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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Entrevista com Lobão

"ESTOU DE SACO CHEIO DA ZONA SUL DO RIO"

Morando em São Paulo, Lobão ataca o modo de vida carioca, Gil e a bossa nova

Ricardo Schott

NATAL, RN

Durante a passagem de som para sua apresentação no festival Mada, em Natal, na sexta-feira, Lobão não largou da guitarra e orientou, com gestos, o novo guitarrista Lineu de Paula, sempre pedindo a ele mais intensidade na execução de músicas já naturalmente densas, como Universo paralelo, Tão menina e Sozinha minha. Foi com essa mesma intensidade que o cantor, hoje morando em São Paulo, desancou o Rio de Janeiro em entrevista ao Jornal do Brasil.

Por que você se mudou para São Paulo?

– Cara, eu adoro o carioca da Zona Norte, mas o da Zona Sul já estou de saco cheio. Fui criado em Ipanema, ia ao píer nos anos 70, conheço meu pessoal. Eu não tenho assunto com ninguém do Rio, nem gosto desse modelo do cara bombado, com a orelha parecendo uma couve-flor. No Rio você vê advogados falando igual a idiotas, dizendo "merreca" em vez de falar em dinheiro. Que credibilidade um sujeito desses tem? O carioca da Zona Sul, hoje em dia, é um cara que não paga para ir em show. Não paga nem meia, quer ser vip, entrar naquelas listas. Vai ao show, fica aporrinhando o saco e depois ainda vai ao camarim beber meu uísque.

O João Gilberto, que gravou sua música ‘Me chama’, vai tocar no Rio...

– Na verdade ele assassinou a música, né? Cortou até o "nem sempre se vê lágrimas no escuro", porque não entendeu. Tem que dessacralizar esse cara e essa coisa da bossa nova, que não passa de uma punheta que se toca de pau mole. Não tem ninguém que o João Gilberto tenha chamado mais para ir na casa dele do que eu. E eu nunca fui.

Mas você não gosta de bossa nova?

– Bossa nova é uma língua morta, assim como essas bandas de choro e samba que existem hoje, que ficam tocando naquele lugar sujo que é a Lapa. Tem que parar com essa coisa de ficar lambendo o saco de universotário marxista branquelo, essa coisa loser manos, petista, que virou maioria no Brasil. Porque o Brasil é o país da culpa católica, um país em que se valorizam as pessoas feias.

Na sua opinião, o que precisa mudar no Rio para você voltar?

– A gente precisa de um candidato que tenha coragem de falar que tem que acabar com as favelas. Nisso até Carlos Lacerda tinha razão. O que seria da Lagoa Rodrigo de Freitas se ainda tivéssemos a Praia do Pinto e a Catacumba lá? Tem que deslocar esse pessoal pra algum lugar, proibir até rico de fazer casa em encosta, porque dá uma chuva e cai tudo.

E o Gilberto Gil? O que você achou da saída dele do ministério?

– O Gil, cara... isso vem, para mim, antes de ele ser ministro. Ele é falso, vem com aquele discursinho de "a rebimboca da parafuseta" e não fala coisa com coisa. E ficam as pessoas falando "Nossa, você viu como ele é culto, como fala bem?". O Gil não fala nada, enrola todo mundo. O Caetano é que é legal. A gente já brigou muito mas ele vai lá, fala, se defende.

Você já tentou ver sua carreira, sua obra, em progresso?

– Já, porque muitas vezes fui chamado de maluco por coisas que, depois, viram que eu estava certo. Como quando deixei as gravadoras e afirmei que elas iriam acabar em menos de 10 anos. E olha aí o que está acontecendo. Fora essa luta pela numeração (dos CDs), que encarei praticamente sozinho. Com exceção de Frejat, Beth Carvalho e Ivan Lins, foram todos cagões.

Quem são eles?

– O Gil foi um deles. Tenho a lista toda desses caras em casa. Se um dia fizer minha autobiografia vou colocar. É importante lembrar que nunca briguei com as gravadoras, briguei com esse esquema viciado que está aí. Tanto que fui para a Sony BMG fazer o Acústico MTV.

19 de julho de 2008 : 01h00m

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sábado, 9 de agosto de 2008

Debate Tropicalista

o tropicalismo se define

símbolo da mais burra alienação

tropicalistas, empatia e pretensão

a torquatália

saúde ou canto da debilidade?

O debate tropicalista promovido ontem na FAU, com a presença de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Décio Pignatari, Augusto de Campos e vários jornalistas, quase terminou embananado. A confusão, porém,

ficou só nas opiniões sobre o movimento tropicalista, que foram ouvidas por grande número de estudantes daquela faculdade.

