia se continuamos a acordar e dormir com essas tragédias como se fossem apenas um fato como outro qualquer, capaz de gerar, no máximo, mais uma tocante e necessária manifestação do Movimento Rio da Paz. Enquanto isso a polícia parece seguir o padrão de combater o terror com mais terror, levando vidas inocentes pelo caminho, a mãe de apenas 24 anos com o bebê no colo ou o menino de 15 anos que mal merece manchete nos jornais. A minha amiga, acostumada a dureza do seu ofício, contou que chorou muitas vezes diante daquelas imagens. Chorou por todos nós.
(Atila Roque, 28/10/2009)
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Ontem conversando com uma grande amiga, especialista em segurança pública, entrei em contato com uma enorme tristeza. Uma tristeza que já tinha de certa forma sido expressa no comentário do meu amigo, irmão, escritor e poeta, Alexandre Brandão, o Xandão, no post abaixo. Ela passou os últimos dias vendo e revendo as fitas com as cenas que flagraram a chocante indiferença dos policias diante da vítima ainda agonizante, mais preocupados em predar os predadores que tinham acabado de ferir mortalmente o coordenador social do Afroreggae, Evandro João da Silva. O que ela viu e a deixou ainda mais chocada não foi apenas a frieza abjeta dos policiais diante de mais uma morte inútil. Assistindo ao registro visual dos muitos minutos, quase uma hora, em que Evandro fica ali estendido na calçada, ela se deu conta da indiferença coletiva, patológica, que nos adormece os sentidos diante da tragédia humana. As pessoas passam, olham e seguem, sem que ninguém se aproxime daquele ser humano no chão para verificar se ainda vive. Ninguém usa o celular para chamar imeditamente uma ambulância que, sabemos, chegou quase uma hora depois do acontecido. Ninguém derrama uma lágrima pela tragédia do Evandro, a tragédia de todos nós, no momento em que ela acontece. As circunstâncias que a cercam são um testemundo eloquente da nossa miséria existencial. Estamos nos tornando piores a cada dia se continuamos a acordar e dormir com essas tragédias como se fossem apenas um fato como outro qualquer, capaz de gerar, no máximo, mais uma tocante e necessária manifestação do Movimento Rio da Paz. Enquanto isso a polícia parece seguir o padrão de combater o terror com mais terror, levando vidas inocentes pelo caminho, a mãe de apenas 24 anos com o bebê no colo ou o menino de 15 anos que mal merece manchete nos jornais. A minha amiga, acostumada a dureza do seu ofício, contou que chorou muitas vezes diante daquelas imagens. Chorou por todos nós.
(Atila Roque, 28/10/2009)
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quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Fernanda Torres: "Luiz Fernando curou minha dor de corno do Gerald Thomas"
ISTOÉ - A sra. e o Luiz Fernando Guimarães são amigos antigos?
Fernanda - Nós somos um casal (risos). Trabalhamos juntos, viajamos juntos. Fomos para a África uma vez e ele curou minha dor de corno do Gerald Thomas.
ISTOÉ - Por quê? Quando se separou do Thomas ele já estava com outra?
Fernanda - Sempre, né?
O resto da matéria tá lincada aí embaixo. Prêmio evasão de privacidade 2009 para a Fernandinha.
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quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Do Ezir Paiva´s site
Philip GLASS on Gerald THOMAS from Patrick Grant on Vimeo.
ezir miriam´s site
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Blog Entry ENTREVISTA DE PATRICK GRANT COM P.GLASS SOBRE GERALD THOMAS Feb 6, '09 6:11 PM
for everyone
TRADUÇÃO DA ENTREVISTA DE PATRICK GRANT COM O COMPOSITOR PHILIP GLASS SOBRE O DIRETOR TEATRAL GERALD THOMAS ( Janeiro 2009)
1.original : Glass: Many of Gerald's pieces are outrageous. They're outrageously funny, they're outrageously vulgar, they're outrageously romantic, but living on the border of outrage is something he's very comfortable with! (laughs) Of course that is almost a definition of a kind of theater, if that is a definition, I would say that Gerald has that very well covered.
2. tradução:
- PHILIP GLASS:
"Muitas peças do Gerald são um ultraje! São ultrajadamente engraçadas, ultrajadamente vulgares, e ultrajadamente românticas,. Mas , viver no limite do ultraje é algo que lhe faz se sentir comfortãvel ( risadas ). É claro que isso é quase uma definição de um tipo de teatro - se assim se pode chamar uma definição. Eu diria que o Gerald tem esse ponto muito bem preenchido...
____________
1.original : Glass: This idea of a theater person who functions in all these different ways uh, is uh, it's uh, coincident with a vision of a life that is about the theater. His whole life is really the theater and uh, if not his work, he might talk about film, he might talk about other people's work, but he's really, his obsessions are with making a life in the theater
2. tradução: Esta idéia de uma PESSOA-TEATRO que funciona de todas estas diferentes formas, um... Isso coincide com uma visão de uma vida que é sobre o teatro. A vida inteira dele realmente está voltada para o teatro...e , um...se não fosse seu trabalho, ele poderia estar falando sobre filmes, poderia estar falando sobre o trabalho de outras pessoas, mas ele está realmente... quero dizer...as obsessões dele são com o fazer uma vida inteira no teatro.
_______________
1. original : Glass: Those are the people we end up caring about. They bring an authenticity and a passion and a commitment to the work which is uh, a real vocation. A vocation in the sense that, of a calling, that he was called to the work and that's what he does.
2. tradução: Estas pessoas são as com que a gente acaba se importando mais.Elas trazem uma autenticidade e uma paixão e um compromisso com o trabalho todo o qual é uma real vocação. Uma vocação no sentido de UM CHAMADO para um TRABALHO , e é isso que ele faz.
______________
1.Original : Glass: And that's uh, he almost seems impatient with anything else. Have you noticed that? Almost any other facet of his is life is….with the exception of his amorous connections which are also very important to him and they are often connected to the theater, wonderful women I have known that he has known, that we either producers or actresses or designers that were all connected with the theater…I think if you had no connection with the theater Gerald would probably not even know that you existed (laughs), he wouldn't care, he wouldn't care at all. But if you're connected with that world, that's the bigger world for him. That´s the real world for him.
2.tradução: E, é isso, um...ele parece quase impaciente com qualquer coisa..Você percebe isso nele?Não há faceta nele que não seja A PRÓPRIA VIDA...com exceção de suas conexões amorosas as quais são também muito importantes para ele, e elas são frequentemente pessoas ligadas ao teatro. Eu tenho sabido de suas ligações com mulheres maravilhosas, que são ou produtoras, ou atrizes, ou designers que eram todas ligadas ao teatro... Eu acho que se a pessoa não tivesse nenhuma ligação com o teatro, o Gerald provavelmente,nem mesmo chegaria a tomar conhecimento da existência dela ( risadas). Ele não ligaria para ela, não ligaria mesmo, em absoluto. Mas , se a pessoa estiver conectada com esse mundo do teatro, este , sim é o MUNDO MAIOR PARA ELE.ESTE É O MUNDO REAL PARA ELE, Thomas.
_______
1.original: GLASS: I think it is true that he has a very solid grounding in the history of theater. However it doesn't mean that he's going to follow in any of those directions. To be grounded in theater doesn't mean to necessarily take your cue from that. When you understand the history of theater it gives you confidence about what you do. I think that because he understands that and loves it and has lived with it as his world, it gives him the confidence to be who he is.
2. tradução:Eu acho que é verdade que ele tem um sólido embasamento com a história do teatro. No entanto, isso não quer dizer que ele irá seguir ( ver) qualquer uma das direções que se lhe apresenta. Ser embasado no teatro (ver) não significa necessariamente encontrar as pistas desejadas dentro dele. Quando você compreende a HISTÓRIA DO TEATRO, Isso te proporciona um grau de CONFIANÇA sobre aquilo que você faz. Eu acho que porque ele compreende o que isso quer dizer, e ele ama tudo isso,e ele tem convivido com o teatro como um mundo próprio de si mesmo , e que lhe oferece a confiança para que ele, Gerald, SEJA O QUE ELE, DE FATO , É.
________
1.original: But uh, I think that to have uh, that sold foundation in theater, call it history, call it uh, a lifetime love relationship, it's like a, at one point, he fell in love with the theater. The whole thing.
2. tradução: Mas, ummm...eu acho que possuir essa fundação sólida no teatro, podemos chamar tudo isso de HISTÓRIA, ou de uma RELAÇÃO DE AMOR DE VIDA INTEIRA...Tudo isso é como, de uma certa forma ( ver ), dizer que ele se apaixonou pelo teatro. PELA COISA TODA.
1.original: GLASS: I think as a young boy he really began really doing drawings and it evolved, and it turned into that. I think that eventually, for the young person who nourishes that passion or nurtures that passion, that becomes the basis of who they are and it becomes the confidence with which they can act.
2.tradução:Eu acho que quando ele era um jovem rapaz, quando ele realmente começou a fazer DESENHOS, E a coisa foi evoluindo, até que se transformou nisso tudo que conhecemos. Eu acho que , finalmente, para o jovem homem que nutri desde sempre aquela paixão ou norteia-se por aquela paixão, ela acaba se tornando a base do que essas PESSOAS SÃO, E ISSO É SINÔNIMO DE CONFIANÇA, através da qual ELAS TÊM CAPACIDADE DE FAZER ATOS.
1.original: GLASS: He had done a solo piece of Beckett's with Julian Beck. It was a beautiful piece. Do you know he was dying at the time? And uh, all you could see was the face. Do you remember that piece?
2. Ele realizou uma peça-solo do Beckett com o Julian Beck, fundador do teatro "LIVING THEATRE". Foi uma peça linda. Você sabia que o Julian estava em fase terminal naquela época ? E , um ...tudo que o expectador podia ver na peça era UM ROSTO.Você se lembra dessa peça ?
1.original: GLASS: It was a beautiful piece. He had his company over, the Dry Opera Co. and I forget what he was working on and we became friends right away. And uh, he began, uh, he became interested in the music I was doing. Ah, we did several pieces.
2.tradução: Foi uma linda peça. Ele já havia fundado sua Companhia de Teatro "Ópera Seca". E , eu me esqueci sobre o que ele estava trabalhando naquele momento. Só sei que nós nos tornamos amigos de imediato. E , ummm... ele começou... um, ele ficou muito interessado na música que eu estava criando. Ah, daí , nós criamos várias peças juntos.
1.original: GLASS: We did a big piece not long after that called Matto Grosso which is, uh, we went down to the Foz de Iguacu, the big waterfalls that's in the southern part of the country. We'd gone down together and I got the idea of writing a piece there and Gerald wanted to stage the piece. So we put that together with some other music I had done amd uh, it was, uh, it had vocal elements in it but, uh…it was really a music theater piece. And maybe it was a, I think he calls it an opera…I just call it a music theater piece. And uh, we got an orchestra and we got a producer and we did that one big piece.
