segunda-feira, 12 de março de 2012


Sóis de Vírus Mundanus

O primeiro livro de Júlio Emílio Tentaterra (Poesia Orbital, 1997), étambém a tão almejada publicação dos antigos escritos do autor-jornalista formado em 1979. Sua escrita traz as marcas da década de 70: contestação, tropicalismo, cultura de massas, concretismo. No poema Incinerador, ele cita uma frase bela, que poderia ser também a epígrafe de um relato como O Que é Isso, Companheiro: "A medida que nos lembramos do passado o reconstruímos de acordo com nossas idéias atuais sobre o que é ou não é importante" (Peter I. Berger). Nos seus melhores momentos, Júlio lembra Jorge Mautner: "Sou um vampiro/ desgraçado de feio/ vagando dia adentro/ entre muralhas e olhos de gatos miseráveis." A cultura do corpo, a ascensão do idioma inglês em detrimento do francês e do latim, a contracultura, estas são as marcas internas que a escrita de Júlio desvela, como no poema Bebo a Bela: Como vai minha beija-flor?/ Comeu alface no breakfast/ e está achando que regime é guilhotina/ de Maria Antonieta, Led Zeppelin/ background, fide back, Tiradentes e da esfuziante Carolina de Jesus./ Realmente sou um vampiro feio/ que rola amargamente pela cama/ sentindo frio e sem poder voar para suas suculentas coxas/ de cortesã primaveril.O anarquismo e o espírito contestador que acabam enjaulados pela sociedade de consumo - este é o drama a ser enfrentado. O poeta é, neste momento histórico, o coveiro das utopias, como atestam os poemas Judas e Mr. Contestador: "Agora não brinco mais/ Não procuro a corda/ ou o escaldante beijo./ Sou apenas um Judas/ que rolou à noite na cama/ porque não sentiu remorso./ Não sou dono deste mundo,/ nem do outro." No fim do texto ecoa a "morbeza romântica" de Jards Macalé e Torquato Neto: "Todos os meus senhores/ estão a me espiar/ querendo saber se os meus ossos/ estão impregnados com o docepodre do planeta./ Olha, menina, sou um negro que os calhordas/ resolveram chamar de morte." Júlio, ator e componente da companhia Tripa de Mico Estrela, foi também do grupo poético-musical Virus Mundanus, um dos melhores nomes de banda que já vi, soube interpretar várias vozes de um tempo e de uma época. Dizer mais do que isso será dar bicadas na maçã, será impedir que a poesia deste jovem (o tempo cronológico foiinvenção do relógio! brada ele) diga por si mesma, se exponha. Para os que se atreverem a atravessar o limiar entre a cultura e a contracultura é que ele oferece esse voluminho. Ele lhe será suave ou indigesto, conforme o paladar do freguês. É como doce veneno, uma maçã psicodélica de Branca de Neve que o autor malvado oferece. Façam bom proveito.


Vai Júlio, vai passear no astral...que saudade...


