domingo, 5 de maio de 2024

As Três vias de desenvolvimento do Capitalismo Marechal Kota Zhu De

As Três vias de desenvolvimento do Capitalismo Marechal Kota Zhu De Marechal Kota Zhu De · Follow 10 min read · Apr 9, 2024 1 Abraham Lincoln — representante da via de desenvolvimento revolucionária do capitalismo Otto Von Bismarck — representante da via de desenvolvimento reformista do capitalismo Getúlio Vargas — representante da via de desenvolvimento burocrática do capitalismo Introdução O capitalismo de maneira alguma se desenvolveu de forma unitária para todos os países do mundo. Pelo contrário, dependendo de como se desenvolvia as sociedades, a relação entre as classes sociais existentes e seu papel de liderança e aliança em seus processos de implementação do capitalismo, acabaram por gerar formas diferentes de desenvolvimento do capitalismo. O próprio Grande Lenin, A Chefatura da Grande Revolução Socialista de Outubro da Rússia, descreveu em seu texto “O programa agrário da socialdemocracia na Revolução Russa” que havia duas formas de desenvolvimento capitalista: a via de desenvolvimento do capitalismo agrário do tipo prussiano e a via de desenvolvimento do capitalismo agrário do tipo norte-americano. Na primeira forma, o capitalismo agrário do tipo prussiano se desenvolve de forma muito lenta, onde o senhor feudal lentamente se transforma em um capitalista e há decênios de humilhação, ignorância e miséria do campesinato. Na segunda forma, por outro lado, há uma varredura da propriedade latifundiária, logo, o agricultor na terra livre, limpa de todos os restos feudais, se converte na base da agricultura capitalista. Essa é forma de desenvolvimento do capitalismo agrário do tipo norte-americano, reconhecida por Lenin, como “O MAIS RÁPIDO DESENVOLVIMENTO DAS FORÇAS PRODUTIVAS nas condições mais favoráveis para a massa do povo dentro dos marcos do capitalismo.” [1] Há ainda, no entanto, uma terceira via, que por sua vez tem suas origens Presidente Mao Tsé-Tung e o Presidente Gonzalo, ambos componentes da espada do Maoismo, que, por sua vez, analisaram e explicaram uma forma de capitalismo qualitativamente diferente das já citadas, o capitalismo burocrático, o qual, aliás, é presente inclusive em todos os países do Terceiro Mundo. E, além disso, levando sua forma de implementação e como este se desenvolve, podemos dizer que é uma terceira de via de desenvolvimento do capitalismo, a via burocrática. Tendo dito tudo isso, vamos agora começar de fato o artigo, explicando todas as três vias de desenvolvimento do capitalismo. A Via Revolucionária de Desenvolvimento do Capitalismo A via revolucionária ou também conhecida como “via norte-americana” é a via de desenvolvimento do capitalismo que foi implementada principalmente nos EUA e na França. Nessa via de desenvolvimento do capitalismo, a Burguesia enquanto classe revolucionária se alia ao campesinato como aliado principal e conduz um processo de Revolução Agrária, onde há a liquidação e destruição do feudalismo e o acesso à terra democratizado, isto é, a terra dada aos camponeses. Aqui a Burguesia constituiu seu regime político, ou seja, a ditadura da burguesia e propriamente o capitalismo. Essa via de desenvolvimento do capitalismo gera um rápido desenvolvimento produtivo e condições mais favoráveis ao bem-estar das massas (dentro dos marcos possíveis dentro do capitalismo). E, além disso, representa um período histórico em que a Burguesia ainda era uma classe revolucionária, a qual se levantava contra a Velha Ordem Feudal. A Via Reformista de Desenvolvimento do Capitalismo A via reformista ou via prussiana é a via de desenvolvimento do capitalismo que se expressou principalmente na Alemanha, na Itália e no Japão. Ao contrário da via revolucionária, onde a Burguesia se unia ao campesinato para fazer a Revolução Agrária, agora a Burguesia se une aos Latifundiários e demais classes dominantes e impõe uma repressão pesada ao campesinato, mantendo