2.tradução : Não demorou muito e, nós acabamos criando uma grande peça-obra de teatro chamada "MATTO GROSSO" (1989), cuja história começou quando a gente foi para FOZ DO IGUAÇU, no sul do Brasil, visitamos aquelas grandes cataratas, bem na fronteira do país.A gente tinha viajado juntos e eu acabei tendo uma idéia de escrever uma PEÇA ALI MESMO...e o Gerald se interessou logo em colocá-la no palco. Então, nós fomos juntando as idéias com alguma outra música que eu havia criado...e ...ummm, a peça tinha elementos vocais...mas..um...ELA ACABOU SENDO REALMENTE UMA PEÇA DE TEATRO MUSICAL. E , talvez, ela fosse uma...Acho que ele a denominou de ÓPERA, no acabamento final. Eu apenas a chamei de uma peça de teatro musical.E..um...nós conseguimos uma orquestra, e um produtor...e pronto! conseguimos realizar aquela grande peça única, "Matto Grosso" (1989)!!!
_____________
1. original: GLASS: And then there were a number of other pieces we worked on together. He wanted a…I got into the habit of sending him music because he liked to hear everything new and sometimes these pieces ended up in theater works if he liked them. Oh, Gerald was like that. Whatever he likes, if he likes it, it's in the piece.
2. tradução:E , então, houve um grande número de outras peças em que nós trabalhamos, sempre juntos. Ele queria uma ...Bem, eu peguei o hábito de enviar para ele músicas. Isso porque ele gostava de ouvir tudo que era novo. E às vezes, essas peças acabaram se transformando em obras teatrais, se ele, Gerald, gostasse delas. Ohh, O Gerald sempre foi desse jeito.Fosse o que fosse ,se ele gostasse da música, logo, logo, ela já virava uma peça nas mãos dele!!!
________
1. original : GLASS: In the case of Gerald uh, he writes his own pieces but he would do The Canterbury Tales and he would do the things he would do if he were not the writer. Uh, he brings together a lot of the elements himself. He can write, he can produce, he can direct, uh…I've rarely seen him onstage though. He has a, he seems to have a, I've seen him walk through a piece. Have you seen that? I've seen him walk through a piece. A kind of a, uh, a kind of a Hitchcock walk. You know, just marks it. He doesn't perform, in that way.
2. tradução : - No caso do Gerald , um...ele escreve suas próprias peças de teatro. Isso não significa que ele não faria " Os Contos de Canterbury", por exemplo.E , ele faria as coisas que ele gostaria de fazer, mesmo se ele não fosse o ESCRITOR. Um..., e ele consegue COMBINAR UM MONTE DE ELEMENTOS sozinho, POR SI MESMO.Ele pode escrever, ele pode produzir, ele pode dirigir...ummm...Mas, raramente eu tenho visto ele ATUANDO também como ator. Ele tem um ... ele parece ter um ...Olha, para mim, o Gerald é um cara que "caminha sobre" uma peça de teatro. Você já reparou nisso ? O Gerald, literalmente, me passa a impressão de caminhar sobre um peça de teatro. E eu já senti isso assistindo suas peças.É ALGO como..um... algo como O PULO DE HITCHCOCK. Dá pra entender? Marca bem isso aí. Mas ele não está fingindo, daquela forma , entende?
______________
1.original: GLASS: I think of, uh, if we think of where Gerald is coming from in terms of theater, uh…younger than Peter Brook but he knew him and younger than the Living Theatre but he knew them. Uh, very close to Beckett and a few other people in the theater. Uh, it was the kind of theater person he was a kind of uh, all-round theater operator. So that would be: he could write, he could galvanize a group of actors into becoming a company, and he has keep companies going from time to time and as long as I have known him. Sometimes they're somewhat the same people for long periods of time. He's a beautiful designer, he does beautiful designs.
2. tradução: Fico pensando em ...um...se a gente pensar de onde o Gerald está vindo em termos de teatro, um...ele é mais jovem que o Peter Brook...mas ele conheceu o Peter Brook e ele é mais jovem que o LIVING THEATRE, mas ele conheceu todo aquele pessoal.Um..ele está muito ligado ao Samuel Beckett e algumas tantas pessoas do teatro. Um, este é um tipo de pessoa-teatro...ele foi um tipo de ..um...operador de teatro polivalente. E o resultado de tudo isso foi: ele podia escrever, ele podia galvanizar um grupo de atores de forma a criar uma companhia de teatro, e ele pode manter companhias funcionando de tempos em tempos, e pelo tempo que o tenho conhecido. Às vezes, elas , por incrível que pareça, são as mesmas pessoas juntas por longo período de tempo.Ele é um lindo designer, ele faz lindos designs.
1.original:GLASS: So, he has some talent for music, you know, too, if you've seen him drumming but, you know, but around me he won't do that.
Well, this is a very bright man and a very educated man and extremely sensitized to these qualities of life which we call "theatrical," which work on the stage. I think some of his antics off the stage could very well have been on the stage and some of these do take place on the stage.
2. tradução : Então,o Gerald tem talento para música, e você sabe também, Patrick! Você já viu ele tocando tambor numa peça. Mas, comigo por perto, acho que ele não ia iria tocar daquele jeito..Bem, este é um homem muito brilhante , e muito educado, extremamente sensibilizado com estas qualidades da vida as quais nós damos o nome de "TEATRAIS", E QUE FUNCIONAM NO PALCO. Eu acho que algumas de suas PERIPÉCIAS no palco, como , por exemplo, "abaixar as calças em sinal de protesto", poderiam muito bem terem sido encenadas no palco, e algumas delas REALMENTE acontecem no palco.
____________
1. original: GLASS: . I think he was doing a Wagner opera…I think, yeah, he was doing Tristan and uh, the critics we're booing, and he mooned them. Now, that mooning could become a facet of free speech…I think that's a real Beckett idea. That's very…that's real Beckett! And that's part of his repertoire. Part of his repertoire of a personality of idiosyncrasies are, are Beckett. It comes right out of….there's no…he spent not only years directing Beckett, but in conversation, in correspondence with Beckett so… He adopted him, that was a kind of alter-ego pater familias for him, don't you think?
2.tradução: Eu acho que ele estava encenando uma ópera de Wagner...Acho, sim, que ele estava fazendo "Tristão..." ( )...e ...ummm...os críticos estavam vaiando, e ele decidiu baixar a calça pra eles.Bem,Aquele ato poderia se tornar uma FACETA DE DISCURSO LIVRE...Eu acho que aquilo é que é uma idéia de um BECKETT REAL.Isso é muito ... Isso é UM BECKETT REAL!E isso é parte do ´REPERTÓRIO dele. Parte de seu repertório de uma personalidade de idiossincrasias, tudo isso é BECKETT!! Isso vem naturalmente de ... não há...Bem! Ele passou não apenas anos e anos dirigindo Samuel Beckett, mas em conversação, fazendo correspondências com Beckett, então... Ele adotou o estilo beckettiano, que foi um tipo de ALTER-EGO PATER FAMILIAS (deixar-se REPRESENTAR pelo NOME que vem DO OUTRO) para o Gerald, você não acha?
__________
1.original: GLASS: So that it, it uh, reminds me of a scene in, it was u-h…in Molloy where, this is a , at one point he talks about his, he's fornicating with someone and he doesn't know whether it's in the vagina or in the asshole. He says, and that at one point in the narration stuff, he says, "But the question is: is it true love in the ass?"
2. tradução: Então, isso... isso ..um...me faz lembrar de uma cena em que ... foi do ... romance "MOLLOY" de Beckett (considerado um dos livros mais importantes de sua biografia junto aos outros da TRILOGIA "MALONE DIES" E " L´INNOMINABLE") onde, é assim...numa certa altura do livro, o personagem fala sobre seu ... ele está fornicando alguém, e ele não sabe perceber se seu orgão genital está na vagina ou se ele está no ânus. Ele. Molloy, o personagem, diz ... e isso é num ponto da narrativa, ele diz: " MAS , a questão é : é verdadeiro amor fazer no ânus?".
1. original: GLASS: When Gerald did that mooning thing, it made me think of that. I don't know why. But I think, I thought it was because, I don't know what he was thinking of, I never asked him about that. But at any rate, there's no question that uh, for Gerald, that moment was a moment of, that was a free speech issue. That's what it was
2. tradução: Quando o Gerald Thomas fez aquele ATO de baixar a calça, isso me fez pensar naquela indagação do personagem MOLLOY, NAQUELA CENA. Eu não sei bem porquê. Mas eu acho...pensei que fosse por causa de ... não sei o que passou na cabeça do Gerald naquele momento.Eu nunca perguntei a ele sobre isso. Mas, seja como for, é indiscutível que...um... para o Gerald, aquele momento foi um momento de ...FOI UMA QUESTÃO DE DISCURSO LIVRE.FOI ISSO AÍ.
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1.original: GLASS: We defended Gerald because we're supposed to, we Americans, we're supposed to, of course. We have our own problems of free speech. There are certain words we're not allowed to say, certain words we can't say in certain places, and even certain words we can't say at certain times of day.
2.tradução: Nós defendemos o Gerald porque nos sentimos com o dever de ...bem , nós AMERICANOS, nos sentimos inclinados a isso, é claro!!! Nós temos nossos próprios problemas DA LINGUAGEM LIVRE. Há certas palavras que nós não temos permissão de falar, certas palavras que não podemos pronunciar em certos lugares, e até mesmo certas palavras que nós não podemos dizer em certas horas do dia.
1.original: GLASS: But uh, so uh, when I say free speech in this country is uh, it's a matter of interpretation. But, for Gerald it isn't a matter of interpretation. The press had their say and he wanted to have his say.
And I absolutely do think it was a free speech issue and I had no problem. I think I made comments somewhat like that and I was quoted in the papers in Brazil .
Mas..um... então ...um, quando eu digo DISCURSO LIVRE em nosso país... isso quer dizer que é uma questão de INTERPRETAÇÃO.Mas, para o Gerald , isso não é uma questão de interpretação.A imprensa deu sua versão, e ELE QUIS DAR A SUA VERSÃO TAMBÉM.
E , eu absolutamente, de verdade , mesmo , acho que TUDO AQUILO foi uma questão de DISCURSO LIVRE, e para mim, não tive nenhum problema. Eu acho que eu fiz algum comentário na época parecido com esse, e EU, PHILIP GLASS, fui citado nos jornais do Brasil.
_______
1. original: GLASS: And he also, as you know, was a cartoonist for uh, his cartoons have appeared in The New Yorker, so he is a published…(gives a quizzical look)…"journalist" would we say? Would he accept that word? Probably not but, he is a published writer for the papers, call it what you will. And a draw-er for the papers. And at the same time, he feels uh, he can be extremely hurt by what the press does, and always keenly interested in whatever interest they take in him.
So I would say that his relationship with the press is a whole world in itself. And it becomes a kind of, the press becomes, I would say the press becomes a kind of persona that he is in, is constantly embattled with.
2. tradução: E, ele também, como você , PATRICK , já sabe... o Gerald foi um cartunista para ...um...seus desenhos foram publicados no jornal "THE NEW YORKER".Então, ele é um publicado ...( Glass faz um olhar de quem tenta buscar a palavra certa) "JORNALISTA", poderíamos assim dizer?Será que ele aceitaria essa palavra? Provavelmente não. Mas, ele é sim um ESCRITOR PUBLICADO para os JORNAIS, pense o que quiser. E ele é um desenhista ou programador visual de jornais.E , ao mesmo tempo, ele se sente ...um... ele pode ficar extremamente magoado pelo que a imprensa faz...e sempre plenamente interessado naquilo que ele pudesse despertar aos jornais ou á mídia.
