Abro aqui um debate que julguei muito interessante. Concordo com Arruda em três pontos: 1) condição semi-feudal e semi-colonial do País. 2) O Brasil não é um país desenvolvido. 3) O trotsquismo realmente está bem presente no PCB, como por exemplo na figura de José Paulo Netto. Aliás, o marxismo universitário no Brasil  pode muito bem ser denominado de trotsquismo acadêmico e adjacências. O trotsquismo é uma teoria comprometida. É preciso encontrar outro lugar para fazer a reflexão, a academia melou.
Divirjo no seguinte ponto: o fato de tentar participar de eleições talvez não seja a chave de todas as nossas derrotas, mas com certeza não é o ponto onde os partidos e movimentos deveriam focar suas parcas forças. Creio que a esquerda socialista brasileira está numa confusão tal que é melhor ela se organizar em torno de jornais e revistas primeiramente, fazendo uma rede de solidariedade e discutindo teoria. 
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ecletismo do PCB 
Já a sigla PCB (Partido Comunista Brasileiro) ou o que restou do Partidão
kruschovista/eurocomunista após a sua transformação em
PPS e saída de trânsfugas para o malsinado PCdoB, se assemelha
mesmo é a um rebocador de navios que gasta todo seu vapor no apito.
Na melhor das hipóteses uma agremiação cripto-trotskista
que predica um socialismo eclético e de pura retórica. Sua análise
da história do movimento comunista internacional não é nada
mais que o contrabando de toda propaganda anticomunista e antistalinista .
Para esta agremiação não existiram os golpes revisionistas
na URSS (1956) e na China (1976) senão que a correção
de rumo desviado por extremistas esquerdistas; para quem a restauração
capitalista na URSS só se deu em 1990 e a China continua socialista "ao
seu modo". Ou seja, onde há revisionismo e oportunismo vêem socialismo
, onde há revolução e ideologia proletária enxergam
aventureirismo, esquerdismo e dogmatismo.
Sobre tal base, evidentemente, nada pode se esperar com respeito a todo significado
da tenaz luta de que se ocupou toda sua vida o grande Lenin contra o oportunismo
e o revisionismo, contra o bernsteinismo e o kautskismo, contra o bukarinismo
e o trotskismo. E claro, coerentemente, não poderiam se dar conta do
maior embate ideológico de todos os tempos que foi a confrontação
do Partido Comunista da China sob chefatura de Mao Tsetung contra o revisionismo
moderno de Kruschov, nos bastidores de 1956 a 1963 e neste ano desencadeada
publicamente. Sobre a Grande Revolução Cultural Proletária
então, maior movimento de massas revolucionário da história,
em que centenas de milhões se mobilizaram em defesa do poder para o
proletariado, não podiam mais que repetir o velho cacarejo da reação
classificando-o de "auge do esquerdismo na China".
Mas vejamos um pouco mais, agora quanto a luta de classes em nosso país.
Romper com o gerenciamento de Luiz Inácio e depois apoiá-lo no
segundo turno da reeleição é colocado como um ato de
coerência, assim como ajustar-se às novas regras eleitorais que
não exigem o registro de todos os militantes no Cartório Eleitoral
e, ainda, subsidiar o seu "projeto revolucionário " com as verbas do
fundo partidário.

 
E o oportunismo não poderia ser menor ao analisar o que, com desfaçatez,
considera o seu passado, ou seja, a história do Partido Comunista do
Brasil fundado em 1922 até a Declaração de Março
de 1958 (repetindo: período histórico em se lutou por assimilar
o marxismo-leninismo, por uma linha revolucionária até acometer-se
gravemente pelo reformismo e revisionismo consagrados pela Declaração
de Março de 1958 e consolidado pelo V Congresso) e a partir do V Congresso
(1960) (daí em diante sim, a verdadeira história da agremiação
em questão, o Partidão), após o qual a agremiação
que dele resultou integrou-se completamente ao velho Estado brasileiro, adotando
a denominação de Partido Comunista Brasileiro, não
constando de seus estatutos e programa qualquer menção aos fundamentos
do marxismo como violência revolucionária e ditadura do proletariado.
