sábado, 5 de maio de 2018

Nota sobre a nossa greve

  A assembléia do dia 23 de abril definiu que nós, professores do estado de Minas Gerais, voltaríamos a trabalhar, mantido o estado de greve, ou seja, poderíamos, em tese, voltar a fazer greve a qualquer momento. A companheira Elzenir Apolinário criticou essa postura, dizendo que tem experiência e isso representa o fim da greve. Há alguns dias, a PEC que estabelece o reajuste dos professores foi aprovada na assembléia.
            Nessa assembléia falou Guilherme Boulos, candidato a presidente pelo PSOL, advindo do Movimento dos Sem-Teto. O discurso de Boulos volta-se para temas como reforma urbana e agrária, assim como está também ligado à libertação de Lula, sem entrar em maiores detalhes. Havia uma faixa pedindo “Lula livre”. Outras vertentes estavam representadas: o PSOL utilizando largamente a imagem da vereadora assassinada Marielle. Igualmente, havia um boletim da Gazeta Revolucionária convocando a criação de um partido para revolução e não para eleição (segundo meu amigo Dionata Ossovsky, essa Gazeta é trotsquista). A Gazeta explica a PEC como forma de obrigar o governo do estado a pagar o piso federal não passaria de um golpe para acabar com a greve. O sindicato seria derrotista segundo a Gazeta, assim como o PT seria derrotista, pois a burocracia sindical pode perder privilégios.
            É curioso como o PSOL girou de acusador ferrenho da corrupção do PT para a posição a favor do presidente Lula e sua libertação. Curiosa posição. Denuncia-se escândalos de corrupção, mas quando o governo cai –devido à sucessão de escândalos, inclusive— passa-se à posição contrária, levando-se em conta o fato de que a direita tradicional roubou a nossa bandeira, mas que não deixa de ser curioso. Esse giro levanta a dúvida de que esses grupos são somente linha auxiliar do PT.
            A vertente com a qual concordo e que propõe o voto nulo e denuncia a farsa eleitoral estava presente –e notei o quanto incomoda. Propunha a continuação da greve, mas o meu grupo da cidade de Bom Despacho definiu que não temos condições de continuar a greve. Como algumas escolas pararam, outras não, as paradas passaram, inclusive, a perder alunos. Perdi uma turma e perdi salário. A PEC recentemente foi aprovada por unanimidade.