Foi assim o debate sobre o movimento que tem como inspiração e símbolo a banana:

Augusto de Campos: Após a Bossa Nova a música popular brasileira passou por uma evolução diversificada. A “revolução” de 64 provocou uma reformulação em parte semântica - surgiram as músicas de protesto, e o caminho de inovação aberto pela Bossa Nova foi parcialmente abandonado. Em seguida

os Beatles, influindo na Jovem Guarda, romperam os limites tradicionais da música popular. Utilizaram

a música erudita, o folclore e outros elementos que vieram enriquecer as composições. A música popular brasileira foi ficando aprisionada, havendo grande receio da influência estrangeira que repercutiu sobretudo no iê-iê-iê. Surgiram, porém, as primeiras incursões de Caetano e Gil - o Tropicalismo, uma verdadeira “revolução contra o medo”. As novas composições, como “Alegria, alegria” e “Domingo no parque” incorporavam ao nosso patrimônio aquilo que se passava em outros países, e as ricas contribuições

de nosso passado.

Gilberto Gil: Em geral o público acha que eu e Veloso de repente mudamos o estilo apenas por “loucura”, para sermos originais. É a imagem mais comum em relação ao nosso trabalho. Entretanto, estamos realizando um sério trabalho de pesquisa como demonstrei em “Procissão”, uma música sem medo,

que radicaliza.

Caetano Veloso: Nosso impulso nasceu da percepção da realidade musical brasileira. Antes de “Alegria, alegria” eu fazia música que não gostava, como “Bom Dia”. Tudo limitava nossa possibilidade de se aproximar do real. Fiquei parado um ano para depois surgir com “Alegria, alegria”, já com uma visão modificada. Fomos levados a remexer a cultura vigente consumida pelo povo brasileiro. Queremos atingir

a vivência real do brasileiro através da música.

Décio Pignatari: Nossa única forma é a criação. Precisa-se de uma nova tecnologia ideológica à base

de golpes de audácia em matéria de criação. Daí a importância de Caetano e Gil, capazes de fazerem

uma composição falada, de acordo com os meios atuais de comunicação (TV) enquanto Chico Buarque

faz composição descritiva. O nosso Tropicalismo é recuperar forças. O de Gilberto Freire é o trópico visto da Casa Grande. Nós olhamos da Senzala. Pois, como dizia Oswald de Andrade, não estamos na idade

da pedra, estamos na era da pedrada. Interessa é saber comer e deglutir - que são atos críticos como fazem Veloso e Gil.

Chico de Assis: A única solução no momento é o Tropicalismo?

Décio Pignatari Não é a única, mas tem que haver uma posição radical como faixa de referência.

Gilberto Gil: O rótulo Tropicalismo não nos interessa, como não interessou a João Gilberto a denominação de Bossa Nova. A palavra Tropicalismo é boa e não nos ofende. Mas ninguém pelo rótulo sente o gosto

da cachaça.

Chico de Assis: Mas a compra da cachaça.

Gilberto Gil: E nós estamos aqui para vender. Não fomos nós que fizemos de nossa música mercadoria. Mas ela só penetra quando vendida. Quem apronta essa onda toda em torno do nome Tropicalismo

é a imprensa.

Chico de Assis: Vocês querem falar dos meios sem discutir a posse desses meios. Acham que a Revolução Cultural se fará à revelia dos donos dos meios de comunicação. O Bandido da Luz Vermelha também deve ser Tropicalista. Se vocês são pagos por essa estrutura, porque falam contra ela?

Gilberto Gil: Falamos enquanto compositores e artistas. Dentro dos limites de nosso trabalho.

Chico de Assis: Vocês querem decorar as paredes para terem a impressão de que vivem em outro lugar. Interessa é derrubar as paredes. Não adianta trocar a redundância brasileira por redundância importada.

Décio Pignatari: A guerrilha foi criada com audácia. A música também se cria com audácia.

Augusto de Campos: Em tese seria possível incluir na música popular um fermento ligado à visão política. Porém, a experiência mostrou que quando isso aconteceu a nossa música caiu. O canto de protesto

do Grupo Opinião, do Rio, levou a nossa música a um retrocesso. O Que tudo mais vá pro inferno tinha muito mais eficácia.

Caetano Veloso: Não nos sentimos isentos do processo. E nossa música nasce dessa tensão em que vivemos.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O Tropicalismo Oficial de Ana de Oliveira

A gestão tropicalista de Gilberto Gil

Ana de Oliveira é pesquisadora de música e autora do www.tropicalia.com.br, a maior maior fonte online de informação sobre o tema, com cerca de setecentas páginas de conteúdo, em português e inglês. Nesta entrevista ela fala da relação entre a Política Gil e o tropicalismo e aponta os avanços da gestão de Gil à frente do Ministério.