De qualquer forma, sua abordagem sobre os primeiros 38 anos do Partido Comunista
do Brasil, pretende escamotear os sérios desvios de direita, pinçando
uma tímida crítica a um episódio de "ilusões eleitorais".
De sua real história, ou seja, do Partidão (do V Congresso, de
1960 em diante) de trajetória reformista, direitista e revisionista
, nada tem a dizer a não ser ressaltar que em 1992 ocorrera um racha
em que se separaram dos " liquidacionistas ". Ora pois! Sobre a posição
capitulacionista e covarde frente ao golpe militar-civil de 1964, nada a dizer;
e sobre seu papel provocador em atacar os revolucionários que se levantaram
em armas contra o fascismo acusando-os de agentes da CIA, também nada
a registrar, claro.
Mais uma vez tergiversando sobre o passado como mera retórica a cata
de incautos, diz defender  todas as formas de luta e chega a citar o
Levante Popular de 35 e a guerrilha de Trombas e Formoso, só para afirmar
que em sua "revolução socialista" não existe uma forma
de luta principal. É típico do oportunismo não deixar
claro e patente suas formulações, mas ir, como bem disse Lenin
de forma sinuosa e tortuosa. Durante os anos de 1980 e mesmo de 1990, anos
marcados pela renegação no campo da esquerda, era muito comum
os subterfúgios oportunistas de se afirmar que consistia num erro definir
a forma de luta principal e de que sim, era necessário combinar todas
as formas. Assim, já há décadas, afundaram-se no mais
crasso  oportunismo eleitoreiro, deixando quem acreditou
no conto da combinação à espera das outras formas de luta
que nunca vieram.
Mas como todo reformista que quer se fazer passar por revolucionário
e para tal se utiliza do jogo de palavras para enganar incautos, nossos revisionistas
crêem  piamente
que declarar-se socialista e definir como socialista a etapa atual da revolução
brasileira lhes assegura o título de marxistas e revolucionários
, enquanto se ensebam na prática mais oportunista com suas táticas
reformistas.
Para não deixar de citar algo de sua lavra própria, tomemos
de suas resoluções o que afirma o PCB: "Nossa primeira constatação é a
de que o Brasil se tornou um país capitalista completo, ou seja, trata-se
de uma formação social capitalista na qual predominam as relações
assalariadas, a propriedade privada burguesa dos meios de produção,
as formas de produção e acumulação ampliada de
capitais que completaram seu caminho até a formação do
monopólio, chegando a agir de maneira interligada e inseparável
da forma imperialista que hoje determina as relações econômicas
mundiais. Mais do que um ponto através do qual o imperialismo opera
sua reprodução ampliada da acumulação capitalista,
o Brasil desenvolveu um parque industrial monopolista, setores de infra-estrutura
de mineração, energia, armazenagem, transporte, portos e aeroportos,
malhas urbanas, um comércio nacional e internacional, capitalizou o
campo, gerou o monopólio moderno da agricultura, um sistema financeiro
moderno e interligado ao mercado financeiro mundial, estruturou uma malha logística
de serviços e ações públicas necessárias à reprodução
das relações burguesas de produção." Provavelmente
e pelo visto numa segunda ou próxima constatação, esta
seria a de que o Brasil tornou-se uma potência imperialista.
É mesmo de se perguntar: Como podemos ter uma sociedade burguesa completa
sem que tenha acontecido uma revolução burguesa
no país? A quem, efetivamente, serve todo este "desenvolvimento" capitalista
e toda a sua infra-estrutura? Qual proveito se obteve deste desenvolvimento,
e não vamos aqui nos referir às condições de vida
das massas exploradas e oprimidas (o que deveria ser a primeira questão
para quem diz ser representante do proletariado), mas em benefício de
se completar a formação da nação brasileira e
sua real independência? Basta que se compare com os países que
realizaram uma revolução burguesa para se chegar à conclusão
que este capitalismo no brasil, engendrado pelo imperialismo contando como
parceiros a burguesia compradora e o latifúndio e usando o Estado como
principal alavanca, constitui um complexo de contradições que
vão além da contradição capital e trabalho centralmente
existente onde a burguesia derrotou a nobreza, demoliu suas instituições,
varreu seu Estado e estabeleceu sua república com revoluções
violentas.