1.original: GLASS: So I would say that his relationship with the press is a whole world in itself. And it becomes a kind of, the press becomes, I would say the press becomes a kind of persona that he is in, is constantly embattled with.
2.tradução:Então, eu diria que a relação do Gerald com a imprensa é um mundo inteiro á parte. E isso se torna um tipo de ... a imprensa se torna...como poderia dizer ... a imprensa se torna UM TIPO DE "PERSONA" ( uma IMAGEM PÚBLICA ASSUMIDA) com a qual o Gerald está constantemente se debatendo.
1.original: GLASS: And yet in a certain way, I think uh, it's( not that far from a theatrical relationship in the same way that you would say that he is involved with his audience. The press is simply a part of his audience who has access to newspapers, in that way. So maybe it's not that different.
2.tradução: E , no entanto, de uma certa forma, acho ..um…que é ...uma relação que não está longe de uma relação teatral em que a pessoa diria... como se fosse uma relação de envolvimento com o público , o público dele. A imprensa é simplesmente uma PARTE do público do Gerald a qual tem acesso aos jornais e revistas... e daquela forma. Portanto, talvez, não seja assim tão diferente.
_______
1.original: GLASS: So when we say he is obsessed with the press we might say that he is obsessed with his public( THAT I MUST ABSERVE BETTER HIS PÍECES AND WORDS INTERVIEWS) and what good theater person wouldn't be? And if he weren't, why would he be in the theater to begin with? So, all these things may sound pejorative but they're not really. They're part of a portrait of a man whose life is in the theater. One part of it is the public, one part is the public who writes for papers, another can be the people who go screaming out of the theater, there are those who stay and those who laugh themselves silly at the things that he does.
2.tradução: Então, quando ele diz que ele é obcecado pela mídia, poderíamos dizer que ele, Gerald é obcecado, PELO SEU PÚBLICO, E, que PESSOA BOA DE TEATRO NÃO SERIA???E Se ele não fosse, por que estaria o Gerald no teatro, só pra começar a refletir? Portanto, todas essas coisas podem soar pejorativas, mas elas , realmente , não são. Elas sao parte de um RETRATO DE UM HOMEM CUJA VIDA É NO TEATRO. Uma parte dela é O PÚBLICO; UMA OUTRA PARTE É O PÚBLICO QUE ESCREVE PARA JORNAIS, UMA OUTRA, podem ser AS PESSOAS QUE VÃO GRITAR FORA DO TEATRO.Há aquelas que ficam e aquelas que riem á-toa para as coisas que ele faz.
1.original: GLASS: As a director his, it's much more than blocking, lighting, it's not that, he's not that kind of director. It's directing that comes from the very inside of the actor and I think that's why actors are tuned into him.
2. tradução: Como um diretor... suas... tudo é muito mais do que um CORTE DE CENA, ILUMINAÇÃO...não é isso... Ele não é esse tipo de DIRETOR. É o DIRIGIR que vem bem de dentro do ator , e eu acho que é porisso, que os atores são tão sintonizados nele.
1.original: GLASS: He wants to, and I think succeeds to often, in drawing essential qualities of who they are. And I think uh, if you look at, they're sometimes very odd people. Of course he enjoys that tremendously.
2.tradução:
Ele quer isso, e eu acho que ele ,frequentemente, consegue arquitetar qualidades essenciais daquilo que os atores têm a oferecer. E , eu acho ...um... que ...se você olhar para... bem , os atores são ás vezes pessoas bem bizarras. Naturalmente, que o Gerald se diverte pra valer com tudo isso.
1.original: GLASS: It can be hilarious, it can be moving, it can be all kinds of things, and the audience can be offended or they can enraptured. It is really, he lives on that edge of excitement.
2. tradução: Pode ser hilário, pode ser comovente, pode ser todos os tipos de coisas, e a platéia pode ficar ofendida...ou elas podem ficar totalmente fascinadas com ele.É realmente..Ele realmente vive no limite da excitação.
1.original: GLASS: So in Flash and Crash Days he had mother and daughter in the same piece. So uh, but, you know, when we talk about Gerald has a relationship to the actors which is very special, to the public, to the writers, uh, to any friend like yourself, or like anyone who works in the theater from time to time, and he can then…and then there are other writers.
2.tradução: Então, em "Flash and Clash Days", em que ele teve mãe e filha , contracenando na mesma peça teatral. Então...um... mas, sabe quando nós falamos de Gerald e sua relação com seus atores e atrizes a qual é muito especial, para o público, e para os escritores...um ... e para qualquer amigo dele , próximo, como Você , Patrick, ou para qualquer outro que trabalha na área de teatro , de tempos em tempos. E ele, pode , então...bem há os outros escritores também.. .
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1. original: GLASS: He worked with Heiner Müller also uh, he worked in Germany, he went through a period of working in Germany. His German is quite good.
2.tradução: Ele trabalhou com Heiner Muller também. Um... e ele trabalhou na Alemanha, ele passou um período trabalhando na Alemanha. Ele fala Alemão super bem.
1.original: GLASS: I called him a "Brit-zilian," that's true. Actually, to be truthful, I'm never quite sure, I still don't know exactly where he was born though he has told me numbers of times. Um, I'm not sure what passports he holds, though he told me that too. I'm not sure where he's a citizen, I'm not sure where he pays his taxes and I'm not sure where he lives.
2.tradução: Eu o chamei de um "BRIT-ZILIAN" ( BRASILEIRO BRITÂNICO). Que é a pura verdade!. Na realidade, verdadeiramente, eu não estou nunca muito certo, e ainda não sei exatamente aonde ele nasceu, embora ele já tenha me dito várias vezes.Um...Não estou bem certo que passaporte ele porta, embora ele já tenha dito também. Eu não tenho bem a certeza de sua real cidadania, e não tenho certeza onde ele paga seus impostos, e eu não tenho certeza aonde ele mora, mesmo.
1.original: GLASS: I would not bet a dime on any statement about saying where he was born. (laughs) he speaks a number of languages fluently. I mean his Portugues is, of course, he grew up there, and his English of course, he grew up there, and his German, well uh, it seems he might have grown up there too. We don't really know! But that comes from his family, the family was from Berlin.
2.tradução: Eu não me arriscaria a dizer qualquer coisa sobre onde ele realmente nasceu ( risadas ).Ele fala várias línguas fluentemente. Quero dizer,o Portuguès dele, é claro, ele cresceu lá no BrasilI, e o Inglês dele, é claro, ele cresceu lá na Inglaterra, e o Alemão dele...bem , um..,parece que ele poderia ter crescido lá na Alemanha , também. Nós realmente não sabemos!Mas , isso vem da família dele , a família dele era de Berlim.
1.original: GLASS: I mean, it's basically, this is in-your-face-theater, this is no-holds-barred. This is wrestling night on cable, not on general television channels you know, where anyone can watch it. It goes on and anything can happen. This is, this is what it is.
2 tradução: Quero dizer , então, que é basicamente ...Isto é "teatro-que-está-na-cara" , isto é "comportas-ABERTAS". ISTO É luta livre na noite de um canal a cabo, e não nos canais de tv convencionais, sabe, onde qualquer um pode assistir. A coisa continua e qualquer coisa pode acontecer. Isto é, è assim que são as coisas.É COMO, eu poderia chamar o teatro dele , de TEATRO DA ADRENALINA. È assim que as coisas são.
1. original: GLASS: It can be hilarious, it can be moving, it can be all kinds of things, and the audience can be offended or they can enraptured. It is really, he lives on that edge of excitement
2.tradução: Pode ser um teatro hilário, pode ser comovente, pode ser todos os tipos de coisas, e a platéia pode ficar ofendida ou eles poderão ficar fascinados.É isso mesmo. Ele vive no limite da excitação.
1.original: GLASS: It's like, I would call it Theater of Adrenalin. That's what it is.
2.tradução:
2.tradução: É como…Eu chamaria de" TEATRO DA ADRENALINA".É isso aí.
_______
1. original: GLASS: And uh, you're bound to get that reaction and I don't think he's disappointed by that. I think he has done it unfailingly for so long that we have to believe that he means it. That's what he does. That's what he wants.
2.tradução:E , um...a pessoa está propensa a ter aquela reação e, eu não acho que o Gerald está decepcionado com isso. Eu acho que ele tem realizado tudo sem falhar durante tanto tempo que nós temos que acreditar que ele dá sentido a tudo isso.É ISSO O QUE ELE FAZ. É ISSO O QUE ELE QUER.
1. original: GLASS: So, whether uh, what the reception will be, I, he…it will be mixed. Everyone will know that he was here or anyone interested in theater will know he was here.
2. tradução: Então, se..umm.. qual será a recepção ...bem ...eu , ele... Ela será mista. Todo mundo saberá que ele esteve aqui , e qualquer um interessado em teatro saberá que ele esteve aqui.
1. original: GLASS: And what they'll make of it? Well, I don't know that Gerald really cares so much about that. I think he wants to be able to work. I think he wants, he wants that relationship with the public, the audience, with actors, collaborators. He wants the life in the theater and the liveliness of that life and the immediacy of it and the passion of it. I think he wants that.
2. tradução:E o que eles farão com tudo isso? Bem, eu não sei se o Gerald realmente está preocupado tanto com isso. Eu acho que ele quer ser capaz de trabalhar.Eu acho que ele quer, ele quer, ele quer aquela relação com o público, a platéia, os atores e os colaboradores. Ele quer a vida no teatro , e a vivacidade da vida e a presentidade de tudo isso, e a paixão de tudo isso. Eu acho que ele quer isso.
1.original: GLASS: How he'll be received? I think how he's always received: with surprise, enchantment, chagrin ... outrage, love, I mean everything. You'll get the whole works. You'll get the whole thing.
2. tradução: Como ele será recepcionado? Eu acho que será como ele sempre foi recepcionado : com surpresa, encantamento, e "chagrin"( palavra de origem francesa, tipo um "desconcerto" ou "embaraço" ao sentar num assento de material tosco ou muito liso, ou de superfície muito polida, fina)... Ou com ultraje, amor,... quero dizer ... tudo!!!A gente vai sacar a " parafernália " como um todo. A gente vai sacar tudo mesmo!!!"
