Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Sou ex-petista
Sou ex-petista. Fui vereador pelo PT de 2021 a 2024, o mais jovem na história da minha cidade, e candidato à prefeito pelo PT na última eleição em 2024, no Município de Carmo do Cajuru-MG. Na candidatura ao Executivo, embora tivéssemos uma boa desenvoltura para a nossa campanha, nos defrontamos com o antipetismo no seio da classe trabalhadora. Discordo absolutamente do Breno. O antipetismo se consolidou na classe trabalhadora, que se sente traída por Lula e pelo PT. Ou seja, o antipetismo tem razão de existir, não só por causa da campanha burguesa esperada de combate ao partido, mas principalmente por causa da adesão do PT ao neoliberalismo, que representa a deterioração progressiva das condições de vida do trabalhador e a redução dos seus horizontes. Essa escolha é uma incoerência, uma contradição irreconciliável, percebida pela consciência popular.
Como resultado, os petistas são cada vez mais uma parte diminuta e desmobilizada do eleitorado. Cheguei a conclusão após a campanha que não há qualquer possibilidade de disputar a consciência popular estando no PT. Essa “pátria petista” que Breno descreve não existe mais. O que existe é uma admiração da figura do Lula, mas que é totalmente despolitizada, desprovida, por escolha do próprio, de qualquer sentido de transformação profunda da realidade brasileira. Pelo contrário, o PT fez uma opção explícita pela adesão ao neoliberalismo, que é sentida pela povo como uma ideia de que o PT é parte do sistema, e não uma mudança. Encontrei, enfim, imensas dificuldades para que nossa candidatura fosse aceita, justamente por carregar o símbolo do PT, não só por parte da classe média, mas também por parte dos trabalhadores. Senti na pele que é falsa e ilusória essa ideia do Breno de disputar pela esquerda o que sobrou dessa “pátria petista”.
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Bom, após o resultado pífio das eleições Municipais, eu pensei que o Partido pudesse ser disputado para mudar sua política econômica, que é o cerne da aflição da classe trabalhadora. Triste engano. Participei do último Encontro Nacional do PT para dar posse aos eleitos para a direção partidária pelo PED (Processo Eleitoral Direito), e constatei, com meus próprios olhos, que a esquerda do PT está totalmente esmagada, e não representa nem 10% do Partido. No encontro, a nova direção do Partido reafirmou e aprofunda a sua opção por uma política de austeridade neoliberal, de privatizações, de ataques à direitos sociais, de cumplicidade ao imperialismo. Não há mais possibilidade de pensamento crítico no PT. Não faz mais sentido Valter Pomar, por exemplo, continuar dentro do PT, pois o campo hegemônico neoliberal, liderado por Lula, tem o controle absoluto da máquina e da opinião. Ao contrário do que Breno diz, não há espaço de mudança interna. Vejam bem, embora Breno defenda o PT, reparem como a própria direção do PT trata um dos seus principais intelectuais: fingem que ele não existe, o lança à irrelevância.
Essas situações foram, para mim, a gota d’água. Estou em processo de desfiliação. É tempo de construir a verdadeira esquerda, socialista, radical, sem medo de dizer quem é e qual o seu propósito, e especialmente, que ataque o neoliberalismo frontalmente que chicoteia a classe trabalhadora. O PT já morreu. O novo está prestes a nascer.” Anthony Alves Rabelo
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