quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Blognovela Penetrália: Os canibais estão na sala de jantar


Blognovela Penetrália, número...the torture never stops!

Episódio de réveillon: Os canibais estão na sala de jantar

(Sala de jantar. Os convidados estão a postos: Calígula está na cabeceira, de bata e coroa de louros; Vampiro Brasileiro é o garçon, enquanto Coffin Joe, Cintia Lennon Claude Diet Fábio Pipipi, Joseph Waltcheco, Divo da Eira são os convidados).

Coffin Joe: não são os mesmos velhos procedimentos, não. Hoje vamos comer algo unglauber.

Calígula: comer, fazer uma grande orgia e morrer?

Vampiro Brasileiro: o Serra, Vampiro Brasileiro, reich, putsch (faz sons ameaçando uma cuspida com desprezo).

Coffin Joe: vai passar uma minissérie sobre Dalva de Oliveira e Herivelto Martins de Maria Adelaide Amaral, sabe Calígula? Eu comprei a trilha sonora daquela da Maysa. Mautner e Maysa transaram? Eu vi uma minissérie da Maria Adelaide onde o personagem ia à Semana de Arte Moderna, era sobre um sopro no coração sabe, mas não tinha nada a ver com Clarice Lispector não, sabe, dizem que a mãe dela foi estuprada num pogrom na Ucrânia. Mas, falando da minissérie. O personagem via quadros da Semana e dizia que tinha visto, em Paris, exposições bem mais avançadas. Isso em 1922. Achei que foi como se Gerald Thomas tive saído num túnel do tempo e falasse pela boca daquele personagem. Aliás, hoje vamos comer torresmo, feijoada, tutu com torresmo, comida mineirinha, tá...

Calígula: Cocô não, já te disse Joe, porco come cocô.

Coffin Joe: Pois é. Pois é. Mas vamos agora para algo totalmente diferente, né? Você quer comer as receitas do Joseph Waltcheco?

Joseph Waltcheco: eu tive de engolir meus personagens, quero comer o crítico de teatro, o doido varrido, o Pato Donald no tucupi, sabe? Rabada, rabada com Lula e creme de limão, misturas instigantes, nouvelle cuisine.

Divo da Eira: eu li O Sexo do Crepúsculo do Jorge Mautner e ao ler aqueles dois soldados fazendo sexo no crepúsculo, eu me lembrei do meu pai na Wehrmacht e no partido comunista alemão e ao mesmo tempo eu quis assar um polvo imbecil; é como a frase de Hitler: ou é o escudo dourado dos germanos ou a escuridão do bolchevismo asiático e Mautner mostrou nesse livro que assim foi na Europa Oriental. Mautner transou com Maysa, foi mais um na multidão de amores.

Vampiro Brasileiro: assar polvo não, imbecil! Qualquer lugar para você é melhor do que o Brasil. Você tá se a-Sean-do? Isso é confusão mental! Vou pedir indenização de um milhão de dólares por propaganda desse software sempre livre nazi-stalinux aqui. Nazi-stali-heitorista-reinaldista-dilmista.

Fábio Pipipi: PI..pi...pi...agora Benazir Buto e Odete Roitman, as duas bichas, viraram Vampiro Brasileiro e Calígula! Voltem para o reduto, me enganem que eu gosto. Você viram o filme Bruno, do Sacha Baron Cohen? Aquilo é humor judeu? Vocês vieram da Áustria para serem popstars mais famosas que Hitler?

Coffin Joe: que tal uma Lula ao creme marinado? Marinado com maionese de marienne.

Cintia Lennon: isso de Lula para lá, Lula para cá, tou enjoada de Lula. Prefiro Lennon ou até mesmo Lênin.

Claude Diet: Eca! Eca com Creta! Comam pouco, mas não comam porco!

Coffin Joe: tem uma história que queria contar. Eu tinha um colega que fazia, diziam, loucuras bissexuais e ouvia Philip Glass. Ele montou Nietzsche, o Louco Poeta da Punheta. Começavam com Nietzsche se masturbando. Depois, teve um dia que um espetáculo meio maluco no Centro Cultural da UFMG e o diretor se parecia com Gerald Thomas, mas não era e...

Calígula: você já me cocô...digo, já me contou essa história. Mas nós viemos aqui para jantar nossos mortos. Somos os canibais na sala de jantar. Essa imagem de Gerald Thomas que você repete é horrível, essa imagem está morta, entendeu? É pura imagem, entendeu? UNGLAUBER?

Coffin Joe: Glauber. Ghost Writer. Suicide Notes. Beckett speaks. Einmalisch!