Todas estas formulações não se amparam no materialismo
histórico e dialético, e sim em concepções mecanicistas
e ecléticas. E não é uma particularidade do PCdoB e PCB,
na verdade vem encomendado pela verborragia ultra-radical que o trotskismo
e demais revisionistas cunharam sobre um suposto " etapismo ", sempre apresentado
como a essência do "reformismo stalinista". Segundo tal concepção
a revolução em etapas é reformismo (como uma revolução
pode ser uma reforma?) e a dialética materialista, cujas leis regem
todo movimento por etapas e saltos, foi assassinada.
O verdadeiro caminho da revolução brasileira 
Diferentemente de tais proezas analíticas, as leis universais do materialismo
histórico e dialético explicam que no processo de desenvolvimento
de nossa formação econômico-social, desde que surgiram
os elementos capitalistas não ocorreu nenhum salto qualitativo (senão
que acumulação quantitativa de elementos de um capitalismo burocrático)
ficando pendente e por concluir a revolução democrática,
a qual na época do imperialismo só pode se realizar como revolução
democrática de novo tipo, e por decorrência dirigida pelo proletariado
em aliança com o campesinato . Como em todos os países atrasados,
quando da passagem do capitalismo de sua etapa de livre concorrência à dos
monopólios, aqui o imperialismo, através da exportação
de capitais e da política colonial, se assentou sobre a semifeudalidade
e estabeleceu uma condição semicolonial com a qual submeteu todas
as classes impondo sua associação com a grande burguesia e o
latifúndio, engendrando o capitalismo burocrático para a opressão
nacional e superexploração das massas trabalhadoras.
Ao contrário da verborragia socialisteira, que quer fazer crer que
a revolução socialista surgirá de todo esse monturo que
constitui a prática do oportunismo eleitoreiro e seu bla-bla-blá sindicaleiro
, a revolução socialista em nosso país, como a história
comprova, terá  que ser preparada no curso
de sucessivas batalhas duras e sangrentas, único caminho possível
para  se coesionar e forjar a força
social capaz de demolir todo o aparelho de Estado reacionário e edificar
outro sobre suas cinzas. Terá que construir a hegemonia do proletariado
para impor sua autoridade política e moral. Ou será que a aliança
operário-camponesa surgirá espontaneamente, ou os camponeses
se unirão com os operários por mera simpatia ou porque está escrito
nos textos marxistas? Não, terá de ser construída de forma
tal que o proletariado ganhe as massas camponesas para essa aliança,
e isto não se obterá com promessas generosas e declarações
de boas intenções. Terá de ser construída na luta
decidida do partido comunista autêntico que se aliando aos camponeses
pobres ajudando-os, organizando-os e dirigindo-os na luta pela terra, destruindo
o latifúndio e por seus direitos, o que só será possível
(uma vez mais, como comprovado pela história) através da guerra
revolucionária, da revolução agrária.
Isolar as classes latifundiárias, a grande burguesia e o imperialismo é a
chave para derrotar a contra-revolução parte por parte e fazer
triunfar a revolução. Tal tarefa exige defender os interesses
das demais classes exploradas, oprimidas e prejudicadas pela sua dominação
e é isto que quer dizer construir a frente única revolucionária
com base num programa que, obviamente não pode ser um programa socialista
de imediato (e menos ainda arremedos de socialismo que prevêem a existência
da propriedade privada de meios de produção como as da pequena
e média burguesia como preconiza PCdoB e PCB entre outros ultra-socialistas
eleitoreiros). Mas sim um programa democrático-revolucionário
que ao lado de confiscar o latifúndio, a grande burguesia e o imperialismo
e colocar todos esses recursos em benefício das massas populares e do
progresso da nação, defenda e proteja a pequena e média
burguesias. E nas condições de nosso país, confiscar o
latifúndio, a grande burguesia e o imperialismo significa confiscar
o grosso das terras e dos capitais (tarefas democráticas agrária
e antiimperialista). No entanto, o pequeno e médio capitais deverão
ser assegurados até que a revolução estabeleça
seu novo poder em todo país para passar à luta pela supressão
da propriedade privada, ou seja saltar à construção socialista.