Prestes a lançar um livro de entrevistas com Gilberto Gil, Ana dedica-se ao seu documentário longa-metragem “Tropicália ou Panis et Circencis”. O projeto foi aprovado na última seleção pública da Petrobrás e está em fase de preparação. Acompanhe a íntegra da entrevista:

Leonardo Brant - Você enxerga uma coerência entre o movimento tropicalista e a atual política cultural do Brasil, conduzida por Gilberto Gil? Quais os pontos mais importantes dessa convergência?

Ana de Oliveira - O tropicalismo foi um movimento perigoso: ameaçou e acabou por desbancar os puritanismos estético-ideológicos que permeavam o discurso e a prática da cultura brasileira, numa época em que a contraposição entre arte alienada e arte politizada estava no centro crucial do debate sobre cultura e nacionalismo.

Em sua complexidade conceitual, o tropicalismo assimilou matrizes criativas distintas – desde o considerado desprezível ao mais sofisticado estilo – e estabeleceu um diálogo profícuo entre cultura de massa, mercado, tecnologia, modernidade e tradição, superando velhas dicotomias éticas e estéticas.

Sabe-se que essa gestão do Ministério da Cultura empenhou-se na criação de canais de interlocução com âmbitos e manifestações culturais as mais diversas, sem prerrogativas ou discriminação entre o popular e o erudito, o regional e o urbano, o local e o global. Se muito foi feito para promover o acesso equitativo às novas tecnologias digitais, tanto se fez pela construção de uma política específica para a preservação da capoeira, por exemplo.

Em última instância – e em poucas palavras – entendo que o impulso tropicalista para a convocação geral (de parceiros, de pensamentos, de estilos, de gênios díspares) e esse amor pela dessemelhança, pela multiculturalidade, sejam pontos sensíveis dessa convergência.

LB - Gilberto Gil deixa o Ministério com sua carreira em alta e cheio de problemas administrativos em sua pasta. Em sua opinião, qual é o legado do Gilberto Gil político?

AO - O legado mais evidente – consensual, inclusive – é a visibilidade que a cultura brasileira e o próprio ministério alcançaram dentro e fora do país, com grande proveito para as relações internacionais do Brasil.

O Ministério da Cultura foi convertido num organismo vivo, capaz de gerar interação e sinergia com os diversos segmentos da produção cultural. Ainda que essa capacidade não tenha sido explorada em sua total potência e que os resultados não satisfaçam as exigências de todos, um campo propício – e inédito – foi aberto para futuros desdobramentos e construções.

Os Pontos de Cultura promovem a diversidade das expressões em todos os cantos do país e já chegam ao exterior (existem Pontos em comunidades de brasileiros nos Estados Unidos, na França e na Alemanha), incentivando a atividade criativa em favelas, universidades, aldeias indígenas, comunidades quilombolas etc. Por encorajar o protagonismo local com o fortalecimento das iniciativas já existentes e promover a articulação de redes colaborativas, são importantes instrumentos para que a fruição cultural chegue aos espaços menos privilegiados. Na minha opinião, os Pontos de Cultura são a mais eficaz e inteligente invenção de que se tem notícia em política cultural no Brasil.

Destacaria outros aspectos positivos da liderança de Gil como a descentralização de ações e de recursos, a formulação dos critérios de patrocínio junto às estatais, com a criação de editais de fomento mais democráticos e abrangentes, e os claros avanços em direção a uma política de inclusão e acesso aos meios.

LB - O último trabalho artístico de Gil, Banda Larga Cordel, faz uma clara fusão entre o Gil político com o Gil artista. Em sua opinião, ele continuará sua obra política pela arte, ou deve ocupar espaços abertos pela atividade de gestor público?

AO - Gil demonstra um forte senso de cidadania (acho mesmo que foi isso que o levou a assumir o cargo de ministro), é bem possível que ele queira e possa continuar contribuindo sistematicamente em sua condição de agente internacional da cultura brasileira. Participando de fóruns culturais, certamente vai enriquecer o debate com posições assertivas, sobretudo nas áreas relacionadas à propriedade intelectual e à cultura digital que tanto o entusiasmam.

LB - O tropicalismo continua o mesmo, ou foi ressignificado com a passagem de Gil pelo Ministério da Cultura?