FIM
TRADUÇÃO : Ezir Paiva/fev/2009
Tags: p. glass, tradução, gerald thomas
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sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Carta de Gunter Axt para Gerald
COMENTARIO ABSOLUTAMENTE COMOVENTE
DE UM GRANDE AMIGO:
GUNTER AXT
Gerald, querido;
Vc produziu um belo texto de balanço de tua obra. Um poderoso desabafo! Raras vezes vê-se nos dias de hoje um artista tão desnudo, tão exposto, tão autêntico, tão corajoso e, sobretudo, tão coerente. Vc vem partilhando com a gente a sua crise, pessoal e profissional, com o teatro, há alguns anos, pelo blog. Graças a esta moderna ferramenta de comunicação, o teu público pôde partilhar das tuas angústias e das tuas dúvidas nos últimos tempos, coisa que, no passado, os artistas confiavam aos seus diários, ou a cartas endereçadas a uns poucos amigos próximos, dramas que chegavam ao grande público apenas anos mais tarde, em geral, anos após a sua morte. Quando vc se remete a Rembrandt, fala em morte e em renascimento. Eis uma conexão instigante: se vc e sua arte morrem em tempo real, on-line, comunicando num piscar de olhos aquilo que os grandes artistas do passado levavam décadas para transmitir, então a chance do renascimento é mais forte do que nunca.
A tua peculiar proximidade a Beckett, experiência para ti de enorme intensidade e vivida por tão poucos, fez dele, creio, uma espécie de alter-ego para vc. Diante disso, entendo que o problema de não ver sentido em continuar é, sim, bastante real e palpável. Pode parecer uma aporia, em se tratando justamente de Beckett, que dizia: “fracasse outra vez, fracasse melhor”. Estranho otimismo às avessas, otimismo encontrado na inversão, haurido da dupla negação, desse pessimista para com a condição humana, condição cujo destino se afiguraria melancólico e desamparado, como que sintetizando o desencanto agressivo de Schopenhauer, proclamando que a vida mais parece uma catástrofe e que a salvação, embora prometida, jamais chegará. Em minha modesta opinião, Beckett revolucionou o teatro não apenas pela sua técnica e pelo seu estilo únicos. Mas porque ele conduz, com estonteante naturalidade, seus leitores às fronteiras da razão, instaurando a instabilidade absoluta – e absurda – do Humano, que, como dizia Ortega y Gasset, está pela primeira vez na História integralmente diante de si mesmo, sem a âncora identitária do passado a lhe guiar os passos para o futuro, precisando, por isso mesmo, de uma nova revelação. Ortega era um conservador que preconizava a idílica restauração da erudição, a reconciliação reacionária com a tradição. Vc entende Beckett muito melhor do que eu, mas eu sempre achei que, bem ao estilo irlandês, ele seria irreverente de mais para um niilismo satírico à la Kafka, ou para, como Gasset, levar água ao moinho do discurso conservador. Joyce sinalizou para esta nova revelação, ao celebrar, em seu magnífico Ulisses, apesar de toda a deliciosa ironia obscena, o poder construtivo do homem comum, libertado, justamente, pelo século XX que, para Gasset não passava de uma rota expressa para a decadência. Creio que foi com este valor que Beckett dialogou, antecipando um mundo onde a verdade estaria erodida e a relatividade do signo estabelecida. É nesse contexto que o absurdo limiar do pensamento racional converte-se em poderosa ferramenta de libertação, pela confrontação do establishment, pela desestabilização dos sentidos. Sim, L.H.O.O.Q, cinco letras que em 1919 questionaram todos os alicerces da arte ocidental. A “loucura do inesperado” bombardeando a “arte da retina”. Ou o caos organizado do Caberet Voltaire como reflexão enfurecida sobre o caos letal fora de suas paredes – esse sim, absurdo! – de uma guerra cujo único objetivo parecia ser a carnificina em massa. Ou Ensor, antes ainda, irreverente, irônico, investindo contra o público apreciador de arte convencional. Não foi Picasso quem definiu o conjunto da arte moderna como uma soma de destruições? Quando Beckett escreveu, os móbiles de Calder, com seu equilíbrio precário, ainda não haviam cumprido o seu papel de tornar mais rasa a fossa abissal entre as vanguardas e o gosto da classe média. Escrevendo em outra língua que não a sua, adotando um outro país de residência, partilhando a diluição das identidades de um indivíduo, o mundo fluído que Backett antecipou chegou. Por que confrontar pela desestabilização do signo se ele já se tornou instável, se o relativismo já se tornou regra, se a verdade deixou de existir?
Sim, o East Village não tem mais a mesma graça. As cidades também cansam, tornam-se presas da própria atitude que ajudam a construir, já que atraem uma massa de viajantes ávidos por fruir a atitude que acabam ajudando a disseminar, mas também a matar. A Nova Iorque do Max’s Kansas City, com Warhol, Iggy Pop, Bowie, com happenings de Rauschenberg, de Simone Forti, Phil Glass, Steve Reich, Michael Snow, Eva Hesse… – não podia ser eterna. A linguagem ali fundada ganhou o mundo. O que antes era um diálogo de um coletivo de jovens brilhantes, hoje está nos mais consagrados museus, teatros e filarmônicas. Pode não ter logrado preencher todos os corações do planeta, mas… Se caras como Richard Serra eram então marginais, hoje se converteram em pontos de referência. E sem terem se rendido àquilo que o mercado então queria deles. Foram coerentes com os seus conceitos e, pelo contrário, moldaram o mercado e o público aos seus conceitos. Algo que vc tb logrou alcançar, Gerald, com eficácia, em diversos momentos. E, enfim, num mundo amalgamado pela rede, onde a lógica da disciplina, tal qual descrita por Foucault, cede rapidamente espaço à lógica das redes, as distâncias diminuem, o tempo se acelera, os centros perdem sentido.
O dramático nisso tudo é que, mesmo com o fim da verdade, com a desestabilização do signo, com dinâmica de rede, com a descentralização, a promessa de realização da herança libertária dos anos 1960 não se cumpriu. E aqui, penso, reside o impasse. Qual é a linguagem capaz de reconhecer as mudanças que aconteceram, e das quais o mundo, em minha opinião, precisava, com a necessidade de manter viva a herança libertária dos anos 60?
Rimbaud, aos 17 anos, em 1871, disse que o primeiro passo para um poeta tem de ser o estudo do autoconhecimento. Este fenômeno cosmopolita que foi o modernismo desde o seu princípio, e no qual Duchamp, Beckett e vc se inscrevem, teve sempre este compromisso da busca da criação no olhar para dentro de si mesmo, sendo a arte uma expressão de sentimentos e sensações interiores. Nada mais coerente, portanto, que vc prestar atenção na sua voz mais íntima.
Tudo indica que a criação, no seu caso, é uma necessidade. Vc fundiu sua vida com o teatro. E um teatro em múltiplas direções: você dirige, atua, escreve, produz, comenta. Despedir-se dos palcos, do blog, é o primeiro passo para libertar-se desse compromisso de vida. Vc só pode encontrar a sua nova linguagem se não se sentir obrigado e compelido a fazê-lo.
Querido, desculpe se me estendi nesta carta. Mas, dessa vez, não poderia deixar de comentar com vc o que senti ao ler o seu texto. Pensei em postá-la nos comentários ao teu texto, mas fico sempre meio envergonhado de fazê-lo. Te mando ela por mail, mas fique à vontade se quiser postar no blog. E tomei tb a liberdade de ligar para a Dona Eva. Simplesmente pq há momentos em que mesmo os homens que são exércitos de guerra de um homem só precisam da mãe.
Love, G
Gunter Axt
http://www.gunteraxt.com/
DE UM GRANDE AMIGO:
GUNTER AXT
Gerald, querido;
Vc produziu um belo texto de balanço de tua obra. Um poderoso desabafo! Raras vezes vê-se nos dias de hoje um artista tão desnudo, tão exposto, tão autêntico, tão corajoso e, sobretudo, tão coerente. Vc vem partilhando com a gente a sua crise, pessoal e profissional, com o teatro, há alguns anos, pelo blog. Graças a esta moderna ferramenta de comunicação, o teu público pôde partilhar das tuas angústias e das tuas dúvidas nos últimos tempos, coisa que, no passado, os artistas confiavam aos seus diários, ou a cartas endereçadas a uns poucos amigos próximos, dramas que chegavam ao grande público apenas anos mais tarde, em geral, anos após a sua morte. Quando vc se remete a Rembrandt, fala em morte e em renascimento. Eis uma conexão instigante: se vc e sua arte morrem em tempo real, on-line, comunicando num piscar de olhos aquilo que os grandes artistas do passado levavam décadas para transmitir, então a chance do renascimento é mais forte do que nunca.
A tua peculiar proximidade a Beckett, experiência para ti de enorme intensidade e vivida por tão poucos, fez dele, creio, uma espécie de alter-ego para vc. Diante disso, entendo que o problema de não ver sentido em continuar é, sim, bastante real e palpável. Pode parecer uma aporia, em se tratando justamente de Beckett, que dizia: “fracasse outra vez, fracasse melhor”. Estranho otimismo às avessas, otimismo encontrado na inversão, haurido da dupla negação, desse pessimista para com a condição humana, condição cujo destino se afiguraria melancólico e desamparado, como que sintetizando o desencanto agressivo de Schopenhauer, proclamando que a vida mais parece uma catástrofe e que a salvação, embora prometida, jamais chegará. Em minha modesta opinião, Beckett revolucionou o teatro não apenas pela sua técnica e pelo seu estilo únicos. Mas porque ele conduz, com estonteante naturalidade, seus leitores às fronteiras da razão, instaurando a instabilidade absoluta – e absurda – do Humano, que, como dizia Ortega y Gasset, está pela primeira vez na História integralmente diante de si mesmo, sem a âncora identitária do passado a lhe guiar os passos para o futuro, precisando, por isso mesmo, de uma nova revelação. Ortega era um conservador que preconizava a idílica restauração da erudição, a reconciliação reacionária com a tradição. Vc entende Beckett muito melhor do que eu, mas eu sempre achei que, bem ao estilo irlandês, ele seria irreverente de mais para um niilismo satírico à la Kafka, ou para, como Gasset, levar água ao moinho do discurso conservador. Joyce sinalizou para esta nova revelação, ao celebrar, em seu magnífico Ulisses, apesar de toda a deliciosa ironia obscena, o poder construtivo do homem comum, libertado, justamente, pelo século XX que, para Gasset não passava de uma rota expressa para a decadência. Creio que foi com este valor que Beckett dialogou, antecipando um mundo onde a verdade estaria erodida e a relatividade do signo estabelecida. É nesse contexto que o absurdo limiar do pensamento racional converte-se em poderosa ferramenta de libertação, pela confrontação do establishment, pela desestabilização dos sentidos. Sim, L.H.O.O.Q, cinco letras que em 1919 questionaram todos os alicerces da arte ocidental. A “loucura do inesperado” bombardeando a “arte da retina”. Ou o caos organizado do Caberet Voltaire como reflexão enfurecida sobre o caos letal fora de suas paredes – esse sim, absurdo! – de uma guerra cujo único objetivo parecia ser a carnificina em massa. Ou Ensor, antes ainda, irreverente, irônico, investindo contra o público apreciador de arte convencional. Não foi Picasso quem definiu o conjunto da arte moderna como uma soma de destruições? Quando Beckett escreveu, os móbiles de Calder, com seu equilíbrio precário, ainda não haviam cumprido o seu papel de tornar mais rasa a fossa abissal entre as vanguardas e o gosto da classe média. Escrevendo em outra língua que não a sua, adotando um outro país de residência, partilhando a diluição das identidades de um indivíduo, o mundo fluído que Backett antecipou chegou. Por que confrontar pela desestabilização do signo se ele já se tornou instável, se o relativismo já se tornou regra, se a verdade deixou de existir?
