terça-feira, 27 de novembro de 2012

Carta ao camarada Marcelo Caldeira

Camarada Marcelo:

Essa postagem visa responder alguns de seus questionamentos que estou há muito para responder. Irei respondê-los com o máximo de brevidade.


1--Você me perguntou se a candidatura de Bertolinho (PMDB) não seria mais apropriada a um comunista. E qual seria a candidatura apropriada, uma vez que a direção do PC do B aqui se encontra nas mãos da oligarquia? Suponho que você imagina que é a candidatura, agora vitoriosa, de Fernando Cabral (PPS-PT-PC do B). No entanto, eu preferi votar em um partido, o PMDB, que é melhor organizado aqui, tendo militantes históricos. Eu voto em partidos. Sobre o PMDB ser elitista, note que também dentre a vertente pela qual você optou existe, por exemplo, quem tenha optado por Serra em 2010, no segundo turno, assim como quem usa o termo "ideologia" para dar nome à esquerda. Sinceramente, creio que a esquerda socialista têm mais o que se preocupar do que simplesmente se preocupar com as eleições no atual sistema político-eleitoral. Eu jamais aceitaria uma boquinha em um governo aqui, ao contrário do que você insinuou. Prefiro ficar na planície para analisar o poder. Não me julgue com parâmetros oportunistas e carreiristas. Eu fundaria uma revista e um jornal, não me candidataria a nada.

2--Quanto ao "stalinismo" no PCB, partido chamado por você de extremista. O PCB tem militantes que defendem o marxista-leninista que foi Stálin. Esse é um debate da esquerda socialista onde os dois lados (Trotsky e Stálin) têm bons argumentos. Eu opto pelos argumentos a favor de Stálin.Quanto ao PCB ser extremista, depende do extremo onde você estiver. Se você estiver na extrema-direita, sim, o PCB é extremista (de esquerda).

3--Quanto à classe trabalhadora estar desaparecendo: essa é uma argumentação que tem sido repetida por aí, por FHC, Hobsbawn, etc. Mas veja o artigo de Paulo Passarinho sobre os dados da SAE no jornal Correio Cidadania: o governo federal tem considerado classe média todo mundo que ganha R$ 246 ao mês. Não existe, então, ascensão da classe média. Temos agregado um parte dos trabalhadores ao mercado consumidor. Assim, eles passam a ter carro na garagem, TV de plasma, mas moram num moquifo e são vítimas de chacinas.

4--Quanto às ONGs e o tal terceiro setor terem tornado o Marx ultrapassado. ONgs são reformistas, não vão superar o capitalismo. A discussão de Marx não é essa.

Espero com esses pontos ter contribuído para a retomada de nosso diálogo, interrompido por seu bloqueio no feicebuque.

Abs do Lúcio Jr.




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