AO - A identidade tropicalista de Gilberto Gil – algo que ele próprio fez questão de enfatizar de cara - sempre esteve em pauta desde que fora convidado a assumir o ministério e, uma vez empossado, a controvérsia tropicalista parece ter ganho mais ânimo entre os críticos. E não é sem razão. A chegada de um tropicalista ao centro do poder suscitou a exigência de coerência entre a atuação do ministro e o movimento que ele criou originalmente.

Eu diria que, em boa medida, Gil pôde exercer institucionalmente a mesma capacidade visionária que, em 1967, o levou a perceber que a modernidade que exalava do pop cosmopolita dos Beatles, pulsava também no regionalismo agreste da Banda de Pífaros de Caruaru, e que a MPB precisava tomar novos rumos, desprovincializar-se, modernizar-se – essa percepção foi fundamental para o surgimento do que veio a se chamar tropicalismo. Hoje, ele conclama todos a aprofundar o debate sobre o direito autoral e argumenta que “ou a sociedade brasileira discute profundamente a questão da propriedade intelectual ou daqui a dez anos estamos fora do bonde da história”.

O tropicalismo continua ocupando uma posição central nas discussões sobre a cultura brasileira, e a atuação de Gil em um cargo da República deve ter ensejado a atribuição de novos significados a esse movimento que segue despertando amores e ódios febris.

No que diz respeito à questão cultural, ocorre-me pensar que embora pareça improvável que algum dia venhamos a nos livrar da incitação antropofágica que o tropicalismo provocou/provoca (foi um movimento perigosamente radical, sua intervenção foi profunda), seria interessante rever o modo como encarava a cultura e a música. Antes se pensava a história da música brasileira como algo linear, baseada na famigerada “linha evolutiva” da MPB, mas os tempos são outros e já não temos só uma linha. O que temos agora mais se assemelha a um vórtice, onde várias linhas se expandem em espirais. Muitos ritmos de muitas cores se expressando de muitas formas por muitos meios e para muitos fins. A coisa espatifou geral! “O mundo explode”,” o sol responde” e “o vento espalha”.

http://www.culturaemercado.com.br/post/a-gestao-tropicalista-de-gilberto-gil/#more-4402

http://www.culturaemercado.com.br/

 
 
 

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Gerald Thomas sobre Gil

“Esquadrão Gilberto Gil da MORTE ao Teatro!”. E agora? Se “o sonho acabou!”O que fazer depois do pesadelo?

Esquadrão Gilberto Gil da morte ao Teatro.

New York – “Nós somos do esquadrão Gilberto Gil da Morte ao Teatro e viemos aqui te prender pela ÚLTIMA vez.”

Essa frase, dita pelo personagem “Tenente Sylvia Colombo” para Marco Nanini em “Circo de Rins e Fígados” (que “autorei” e dirigí em 2005) fazia o público vir abaixo! Todos morriam de rir e aplaudiam. Era o auge do fracasso do MinC. Gil não falava com a imprensa, viajava pelo mundo dando shows, pegando carona no avião de Lula e cobrando uma fortuna (já que era o “Senhor” Ministro!) e apertava as mãos de presidentes, Primeiros Ministros, Rock Stars, etc.. E a tal chamada “Classe Teatral” estava furiosa com ele! E como!

Eu ainda havia defendido o Gil contra Augusto Boal (numa época estranha em que esse GT aqui tinha uma coluna no JB e Gil sofreu ataques do autor do Teatro do Oprimido, sei lá… algo no estilo de “você sabe piar bem, mas….”). Eu, violentamente, defendi nosso hoje “ex”.

Mas Gilberto Gil ODEIA ser defendido assim como ODEIA ser atacado. Ou seja: o homem, inteligentíssimo (e cujo talento não precisa nem entrar em discussão), não gosta de ser julgado: sorry! A vida.

Lembro-me como se fosse ontem: eu estava na tenda especial montada na Rocinha onde Gil iria dar um show. Foi um fracasso. Caetano e Paulinha, Junior e eu, conversávamos sobre algo que não me lembro – quando Lula havia ameaçado anunciar a candidatura de Gil. Repórteres para todo lado se atropelando. Gil saindo de uma van como Greta Garbo: “Não sei de nada, me dêem óculos escuros (era de noite), não, não, não…” (e entrou correndo na tenda!).

Dias depois: No Jardim de América, subúrbio carioca, num show do Afro Reggae, indo de uma tenda pra outra, o próprio Caetano já dizia: “Gil está impossível! Virou ministro! Não fala mais com ninguém.” Mas Caetano dizia isso naquele tom macio, suave e carinhoso de sempre: minutos depois, os dois estavam se apresentando para uma multidão!

Ministério da Cultura? Nesse Brasil de hoje? No lo creo!