http://www.merije.com.br/blog/diario/julio-emilio-tentaterra_poeta-eterno/


terça-feira, 6 de março de 2012


A rede antissocial: um milhão de pessoas não curtiram isso

As redes sociais são uma das grandes inovações do mundo atual. Através delas e da internet, é construída uma imprensa alternativa. Junto às tevês por assinatura, elas ameaçam colocar um fim ao reinado da televisão como mídia de massas. As redes sociais possibilitam que se produza conteúdo de forma livre e dialogue com quem produz, por anunciam uma mídia mais democrática do que a televisão.
Ao mesmo tempo, um indicativo das limitações e regressões que as redes sociais podem trazer é o próprio filme A Rede Social, contando a vida do “inventor” do facebook. “Inventor” entre aspas mesmo, porque fica claro que os méritos do facebook são de aprimorar a idéia lançada pelo Orkut, fato ocultado cuidadosamente. Zuckerberg mostrou estar muito ciente do tipo de divertimento grosseiro e retrógrado que muitas vezes faz sucesso mesmo nas mídias mais adiantadas, como quando usa os perfis dos amigos para brincadeiras de mau gosto onde se aponta que mulher é mais bonita do que a outra. Outro aspecto que fica na sombra é até que ponto o próprio estado norte-americano não apóia a produção desse tipo de produto tecnológico, uma vez que a balança de pagamentos dos USA depende da exportação de tecnologia cara.
Ocorre que Zuckerberg, além de escolher um design semelhante ao orkut, com uma cor semelhante, utilizou seu círculo social privilegiado (a elitista universidade de Harvard) para obter o que o Orkut nunca conseguiu: prestígio, aura. A partir da classe média e das celebridades foi possível massificar sua rede social, cujas informações tornam os cidadãos mais do que nunca vulneráveis às empresas. Outro aspecto é o fato de Zuckerberg ter tido um sócio brasileiro, Eduardo Saverin. Creio que isso não se deve a um amor pela “diversidade cultural”, como o filme comenta de forma ridícula e inescrupulosa, mas para que Zuckerberg pudesse repetir o sucesso do Orkut junto às massas brasileiras com o seu facebook. A genialidade técnica muitas vezes anda de braços dados com mentes de rapina, superficiais, desprovidas de qualquer riqueza espiritual, repetindo a tendência do cinema dos anos 80, 90 e 2000, muito rico tecnicamente e pobre em cultura humanista. A metáfora que define nosso tempo é o mergulhador que entra de escafandro numa banheira.
No facebook, a dinâmica dos relacionamentos se dá num mundo totalmente descolado do real, onde o “perfil” de uma pessoa real tende a adotar um comportamento e dinâmica muito diferente da pessoa real, o que leva à incomunicabilidade. A imagem da pessoa na rede é por vezes, espetáculo e fantasmagoria pura. Contraditoriamente, essa incomunicabilidade nasceu da comunicação. A abertura para a agressão psicológica selvagem está, mais que nunca, aberta.
Construído como uma grande vitrine em que os vendedores são seus amigos, o facebook é também extremamente viciante. Sua tendência é aproximar pessoas distantes e afastar as próximas, além da óbvia tendência de que os usuários tenham suas vidas vasculhadas por empresas que depois ainda chantageiam que “olham os perfis na hora das entrevistas de emprego”. Existe, por um lado, uma liberdade de criar mídia e se informar, por outro, nunca a lógica empresarial penetrou tão a fundo a mente e o corpo das pessoas.


A RESSURREIÇÃO REAL DO MARXISMO

Em trabalho um tanto antigo, Adamir Gerson, dentre as inúmeras figuras do espírito, trouxe uma em que a volta de Jesus estava se dando no corpo do socialismo. O socialismo, sem que os homens soubessem, era na verdade o próprio Jesus. O Cristo de Nazaré andando novamente entre os homens, agora de forma espiritual, no corpo do socialismo.

E a volta de Jesus assim era apresentada tanto filogenicamente como ontogenicamente. Filogenicamente o corpo de Cristo-Socialismo recapitulava a história do povo hebreu, desde Abraão, passando por Moisés, Josué, até chegar a João Batista e em Jesus. E ontogenicamente o corpo de Cristo-Socialismo recapitulava os passos de Jesus, que ele deu desde a sua infância em Nazaré, passando pelo Jordão, até a sua morte e ressurreição.

O que seria a filogenia do corpo de Cristo-Socialismo em sua volta gloriosa para reger as nações com vara de ferro?

Que toda a marcha do povo hebreu até se consumar em Jesus ela foi recapitulada. Agora, porém, para produzir o outro lado. Quer dizer, todo o caminhar de Abraão a Jesus na verdade foi uma meia volta de 180 graus, negativos; e os 180 graus positivos iriam se iniciar em Marx, até a sua consumação no Filho do homem. Assim, Teologia, graus negativos, e Antropologia, graus positivos, formam uma volta completa, 360 graus. É neste momento que os acontecimentos negativos e positivos são unificados em um só corpo, se manifestando uma realidade totalmente nova em relação a estes momentos anteriores, assim como a realidade do adulto é inteiramente nova em relação ao sujeito infante e adolescente.

Neste primeiro momento Adamir Gerson vai mostrar a recapitulação de toda a história do povo hebreu que Deus tem feito no corpo do Cristo-Socialismo. A sua filogenia. E depois, num segundo momento, vai mostrar a recapitulação de toda a história de Jesus feita no corpo do Cristo-Socialismo. A sua ontogenia.

A Filogênia do Cristo-Socialismo

Marx – Abraão. Marx teria sido o antítipo de Abraão? Os 180 graus positivos para os seus 180 graus negativos? De fato, Marx se casando naquele ano de 1843 e deixando a sua pátria, a casa de seus pais, e começando a sua jornada revolucionária, foi na verdade o antítipo daquele momento em que Deus disse para Abraão: sai da tua casa, e do meio da tua parentela, para uma terra que te mostrarei. Se Canaã foi terra que Deus mostrou para Abraão, a “terra” que Deus mostrou para Marx foi o socialismo. Se Abraão, depois de finalmente ter chegado à Canaã e ter atravessado todo o país até o lugar de Siquém, perto das árvores grandes de Moré, tocando o lugar e o vendo com os próprios olhos, todavia protelou a sua conquista, pois a mesma estava ocupada pelos cananeus, a verdade é que Marx deixando para trás cada vez mais o regime da burguesia finalmente chegou ao socialismo. E atravessou todo o país, todo o socialismo utópico, até ao lugar do socialismo científico, perto das árvores grandes de Moré, perto do socialismo francês e do materialismo inglês.

