Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
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terça-feira, 11 de agosto de 2009
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Maysa, Cash, Brokeback, etc
A Globo passou recentemente um filme sobre o Johnny Cash e sua amada June Carter. Interessante, mas uma biografia de astro de música popular tem papos sobre drogas, um clichê. Mas quem iniciou Cash nas bolinhas foi Elvis, segundo o filme. Ring of Fire, tenho essa música aqui. Mas gosto mais de If I were a Carpenter. Ele cantou com a June? No cedê, Cash é um pouco monocórdico, fico nostálgico da balada The Wanderer do U2. Foi lá que conheci Cash.
No sábado seguinte o Supercine revelou O Segredo de Brokeback Moutain, o "filme do caubói viado", como dizem os detratores. Eles pescavam baiacu, dizem. Anyway, esse filme já está na história do cinema. Vi Ghiraldelli falar sobre esse filme. Ele repetia a palavra gay especulando sobre epistemologia gay, pragmatismo gay, filosofia gay, algo assim. E terminava tudo sendo anti-gay. Ele curte é a ontologia dos Bee Gees e sexualmente e politicamente ele é Nabokov, Nabokov, Nakobov. Como Caio Túlio Costa, que dizia que a Madonna emite tantos sinais hiper-sexuais que ela é broxante. Mas o filme Brokeback é sobre ser autêntico na vida, afastar a má fé. Carpe diem.
Maysa começou bem, vejo na web. Maysa foi citada no Deus da Chuva de Mautner. Maysa e seu uísque existencial. Escuto Maysa e o mundo está cada vez mais caindo, cada vez mais na fossa, cada vez mais Maysa. Chutei o balde, o móvel: ne me quitte pas. Brel com Maysa, Bélgica triste com saudade bossanovística. Fissura ôntica, como dizia Caio Fernando Abreu. Gerald versus Zeca, aliado de John que é Direto da Redação onde Rui Martins indiretamente eu acho que critica Laerte que critica Reinaldo e a web balcaniza-se. War for Territory, dizia o Sepultura. Warfare state, dizem em Manhattan e aí rola a Connection.
No sábado seguinte o Supercine revelou O Segredo de Brokeback Moutain, o "filme do caubói viado", como dizem os detratores. Eles pescavam baiacu, dizem. Anyway, esse filme já está na história do cinema. Vi Ghiraldelli falar sobre esse filme. Ele repetia a palavra gay especulando sobre epistemologia gay, pragmatismo gay, filosofia gay, algo assim. E terminava tudo sendo anti-gay. Ele curte é a ontologia dos Bee Gees e sexualmente e politicamente ele é Nabokov, Nabokov, Nakobov. Como Caio Túlio Costa, que dizia que a Madonna emite tantos sinais hiper-sexuais que ela é broxante. Mas o filme Brokeback é sobre ser autêntico na vida, afastar a má fé. Carpe diem.
Maysa começou bem, vejo na web. Maysa foi citada no Deus da Chuva de Mautner. Maysa e seu uísque existencial. Escuto Maysa e o mundo está cada vez mais caindo, cada vez mais na fossa, cada vez mais Maysa. Chutei o balde, o móvel: ne me quitte pas. Brel com Maysa, Bélgica triste com saudade bossanovística. Fissura ôntica, como dizia Caio Fernando Abreu. Gerald versus Zeca, aliado de John que é Direto da Redação onde Rui Martins indiretamente eu acho que critica Laerte que critica Reinaldo e a web balcaniza-se. War for Territory, dizia o Sepultura. Warfare state, dizem em Manhattan e aí rola a Connection.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Segredos de Alcova de Coquita Rugello: Minha Vida, Meus Amores
Lúcio E. do E. S. Júnior
O livro de memórias de José Vicente dos Santos (Minha Vida, Meus Amores, Brasília, 2008) do famoso gay bom-despachense Zé Toniquinho, é claramente um livro com um co-autor: Pedro Rogério Couto Moreira, filho do ex-presidente da Academia Mineira de Letras. A editoração é cuidadosa, realizada em Brasília; o livro conta com fotos coloridas e papel de muito boa qualidade. Faltou, no entanto, um índice para essa narrativa de mais de 150 páginas.
O gênero “memórias” talvez seja aquilo que fica melhor definido em termos de gênero dentro desse livro. Afinal, o gênero sempre foi o grande problema do autor: José é uma alma de mulher dentro de um corpo de homem. A identificação do autor (afinal, o sexo é um suplemento, não bastando para definir a identidade de alguém), foi com a figura da puta, hetaira, messalina. E é assim que o leitor é levado a ler esse livro: colocando-se na posição de quem ouve uma cortesã leviana contar seus segredos de alcova. A linguagem, embora tenha passado pela pena de um letrado, foi mantida crua, o que faz com que o texto beire o pornográfico e não seja recomendável para todos os gostos: é, definitivamente, um livro para adultos, indicado para os mais debochados e brincalhões.