Por isto mesmo, a revolução em nosso país só pode
ser a revolução democrática de novo tipo ininterrupta
ao socialismo. É revolução democrática, porém
de novo tipo, porque tal revolução só pode ser realizada
se dirigida de forma absoluta pelo proletariado revolucionário através
de seu autêntico partido comunista, baseado na aliança operário-camponesa
como núcleo de uma frente de classes revolucionárias. Frente única
revolucionária e não frente popular eleitoreira com seu cacarejo
de ocupação de "espaços democráticos " no Estado
reacionário e de "acumulação fria". Frente, não
para concorrer aos cargos de gerenciamento do velho Estado burguês-latifundiário
e pedir votos na corrida corrupta, demagógica e populista pelos " lugarzinhos
rendosos", como diria o velho Lenin, no putrefato parlamento burguês.
Mas para apoiar a revolução e sustentar a guerra revolucionária.
Frente, não para administrar o velho Estado e perpetuar suas podres
instituições e as ilusões constitucionais sobre as massas,
mas para cercar os inimigos do povo, isolá-los e esmagá-los.
Frente para destruir o velho Estado genocida e edificar um novo Poder e um
novo Estado, uma nova economia, uma nova democracia e a construção
da sociedade socialista. E é por etapa mesmo, cavalheiros!
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 1.  Declaração de Março de
1958 — Documento
político
lançado nessa data pelo grupo de Prestes aprofundando a orientação
reformista do PCB e estabelecendo o revisionismo moderno de Kruschov como
sua base ideológica, posições que se consolidariam com
o V Congresso de 1960. 
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 Resposta do PCB Guarulhos:
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 O jornal A Nova democracia, com o artigo de Fausto Arruda (A partir de 
agora, tratado como FA)"PCdoB e PCB, variantes eleitoreiras do mesmo 
revisionismo", critica os programas dos dois partidos, que realizaram 
seus congressos em 2009.
Num primeiro momento, o artigo concentra sua crítica no PCdoB, 
explicitando fatos e problemas que já conhecemos, acerca da sua 
subordinação ao governo, o que caracteriza um tremendo erro teórico, ou 
uma demonstração clara de oportunismo político.
Em seguida, há uma análise conjuntural de situações históricas, 
trazendo-as à síntese que é o atual PCdoB, remetendo-o ao revisionismo;à
 teologia da libertação, ao reformismo democrático-popular, hoje já um 
social-liberalismo sem perspectiva estratégica socialista.
Consideramos, ao analisar o documento escrito pelo camaradas Igor 
Grabois e Edmilson Costa, a saber, "as diferenças entre PCdoB e PCB", 
que o grande problema do PCdoB não foi a mudança de linha política, que é
 comum se se analisar dialeticamente a realidade, mas a ausência de 
auto-crítica ao realizar essas mudanças, um grande erro na conduta 
revolucionária leninista. Por exemplo, "mais de 10 anos depois da linha 
traçada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), no VI Congresso, de 
1967, o PC do B conseguiu chegar a conclusões semelhantes. Mas, para se 
manter fiel às suas oscilações políticas, a partir de 1978 o PC do B 
começou o rompimento com o Partido Comunista Chinês, sem sequer uma 
linha de autocrítica. Como é de costume, os companheiros procuraram 
rapidamente apagar da memória os tempos em que considerava o PC Chinês a
 vanguarda do proletariado mundial. Rapidamente, o PC do B se alinhou ao
 Partido do Trabalho da Albânia, do líder Enver Hoxha, e passou 
considerar a Albânia o 'farol do socialismo' da mesma forma que 
considerava anteriormente Mao Tse Tung o maior marxista da humanidade."
Isto é, a falta de auto-crítica , que marcou a transição posterior, à 
estratégia democrático-popular, ficou marcada na história dessa 
organização.