Sim, o East Village não tem mais a mesma graça. As cidades também cansam, tornam-se presas da própria atitude que ajudam a construir, já que atraem uma massa de viajantes ávidos por fruir a atitude que acabam ajudando a disseminar, mas também a matar. A Nova Iorque do Max’s Kansas City, com Warhol, Iggy Pop, Bowie, com happenings de Rauschenberg, de Simone Forti, Phil Glass, Steve Reich, Michael Snow, Eva Hesse… – não podia ser eterna. A linguagem ali fundada ganhou o mundo. O que antes era um diálogo de um coletivo de jovens brilhantes, hoje está nos mais consagrados museus, teatros e filarmônicas. Pode não ter logrado preencher todos os corações do planeta, mas… Se caras como Richard Serra eram então marginais, hoje se converteram em pontos de referência. E sem terem se rendido àquilo que o mercado então queria deles. Foram coerentes com os seus conceitos e, pelo contrário, moldaram o mercado e o público aos seus conceitos. Algo que vc tb logrou alcançar, Gerald, com eficácia, em diversos momentos. E, enfim, num mundo amalgamado pela rede, onde a lógica da disciplina, tal qual descrita por Foucault, cede rapidamente espaço à lógica das redes, as distâncias diminuem, o tempo se acelera, os centros perdem sentido.
O dramático nisso tudo é que, mesmo com o fim da verdade, com a desestabilização do signo, com dinâmica de rede, com a descentralização, a promessa de realização da herança libertária dos anos 1960 não se cumpriu. E aqui, penso, reside o impasse. Qual é a linguagem capaz de reconhecer as mudanças que aconteceram, e das quais o mundo, em minha opinião, precisava, com a necessidade de manter viva a herança libertária dos anos 60?
Rimbaud, aos 17 anos, em 1871, disse que o primeiro passo para um poeta tem de ser o estudo do autoconhecimento. Este fenômeno cosmopolita que foi o modernismo desde o seu princípio, e no qual Duchamp, Beckett e vc se inscrevem, teve sempre este compromisso da busca da criação no olhar para dentro de si mesmo, sendo a arte uma expressão de sentimentos e sensações interiores. Nada mais coerente, portanto, que vc prestar atenção na sua voz mais íntima.
Tudo indica que a criação, no seu caso, é uma necessidade. Vc fundiu sua vida com o teatro. E um teatro em múltiplas direções: você dirige, atua, escreve, produz, comenta. Despedir-se dos palcos, do blog, é o primeiro passo para libertar-se desse compromisso de vida. Vc só pode encontrar a sua nova linguagem se não se sentir obrigado e compelido a fazê-lo.
Querido, desculpe se me estendi nesta carta. Mas, dessa vez, não poderia deixar de comentar com vc o que senti ao ler o seu texto. Pensei em postá-la nos comentários ao teu texto, mas fico sempre meio envergonhado de fazê-lo. Te mando ela por mail, mas fique à vontade se quiser postar no blog. E tomei tb a liberdade de ligar para a Dona Eva. Simplesmente pq há momentos em que mesmo os homens que são exércitos de guerra de um homem só precisam da mãe.
Love, G
Gunter Axt
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segunda-feira, 13 de julho de 2009
Som e Fúria: Fim de Partida para Oswald Thomas
Sim, o personagem de Oswald Thomas saiu de cena essa semana e Dante assumiu o posto de diretor da Companhia.
Curiosamente, quando ele estava saindo Dante lhe perguntou se agora ele ia montar uma peça sobre cavalos em Viena (eu pergunto: que tal se ele montasse o Homem e o Cavalo, de Oswald de Andrade?) Aliás, segundo uma entrevista na Revista Questão de Crítica, foi justamente na Áustria onde Gerald Thomas passou pela bizarra experiência de ser demitido de uma ópera, mesmo já tendo trabalhado dois meses.
Curiosamente, a peça de Shakespeare que Oswald Thomas montou com um cavalo cagando (Tito Andrônico, uma das tragédias mais sangrentas de Shakespeare) tem também dois Lúcios, Lúcio pai e filho. Tal como a blognovela de Gerald Thomas, que também teve uma fala de um Lúcio... Senão vejamos:
OSWALD DE ANDRADE (A MORTA)
HIEROFANTE: Senhoras, senhores, eu sou um pedaço de personagem, perdido no teatro. Sou a moral.
Antigamente a moralidade aparecia no fim das fábulas. Hoje ela precisa se destacar no princípio, a fim de que a polícia garanta o espetáculo. E se estiole o ríctus imperdoável das galerias.
Permanecerei fiel aos meus propósitos até o fim da peça. E solidário com a vossa compreensão de classe.
Coisas importantes nesta farsa ficam a cargo do cenário de que fazeis parte.
Estamos nas ruínas misturadas de um mundo.
Os personagens não são unidos quando isolados. Em ação são coletivos. Como nos terremotos de vosso próprio domicílio ou em mais vastas penitenciárias, assistireis o indivíduo em fatias e vê-lo-eis social ou telúrico.
Vossa imaginação terá que quebrar tumultos para satisfazer as exigências da bilheteria
.Nosso bando precatório é esfomeado e humano como uma trupe de Shakespeare. Precisa de vossa corte. Não vos retireis das cadeiras horrorizados com a vossa autópsia.
Consolai-vos em ter dentro de vós um pequeno poeta e uma grande alma!
Sede alinhados e cínicos quando atingirdes o fim de vosso próprio banquete desagradável.
Como os loucos, nos comoveremos por vossas controvérsias.
Vamos, começai!
Também, só por curiosidade, transcrevo uma fala do meu "hormônio", filho de Titus Andronicus:
LÚCIO — Dos prisioneiros godos entregai-nos o de mais alto brio, porque os membros lhe decepemos e, num monte, as carnes sacrifiquemos ad manes fratrum ante a prisão terrena de seus ossos, porque acalmadas fiquem logo as sombras, sem que na terra venham perseguir-nos, depois, os seus espectros.
Amo tudo isso: antropofagia. Ezir-stencialismo.
A minissérie Som e Fúria terminou esculhambando com Oswald/Gerald Thomas. Mas por que? Por que? Minha hipótese: parte da classe artística carioca tem uma rivalidade com ele e gostaria de vê-lo se estrepar. E o motivo? Ele "odeia o teatro"? Não! Porque ele não faz propaganda do teatro carioca internacionalmente. Essa parcela da classe teatral carioca (a quem a minissérie quis conquistar com essa caricatura) guarda ressentimento de Gerald, considerando-o um filho ingrato.
Curiosamente, quando ele estava saindo Dante lhe perguntou se agora ele ia montar uma peça sobre cavalos em Viena (eu pergunto: que tal se ele montasse o Homem e o Cavalo, de Oswald de Andrade?) Aliás, segundo uma entrevista na Revista Questão de Crítica, foi justamente na Áustria onde Gerald Thomas passou pela bizarra experiência de ser demitido de uma ópera, mesmo já tendo trabalhado dois meses.
Curiosamente, a peça de Shakespeare que Oswald Thomas montou com um cavalo cagando (Tito Andrônico, uma das tragédias mais sangrentas de Shakespeare) tem também dois Lúcios, Lúcio pai e filho. Tal como a blognovela de Gerald Thomas, que também teve uma fala de um Lúcio... Senão vejamos:
OSWALD DE ANDRADE (A MORTA)
HIEROFANTE: Senhoras, senhores, eu sou um pedaço de personagem, perdido no teatro. Sou a moral.
Antigamente a moralidade aparecia no fim das fábulas. Hoje ela precisa se destacar no princípio, a fim de que a polícia garanta o espetáculo. E se estiole o ríctus imperdoável das galerias.
Permanecerei fiel aos meus propósitos até o fim da peça. E solidário com a vossa compreensão de classe.
Coisas importantes nesta farsa ficam a cargo do cenário de que fazeis parte.
Estamos nas ruínas misturadas de um mundo.
Os personagens não são unidos quando isolados. Em ação são coletivos. Como nos terremotos de vosso próprio domicílio ou em mais vastas penitenciárias, assistireis o indivíduo em fatias e vê-lo-eis social ou telúrico.
Vossa imaginação terá que quebrar tumultos para satisfazer as exigências da bilheteria
.Nosso bando precatório é esfomeado e humano como uma trupe de Shakespeare. Precisa de vossa corte. Não vos retireis das cadeiras horrorizados com a vossa autópsia.
Consolai-vos em ter dentro de vós um pequeno poeta e uma grande alma!
Sede alinhados e cínicos quando atingirdes o fim de vosso próprio banquete desagradável.
Como os loucos, nos comoveremos por vossas controvérsias.
Vamos, começai!
Também, só por curiosidade, transcrevo uma fala do meu "hormônio", filho de Titus Andronicus:
LÚCIO — Dos prisioneiros godos entregai-nos o de mais alto brio, porque os membros lhe decepemos e, num monte, as carnes sacrifiquemos ad manes fratrum ante a prisão terrena de seus ossos, porque acalmadas fiquem logo as sombras, sem que na terra venham perseguir-nos, depois, os seus espectros.
Amo tudo isso: antropofagia. Ezir-stencialismo.
A minissérie Som e Fúria terminou esculhambando com Oswald/Gerald Thomas. Mas por que? Por que? Minha hipótese: parte da classe artística carioca tem uma rivalidade com ele e gostaria de vê-lo se estrepar. E o motivo? Ele "odeia o teatro"? Não! Porque ele não faz propaganda do teatro carioca internacionalmente. Essa parcela da classe teatral carioca (a quem a minissérie quis conquistar com essa caricatura) guarda ressentimento de Gerald, considerando-o um filho ingrato.
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quinta-feira, 18 de junho de 2009
Gerald Thomas morreu: um encontro de Geraldo com Gerald
Gerald Thomas me revelou, recentemente em seu blog, que o Gerald Thomas do artigo Notas sobre o teatro de Gerald Thomas morreu. Mas não resisto a reproduzir um artigo sobre o falecido: o antigo Gerald Thomas continuará, assim, vivo em nossos corações.
Thursday, March 5, 2009
El ocaso en que descubrí a un tal Gerald.
Walter Greulach (Dibujo de Leo Noboa)
Con admiración y respeto, dedicado al maestro Gerald Thomas
El sol amenazaba con dejarnos en tinieblas, mientras la tarde, impávida, se esforzaba muy poco por evitarlo. Tres o cuatro turistas, tirados panza arriba, se empecinaban en disfrutar de los raquíticos haces de luz en la playa floridana.Aquel jueves de febrero me encontraba al final de la rutinaria tarea de acomoda- reposeras en la playa del National. Metía toallas y cobertores sucios en una bolsa negra, al tiempo que repasaba mentalmente los rótulos que se me habían ido adosando a lo largo de mis cuarenta y pico de infructiferos años. Hijo en Mendoza, estudiante en Córdoba, locutor en Entre Ríos, cocinero en Aruba, mozo en Miami y ahora también “beach attendant”. No muy prometedor para alguien que a los diecisiete años se pensaba el sucesor de Borges o al menos un pichón de Cortazar.
