quinta-feira, 25 de abril de 2024

Pedro Pomar: Um Maoista Necessário no Século XXI Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior (Mestre em Estudos Literários/UFMG)

Pedro Pomar: Um Maoista Necessário no Século XXI Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior (Mestre em Estudos Literários/UFMG) Essa coletânea de textos de Pedro Pomar, jornalista e militante comunista assassinado em 1976 pela ditadura brasileira na Chacina da Lapa, demonstra mais uma vez mostra a potência desse pensador engajado. Sendo assim, é com satisfação que disponibilizamos essa reunião de seus artigos e discursos, muitos de difícil acesso, outros há muito tempo inéditos. Ele faz o atualíssimo elogio de Stálin e suas contribuições à ciência militar, num momento histórico em que Stálin está sendo justamente revalorizado enquanto pensador. Compreender o pensamento e a contribuição teórico/prática de Stálin tem sido premente e, dia após dia, Stálin retorna ao lugar de onde não deveria ter saído no pensamento marxista-leninista. Pomar utiliza corretamente o termo, usando a expressão marxismo-leninismo-stalinista; o uso do termo “stalinismo” historicamente foi rejeitada pelo próprio Stálin, que ressaltou ser apenas um aplicador de Lênin, mas esse uso que Pomar consagra é um uso correto, assim o pensamento é encadeado de forma indissociável do leninismo. Outro momento em que esse livro coleta um documento necessário é a Carta dos 100, documento que mostra como o atual PCB de José Paulo Netto e de outros trotsko-lukacsianos já nasceu com as características que reaparecem hoje, no racha entre os “jonesianos do RR” e os “Bezerras do Comitê Central”: autoritarismo da cúpula (deturpação de diretrizes de forma autoritária, sem passar por Congresso), revisionismo no sentido de tirar tudo o que é revolucionário em prol de se ligar ao estado, oportunismo eleitoral indissociável da suicida via pacífica como caminho das concessões. Ou seja: o DNA autoritário do PCB existiu desde o seu nascimento em 1962, aliás, esse documento comprova que o degenerado PC de Iasi, Manzano e Netto nasceu ali, devendo o próprio nome a uma concessão à exigência dos “patridiotas” de então de um partido comunista “brasileiro”. Igualmente, Pomar registrou o momento exato em que Prestes começou a degenerar, corretamente atribuindo a ele o papel de líder do kruschevismo no Brasil. Esse papel nefasto de Prestes enquanto revisionista não foi processado até hoje. A direita o execrou como comunista e o a esquerda o preserva como cavaleiro da esperança. Nesse ponto, mais uma vez quem devemos consultar, quem tem razão é Pedro Pomar. Muitos textos guardam grande atualidade e sintonia com as interpretações atuais. Mais do que nunca é preciso desmascarar o falso patriotismo dos militares, infelizmente, serviçais dos piores inimigos da pátria. Pomar denunciou isso no texto O Povo Conquistará sua Verdadeira Independência. A conclusão de Pomar é que 1817 é que foi o marco da nossa independência, posição na qual Pomar converge com Nildo Ouriques, é muito lúcida. Como a revolução republicana estava para acontecer, o império organizou o arranjo conservador de 1822, mantendo toda a malha feudal e colonial. Igualmente, Pomar foi profético quando ressaltou que, quando um revisionista vomita o asqueroso slogan “socialismo e liberdade” é para disfarçar que quem fala nisso quer abolir a liberdade de debate, por exemplo, sobre Stálin; via de regra, quem fala em socialismo e liberdade é sempre muito mais autoritário do que qualquer seguidor de Mao, Stálin ou Pol Pot. Suas reflexões, sejam sobre a Grande Revolução Proletária, o momento histórico trágico em 1972 ou o Araguaia, são agora, quando a esquerda revolucionária renasce das cinzas, mais atuais e prementes do que nunca.

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