Ora, Abraão depois que deixou a casa de seus pais e tornou-se peregrino pelo mundo, indo de acampamento em acampamento para o Negebe, e aonde quer que ia levantava um altar a Javé, que lhe apareceu, e começava a invocar o seu nome, de modo que Deus estava emergindo do oculto para o meio-dia, dos profundos para a superfície, tornando-se conhecido, ganhando nome e identidade, e competindo com os deuses, se revelando mais forte e mais poderoso, cada vez mais o Deus único, o criador de todas as coisas, ora, Marx depois que deixou a casa de seus pais e tornou-se peregrino pelo mundo, sendo enxotado de nação em nação, como Abraão, aonde quer que chegava levantava um altar à classe trabalhadora, que havia “lhe aparecido”, e começava a invocar o seu nome. Quer através de uma revista, de um livro, de uma palestra sempre mostrando o poder e a força dos trabalhadores. De modo que assim o Proletariado estava emergindo do oculto para o explícito do meio dia, se revelando uma nova classe social, ganhando nome, identidade, e se mostrando mais forte sobre seus adversários, como a classe social única, criadora de todas as coisas.

Há o episódio em que Abraão por causa da severa fome, enxotado pela fome, então entrou no Egito.. E Abraão temendo pelo seu futuro, negou o que tinha de mais precioso, Sara, dizendo para o príncipe do Egito que ela era sua irmã.. De modo que foi assim que Abraão entrou no Egito. Ora, sem dúvida isto foi o momento em que se abateu sobre toda a Europa a grande perseguição de 1848, ante a revolta popular. E Marx sem ter para onde ir tomou o rumo da Bélgica do rei Leopoldo, lugar em que ainda se respirava certa liberdade. E Marx abdicou do que tinha de mais precioso em sua vida, a sua universal luta revolucionária, sem fronteiras, ao se comprometer com a polícia belga que não iria desenvolver nenhuma atividade revolucionária junto aos trabalhadores belgas. De modo que foi assim que o rei Leopoldo permitiu a estadia de Marx em seu território.

E Faraó tomou Sara e a levou para si. Mas foi tocado por grandes pragas, descobrindo o engodo. Então expulsou Abraão de sua terra (Em vista disso Faraó chamou Abraão e disse: Que é isto que me fizeste? Por que não me informaste de que ela era tua esposa? Porque disseste: Ela é minha irmã. De modo que eu estava para tomá-la por minha esposa? E agora, eis a tua esposa. Toma-a e vai-te! E Faraó deu ordens aos homens, concernente a ele, e foram escoltar a ele e a sua esposa, e a tudo o que tinha). E narra a Palavra de Deus que Abraão quando subiu do Egito de volta ao lugar onde armara sua tenda no início, entre Betel e Ai, saiu dali muito abastado de manadas, e de prata, e de ouro. Ora, não foi isto mesmo que veio a acontecer com Marx? Por causa das revoltas populares também na Bélgica, e porque Marx não cessara de modo algum a sua atividade revolucionária, finalmente o rei Leopoldo agiu e expulsou Marx de seu território. E Marx quando subiu da Bélgica de volta ao lugar onde no início armara a sua tenda revolucionária, em Colônia, quando pela ali fora dirigente do jornal Gazeta Renana, fundando agora um novo jornal, A Nova Gazetra Renana, a verdade é que Marx subiu dali muito abastado em riquezas, em riquezas espirituais, pois foi na Bélgica do rei Leopoldo que Marx juntamente com Engels elaborou a grande riqueza dos trabalhadores, o Manifesto Comunista, que iria torná-los mais fortes do que todos os burgueses juntos.

E relata a Palavra de Deus que Abraão quando saiu de Harã para ser peregrino pelo mundo junto com ele seguiu Ló, seu sobrinho. E aonde quer que Abraão ia Ló estava com ele. De modo que quando Abraão entrou no Egito Ló entrou junto com ele. E narra a Palavra de Deus que quando Abraão foi expulso do Egito e subiu dali, junto com ele também subiu Ló. E diz o texto sagrado que Ló era também abastado de manadas, e de prata, e de ouro. Não só Abraão adquiriu riquezas, como também Ló (Ora, Ló, que acompanhava Abraão, também possuía ovelhas, e gado vacum, e tendas). Mas, não podemos dizer que Engels foi este Ló que Marx teve? Andando sempre junto com Marx, inseparáveis, Engels também não possuía a mesma riqueza intelectual que Marx possuía, a tal ponto que elaboraram muitos trabalhos em comum?