Em seguida, FA irá centrar-se no PCB. É importante notar uma espécie de 
desconhecimento acerca das resoluções do último congresso do partidão, 
acerca de suas deliberações estratégico táticas e 
analítico-conjunturais, tampouco sobre o caráter e o objetivo desse 
congresso. Por conseguinte, tece comentários, ou infundados, ou 
provocadores, afinal, não constituem verdade factual, aliás, parecem, 
por vezes, provocações manipuladas e direitosas.
Logo na abertura de seu artigo, o autor faz uma retomada da fase 
histórica do PCB Kruschevista e do PCB Euro-comunista dos anos 80, além 
de criticar o seu alinhamento com a URSS. Ora, não temos vergonha de 
nosso passado. Sim, alinhamo-nos durante toda a vida política da União 
soviética, a ela, não nos arrependemos, afinal, a URSS, mesmo cometendo 
erros, como a linha do XX congresso do PCUS, que são apontados em nossas
 resoluções, tem de ser considerada no campo do concreto, no campo 
material, numa perspectiva dialética, numa conjuntura internacional, que
 era favorável ao movimento comunista internacional, principalmente após
 a fase de dogmatismo estratégico-tático dos tempos da terceira 
internacional. Além disso, na conjuntura da ditadura militar no Brasil 
"o PCB construía uma outra linha política no seu VI Congresso, realizado
 em 1967. Nessas resoluções o PCB ( aplicando a linha do XX congresso do
 PCUS)  identificou a ditadura como um governo de longa duração e propôs
 a formação estratégica de uma ampla Frente Democrática, com o objetivo 
de reunir todas as forças sociais e políticas que estivessem dispostas a
 organizar um amplo movimento nacional, para acumular forças até a 
derrota da ditadura. O PCB preconizava a entrada de todos aqueles que 
estivessem contra a ditadura no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), 
ao mesmo tempo em que buscava acumular força nos movimentos operário e 
juvenil." "A vida demonstrou que a linha política desenvolvida pelo PCB 
no Congresso de 1967 fora vitoriosa, uma vez que foi exatamente o 
movimento democrático amplo que pôs fim aos 21 anos de ditadura militar 
no País". Diferentemente das guerrilhas maoístas, heroicos lutadores 
populares, mas leitores mecânicos da conjuntura da época.
É verdade que o partido teve grande influência direitosa nos anos 80, no
 entanto é importante lembrar da crise do movimento comunista 
internacional - que trouxe à tona o fenômeno político do 
liquidacionismo, como aconteceu na Europa Ocidental, em que os PCs se 
dissolviam ou se transformavam em partidos reformistas e liberais - que 
derrocaria na queda da experiência de construção do socialismo no Leste 
Europeu. Além disso, a emergência do fim da ditadura - que já havia 
matado boa parte da militância e do comitê central - trazia uma 
conjuntura e uma correlação de forças críticas ao Partidão.
No entanto, apesar de o PCB estar cumprindo, na época, papel de 
conciliador de classe, os verdadeiros revolucionários do Partido sempre 
estavam resistindo na luta interna no Partidão, embora quase sempre em 
minoria. Como exemplo, em seu 8º congresso, que defendia a estabilidade 
política , o governo Sarney e a democracia burguesa em ascensão - como 
detalhes das resoluções - os comunistas "conquistaram", numa batalha 
interna, críticas à lei de segurança nacional e do apoio do presidente 
Sarney ao bloco fisiológico chamado de centrão. O PCB visava retomar sua
 influência e a vitalidade dos movimentos sociais e sindical, embora 
tenha cometido o erro de não tenha apoiar a fundação da CUT , em seu 
início.
Quando FA diz que o Partido é eclético e retórico, entendo que esteja 
dizendo que negamos princípios - nas resoluções do XIV Congresso - 
básicos do socialismo, como a revolução, a luta de classes, ou a mudança
 histórica e revolucionária dos modos de produção.
Sim, seria verdade, se estivéssemos em 1991-1992, quando da crise de 
cisão do PCB, no entanto, o partido permaneceu existindo, ou seja, 
influenciando na luta de classes, está do lado do proletariado, e não 
tem nada a ver com o PPS, hoje aliado da direita fascista do PSDB-DEMO.