Mi colega Jairo, el chapín, me miró con desgano, señalándome la salida del hotel.
—Atiéndalo usted Walter —me dijo con fingido respeto, a la vez que agarraba una sombrilla tirada en la arena, simulando encontrarse muy ocupado.
—Semejante amabilidad me confunde —pensé divertido. Mi compañero solo hacia esto cuando tenía catalogado al huésped de turno como mal tipeador. Luego me contaría que ya lo había atendido otras veces y nunca recibió mas de cinco dólares.
Cerré con fuerza la bolsa y le salí al encuentro. Mediría unos pocos centímetros más que yo, de cincuenta y tantos años, tez blanca, pelo negrísimo y nariz prominente. Surcó por mi cabeza la idea de que me encontraba en presencia de alguien famoso y rico, un excéntrico personaje de esos que bajan del norte. Desbordaba personalidad. Un tipo con aura dominante, como dicen por ahí.
—¿Puedo ayudarlo señor, se hospeda usted en el National Hotel? —pregunté, con la misma cantaleta repetida mas de mil veces.
Me contestó que se estaba quedando en el cuarto 706 y su nombre era Gerald Thomas. Pese a su blancura casi espectral, descarté que se tratase del director británico de cine fallecido varias décadas atrás.
—Solo quiero que me cuide un rato estas cosas, mientras me pego un baño en el mar —agregó cortésmente, dándome una envoltorio de plástico con ropa y un par de lentes. Un billete de veinte dólares me ayudó a hacer la tarea más placentera.
Estaba un poco fresco, salíamos de un frente frío que bajó los termómetros a treinta y pico, por eso me extraño la naturalidad con la que mr.Thomas se zambulló en el océano.
Unos quince minutos más tarde regresó por sus pertenencias. Le agradecí con un aporreado ingles que denunciaba mi no pertenencia a estas tierras. Me interrogó de donde venia y al contestarle Argentina se le iluminaron los oscuros ojos.
—Ahh, Buenos Aires —exclamó en un español aportuguesado— una de las ciudades mas bellas del mundo. La mixtura justa entre la modernidad europea y el pintoresquismo sudamericano.
Sacudió con la mano unas gotas que pendían de su cabello, se colocó los lentes y agregó :—Hace pocos meses estuve allá, dando unos talleres de teatro en el San Martín. También voy regularmente a Córdoba, al festival internacional.
—¿Es usted un actor de teatro? —pregunté entre curioso y avergonzado por no poder aun reconocerlo.
—Director de teatro —acotó y volviendo al tema de la ciudad porteña que lo tenía fascinado, agregó :—Cuna de Borges y Cortazar, dos geniales escritores que ha dado la lengua española.Catalogó al famoso ginebrino como el más universal de los autores modernos y resaltó el compromiso social y la consecuencia de Julio, a quien dijo haber conocido poco antes de su muerte.
A esa altura yo estaba embobado, me pellizqué disimuladamente para saber si no soñaba. Me encontraba frente a un intelectual de primerísimo nivel y hablando de mis dos mas grandes amores. Luego le tocó el turno a “Rayuela” y el sismo que provocó en la aburguesada literatura de aquel entonces. “Casa tomada” era para él el mejor cuento del franco-argentino, para mi: “La noche boca arriba“. Del genio ciego elogiamos “Borges y yo”, cuento sobre el cual había realizado un cortometraje.
Luego le conté de mi pasión temprana por el teatro, allá en los ochenta, en tierras cordobesas y como la cruda vida me alejó de la mas autentica expresión artística del ser humano.
Cuando las sombras amenazaban la vieja casucha de madera, agarró su bolsita marrón y se despidió. Un grupo de alborotadas gaviotas, cuervos y palomas, habían armado un zafarrancho por un puñado de papas fritas que algún gracioso desparramó en la arena. Nos alejamos unos pasos del bullicio y aproveché para comentarle sobre mi libro de cuentos “El guionista de Dios…¿o del Diablo?”, que desde hacia unos días había salido humildemente al mercado.
—¿Bose escribió un libro? —preguntó sorprendido— me gustaría leerlo.
—Mañana sin falta se lo traigo, será un honor para mí. —exclamé sinceramente.
El viernes amaneció frío y ventoso, grandes olas rompían el otrora calmo horizonte. Sentado en un banquito oculto tras la cabaña, esa aburrida jornada, buscando algún nuevo error, repase mi libro por centésima vez. Mi nuevo amigo ni apareció por la playa. Temí se hiciesen realidad los vaticinios de Ernesto, mi hijo mayor.
—No creo que vuelvas a verlo —habia declarado mi vástago con su habitual optimismo— Seguro que te dijo eso solo por compromiso.
Guardé el libro en mi mochila y regresé a casa bastante decepcionado. Mi última chance de entregárselo seria el sábado, pues domingo y lunes estaba libre.
En la noche me perdí en la red buscando información sobre el tal Gerald Thomas. Tal como lo intuía, resultó ser un prestigioso director anglo-brasilero con una dilatada trayectoria. La verdadera dimensión de su tamaño me la dieron sus sitios en la Web(http://colunistas.ig.com.br/geraldthomas/ y http://www.geraldthomas.com/)
Allí encontré desde una foto suya junto al colosal Samuel Beckett, pasando por unos elogiosos y largos comentarios de Philip Glass, hasta recortes en los más importantes periódicos del planeta alabando sus obras.Asumí con tristeza mi ignorancia y hasta vergüenza sentí por no haber sabido de primeras con quien me enfrentaba.
El tipo, sin lugar a dudas, había revolucionado el teatro brasilero y mundial, ganándose un lugar en el panteón junto a los grandes innovadores de esta época. Parecía ser una de esas personas que se juegan el todo defendiendo sus convicciones. Alabado y denostado por igual. Cielo e infierno. Dios y el Diablo en un cocktail explosivo.
Pasado el mediodía del sábado, el desasosiego pasó a ser resignación. Al final en un acto “temerario”, decidí llamarlo al cuarto 706. Eso lo teníamos estrictamente prohibido y podía llegar a perder mi prestigiosa posición de acomoda reposeras.Me indicó que no se había olvidado de mi libro, solo había estado ocupado con algunos reportajes, y que bajaba a la playa como en diez minutos.
Apareció junto a una elegante y simpática carioca, les di la mejor ubicación, ya reservada desde tempranas horas. Tenia bastante trabajo esa tarde, así que no pude prestarle demasiada atención, además no deseaba caerle pesado estando en tan linda compañía. Como sea me las rebusqué y de tanto en tanto hablamos del bahiense Amado y su folclorismo excesivo, de sus conversaciones con Manuel Puig, de Héctor Babenco y su obra cumbre “Pixote”, etc, etc.
Antes de marcharse y cuando yo ya imaginaba el final de mi historia con el gran Gerald Thomas, me dio un fuerte apretón de manos y dijo: —Walter, me gustaría tomar un café contigo antes de volver a Nueva York.Ahí me enteré que se quedaba unos días mas y ni lerdo ni perezoso, lo invité a encontrarnos en un Starbucks el miércoles a la mañana.
No quiero fatigarlos haciendo estúpido alarde de este encuentro, no es ese el objetivo de esta nota. Vamos al meollo pues…
El miércoles, esperando frente al café, bajo un cielo amenazante, volví a pensar que no vendría. El vuelo suyo salía a la tarde y seguro ya estaría camino al aeropuerto. Llamó por teléfono disculpándose por el atraso, el New York Times le acababa de hacer un interview para saber su opinión sobre el discurso de Obama en el Congreso. Aunque sea unos minutos me dedicaría antes del vuelo y así lo hizo.
Charlamos mas que nada sobre mi libro, mis expectativas, de cómo lo estaba difundiendo y de cómo me podía ayudar. Quedamos que en los próximos días haría un resumen de él y lo mandaría a distintos periódicos. También lo pondría en su sitio(al que entran mas de diez mil personas por día).
Se despidió de mí afectuosamente, con un beso en la mejilla que me agarró desprevenido, invitándome a Nueva York y asegurándome que volveríamos a encontrarnos. Lo vi perderse en la distancia y me quede estático por un rato, tratando de descender de la nebulosa en que me hallaba. Había comenzado a lloviznar y ni siquiera me enteré.
No sé si el caprichoso destino o el imparcial azar volverán a cruzarlo en mi camino. Fue como la aparición de un ángel en el momento que mas lo necesitaba.
No sé si alguna vez saldré de estas arenas miamenses, de esta faena de sonrisas fingidas y frases hechas.
Solo sé que un ocaso de febrero del 2009, descubrí a un tal Gerard. No al director consagrado e intocable, sino a un hombre sencillo y bondadoso.
POSDATA: A los pocos dias, pude constatar en su blog que la promesa de ayudarme habia comenzado a cumplirse….¡GRACIAS GERALD!
Gerald Thomas New York - 03/Março/2009 Constatou-se que 15 por cento da população americana, hoje, oficialmente, é hispânica. Legal e ilegalmente, 15 por cento no habla sequer lo inglês. Eu estava discutindo isso com um brilhante intelectual, um autor argentino que mora em Miami de nome Walter. Acaba de publicar um livro que irei resenhar junto com o livro do Denny Yang, “New York – New York” (um brasileiro de origem chinesa que mora em Taiwan e cujo blog está linkado aqui). O Livro do Walter se chama “O guia de deus?” Ou do diabo?
Gerald Thomas, 05/Março/2009 Ou: “O guia de Deus ou do Diabo?” (Não, esse é o título do livro de Walter Greulach, um genial escritor Argentino (seguindo a tradição de geniais escritores argentinos). Estou num estado de raiva e de “justiçamento” que não tem explicação. Deve ser a idade. Ou a menopausa. Sim, devo estar passando pela menopausa. Nem mais um minuto a perder. Viro-me, me mexo, pulo para várias áreas de Manhattan (várias fechando por causa da recessão), mas tenho me concentrado em reconhecer talentos. Os verdadeiros talentos: os escritos que me caem aqui nessa enorme mesa de metal.Danny Yang, Walter Greulach, Judith Malina sobre Erwin Piscator, uma pilha de novos scripts e Hard Shoulder prosseguindo com o cenário sendo feito na Polônia.
Thursday, March 5, 2009
El ocaso en que descubrí a un tal Gerald.
Walter Greulach (Dibujo de Leo Noboa)
Con admiración y respeto, dedicado al maestro Gerald Thomas
El sol amenazaba con dejarnos en tinieblas, mientras la tarde, impávida, se esforzaba muy poco por evitarlo. Tres o cuatro turistas, tirados panza arriba, se empecinaban en disfrutar de los raquíticos haces de luz en la playa floridana.Aquel jueves de febrero me encontraba al final de la rutinaria tarea de acomoda- reposeras en la playa del National. Metía toallas y cobertores sucios en una bolsa negra, al tiempo que repasaba mentalmente los rótulos que se me habían ido adosando a lo largo de mis cuarenta y pico de infructiferos años. Hijo en Mendoza, estudiante en Córdoba, locutor en Entre Ríos, cocinero en Aruba, mozo en Miami y ahora también “beach attendant”. No muy prometedor para alguien que a los diecisiete años se pensaba el sucesor de Borges o al menos un pichón de Cortazar.