principalmente o regime de servidão no campo e o senhor feudal como seu proprietário. Além disso, paulatinamente os laços feudais vai se convertendo em uma propriedade capitalista através dos Junkers, os grandes proprietários de terras. Essa via de implementação do capitalismo gera condições de vida muito piores (se comparado com a primeira via) para as massas e há lento desenvolvimento produtivo. Ademais, vale salientar que essa via representa um processo de reacionarização da burguesia, quando ela já deixava de ser revolucionária, como já demonstrado em 1848 com a Primavera dos Povos, principalmente na Contrarrevolução na Prússia causada pela traição da burguesia. A Via Burocrática de Desenvolvimento do Capitalismo Há um terceiro caminho de desenvolvimento do capitalismo que, de maneira nenhuma é igual ao caminho de desenvolvimento do capitalismo do tipo norte-americano, isso porque não há uma Revolução Agrária dirigida pela Burguesia aliada ao campesinato contra a Velha Ordem Feudal e, mesmo que tenha certas semelhanças com a via reformista ou a via prussiana de desenvolvimento do capitalismo, não é impulsionada pelas forças sociais internas, isto é, pela sua própria burguesia, mas sim por uma país imperialista, com seu capital imperialista se fundindo com o capital feudal, gerando o capital burocrático. Essa via burocrática de desenvolvimento do capitalismo está vigente em todos os países do Terceiro Mundo (incluindo o Brasil). Agora, explicando de fato o que é o capitalismo burocrático, o Presidente Gonzalo, em seu documento a “Linha da Revolução Democrática (PCP)” descreveu o capitalismo burocrático da seguinte forma: “Tomar a tese do presidente Mao nos ensina que ele [o capitalismo burocrático] tem cinco características: 1) é o capitalismo que o imperialismo desenvolve em países atrasados, que compreende capitais dos latifundiários, dos grandes banqueiros e dos magnatas da grande burguesia; 2) explora o proletariado, o campesinato e a pequena burguesia e restringe a burguesia média; 3) passa por um processo pelo qual o capitalismo burocrático é combinado com o poder do Estado e se torna um capitalismo monopolista estatal, comprador e feudal, do qual deriva que, a princípio, ele se desenvolve como grande capital monopolista não estatal e, em um segundo momento, quando combinado com o poder do Estado, ele se desenvolve como um capitalismo monopolista estatal; 4) amadurece as condições da revolução democrática ao atingir o ponto culminante de seu desenvolvimento; e 5) confiscar o capitalismo burocrático é chave para concluir a revolução democrática e para avançar à revolução socialista. Ao aplicá-lo, ele concebe que o capitalismo burocrático é o capitalismo gerado pelo imperialismo em países atrasados, vinculado à feudalidade já caduca e submetido ao imperialismo, que é a última fase do capitalismo, que não serve às maiorias, mas aos imperialistas, à grande burguesia e aos latifundiários (…) conformam, portanto, um capitalismo burocrático que oprime e explora o proletariado, o campesinato e a pequena burguesia, e que restringe a burguesia média. Por quê? Porque o capitalismo que se desenvolve nesses países é um processo tardio e só consente uma economia aos interesses imperialistas. É um capitalismo que representa a grande burguesia, os latifundiários e campesinato rico do velho tipo, classes que constituem uma minoria e exploram e oprimem as grandes maiorias, as massas.” [2] Em síntese, o capitalismo burocrático é a forma de capitalismo gerado pelos países imperialistas nos países semicoloniais e coloniais, o qual se aproveita das relações das antigas relações feudais e as aprofunda junto com o desenvolvimento de um capitalismo atrasado, impedindo também o desenvolvimento autônomo da economia nacional. Isso porque se sustenta na subjugação estrangeira e na dominação do latifúndio no campo. Dessa forma, o capitalismo burocrático já nasce atado a semifeudalidade e, por