Depois que Paulo Autran e muitos ícones do teatro foram insultados pelo hoje ex-ministro por serem “elitistas” (como se ele, o compositor - cantor REI, como se considera,ao se apresentar em Tókio, Paris ou aqui no Carnegie Hall a 125 U$ não fosse!!! Ha ha!). Pergunto-me se o Brasil realmente precisa de um Ministério da Cultura! Acho que não! Pra quê? Pra empilhar projetos? Deixá-los na poeira? Ou favorecer os amiguinhos?

Sergio Mamberti está lá, do seu lado: se ele fosse nomeado seria o máximo! Taí um verdadeiro HOMEM da Cultura. Mas não será. Fica esse Juca. E nada muda! E tudo caduca!

Talvez seja o caso de se voltar mesmo para EDUCACÃO!!!!! Um ministério da ALFABETIZACÃO!!!!!

Andrzej Dudzinski, ilustrador, pintor e teatrólologo polonês, de Varsóvia, é meu amigo faz (uhhhh) quase 30 anos. Fazíamos parte do time que ilustrava a OpEd page do New York Times, dia sim, dia não. Hoje está de volta à Polônia e nos fins de semanas ele me previne: “vou estar fora do ar: estou indo para a colônia de artistas à uma hora e meia de Varsóvia, no meio do campo, árvores e tal….” Que luxo! Isso antes da Polônia se juntar à Europa Unidamente Desunida!

Fico pensando na história triste da Polônia e como o Andrzej fugiu da ditadura stalinista, pré-Jeruzelski, pré-Soldarienosk, pré-Lech Walesa (o Lula de lá, que deu certo) e….

“se dedicar a carreira de compositor e cantor”, como Gil afirma….

Assim como o resto poderia ser o Silêncio de Hamlet decretado por Fortinbras, a caminho da Polônia (olha, como tudo não é um acaso!).

E, como em alguns acasos, o negócio mesmo é ARRUINAR o que já não andava muito bem.

Gerald Thomas

Obrigado Vampiro na correcao e edicao do texto, as always!

PS: nao posso dizer que estou “isento de Gil” na minha vida. Minha cia de teatro foi produzida, em Salvador pela GG producoes artisticas em 1990. M.O.R.T.E. (Movimentos Obsessivos e Redundantes pra Tanta Estetica) era o espetaculo: nao vou entrar em detalhes.

PS 2: ele foi muito gentil comigo logo apos a estreia do show “Sorriso do Gato de Alice” que fiz pra Gal em 94 (muitas musicas de Gil). Ele, pela 1 e unica vez, me deixou um recado carinhoso naquelas secretarias eletronicas que haviam antigamente: com K7 e tudo.

PS 3: EDITORIAL da FOLHA de S Paulo de 1 de AGOSTO:

“POUCO PUBLICO”

Pouco público

INFELIZMENTE , a notícia de que Gilberto Gil deixa o Ministério da Cultura parece dizer mais respeito ao chamado “jornalismo de celebridades” do que aos assuntos de Estado. Grande parte desse efeito se deve, como não poderia deixar de ser, ao seu renome como artista e ao magnetismo de sua personalidade.
Ocorre que um dos principais méritos de Gilberto Gil foi justamente o de emprestar sua própria visibilidade midiática a um ministério cronicamente sem verbas e sem presença nas prioridades do governo.
A perene carência orçamentária não é a única justificativa para a inação do Ministério da Cultura. Em questões de grande importância, como a da Lei Rouanet e a dos direitos autorais, Gilberto Gil procurou movimentar o debate, sem poder traduzi-lo em propostas concretas de transformação.
São notórias, a esta altura, as distorções criadas pela atual legislação de incentivo à cultura. Apoiaram-se, com os recursos do contribuinte, projetos que teriam condições de se sustentar sem subsídios. A população carente de ofertas culturais e as instituições formadoras de talentos ficaram de lado.
É que as necessárias correções na Lei Rouanet -instrumento que tem a grande virtude de conter o aparelhamento político da cultura- esbarram tanto numa falta de real interesse político do governo para implementá-las, quanto no excesso de interesses, muito reais, dos setores que se beneficiam do sistema em vigor.
Refletem-se com isto, na verdade, as clássicas dificuldades em encarar o acesso à cultura, sua preservação e fomento, como uma questão de natureza pública, que transcende tanto as pressões corporativas quanto as tentações do dirigismo estatal.
Gilberto Gil pôde dar “publicidade” à pasta da Cultura. Não foi o suficiente, todavia, para colocá-la de fato como parte atuante do serviço público brasileiro.

Enviado por: gthomas - Categoria: artigos