Mi colega Jairo, el chapín, me miró con desgano, señalándome la salida del hotel.
—Atiéndalo usted Walter —me dijo con fingido respeto, a la vez que agarraba una sombrilla tirada en la arena, simulando encontrarse muy ocupado.
—Semejante amabilidad me confunde —pensé divertido. Mi compañero solo hacia esto cuando tenía catalogado al huésped de turno como mal tipeador. Luego me contaría que ya lo había atendido otras veces y nunca recibió mas de cinco dólares.
Cerré con fuerza la bolsa y le salí al encuentro. Mediría unos pocos centímetros más que yo, de cincuenta y tantos años, tez blanca, pelo negrísimo y nariz prominente. Surcó por mi cabeza la idea de que me encontraba en presencia de alguien famoso y rico, un excéntrico personaje de esos que bajan del norte. Desbordaba personalidad. Un tipo con aura dominante, como dicen por ahí.
—¿Puedo ayudarlo señor, se hospeda usted en el National Hotel? —pregunté, con la misma cantaleta repetida mas de mil veces.
Me contestó que se estaba quedando en el cuarto 706 y su nombre era Gerald Thomas. Pese a su blancura casi espectral, descarté que se tratase del director británico de cine fallecido varias décadas atrás.
—Solo quiero que me cuide un rato estas cosas, mientras me pego un baño en el mar —agregó cortésmente, dándome una envoltorio de plástico con ropa y un par de lentes. Un billete de veinte dólares me ayudó a hacer la tarea más placentera.
Estaba un poco fresco, salíamos de un frente frío que bajó los termómetros a treinta y pico, por eso me extraño la naturalidad con la que mr.Thomas se zambulló en el océano.
Unos quince minutos más tarde regresó por sus pertenencias. Le agradecí con un aporreado ingles que denunciaba mi no pertenencia a estas tierras. Me interrogó de donde venia y al contestarle Argentina se le iluminaron los oscuros ojos.
—Ahh, Buenos Aires —exclamó en un español aportuguesado— una de las ciudades mas bellas del mundo. La mixtura justa entre la modernidad europea y el pintoresquismo sudamericano.
Sacudió con la mano unas gotas que pendían de su cabello, se colocó los lentes y agregó :—Hace pocos meses estuve allá, dando unos talleres de teatro en el San Martín. También voy regularmente a Córdoba, al festival internacional.
—¿Es usted un actor de teatro? —pregunté entre curioso y avergonzado por no poder aun reconocerlo.
—Director de teatro —acotó y volviendo al tema de la ciudad porteña que lo tenía fascinado, agregó :—Cuna de Borges y Cortazar, dos geniales escritores que ha dado la lengua española.Catalogó al famoso ginebrino como el más universal de los autores modernos y resaltó el compromiso social y la consecuencia de Julio, a quien dijo haber conocido poco antes de su muerte.
A esa altura yo estaba embobado, me pellizqué disimuladamente para saber si no soñaba. Me encontraba frente a un intelectual de primerísimo nivel y hablando de mis dos mas grandes amores. Luego le tocó el turno a “Rayuela” y el sismo que provocó en la aburguesada literatura de aquel entonces. “Casa tomada” era para él el mejor cuento del franco-argentino, para mi: “La noche boca arriba“. Del genio ciego elogiamos “Borges y yo”, cuento sobre el cual había realizado un cortometraje.
Luego le conté de mi pasión temprana por el teatro, allá en los ochenta, en tierras cordobesas y como la cruda vida me alejó de la mas autentica expresión artística del ser humano.
Cuando las sombras amenazaban la vieja casucha de madera, agarró su bolsita marrón y se despidió. Un grupo de alborotadas gaviotas, cuervos y palomas, habían armado un zafarrancho por un puñado de papas fritas que algún gracioso desparramó en la arena. Nos alejamos unos pasos del bullicio y aproveché para comentarle sobre mi libro de cuentos “El guionista de Dios…¿o del Diablo?”, que desde hacia unos días había salido humildemente al mercado.
—¿Bose escribió un libro? —preguntó sorprendido— me gustaría leerlo.
—Mañana sin falta se lo traigo, será un honor para mí. —exclamé sinceramente.
El viernes amaneció frío y ventoso, grandes olas rompían el otrora calmo horizonte. Sentado en un banquito oculto tras la cabaña, esa aburrida jornada, buscando algún nuevo error, repase mi libro por centésima vez. Mi nuevo amigo ni apareció por la playa. Temí se hiciesen realidad los vaticinios de Ernesto, mi hijo mayor.
—No creo que vuelvas a verlo —habia declarado mi vástago con su habitual optimismo— Seguro que te dijo eso solo por compromiso.
Guardé el libro en mi mochila y regresé a casa bastante decepcionado. Mi última chance de entregárselo seria el sábado, pues domingo y lunes estaba libre.
En la noche me perdí en la red buscando información sobre el tal Gerald Thomas. Tal como lo intuía, resultó ser un prestigioso director anglo-brasilero con una dilatada trayectoria. La verdadera dimensión de su tamaño me la dieron sus sitios en la Web(http://colunistas.ig.com.br/geraldthomas/ y http://www.geraldthomas.com/)
Allí encontré desde una foto suya junto al colosal Samuel Beckett, pasando por unos elogiosos y largos comentarios de Philip Glass, hasta recortes en los más importantes periódicos del planeta alabando sus obras.Asumí con tristeza mi ignorancia y hasta vergüenza sentí por no haber sabido de primeras con quien me enfrentaba.
El tipo, sin lugar a dudas, había revolucionado el teatro brasilero y mundial, ganándose un lugar en el panteón junto a los grandes innovadores de esta época. Parecía ser una de esas personas que se juegan el todo defendiendo sus convicciones. Alabado y denostado por igual. Cielo e infierno. Dios y el Diablo en un cocktail explosivo.
Pasado el mediodía del sábado, el desasosiego pasó a ser resignación. Al final en un acto “temerario”, decidí llamarlo al cuarto 706. Eso lo teníamos estrictamente prohibido y podía llegar a perder mi prestigiosa posición de acomoda reposeras.Me indicó que no se había olvidado de mi libro, solo había estado ocupado con algunos reportajes, y que bajaba a la playa como en diez minutos.
Apareció junto a una elegante y simpática carioca, les di la mejor ubicación, ya reservada desde tempranas horas. Tenia bastante trabajo esa tarde, así que no pude prestarle demasiada atención, además no deseaba caerle pesado estando en tan linda compañía. Como sea me las rebusqué y de tanto en tanto hablamos del bahiense Amado y su folclorismo excesivo, de sus conversaciones con Manuel Puig, de Héctor Babenco y su obra cumbre “Pixote”, etc, etc.
Antes de marcharse y cuando yo ya imaginaba el final de mi historia con el gran Gerald Thomas, me dio un fuerte apretón de manos y dijo: —Walter, me gustaría tomar un café contigo antes de volver a Nueva York.Ahí me enteré que se quedaba unos días mas y ni lerdo ni perezoso, lo invité a encontrarnos en un Starbucks el miércoles a la mañana.
No quiero fatigarlos haciendo estúpido alarde de este encuentro, no es ese el objetivo de esta nota. Vamos al meollo pues…
El miércoles, esperando frente al café, bajo un cielo amenazante, volví a pensar que no vendría. El vuelo suyo salía a la tarde y seguro ya estaría camino al aeropuerto. Llamó por teléfono disculpándose por el atraso, el New York Times le acababa de hacer un interview para saber su opinión sobre el discurso de Obama en el Congreso. Aunque sea unos minutos me dedicaría antes del vuelo y así lo hizo.
Charlamos mas que nada sobre mi libro, mis expectativas, de cómo lo estaba difundiendo y de cómo me podía ayudar. Quedamos que en los próximos días haría un resumen de él y lo mandaría a distintos periódicos. También lo pondría en su sitio(al que entran mas de diez mil personas por día).
Se despidió de mí afectuosamente, con un beso en la mejilla que me agarró desprevenido, invitándome a Nueva York y asegurándome que volveríamos a encontrarnos. Lo vi perderse en la distancia y me quede estático por un rato, tratando de descender de la nebulosa en que me hallaba. Había comenzado a lloviznar y ni siquiera me enteré.
No sé si el caprichoso destino o el imparcial azar volverán a cruzarlo en mi camino. Fue como la aparición de un ángel en el momento que mas lo necesitaba.
No sé si alguna vez saldré de estas arenas miamenses, de esta faena de sonrisas fingidas y frases hechas.
Solo sé que un ocaso de febrero del 2009, descubrí a un tal Gerard. No al director consagrado e intocable, sino a un hombre sencillo y bondadoso.
POSDATA: A los pocos dias, pude constatar en su blog que la promesa de ayudarme habia comenzado a cumplirse….¡GRACIAS GERALD!
Gerald Thomas New York - 03/Março/2009 Constatou-se que 15 por cento da população americana, hoje, oficialmente, é hispânica. Legal e ilegalmente, 15 por cento no habla sequer lo inglês. Eu estava discutindo isso com um brilhante intelectual, um autor argentino que mora em Miami de nome Walter. Acaba de publicar um livro que irei resenhar junto com o livro do Denny Yang, “New York – New York” (um brasileiro de origem chinesa que mora em Taiwan e cujo blog está linkado aqui). O Livro do Walter se chama “O guia de deus?” Ou do diabo?
Gerald Thomas, 05/Março/2009 Ou: “O guia de Deus ou do Diabo?” (Não, esse é o título do livro de Walter Greulach, um genial escritor Argentino (seguindo a tradição de geniais escritores argentinos). Estou num estado de raiva e de “justiçamento” que não tem explicação. Deve ser a idade. Ou a menopausa. Sim, devo estar passando pela menopausa. Nem mais um minuto a perder. Viro-me, me mexo, pulo para várias áreas de Manhattan (várias fechando por causa da recessão), mas tenho me concentrado em reconhecer talentos. Os verdadeiros talentos: os escritos que me caem aqui nessa enorme mesa de metal.Danny Yang, Walter Greulach, Judith Malina sobre Erwin Piscator, uma pilha de novos scripts e Hard Shoulder prosseguindo com o cenário sendo feito na Polônia.
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sexta-feira, 22 de maio de 2009
A crítica neoclássica do Digestivo
Pacheco: um exemplo da crítica que se faz por aí. Foi publicada no Digestivo Cultural. Só faltou o crítico lembrar que Gerald não fez uma exposição de bunda e sim uma montagem de Tristão e Isolda, né?
Quarta-feira, 3/9/2003
A bunda do Gerald Thomas
Alessandro Silva
+ de 3400 Acessos
+ 15 Comentário(s)
A bunda do Gerald Thomas é uma bunda branca de passarinho.
Ela apareceu quando o público protestou contra a adaptação de Tristão e Isolda no Teatro Municipal do Rio de Janeiro pelo diretor teatral.
Agora está sendo processado por “ato obsceno”.
O diretor defende-se alegando que vai processar quem o processou por “desconhecer a lei e por falta de mobral”.