E o que dizer da grandíssima Jenny, esposa de Marx, não somente uma mulher belíssima como também culta e intelectualmente elevada: ela não nos faz lembrar a grandíssima e belíssima Sara? E Agar, a serva que acompanhou a família de Abraão por longo tempo, cuidando de tudo que tinha e sendo para ele uma segunda esposa, ao ponto que lhe deu um filho, Ismael, que as forças das circunstâncias obrigaram-no a rejeitar, ora, Agar não nos remete à doméstica Helena Demuth Lenchen, que veio morar com a família de Marx quando tinha oito anos de vida e ficou com ele até a morte, tendo cuidado de tudo da família de Marx, espiritualmente falando, sendo para ele uma segunda esposa? (é certo, muito certo, que quando os celestiais estiverem dominando muitas mães irão dar às suas filhas no nascimento o nome de Jenisara, de Lenchenagar, até mesmo aos filhos, de Marxabrão, Abramarx, Engeló e etc.

Para terminar este adendo vale recordar que é de todo verdadeiro que Abraão teve do seu lado a um grande companheiro, Ló, inseparáveis em todos os momentos, mas que um dia o destino reservou aos dois a separação – Ora, Ló, que acompanhava Abrão, também possuía ovelhas, e gado vacum, e tendas. De modo que o país não permitia que morassem todos juntos, porque os seus bens tinham ficado numerosos e não podiam morar todos juntos. E surgiu uma altercação entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló; e naquele tempo morava no país o cananeu e o perizeu. Portanto, Abrão disse a Ló: Por favor, não continue qualquer altercação entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, pois nós homens somos irmãos. Não te está disponível todo o país? Por favor, separa-te de mim. Se fores para a esquerda, então hei de ir para a direita; mas se fores para a direita, então hei de ir para a esquerda. Ló levantou assim os seus olhos e viu todo o Distrito do Jordão, que todo ele era uma região bem regada, antes de Javé arruinar Sodoma e Gomorra, semelhante ao jardim de Javé, semelhante à terra do Egito, até Zoar. Ló escolheu então para si todo o Distrito do Jordão, e Ló mudou seu acampamento para o leste. Separaram-se assim um do outro. Abrão morava na terra de Canaã, mas Ló morava entre as cidades do Distrito. (Gênesis 13.5-13).

O que é isso? Qual o antítipo disto? Há algum acontecimento que podemos dizer de forma razoável e racional forma com ele um par? Por ventura que aqui haveria uma alusão aos fatos que levaram ao fim da Liga Comunista? Ela se tornara insuficiente para atender a demanda revolucionária, pois que após a revolução de 48, se agigantou com ela não dando mais conta do recado? O que teria sido isto? Por ventura que a divisão ocorrida entre as forças revolucionárias, dum lado Marx e Engels em Colônia e de outro Schapper e Willich em Londres, a primeira divisão que então se verifica no movimento revolucionário?

Teria sido isto ou podemos dizer que o antítipo da separação dos amigos inseparáveis Abraão e Ló foi mesmo tipológico para a separação havida entre os amigos inseparáveis, Marx e Engels? Com Engels indo residir em Manchester e Marx em Londres? Como explicar essa separação entre Marx e Engels por mais de vinte anos, e separados por uma distância de apenas trezentos quilômetros, senão que o resultado da separação de Abraão e Ló?

Lênin - Moisés. É verdade, a história do povo judeu nasceu mesmo com Abraão, mas não se encerrou com ele. Abraão fora apenas o seu início. Ela prosseguiu em outros vetores, e em novas giestas. De fato, depois de Abraão o que marcou presença forte no espírito do povo judeu foi mesmo Moisés, o libertador do cativeiro egípcio e o homem que os conduziu para a terra da promessa, vista antes por Abraão que acreditou piamente que aquela terra um dia iria ser morada eterna de sua descendência peregrina.
                
