Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
quarta-feira, 17 de março de 2010
Jornalismo de Resistência traz Experiência Hondurenha ao Debate no Brasil
Periodismo de resistencia hondureño en Brasil
Periodismo de resistencia trae experiencia hondureña al debate en Brasil
Karol Assunção *
Adital -
Discutir los desafíos del periodismo de resistencia, es el objetivo que el Sindicato de Periodistas de Santa Catarina presenta, en la edición de este mes del Círculo de la Palabra, al periodista hondureño Rony Martínez, reportero de Radio Globo del país centroamericano. A partir de mañana (16) y hasta el día 22, Martínez discutirá -en diversos espacios- con estudiantes y profesionales de comunicación sobre la importancia y los desafíos de promover un periodismo de resistencia en los diferentes países.
La elección del periodista hondureño para debatir sobre soberanía comunicacional no fue a la ligera. Reportero de Radio Globo Honduras, Martínez vivió -y todavía vive- el periodismo de resistencia en el país centroamericano. Después del golpe de Estado que destituyó a Manuel Zelaya del poder, en junio del año pasado, la Radio asumió el desafío de resistir al gobierno de facto y dar voz a la población.
En la opinión de Elaine Tavares, miembro del Consejo Fiscal del Sindicato de Periodistas de Santa Catarina, el periodismo de resistencia representó la "punta de lanza en el proceso de resistencia del país". Para ella, la Radio Globo se destaca en esa área, pues, incluso siendo una radio comercial, enfrenta el golpe y garantiza que la población tenga voz. "Está al servicio de las mayorías", considera.
De acuerdo con Elaine, antes del 28 de junio, Radio Globo Honduras era "sólo una radio comercial más en el país", sin mucha audiencia (cerca del 30%, según la periodista), lo que cambió completamente después de asumir la postura de resistencia. Ella comenta que, después del golpe, la Radio pasó a ser una de las pocas emisoras que "decía la verdad". A fines del año pasado, ya tenía más del 80% de la audiencia. Esto porque, según Elaine, las personas comenzaron a darse cuenta de que la Radio no era igual a las otras, pues les daba voz a los hondureños y a las hondureñas.
Elaine cita el programa comandado por el periodista David Romero, que sale al aire a las 6h en la Radio, como ejemplo de espacio dedicado a la participación de los oyentes. En el programa, personas de varias partes del país revelan la situación de la resistencia, a diferencia de otras radios, que según la periodista, sólo muestran el lado de los "golpistas". "Es interesante porque, incluso siendo comercial, la Radio asume el riesgo [de resistir]. Tanto que fue cerrada dos veces por el Ejército", resalta.
Periodismo en Brasil
Además de compartir con estudiantes y profesionales de comunicación la experiencia vivida en estos casi nueve meses de golpe, las charlas de Martínez también tendrán el objetivo de incentivar la práctica del periodismo de resistencia en Brasil. En la opinión de la periodista Elaine Tavares, a pesar de que Brasil no pasa actualmente por una crisis política como en Honduras, necesita un periodismo de resistencia.
Para ella, la idea de este periodismo es justamente garantizar la visibilidad de la población. "Las personas comunes no participan en los grandes medios", comenta. De acuerdo con Elaine, los periodistas entran en los medios comerciales y no se esfuerzan -a veces no resisten- en dar voz a la población. A causa de ello, ella cree que el gran desafío ahora es "conseguir tocar el corazón de los periodistas".
La programación completa de las conferencias con Rony Martínez está disponible en el sitio web del Sindicato: http://www.sjsc.org.br
Traducción: Daniel Barrantes - barrantes.daniel@gmail.com
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Sala de Debate sobre o Woodstock

http://roomfordebate.blogs.nytimes.com/2009/08/09/from-woodstock-to-sarah-palin/?scp=4&sq=Woodstock&st=cse&apage=5#comments
Meu comentário: não vejo Woodstock como evento político, tomemos como exemplo o fato de que líder estudantil Abbie Hoffman foi expulso do palco quando quis discursar -- e pela banda The Who -- como se fosse um chato qualquer.
A frase apropriada para refletir de modo pertinente sobre o acontecimento é do Pasolini: a tecnocracia quer que a cultura burguesa seja destruída; a contracultura quer destruí-la.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
De Volta ao Embrião
De volta ao embrião
Marcelo Coelho*
A discussão a respeito já foi bem longe, e talvez nunca termine. Mas são interessantes os argumentos que leio na última Quinzaine Littéraire (16-31 de março) a respeito da vida (ou não) do embrião humano.