Em entrevista, citou o Nelson Rodrigues:
– O mesmo público que vaiou “Vestido de Noiva” ( 1953 ) é o público que agora me vaia. Só que antes eles jogavam tomates. Pena não terem jogado nenhum, pois assim eu poderia ter garantido a janta.
Ele prosseguiu:
– Em Londres, eu seria vaiado por uma apresentação convencional. Esse país ( o nosso Brasil ) é de uma cafonice sem tamanho. Já foi em festa da alta sociedade? Usam prata falsa; com coisas de segunda. Isso aqui é o México, a Venezuela.
E:
– E o que tem de mais mostrar a bunda? O Brasil não é o país das bundas? Não é o país que vende e exporta bundas? Isso é de uma hipocrisia sem tamanho!
Quem for assistir à Art Revolution, mostra de arte moderna da galeria Tate de Londres acontecendo no pavilhão da Oca dará razão ao Gerald Thomas.
Não se trata de mera excentricidade. As obras da Tate chegam a ser esquizofrenicamente ofensivas em relação ao público.
Exemplos?
Humpty Fucking Dumpty, do artista plástico Bill Wodroow, onde o mecanicismo e a vulgaridade do sexo é representado por uma espécie de carroça formada por caixas de madeira empilhadas e atadas por uma roda a uma ferramenta de arar.
As obras livremente críticas em relação à indústria farmacêutica do artista plástico Damien Hirst, compostas por vitrines comerciais contendo rótulos ampliados de frascos de remédio – ao invés do nome do medicamento, o nome de uma comida típica pertencente a uma dada região, como por exemplo “charque”, ou “chucrute”.
E a arte descrente de Barry Flanagan, que contesta até a si mesma, como em Casb 2´67 ( 1967 ), obra que recria uma paisagem com quatro cones como montanhas e uma corda muito grossa como rio.
Flanagan que certa vez disse para seu mestre, Anthony Carro:
“Eu poderia alegar ser escultor e fazer tudo menos escultura”.
Gerald Thomas, na verdade, pôs em prática uma idéia do Morissey, cabeça dos Smiths, que na canção "Nowhere Fast" ( 1985 ) diz:
I’d like to drop my trousers to the world (...)
I´d like to drop my trousers to the Queen.
Mas não é justo comparar o público brasileiro com o público londrino.
Como exigir discernimento de um povo que forma opinião através do “Jornal Nacional”?
De um Brasil cujo Ministro da Cultura não passa de um violeiro simplório?
Com a palavra Wilson Martins:
– Somos imaginados pelos estrangeiros como um bando de índios desfilando de tanga pela avenida Rio Branco. ( Revista República, fevereiro/98 )
Ou Bruno Tolentino:
- Não é a toa que até em Portugal os brasileiros viraram piada. Ouvi uma que provocava gargalhadas logo à primeira frase. Um intelectual brasileiro ia começar a ler Camões quando a banda passou e... ( Revista Veja, 20/03/96 )
Mas o público de Londres teve um poeta como T.S.Eliot para lançar-lhe na cara seu fracasso social:
Unreal City
Under the brown fog of a winter dawn
A crowd flowed over London Bridge, so many,
I had not thought deat head undone so many
Sighs, short and infrequent, were exhaled
And eahch man fixed his eyes before his feet.
O público de Londres teve En Attendant a Godott ( 1952 ) em casa para denunciar-lhe o absurdo da existência.
No Brasil, Esperando Godot não provocou reação nenhuma, como no caso de Art Revolution, onde durante as duas horas e meia em que permaneci na exposição, o único comentário que ouvi foi:
- Que horror!
Proveniente de uma Penélope Charmosa - daquelas que tem nojo até de dar bom dia - depois de deparar-se com uma obra composta pela fotografia de uma minúscula casa feita com a pele do próprio artista plástico que sofria de uma doença do gênero.
Se estivesse em Londres, ou Paris, talvez a Penélope teria levado o seu.
Certa feita, durante uma exposição sua, Picasso respondeu a uma senhora bisbilhoteira:
- O que significa esse quadro? Esse quadro, minha senhora, significa cinqüenta mil dólares.
Picasso respondendo a um general francês atônito com “Guernica”:
- O que eu fiz não; o que vocês fizeram.
Mas estamos falando do Brasil, da telenovela, do rock chinfrim, do cinema insolitamente sádico, e da literatura de auto-ajuda.
Oscar Wilde sabia ser a arte imoral por natureza – indo além, algo mau. Mas o que explicar para os homens de cultura geral, aqueles para quem foi preparada a cartilha Flaubert de idéias feitas?
A arte não parece desejar compreensão.
Tristan Tzara gostou de ser vaiado em Paris durante a primeira guerra à leitura de seus Sete Manifestos Dada.
Como seria compreendido pelo público alguém como o poeta francês Tristan Corbière que em Paris, lá por 1880, protestando contra uma lei estúpida que obrigava aos donos de cães mantê-los na coleira durante os passeios, adquiriu uma corrente de quarenta metros para passear com o seu?
Como foi compreendido o silêncio de John Cage ou as buzinas e hélices de avião com função instrumental durante as apresentações sinfônicas de Georg Antheil?
Como foi compreendido Ferreira Gullar quando vestiu-se como um maloqueiro para assistir a uma exposição do Museu de Arte de São Paulo?
E, finalmente, como seria compreendida a bunda de Gerald Thomas?
Alessandro Silva
São Paulo, 3/9/2003
Quarta-feira, 3/9/2003
A bunda do Gerald Thomas
Alessandro Silva
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A bunda do Gerald Thomas é uma bunda branca de passarinho.
Ela apareceu quando o público protestou contra a adaptação de Tristão e Isolda no Teatro Municipal do Rio de Janeiro pelo diretor teatral.
Agora está sendo processado por “ato obsceno”.
O diretor defende-se alegando que vai processar quem o processou por “desconhecer a lei e por falta de mobral”.
Em entrevista, citou o Nelson Rodrigues:
– O mesmo público que vaiou “Vestido de Noiva” ( 1953 ) é o público que agora me vaia. Só que antes eles jogavam tomates. Pena não terem jogado nenhum, pois assim eu poderia ter garantido a janta.
Ele prosseguiu:
– Em Londres, eu seria vaiado por uma apresentação convencional. Esse país ( o nosso Brasil ) é de uma cafonice sem tamanho. Já foi em festa da alta sociedade? Usam prata falsa; com coisas de segunda. Isso aqui é o México, a Venezuela.
E:
– E o que tem de mais mostrar a bunda? O Brasil não é o país das bundas? Não é o país que vende e exporta bundas? Isso é de uma hipocrisia sem tamanho!
Quem for assistir à Art Revolution, mostra de arte moderna da galeria Tate de Londres acontecendo no pavilhão da Oca dará razão ao Gerald Thomas.
Não se trata de mera excentricidade. As obras da Tate chegam a ser esquizofrenicamente ofensivas em relação ao público.
Exemplos?
Humpty Fucking Dumpty, do artista plástico Bill Wodroow, onde o mecanicismo e a vulgaridade do sexo é representado por uma espécie de carroça formada por caixas de madeira empilhadas e atadas por uma roda a uma ferramenta de arar.
As obras livremente críticas em relação à indústria farmacêutica do artista plástico Damien Hirst, compostas por vitrines comerciais contendo rótulos ampliados de frascos de remédio – ao invés do nome do medicamento, o nome de uma comida típica pertencente a uma dada região, como por exemplo “charque”, ou “chucrute”.
E a arte descrente de Barry Flanagan, que contesta até a si mesma, como em Casb 2´67 ( 1967 ), obra que recria uma paisagem com quatro cones como montanhas e uma corda muito grossa como rio.
Flanagan que certa vez disse para seu mestre, Anthony Carro:
“Eu poderia alegar ser escultor e fazer tudo menos escultura”.
Gerald Thomas, na verdade, pôs em prática uma idéia do Morissey, cabeça dos Smiths, que na canção "Nowhere Fast" ( 1985 ) diz:
I’d like to drop my trousers to the world (...)
I´d like to drop my trousers to the Queen.
Mas não é justo comparar o público brasileiro com o público londrino.
Como exigir discernimento de um povo que forma opinião através do “Jornal Nacional”?
De um Brasil cujo Ministro da Cultura não passa de um violeiro simplório?
Com a palavra Wilson Martins:
– Somos imaginados pelos estrangeiros como um bando de índios desfilando de tanga pela avenida Rio Branco. ( Revista República, fevereiro/98 )
Ou Bruno Tolentino:
- Não é a toa que até em Portugal os brasileiros viraram piada. Ouvi uma que provocava gargalhadas logo à primeira frase. Um intelectual brasileiro ia começar a ler Camões quando a banda passou e... ( Revista Veja, 20/03/96 )
Mas o público de Londres teve um poeta como T.S.Eliot para lançar-lhe na cara seu fracasso social:
Unreal City
Under the brown fog of a winter dawn
A crowd flowed over London Bridge, so many,
I had not thought deat head undone so many
Sighs, short and infrequent, were exhaled
And eahch man fixed his eyes before his feet.
O público de Londres teve En Attendant a Godott ( 1952 ) em casa para denunciar-lhe o absurdo da existência.
No Brasil, Esperando Godot não provocou reação nenhuma, como no caso de Art Revolution, onde durante as duas horas e meia em que permaneci na exposição, o único comentário que ouvi foi:
- Que horror!
Proveniente de uma Penélope Charmosa - daquelas que tem nojo até de dar bom dia - depois de deparar-se com uma obra composta pela fotografia de uma minúscula casa feita com a pele do próprio artista plástico que sofria de uma doença do gênero.
Se estivesse em Londres, ou Paris, talvez a Penélope teria levado o seu.
Certa feita, durante uma exposição sua, Picasso respondeu a uma senhora bisbilhoteira:
- O que significa esse quadro? Esse quadro, minha senhora, significa cinqüenta mil dólares.
Picasso respondendo a um general francês atônito com “Guernica”:
- O que eu fiz não; o que vocês fizeram.
Mas estamos falando do Brasil, da telenovela, do rock chinfrim, do cinema insolitamente sádico, e da literatura de auto-ajuda.
Oscar Wilde sabia ser a arte imoral por natureza – indo além, algo mau. Mas o que explicar para os homens de cultura geral, aqueles para quem foi preparada a cartilha Flaubert de idéias feitas?
A arte não parece desejar compreensão.
Tristan Tzara gostou de ser vaiado em Paris durante a primeira guerra à leitura de seus Sete Manifestos Dada.
Como seria compreendido pelo público alguém como o poeta francês Tristan Corbière que em Paris, lá por 1880, protestando contra uma lei estúpida que obrigava aos donos de cães mantê-los na coleira durante os passeios, adquiriu uma corrente de quarenta metros para passear com o seu?
Como foi compreendido o silêncio de John Cage ou as buzinas e hélices de avião com função instrumental durante as apresentações sinfônicas de Georg Antheil?
Como foi compreendido Ferreira Gullar quando vestiu-se como um maloqueiro para assistir a uma exposição do Museu de Arte de São Paulo?
E, finalmente, como seria compreendida a bunda de Gerald Thomas?
Alessandro Silva
São Paulo, 3/9/2003
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