O livro mantêm a âncora no social nas primeiras páginas, enquanto descreve sua infância em meio ao drama da pobreza e da fome, com a família desfeita após o desaparecimento da mãe no Rio de Janeiro. Aí está o verdadeiro valor desse relato, aquilo que será objeto de estudo dos historiadores das mentalidades e monografias de final de curso para os psicólogos.
Após o capítulo sobre as primeiras safadezas, não se pode mais tanto falar no autor e sim em Coquita Rugello, personagem andrógina, travesti e picaresca que ele soube, muito bem, criar. Mais do que um co-autor, esse livro tem um cu-autor. Freud escreveu que, para os invertidos, a penetração per anum torna-se um sucedâneo do ato realizado com a mulher: parece estar falando de Minha Vida, Meus Amores. Nesse texto orientado para dar prazer ao leitor com a penetração do leitor dentro dos recantos mais íntimos do corpo e da alma do autor, tudo converge para o ânus, que se torna uma espécie de substituto da vagina primordial.
O ânus ávido da personagem, CU-AUTOR, é um anus horribilis que só é conciliável com a religião se costurado, conforme afirma o próprio José, é o monstro que devora padres e abala a ordem social, buraco negro que tudo suga, constituindo o centro de suas memórias. O mundo contado de José Toniquinho é aquilo que se pode esperar ao ouvir uma puta veterana no cais de um porto: delírios de mau gosto e fantasias fálicas misturando-se a instantes em que a hipocrisia social é toda posta a nu. Pode-se dizer que o livro termina numa estranha espécie de empreendedorismo do próprio ânus e marketing pessoal “orientado para o leitor”: na página 161, o autor proclama que tem 70 anos, está velho, mas ainda tem o rabo quente, está ativo e amando muito, como se estivesse convidando o leitor a procurá-lo para também fazer parte dessa história.
O livro de memórias de José Vicente dos Santos (Minha Vida, Meus Amores, Brasília, 2008) do famoso gay bom-despachense Zé Toniquinho, é claramente um livro com um co-autor: Pedro Rogério Couto Moreira, filho do ex-presidente da Academia Mineira de Letras. A editoração é cuidadosa, realizada em Brasília; o livro conta com fotos coloridas e papel de muito boa qualidade. Faltou, no entanto, um índice para essa narrativa de mais de 150 páginas.
O gênero “memórias” talvez seja aquilo que fica melhor definido em termos de gênero dentro desse livro. Afinal, o gênero sempre foi o grande problema do autor: José é uma alma de mulher dentro de um corpo de homem. A identificação do autor (afinal, o sexo é um suplemento, não bastando para definir a identidade de alguém), foi com a figura da puta, hetaira, messalina. E é assim que o leitor é levado a ler esse livro: colocando-se na posição de quem ouve uma cortesã leviana contar seus segredos de alcova. A linguagem, embora tenha passado pela pena de um letrado, foi mantida crua, o que faz com que o texto beire o pornográfico e não seja recomendável para todos os gostos: é, definitivamente, um livro para adultos, indicado para os mais debochados e brincalhões.
O livro mantêm a âncora no social nas primeiras páginas, enquanto descreve sua infância em meio ao drama da pobreza e da fome, com a família desfeita após o desaparecimento da mãe no Rio de Janeiro. Aí está o verdadeiro valor desse relato, aquilo que será objeto de estudo dos historiadores das mentalidades e monografias de final de curso para os psicólogos.
Após o capítulo sobre as primeiras safadezas, não se pode mais tanto falar no autor e sim em Coquita Rugello, personagem andrógina, travesti e picaresca que ele soube, muito bem, criar. Mais do que um co-autor, esse livro tem um cu-autor. Freud escreveu que, para os invertidos, a penetração per anum torna-se um sucedâneo do ato realizado com a mulher: parece estar falando de Minha Vida, Meus Amores. Nesse texto orientado para dar prazer ao leitor com a penetração do leitor dentro dos recantos mais íntimos do corpo e da alma do autor, tudo converge para o ânus, que se torna uma espécie de substituto da vagina primordial.
O ânus ávido da personagem, CU-AUTOR, é um anus horribilis que só é conciliável com a religião se costurado, conforme afirma o próprio José, é o monstro que devora padres e abala a ordem social, buraco negro que tudo suga, constituindo o centro de suas memórias. O mundo contado de José Toniquinho é aquilo que se pode esperar ao ouvir uma puta veterana no cais de um porto: delírios de mau gosto e fantasias fálicas misturando-se a instantes em que a hipocrisia social é toda posta a nu. Pode-se dizer que o livro termina numa estranha espécie de empreendedorismo do próprio ânus e marketing pessoal “orientado para o leitor”: na página 161, o autor proclama que tem 70 anos, está velho, mas ainda tem o rabo quente, está ativo e amando muito, como se estivesse convidando o leitor a procurá-lo para também fazer parte dessa história.
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