O filósofo Francis Kaplan acaba de publicar um livro sobre o tema, L´embryon est-il un être vivant? (Le Félin, ed.), e transcrevo aqui alguns trechos de sua entrevista a Lucette Finas. A primeira coisa que me surpreendeu lendo seu livro é que a afirmação da Igreja Católica segundo a qual o embrião é vivo desde a concepção não provém da fé, contrariamente ao que se pensa geralmente (...)
Francis Kaplan- O fato –geralmente ignorado—é que a Igreja considerou, de modo absolutamente explícito e oficial, até meados do século 19, que o embrião só se torna um ser vivo, e que o aborto só é portanto homicídio, a partir do 40º. dia depois da concepção –e, para as meninas, a partir do 80º. dia. É o que diz São Tomás de Aquino, o teólogo que mais autoridade possui na Igreja Católica: é o que repetem Sixto 5 e Gregório 14; é o que ensina o catecismo romano de Pio 4 e Pio 5. E se a Igreja mudou depois, não é por razões teológicas, mas –como diz Bento 16—em função do que ela acredita ser afirmado pela ciência moderna. É possível, então, uma discussão, e, evidentemente, no puro terreno científico e epistemológico. (...)
Como a ciência –ou a epistemologia—pode demonstrar que o embrião não é um ser vivo desde o momento da concepção? Francis Kaplan—É preciso distinguir entre “estar vivo” e ser “um ser vivo”. Pode-se dizer que um embrião está vivo no mesmo sentido com que se pode dizer que meu olho, porque pode ver, está vivo em oposição a um olho cego, que pode ser considerado um olho morto, e que minha mão, porque ela pode pegar um objeto, é uma mão viva em oposição a uma mão paralisada, que pode ser considerada uma mão morta no mesmo sentido em que se fala de folhas mortas, tecidos mortos, células mortas. Mas nem meu olho nem minha mão são seres vivos. Um ser vivo é um ser que tem funções chamadas, precisamente, de funções vitais, de tal modo que formam um sistema, que não necessitam de nenhuma outra função para mantê-lo vivo, de tal modo que se uma delas não funciona, nenhuma outra funciona e então o ser se decompõe. Minha mão, meu olho, têm uma função (pegar, ver), mas não têm funções que os mantenham vivos; são mantidos vivos apenas graças ao ser vivo ao qual pertencem, no caso, eu, que sou um ser vivo (...) Quanto ao embrião, ele não tem praticamente nenhuma função vital; as funções vitais de que ele precisa para estar vivo são as da sua mãe. É graças à função digestiva da mãe que ele recebe o alimento digerido de que tem necessidade e do qual não poderia tirar proveito se a mãe não o tivesse digerido; é graças à função glicogênica do fígado da mãe que ele recebe a glicose de que necessita; é graças à função respiratória da mãe que os glóbulos vermelhos de seu sangue terão o oxigênio de que ele necessita; é graças à função excretória da mãe que ele expulsa as matérias nocivas, os detritos que de outro modo o envenenariam.
Isso significaria que o embrião é uma parte da mãe, como o olho é uma parte do ser vivo ao qual pertence. Mas o embrião também não provém do pai? E como se pode ser ao mesmo tempo uma parte de um ser vivo –a mãe—e uma parte de outro ser vivo –o pai? Não se deveria concluir que ele é um novo ser independente tanto da mãe quanto do pai?
Francis Kaplan—Mas como pode ele ser um ser vivo se não possui as funções vitais que o mantêm em vida? Com toda a certeza, ele não é uma parte do pai uma vez que não é o pai que o mantém vivo (...)
Não se pode pelo menos dizer que um embrião é um ser vivo em potência e que destruir um ser vivo em potência é quase tão grave quanto destruir um ser vivo “em ato”, uma vez que um ser vivo em potência, se não o destróem, haverá necessariamente de tornar-se, salvo por um intercorrência acidental, um ser vivo “em ato”?
Francis Kaplan—(...) Uma folha de papel não se torna um desenho a não ser pela intervenção de um fator externo ao papel –o desenhista—e ninguém pensará que destruir um papel é quase tão grave quanto destruir um desenho. Uma semente de carvalho é um carvalho em potência, pois o solo onde está plantada só desempenha um papel nutricional, e sua passagem do estado de semente ao estado de carvalho só se deve a fatores internos à semente. Costuma-se pensar que é a mesma coisa com o embrião. Na verdade, não é assim: os trabalhos científicos mais recentes em embriologia mostram o papel necessário da mãe. Não é o embrião que se desenvolve, é a mãe que o desenvolve. (...) Ninguém conseguiu fazer que um embrião se desenvolvesse apenas colocando-o num ambiente que o nutrisse; só se obtém com isso uma multiplicação desordenada de células.
*Articulista da Folha de São Paulo.