Ao chegar ao seu XIII congresso, em 2005, o PCB rompe com a estratégia 
democrático-popular, que já havia convertido-se em social-liberalismo, 
expresso no governo Lula, rompe também com a CUT, pois esta central 
sindical já cumpriu seu papel no movimento sindical, e é hoje um 
instrumento de conciliação de classe.
Também, como fruto de uma científica análise político-econômica de nosso
 país, rompemos com qualquer ilusão etapista, identificando o processo 
revolucionário brasileiro como socialista.
Após os grandes avanços do XIII congresso, ao chegar ao XIV em 2009, o 
PCB aprofunda  sua leitura do Capitalismo Brasileiro como completo, isto
 é, maduro para o socialismo.
Rompemos com a superestrutura da UNE, subordinada ao governo, logo, do 
Capital, mas não paralelizamos burocraticamente o Movimento Estudantil, 
como fizeram alguns setores ao criar uma nova entidade. Propomos a 
reconstrução do ME na base.
Assim, demonstrando a incoerência de FA, que nos classifica no campo 
eleitoreiro, defendemos uma frente anticapitalista e antiimperialista, 
que não se confunda com uma coligação eleitoral, e que aglutine as lutas
 do proletariado, construindo efetivamente a hegemonia proletária e 
socialista, concretizando , de baixo para cima, o Bloco Revolucionário 
do Proletariado, construtor prático do poder popular.
É importante ressaltar as declarações de rompimento com as políticas 
eleitoreiras do PSOL, o que inviabilizou a frente de esquerda, que é só 
uma coligação eleitoral. O PCB, ao contrário do que afirma o autor, não 
pretende financiar a revolução com fundo eleitoral, isso seria ridículo.
 o PCB não tem, e nem busca ter, grande influência na institucionalidade
 burguesa, além de ser um partido mantido materialmente pelos próprios 
militantes, o que demonstra a provocação cotrarrevolucionária do autor.
Além disso, a  não dissolução da INTERSINDICAL - instrumento de luta e 
organização da classe trabalhadora , na CONLUTAS, o que seria uma 
subordinação do movimento operário à institucionalidade burguesa - o que
 não inviabiliza a unidade de ação com tais setores, que querem 
construir, mesmo que apressados, um movimento sindical classista - 
demonstra nossa coerência.
O PCB, em suas teses, ao contrário do que diz o artigo, no que tange ao 
movimento comunista internacional, relaciona a propaganda antistalinista
 com a propaganda anti-urss, que , segundo as resoluções, são tidas como
 contrarrevolucionárias, ou incoerentes ideologicamente. Assim, 
defendemos criticamente, naquela conjuntura específica, pois somos 
materialistas histórico-dialéticos, a aplicação do modelo defendido por 
Stalin. Por entendermos que a concepção trotskista poderia acelerar o 
processo de Guerra mundial, encurtando a vida da URSS. É importante 
lembrar que não desmerecemos nenhum teórico marxista revolucionário, até
 mesmo discutimos certos conceitos de Trotsky, como o desenvolvimento 
desigual e combinado. No entanto, também apresentamos como acrítica, a 
visão ortodoxa, manualística , fundamentalista e dogmática do marxismo, 
algo presente no péssimo artigo de FA, nas antigas teses do PCB. Essa 
concepção ortodoxa do marxismo foi política institucional da URSS  e da 
Comintern durante décadas, o que foi um grande desserviço à 
cientificidade do materialismo dialético e histórico, como método de 
investigação da conjuntura material e cultural de uma sociedade. FA 
nega, omitindo nosso texto de maneira oportunista, nossa crítica ao 
revisionismo de Deng Xiao Ping e a nossa atribuição de diversos 
problemas chineses  à abertura econômica capitalista.