                 Ora, Moisés, um príncipe entre a corte de Faraó, por ter tomado o lado dos seus irmãos escravos, acabou indo ao exílio. E no exílio, depois de longo tempo, então ouviu a voz de Deus lhe chamar e lhe dizer para que voltasse ao Egito e libertasse seu povo, assegurando a sua volta por dizer-lhe que estavam mortos todos que buscavam a sua alma para tirá-la. De modo que Moisés finalmente concordou em voltar. Foi ao seu sogro Jetro e pediu permissão para voltar ao Egito. O que Jetro não somente concordou como lhe deu um jumento como meio de transporte. E Moisés tomou a sua família, sua esposa Zípora e seu filho Gerson, e os montou no jumento e passou a voltar ao Egito. Façamos a pergunta: o fato de Lênin ter voltado às costas para um futuro promissor que o esperava no reino do Czar e ter tomado o lado do povo oprimido, e por isso indo ao exílio, isto não faz de Lênin antítipo de Moisés? Certamente que sim, pois Lênin, depois de longo tempo no exílio, lhe veio notícia de que era para voltar para a Rússia e assumir o comando da revolução. De modo que Lênin por algum momento “hesitante” depois decidiu firme o seu retorno. Tendo ido ao Kaiser e lhe pedido permissão para atravessar o seu país na sua volta à Rússia, Kaiser não somente permitiu como lhe ofertou um trem blindado como meio de transporte no qual Lênin fez subir sua família de revolucionários e passou a voltar para a Rússia.

Relata a Palavra de Deus que quando Moisés voltava, porque se lhe apresentou dificuldades, então Deus foi até Arão, seu irmão, e pediu-lhe que fosse ao encontro de Moisés no monte do Verdadeiro Deus. E Arão fez exatamente assim, indo a Moisés e o encontrando no monte do Verdadeiro Deus e o beijou; e os dois selaram uma aliança de vitória, pois, deveras, foi a partir da união de Moisés com Arão que se tornou exeqüível a libertação dos oprimidos, pois Moisés era o cérebro da libertação, mas Arão foi aquele que o comunicou aos anciãos dos filhos de Israel, com eles acreditando piamente que Moisés fora mesmo um homem enviado por Deus para ser seu libertador.

Mas, não foi isto que presenciamos no antítipo? Lênin desembarcou na Estação Finlândia naquele abril de 17 e um mês depois chegou do exílio Trotsky. Tendo se encontrado com Lênin os dois selaram uma aliança que foi ela a responsável pela vitória da revolução, pois, deveras, enquanto Lênin era o seu cérebro pensante, Trotsky era o homem que o comunicava às massas. Trotsky fez exatamente o papel de Arão, sendo a boca com a qual Lênin falava e sendo os pés com os quais Lênin caminhava.

Relata a Palavra de Deus que assim que Moisés e Arão foram jubilados pelos Anciãos dos filhos de Israel, então os dois foram até Faraó a fim de pedir a libertação do povo de Deus. E Faraó não somente recusou como os expulsou de diante de sua face, iniciando naquele instante uma severa perseguição aos filhos de Israel, dobrando-lhes o trabalho escravo – E posteriormente, Moisés e Arão entraram e passaram a dizer a Faraó: Assim disse Javé, o Deus de Israel: Manda embora meu povo, para que me celebre uma festividade no deserto. Mas Faraó disse: Quem é Javé, que eu deva obedecer? À sua voz para mandar Israel embora? Não conheço Javé, e ainda mais, não vou mandar Israel embora. No entanto, prosseguiram, dizendo: O Deus dos hebreus entrou em contato conosco. Por favor, queremos ir numa jornada de três dias ao deserto e oferecer sacrifícios a Javé, nosso Deus; senão ele poderia acometer-nos com pestilência ou com a espada. A isso lhe disse o rei do Egito: Por que é, Moisés e Arão, que fazeis o povo largar os seus trabalhos? Ide aos vossos fardos! E Faraó continuou: Eis que o povo do país é agora muito e vós deveras o fazeis desistir dos seus fardos (Êxodo 5.1-5).

O que é isso? Esta ida de Moisés e Arão até Faraó clamando por libertação, e naquele momento tendo entrado pela primeira vez cara a cara com Faraó, teria sido o momento das gloriosas Jornadas de Julho? A primeira investida dos revolucionários para chacoalhar a revolução e fazer separação entre os que eram a favor dos oprimidos e os que usavam os oprimidos para seus fins políticos?

Relata a Palavra de Deus que depois que Moisés e Arão entraram até Faraó e foi expulso de sua face então ele desencadeou uma feroz perseguição aos filhos de Israel a fim de quebrar-lhes a resistência e a confiança na libertação. De modo que o povo sentiu na carne a opressão dobrada de Faraó. – Os oficiais dos filhos de Israel viram-se então num sério apuro ao se dizer: Não deveis reduzir em nada os vossos tijolos da porção diária de cada um. Depois se encontraram com Moisés e Arão, que estavam para ali à espera deles ao saírem de diante de Faraó. Disseram-lhes imediatamente: Que Javé olhe para vós e julgue, visto que nos fizeste cheirar mal perante Faraó e perante os seus servos, de modo a pôr uma espada na mão deles para nos matarem. Moisés voltou-se então para Javé e disse: Javé, porque causaste o mal a este povo? Por que é que me enviaste? Pois, desde que compareci perante Faraó para falar em teu nome, ele tem feito o mal a este povo, e tu de modo algum livraste o teu povo (Êxodo 5.19-23).