causa disso, desenvolver o capitalismo não acabará por limpar as relações semifeudais aqui existentes. Agora vamos para outra questão: que classes compõem um país do tipo capitalista burocrático? Podemos dizer que em todo país capitalista burocrático há: A Grande Burguesia Burocrática, com suas frações do tipo propriamente burocrática e a compradora. A propriamente burocrática representa principalmente os grandes industriais que prestam serviços ao Estado Burguês-Latifundiário. Já a compradora representa os Grandes Barões do Comércio (Banqueiros e Grandes comerciantes) geralmente ligados a monopólios privados e internacionais; Os Latifundiários feudais, os quais representam a aplicação das relações servis no campo, prendendo os homens à terra (camponeses) e tendo a propriedade fundiária da terra para sustentar seu poder; O campesinato, com seu conjunto (principalmente pobre) e médio e rico campesinato, representando os homens presos à terra e que possuem contradições principalmente com os Latifundiários, classe dominante no campo responsável pela servidão dos camponeses, que se aproveitam de modalidades feudais para explorar os camponeses, como por exemplo, o regime de barracão1; O Proletariado, a última classe da história e a única que tem possibilidade de dirigir a revolução, que vende de sua força de trabalho em troca de um salário, que nada mais é uma parte do valor que o mesmo produz no seu trabalho, o qual é extraído em forma de mais-valia pelo capitalista; O Semiproletariado, que ainda possui parte dos meios de trabalho (constituindo-se em um setor arruinado que oscila entre pequena burguesia e proletariado, em acelerada proletarização). Aqui se pode citar como exemplo, os motoristas de Uber; A Pequena burguesia, uma classe com muita energia, que está entre a Grande Burguesia e o Proletariado. Pode se dar o exemplo artesãos, trabalhadores autônomos e pequenos proprietários no geral como representantes dessa classe. Além disso, se pode dizer que essa classe há já uma mencionada grande energia, mas que pode se desviar tanto para direita como para esquerda, isto é servir à burguesia ou ao proletariado; A Burguesia Genuinamente nacional, que é uma classe exploradora objetivamente, no entanto, possui contradições com as demais classes dominantes e principalmente com o imperialismo e, ademais possui pouco ou nenhum espaço no Estado Burguês e suas empresas são destinadas genuinamente à produção nacional, sem se abrir de fato para monopólios estrangeiros. Ademais, há as “Três Linhas do Capitalismo Burocrático”, ou seja, TrêS formas de manifestação do capitalismo burocrático, as quais foram descritas pelo Presidente Gonzalo: “Introduz a linha latifundiária no campo mediante leis agrárias expropriatórias que não apontam a destruir a classe latifundiária feudal e sua propriedade senão evoluí-las progressivamente mediante a compra e pagamento da terra pelos camponeses. A linha burocrática na indústria aponta a controlar e a centralizar a produção industrial, no comércio, etc., pondo-os cada vez mais em mãos monopolistas a fim de propiciar uma acumulação mais rápida e sistemática do capital, em detrimento da classe operária e demais trabalhadores, naturalmente, e em benefício dos maiores monopólios do imperialismo em consequência; neste processo tem grande importância a poupança forçosa a que se submete aos trabalhadores, como se vê na lei industrial. A linha burocrática no ideológico consiste no processo para moldar a todo o povo, mediante meios massivos de difusão, especialmente, na concepção e ideias políticas, particularmente, que sirvam ao capitalismo burocrático; a lei geral de educação é a expressão concentrada desta linha, e uma das constantes desta linha é seu anticomunismo, seu antimarxismo aberto ou solapado.” [4] Vamos analisar como essas três linhas se manifestam no nosso país. A linha latifundiária no Brasil se manifesta no campo a partir de leis agrárias expropriatórias, que