O autor também considera nosso apoio crítico de 2006 à candidatura do PT
 como eleitoreiro, é importante lembrar que não participamos da chapa do
 PT em 2006 e não fomos "recompensados" por tal atitude, pois estávamos 
na frente de esquerda. Agimos assim, devido à nossa leitura conjuntural,
 muito bem expressa por ivan Pinehro em entrevista ao Pravda:"podemos 
dividir a América Latina em três grupos: um primeiro grupo é mais à 
esquerda, mais representativo dessas mudanças sociais, como é o caso de 
Cuba, que inspirou e possibilitou outros processos revolucionários.Temos
 aí também neste grupo os casos da Venezuela, Bolívia e, em menor 
medida, do Equador. Por outro lado, tem um grupo de países que nós 
chamamos de governos sociais liberais, especialmente no cone-sul do 
Brasil, e ai nós estamos falando de Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai e 
Argentina. São experiências reformistas, mas dentro da lógica do 
capital. Esses governos não têm nenhum interesse em participar de uma 
articulação continental antiimperialista, como é o caso da ALBA. E, 
finalmente, na América Latina tem três países cujos governos são 
alinhados ao imperialismo americano: México, Peru e Colômbia."
O que é considerado coerente, não é o apoio a X ou Y, mas a 
independência política do partido, que nos permite realizar a leitura 
concreta da realidade concreta.
O Dogmatismo Anacrônico de Fausto Arruda
Após realizar as críticas, o autor pretende definir o verdadeiro caminho para a revolução.
Ora, se há um caminho verdadeiro, esse é o da construção dialética da 
luta e do movimento dos contrários, numa atividade de pôr-se-a-si-mesmo.
 Isto é, afirmar o caminho, que é a atividade que uma classe irá 
realizar em uma conjuntura objetiva, que, como diz Marx, é a síntese de 
muitas determinações, é fazer uma afirmação metafísica, dogmática e 
idealista.
Além do subtítulo dogmático, há uma tentativa fanática de introduzir a 
conjuntura chinesa à brasileira, substituindo nossa verdadeira estrutura
 de classes e superestrutura política.Ora, FA, Marx já nos disse: “os homens fazem sua história, mas não como querem e sim sob determinadas circunstâncias herdadas e transmitidas pelo passado”.  
E não passará de especulação metafísica essa sua avaliação ,em que são 
encontradas, como determinantes no modo de produção, características 
semifeudais na estrutura brasileira, erro que o PCB cometeu no passado, 
antes da ditadura civil-empresarial-militar.
Sim, pode ser que algumas relações sociais de produção no campo tenham 
características que remetam a algo parecido com o feudalismo, às vezes 
até escravistas, assim como uma relação social de produção fabril é 
despótica. No entanto, isso não caracteriza o modo de produção, que é 
essencialmente burguês, voltado para o lucro. Forma de produção não é o 
modo de produção.
Por isso, ao contrário do que o autor afirma, a burguesia nacional, que 
não se distingue mais da internacional, em parceria com o latifúndio, 
realiza um monopólio capitalista da terra, expresso no agronegócio. Isso
 prova que a reforma agrária, conceitualmente, já foi feita,  mas nos 
moldes burgueses, isto é, não é mais uma tarefa democrática em atraso, 
mas uma luta que se choca diretamente com o Capital.
No entanto, afirmar que a burguesia nacional não se distingue da 
internacional não significa afirmar que o Brasil é imperiaista, mas um 
sócio-menor do imperialismo. Ao contrário do que o autor acusa o PCB de 
afirmar.
O dogmatismo metafísico e anacrônico de FA confunde conjunturas com leis
 universais, tenta, inclusive, defender o etapismo no Brasil. Pensando 
estar na China, em 1949, o autor defende a manutenção dos capitais 
nacionais, defendendo a união com a burguesia progressista nacional e 
fases democráticas a serem alcançadas.
FA comete erros teóricos que empobrecem sua análise e , lembrando-nos 
dos jovens hegelianos, tece uma crítica crítica, isto é, uma crítica 
pela crítica. Fanática, dogmática, religiosa, metafísica, idealista, sem
 ligação com a matéria. Binária, isto é, não dialética, inconsistente , 
típica de seitas sem ligação prático-material com a classe, o que o tira
 do campo da revolução e insere no campo do teoricismo ortodoxo.