O que é isso? Por ventura que isto é uma referência direta a tudo que sucedeu com os revolucionários logo após as Jornadas de Julho, com Kerensky irado passando a desencadear uma grande perseguição contra os líderes e o povo revolucionário? Prendeu Trotsky e só não deitou a mão no Lênin porque se escondeu num monte de feno?

Relata a Palavra de Deus que Javé então lutando contra Faraó por enviar-lhes pragas, uma após outra, o que sucede é que por ocasião da décima praga então ela caiu sobre Faraó e seu reino à meia-noite. Foi à meia-noite que os filhos de Israel começaram a ser libertos do Egito – E sucedeu, à meia-noite, que Javé golpeou todo primogênito na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó sentado no seu trono, até o primogênito do cativo que se achava na masmorra, e todo primogênito de animal. Faraó levantou-se então durante a noite, ele e todos os seus servos, e todos os demais egípcios; e começou a levantar-se um grande clamor entre os egípcios, pois não havia casa em que não houvesse um morto. Ele chamou imediatamente Moisés e Arão, à noite, e disse: Levantai-vos, saí do meio do meu povo, tanto vós como os demais filhos de Israel, e ide, servi a Javé, assim como declarastes. Tomai tanto os vossos rebanhos como as vossas manadas, assim como declarastes, e ide. Também, além disso, tereis de abençoar-me. E os egípcios começaram a pressionar o povo, a fim de mandá-los depressa para fora do país, porque, disseram eles, a bem dizer já estamos todos mortos (Êxodo 12.29-33)

O que teria sido isto? Por ventura que o fato concreto de que a revolução começou exatamente à meia-noite quando Lênin, disfarçado com uma atadura sobre a cabeça, saiu do esconderijo e se dirigiu ao Smolny, convento que foi transformado pelos revolucionários em quartel-general da revolução, e depois de vencer a resistência das sentinelas, que não sabia quem era então subiu para os andares de cima onde estavam os outros líderes revolucionários, e, assumindo o comando de tudo, então ordenou o início da revolução, de uma revolução que iria ser o maior acontecimento político-social de todos os tempos e uma revolução que iria cumprir milenares profecias, desde as mais remotas contidas no livro de Jó – Engoliu riqueza, mas ele a vomitará; Deus a desalojará do próprio ventre dele. Sugará o veneno das najas; A língua duma víbora o matará. Nunca verá os cursos de água, os rios torrenciais de mel e manteiga. Restituirá a sua propriedade adquirida e não a engolirá; Como a riqueza proveniente do seu intercâmbio, mas com a qual não se regalará. Pois tem esmagado, tem abandonado os de condição humilde; Tem arrebatado a própria casa que não passara a construir (20) – até a profecia contida no capítulo 5 do livro de São Tiago.

Relata a Palavra de Deus que quando o seu povo finalmente escapou do Egito então o coração de Faraó começou a mudar. Crendo que eles não tinham nenhum futuro, pois marchavam na direção do deserto de onde não tinham para onde sair, ficando encerrado ali, então Faraó começou a preparar as suas forças militares a fim de ir atrás do povo e os trazer de volta à casa dos escravos – Javé falou então a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel que voltem e se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, à vista de Baal-Zefom. Deveis acampar-vos defronte dele, junto ao mar. Faraó certamente dirá então com respeito aos filhos de Israel: Estão vagueando em confusão pelo país. O deserto os encerrou. Assim, hei de deixar o coração de Faraó ficar obstinado e ele certamente ir-se-á no encalço deles, e eu obterei glória para mim por meio de Faraó e todas as suas forças militares; e os egípcios saberão certamente que eu sou Javé. (Êxodo 14.1-4).

O que é isso? Por ventura de que o fato ocorrido com as nações imperialistas que quando foram informados de que os bolcheviques tinham feito a revolução então cortaram todas as relações com o novo governo? De modo que a Rússia veio a ficar isolada do resto do mundo?