são propagandeadas como “Reforma Agrária”, que longe destruir o latifúndio, acabam por o alongar, deixando basicamente os trabalhadores rurais em uma condição precária, sem condição de plantar, tendo que vender a sua força de trabalho para o latifúndio depois e inclusive suas terras. A linha burocrática na Indústria no Brasil aparece a partir da tendência da centralização e da monopolização de toda a produção nacional, a fim de aumentar do capital burocrático e precarizar cada vez mais a vida das massas. A linha burocrática no ideológico no Brasil se manifesta a partir da defesa do capitalismo burocrático por meios de comunicação, da educação e da cultura. Isso é notável, por exemplo, na clássica propaganda da Globo “AGRO É POP”, no próprio projeto do “Novo Ensino Médio”, que substituiu disciplinas científicas por disciplinas farsantes, além de aumentar o abismo entre as escolas, precarizando assim a educação pública. E, como o último exemplo, podemos citar o clássico exemplo vindo de muitos direitistas que é a demonização do principal inimigo do capitalismo burocrático: o marxismo. O Caminho da Revolução nos Países Capitalistas Burocráticos Diante do exposto, ainda falta uma última pergunta a ser respondida: qual é o caminho que deve ser tomado para engendrar a Revolução, ou melhor, qual é a forma e o conteúdo da Revolução em países do tipo Capitalista Burocrático? De maneira alguma poderá ser tomado o caminho de uma Revolução Socialista de imediato, uma vez que a principal contradição não está entre proletariado e burguesia, mas sim entre o campesinato pobre e o sistema latifundiário, o que exige uma tarefa democrática. Ao mesmo tempo que não se pode falar de uma Revolução Democrático-Burguesa, uma vez que a nossa Grande Burguesia é reacionária e vive do capitalismo burocrático. E, mesmo que a pequena burguesia e média burguesia tenham pretensões progressistas, não possuem forças pra dirigir a Revolução, pois tem medo do comunismo. Ora, então “O que Fazer?” A isso, o Presidente Mao Tsé-Tung responde com a Revolução Democrática de Novo Tipo ou Revolução de Nova Democracia Ininterrupta ao Socialismo. [4] Em síntese, cabe ao Proletariado em formada aliança operário-camponesa por meio do Partido Comunista junto com uma aliança com as demais classes oprimidas, conduzir uma Revolução Democrática cujo eixo central é a Revolução Agrária, uma vez que a contradição principal é entre Camponeses x Latifundiários e, sendo assim, barra a condição semicolonial e semifeudal, destruindo-as e assim avança ininterruptamente para o socialismo. Escrito por Kota Notas 1 — O regime de barracão funciona assim, nesse caso, o semiproletário do campo, levado à fazenda como assalariado devido a um longo processo de expropriação pelo latifúndio feudal-burguês, é convertido rapidamente em servo. Ele, aparentemente assalariado, é obrigado a comprar com o senhor os bens de consumo a preços hiperinflacionados, forma através da qual o senhor, na prática, toma-lhe o “salário” que lhe pagou. Na prática, o camponês pobre sem nenhuma terra trabalha na terra do senhor, entregando-lhe a renda-dinheiro, trabalho gratuito, torna-se preso à terra. Bibliografia: [1] El programa agrário de la socialdemocracia russa em la primera revolución rusa de 1905–1907 — Lenin, 1908 [2] Como o marxismo-leninismo-maoismo compreende o capitalismo burocrático — Movimento Popular Peru (Comitê de Reorganização). Publicado na Revista o Maoista n 1 (setembro de 2016). Disponível em: https://serviraopovo.com.br/2020/02/25/como-o-marxismo-leninismo-maoismo-compreende-o-capitalismo-burocratico/ [3] A problemática nacional — Presidente Gonzalo, 1974. Disponível em: https://serviraopovo.wordpress.com/2021/10/10/a-problematica-nacional-presidente-gonzalo-1974/ [4] Sobre a Democracia Nova — Mao Tsé-tung, janeiro de 1940. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/mao/1940/01/democracia.htm

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