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domingo, 2 de fevereiro de 2025
Críticas a "Por que não sou marxista, de Frederico Krepe": A Épica dos Impotentes
1) Qum perguntou? Sabemos que Frederico Krepe é trabalhista do PDT lulista e adepto do Ciro por outro lado. Um homem que vive com os pés em duas canoas, duas variantes de oportunismo eleitoreiro. Por que diabos pipocaria na cabeça de alguém esta questão?? Krepe quer, na melhor das hipóteses reformas para o país. Na pior, algum cargo bem remunerado.
2)Toda a argumentação é construída em cima da ideia de "se o marxismo me satisfizesse filosoficamente, eu seria marxista." Isso é falso, visceralmente. A questão é vivência política no gerenciamento semicolonial, no oportunismo eleitoreiro, isso tudo lhe parece satisfatório. Não é problema filosófico do marxismo não levar Krepe a um orgasmo.
3)Krepe propõe uma loucura: ele quer cientificidade e abertura para o simbólico e a mística ao mesmo tempo. Ele cobra isso do marxismo. Krepe postula que sua mente tem apenas acesso indireto ao real. Para Krepe, a coisa em si é incognoscível, o númeno não coincide com o fenômeno (falta ler materialismo e empirocriticismo do Lênin). Outros revisionistas eleitoreiros oportunistas dão razão em parte a suas elocubrações, destas bestagens tão bestas (Jones Manoel, Heribaldo Maia). Heribaldo pensa que é correto ainda dizer que não temos acesso ao real e a coisa em si é incognoscível. Jones acredita que Lucien Goldmann e outros revisionistas resolveram esses problemas e que o simples evocar de seus nomes já traz algum tipo de exorcismo ou benção --e solução de alguma coisa. Jones devaneia, elocubra, mas não consegue entender o básico: o problema de Krepe é sua opção por reformar o capitalismo, mas se você ler O Capital você verá que ele não é reformável. Tudo o que é feito de bom em termos de reformas no tempo da bonança (direitos trabalhistas, aumento da classe média, estado de bem estar social) é desfeito no tempo da crise (com o agravante que agora, no século XX, crise redunda em fascismo por parte da burguesia).Krepe é, portanto, o liberal progressista que quer reformar o capitalismo selvagem em tempos de crise, em tempos em que ele será mais e mais selvagem. Ou seja, Krepe fracassará miseravelmente, quem sabe até em seu intento de adquirir lugares rendosos.
4) Quando está reclamando de pouca cientificidade, Krepe reclama que Marx debate ditadura do proletariado. Hora, hora, ela foi aplicada nos anos 30/50 por Mao e Stálin, logo procede sim, debater.
5) Isso no primeiro vídeo. No segundo, o mito do dogmatismo. Para Krepe, seria possível um físico dizer: sou ptolomaico, isso satisfaz minha crença de que estou no centro do mundo, minha visão de mundo. Ou Galileu dizer algo como: "não quero ser dogmático, então não posso dizer que a terra gira. Estou aberto aos argumentos de quem diz que está parada ou é plana". Krepe quer só amoitar a ideia de que todo cientista trabalha com uma hipótese e batalha por ela. E ao defendê-la, se ela for derrubada, outra pode ser criada a partir das críticas apresentadas.
6)Não tem nada, mas nada a ver não ser materialista e não ser marxista. Se você não é materialista, se você supõe que existem forças além da matéria, você pode especular sobre o sobrenatural. A dúvida que paira é se você pode exigir cientificidade se você em parte deixa de lado a possibilidade seriamente de conhecer a realidade objetiva. Krepe acredita que afasta essa ideia falando que é diferente ser naturalista e ser materialista. Mas creio que o ponto de Krepe é outro, é especular até que ponto o mundo que vemos é apenas criação de sua mente e das formas e predisposições da mente, se existe matéria anterior a ela ser aprendida pela nossa mente e outras considerações. Ou Krepe pode especular que, se pular da janela, alguma forma extramaterial pode te pegar pelo pé e te colocar de novo na janela. Por que não? Felizmente Krepe não é empirista ao ponto de experimentar algo assim, ele recusa o empirismo.
7) Krepe já se mostrou antistalinista ferrenho e recusa o Stálin com base na acusação lukacsiana de que ele é empirista. Mas Krepe parece confundir empirismo (a supremacia da experimentação sensível sobre o intelecto) com a capacidade efetiva de atuar e conhecer sobre o real a partir da experiência sensível, uma vez que existe a tal coisa em si misteriosa, o númenom não coincide com fenômeno. KREPE APENAS REPETE UMA ACUSAÇÃO A MARX QUE JÁ É FEITA A STALIN! Marx e Stálin, tudo a ver. Fica mais difícil negar que Stálin seja marxista e, além de ferrenho antistalinista, Krepe esteja agregando trotskismo para assim melhor negar o marxismo.
8) Acuado, Krepe recorre ao truque de separar Engels de Marx (em seus vídeos só há desses truques). Isso possibilita que tudo o que eu julgo errado atribua a Engels, o que está certo a Marx, sendo assim que me preservo de eu, euzinho, insignificante, estar tentando refutar o gênio. Estou como Trotsky, usando Marx de boneco de ventríloquo.
Enfim, Frederico Krepe não é marxista, é apenas um liberal progressista no tempo dos monopólios e do capitalismo apodrecido. É a famosa Épica dos Impotentes.
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