E qual o profundo significa do Faraó certamente dirá então com respeito aos filhos de Israel; Estão vagueando em confusão pelo país. O deserto os encerrou? Teria sido o fato concreto de que os bolcheviques não se entendiam entre si, a tal ponto que os ministros nomeados por Lênin todos apresentaram a sua carta de renúncia, somente Lênin e Trotsky tendo ficado firmes nos seus postos, como diz John Reed no seu livro OS DEZ DIAS QUE ABALARAM O MUNDO? (Certamente que outros líderes também permaneceram firmes nos seus postos, e não apenas Lênin e Trotsky, supondo que John Reed se firmou nos dois por causa da tipologia, Moisés e Arão). As dissensões entre os próprios líderes bolcheviques, com uns querendo dividir o peso da revolução com outras forças revolucionárias, mas Lênin permanecendo irredutível no exclusivismo bolchevique revelou ao mundo a imagem de que os bolcheviques estavam perdidos no poder?  De modo que o isolamento e também a falta de unidade interna trata-se mesmo do estão vagueando em confusão pelo país. O deserto os encerrou?

Relata a Palavra de Deus que o povo quando finalmente ficou liberto de Faraó e principiou a deixar o país, então começaram a cozer bolos redondos, pães não fermentados, da massa que trouxeram do Egito, porque não tinha levedado, pois tinham sido expulsos do Egito e não podiam se demorar, nem tampouco tinha preparado provisões para si (Êxodo 12.39)..

O que é isso? Por ventura que aqui está o fato de que o socialismo começou a ser construído na Rússia sem que tivesse passado por fases de preparação? Começaram a construir o socialismo não sobre os escombros do capitalismo, mas sobre os escombros do feudalismo? De modo que o profundo significado da massa não ter levedado é que o país não estava pronto para o socialismo, o que Lênin teria reconhecido ao ter lançado a NEP?

Relata a Palavra de Deus que quando o seu povo finalmente escapou do jugo de Faraó e tomou o caminho da liberdade, juntamente com ele subiu uma vasta mistura de povos que também vivia oprimido no Egito – E com eles subiu também uma vasta mistura de gente, bem como rebanhos e manadas, numerosíssima criação de animais (Êxodo 12.38).

Isto teria sido o fato concreto de que juntamente com o povo russo uma grande variedade de povos, que também viviam oprimidos no reino do Czar, aproveitou a oportunidade da revolução e também escaparam junto? Uma variedade de povos muito grande, cerca de duzentos povos de linhagem diferente, que os líderes da revolução tiveram que criar um ministério especialmente para cuidar do assunto, com Stálin estando nas suas responsabilidades? (Vale acrescentar que esta multidão de povos que escaparam junto com os hebreus e seguiram junto a eles mais na frente a Escrituras voltam a falar sobre eles. Está ali em Números 11 como segue: E a multidão mista que havia no seu meio expressou almejos egoístas, e também os filhos de Israel começaram a chorar novamente e a dizer: Quem nos dará carne para comer? Como nos lembramos dos peixes que costumávamos comer de graça no Egito, dos pepinos e das melancias, e dos alhos-porros, e das cebolas, e do alho. Mas agora a nossa alma está ressequida. Nossos olhos não vêem nada senão o maná. Podemos dizer que aqui estamos diante do fato que levou à desintegração da União Soviética com os vários povos no seu meio buscando a sua independência, isto é, viver desligado do coletivo nacional? Não só as várias nacionalidades que compunham o território da União Soviética, mas o próprio povo russo, pois é dito que até os filhos de Israel começaram a chorar novamente? O que é o maná que seus olhos não viam nada senão ele? Por ventura que o levantar-se e o deitar-se e fazer sempre a mesma coisa? O que é significativo de que ali faltava alguma coisa que fosse de suma importância, que saciasse jamais aqueles corações, ao contrário do econômico que os saciou e os empanturrou? Coisa esta de suma importância que entendemos claro a Transcendência?)

                  Prosseguindo. Relata a Palavra de Deus que quando o povo finalmente escapou do Egito e ganhou o rumo de Canaã então Faraó “se arrependeu” e passou a ajuntar seu povo a fim de ir atrás dos escravos fugitivos e os trazer de volta – Mais tarde foi comunicado ao rei do Egito que o povo tinha fugido. O coração de Faraó, bem como dos seus servos, mudou imediatamente para com o povo, de modo que disseram: Que é que fizemos, despedindo Israel de trabalhar como escravos para nós? De modo que passou a aprontar seus carros de guerra e tomou consigo seu povo. E passou a tomar seiscentos carros seletos e todos os outros carros do Egito, e guerreiros em cada um deles. Assim Javé deixou ficar obstinado o coração de Faraó, rei do Egito, e este foi no encalço dos filhos de Israel, enquanto os filhos de Israel saiam de mão erguida. E os egípcios foram no encalço dele, e todos os cavalos dos carros de Faraó, e os seus cavalarianos, e suas forças militares os alcançaram enquanto estavam acampados junto ao mar, junto a Pi-Hairote, à vista de Baal-Zefom. (Êxodo 14.5-9).