(Pano rápido. Trevas).

Zabriskie Point: cena final

Cena comentadíssima e estudada, na UFMG, pelo professor César Guimarães, por exemplo. Muito poética! Adoro!

El Topo, Jodorowsky

Encontrei essa dica de filme lendo Verdes Vales do Fim do Mundo, do Antônio Bivar, diretor de teatro que passou um ano em Londres entre 1970 e 71 e escreveu esse livrinho encantador, depois de ter convivido com Caetano Veloso, Jorge Mautner, Julinho Bressane, Sganzerla e visto shows de Grateful Dead e outros conjuntos daquele tempo. Ele não gostou desse filme. Eu adorei, é, digamos, um faroeste metafísico, farsesco e psicodélico, por essas imagens aí:



terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Fernando Arrabal Bêbado dá Vexame

Já tinha ouvido falar nesse, mas o vídeo é engraçado mesmo...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sou um Homem Morto



Muito bem: como é um homem morto?

Quem é que vê e prefere ver um homem morto?

Sou um homem morto.

Um poeta aniquilado.


Um poeta esfumado (bela conquista de Da Vinci - sfumato)


Muito bem: tenho poucas horas. Me procuram.


Sou uma espiral galáctica que se encerra e busca o núcleo, que se desfaz sobre si mesma, que se contém e logo explode.

Sou um homem morto e todos esperam a notícia. Apenas feito menor pela pobreza dos detalhes, a pobreza do obituário...me arde a pouca beleza do meu epitáfio.

Não mandarei cartas e revisarão de maneira póstuma o que agora escrevo.

Pouca profundidade deu o tempo ao fóssil e assim, os ossos foram pasto de museus, estudo para os sábios, folclore para os humanóides.

Levanto cedo e simulo ser cidadão. Mostro a todos a cicatriz dos cravos. Santo Tomás toma de novo sua lança, escava e apenas crê que a morte é o final de uma ilusão.

Sou um homem morto.

E ninguém acredita.

Fabrício Estrada (fabricioestrada.blogspot.com)

Um Comentário do Cláudio: 3 cenas

mais uma fugida aqui pela lentox , e o domingo acabando , acabando meu tempo .

comi banana frita com chicabom derretido agora . prozac perde ...

bem só para me atualizar sobre o " 3-way on becket " :

cena 1 .
gostei de ler o texto do gerald e assistir ao video de beckett que o lucio publicou no seu site . uma opção de situação .

além da viagem artística , o video é revigorante . faz bem à saude . quer dizer , quem pode negar que jeremy irons é um verdadeiro complexo vitamínico para todos os sentidos ?

cena 2 .
do targino : " ... gorilas ... Existe um filme muito bom que trata desse assunto."

esperei alguém se manifestar sobre o filme " nas montanhas dos gorilas " , estrelado pela gigante sigorney weaver no papel da antropóloga que vai salvar os bichos das garras dos humanos malvados , e se dá mal .

" A notável aventura da primatologista Dian Fossey dentro habitat dos gorilas das montanhas de Ruanda. Em uma perfomance pela qual ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz dramática, Sigourney Weaver vive a carismática e imponente cientista, dona de uma determinação desmedida - que ao longo de sua vida foi sua força, mas que talvez tenha sido um dos elementos que culminaram em seu trágico assassinato . "

pois é : a cena mais comovente do filme é quando Dian recebe uma surpresa . ela não sabe ainda , mas foi enviado pelos traficantes de peles e etceteras de gorilas como ameaça .

é uma caixa de presente com as mãos decepadas da mamãe-gorila do bando que ela estudava . não lembro se estavam embrulhadas na " seda azul do papel que envolve a maçã " do caetano veloso .

mas da cena e da música , o GV lembrou , e eu também .

cena 3 .
" ashes to ashes , dust to dust ... "

domingo, 27 de dezembro de 2009

A "Mongalisa"



Mana Lisa
Por um anônimo
12" x 16"
Doado A. Schmidt, Vancouver, Canada

Uma interpretação transgêneros do clássico de Da Vinci.

O nariz de "Mongalisa" nos impacta, nebuloso, fornecendo um diálogo entre o primeiro plano e o evanescente fundo da tela.

Posteriormente, decifrando o título do trabalho, talvez possamos contribuir com um anagrama para enriquecer o corpo do trabalho do Leonardo:

MAN ALIAS,
I AM NASAL,
A SAIL MAN,
AS ANIMAL,
AM A SNAIL,
MAIL NASA...

Fonte: Museum of Bad Arts, Boston