Encontrar justificativas em Honneth para as cotas não significa necessariamente que ele tenha idealizado a proposta ou que seja o autor a partir do qual se concebeu a proposta.
Aliás, a questão das cotas é independente, em sua formulação, à proposta das ações afirmativas.
As ações afirmativas não se dão necessariamente pelas cotas "étnicas", que é um expediente que muitos partidários das ações rejeitam.
Já a a tese das cotas nasce em outro momento, embora por vezes tenha convergido com as ações afirmativas.
O melhor exemplo é o estímulo às cotas de emprego para deficientes em empresas públicas e para mulheres nos partidos brasileiros.
Pode-se atribuir a Rawls não as cotas, mas o embasamento conceitual para as ações afirmativas (ou compensatórias).
Aliás, no Brasil, a aversão às cotas não é universal. As cotas étnicas são mal recebidas, mas as cotas sociais em universidades contam com a simpatia até da centro-direita.
Evidentemente, a questão das "cotas étnicas" acabou sendo o bode na sala para que as cotas sociais fossem mais simpáticas aos opositores.
Sem uma, nem se discutiria a outra.
Lucio
De: Lucio
Assunto: Honneth e as Cotas
Para: wedenn@yahoo.com.br
Data: Sexta-feira, 4 de Julho de 2008, 13:45
Oi, Wedenn, posso estar até equivocado, mas o fato é que Honneth vem sido
lido assim, encontrei uma dissertação a respeito.
Eu acho que pode se depreender da análise dele a necessidade de políticas
públicas de reconhecimento, tal como as ações
afirmativas.
Se efetivamente o reconhecimento é o cerne das lutas sociais, sendo ele
negado a alguns grupos ou indivíduos, pode se depreender políticas como as
cotas, não?
Honneth é crítico de Habermas em vários pontos, portanto pode não ser
incompatível com Rawls.
Abraços do Lúcio Jr.