O que é isso? O que seria este mais tarde foi comunicado ao rei do Egito que o povo tinha fugido? Ora, a revolução aconteceu no dia 7 de novembro. Mas na véspera o embaixador dos Estados Unidos tinha comunicado seu país que tudo estava normal em Petrogrado, e que não havia indício de que os bolcheviques fossem tomar o poder. E o certo é que a revolução aconteceu no dia 7 de novembro e é certo que mais tarde, foi comunicado às nações imperialistas que a revolução tinha acontecido na Rússia e que o poder estava agora nas mãos dos bolcheviques... Eles fizeram a revolução, escaparam da masmorra de Faraó... De modo que as nações imperialistas começaram a preparar as suas forças militares a fim de intervir na Rússia contra o recém-instalado governo bolchevique. O povo trabalhava como escravos para eles, mas agora deixaram de fazê-lo. Eram livres, e isto eles não estavam dispostos a permitir.

Relata a Palavra de Deus que quando as forças de Faraó foram atrás do povo liberto e eles olharam para trás e viram as forças de Faraó vindo no seu encalso então aqueles que não tiveram fé na vitória do povo escravo e duvidaram de que Moisés pudesse levá-los a Canaã começaram a lançar na sua face o grande mal que fez ao povo hebreu, tirando-os da casa dos escravos, mas apenas os levando para ser mortos no deserto – Quando Faraó chegou perto, os filhos de Israel começaram a levantar os olhos e eis que os egípcios vinham marchando atrás deles; e os filhos de Israel ficaram muito amedrontados e começaram a clamar a Javé. E passaram a dizer a Moisés: É porque não há nenhumas sepulturas no Egito que nos trouxestes para cá, para morrermos no deserto? Que é que nos fizeste, conduzindo-nos para fora do Egito? Não foi esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: Deixa-nos, para servirmos os egípcios? Pois é melhor servirmos os egípcios do que morrermos no deserto. Moisés disse então ao povo: Não tenhais medo. Mantende-vos firmes e vede a salvação da parte de Javé, que ele realizará hoje para vós. Pois os egípcios que hoje deveras vede, nunca mais vereis, não, nunca mais. O próprio Javé lutará por vós e vós mesmo ficareis calados (Êxodo 14.10-14).

O que é isso? Por ventura que quando se manifestou a dura reação contra os bolcheviques, não só a interna, mas também a externa representada pelas nações imperialistas, aqueles revolucionários que nos primeiros minutos da revolução começaram a questionar Lênin e a dizer-lhe que deveria repartir os fardos da revolução com outras forças revolucionárias, pois os bolcheviques iriam ficar isolados, atraindo sobre si a ira de todos, que naquele momento concreto em que isto veio ser realidade não é que eles tivessem falados: Não tínhamos lhe falado Lênin, que apenas estava nos trazendo para morrermos no deserto? E agora como iremos escapar desta enrascada que nos meteu?

Relata a Palavra de Deus que quando os filhos de Israel levantaram seus olhos e viram que Faraó vinha marchando atrás deles então ficaram muito amedrontados, pois, deveras, ficaram sem escape, pois estavam impedidos pelas águas do mar e atrás vinham as forças de Faraó – Quando Faraó chegou perto, os filhos de Israel começaram a levantar os olhos e eis que os egípcios vinham marchando atrás deles; e os filhos de Israel ficaram muito amedrontados e começaram a clamar a Javé (Êxodo 14.10).

O que é isso? Por ventura que a difícil situação do povo que se libertara da escravidão do Czar, pois dum lado tinham a contra-revolução interna e do outro a invasão das nações imperialistas? De modo que ficaram literalmente na situação dos escravos saídos do Egito, espremidos entre seus inimigos internos e agora entre seus inimigos externos?

Relata a Palavra de Deus que quando viram que era assim, não podiam avançar porque impedidos pelas águas do mar e na sua retaguarda vinham as forças de Faraó, foi então que começou a dar-se a intervenção de Deus. Ele iria lutar pelo seu povo – Então o anjo do verdadeiro Deus que ia na frente do acampamento de Israel, afastou-se e foi para a sua retaguarda, e a coluna de nuvem afastou-se de sua vanguarda e pôs-se na retaguarda deles. Assim veio a estar entre o acampamento dos egípcios e o acampamento de Israel. Dum lado mostrou-se uma luz com escuridão. Do outro lado iluminava a noite. E este grupo não chegava perto daquele grupo durante toda a noite (Êxodo 14.19-20).

O que é isso? Por ventura que o fato concreto que veio acontecer na Rússia com os bolcheviques parecendo estar se movendo sob a luz ao passo que seus inimigos pareciam que eles se moviam sobre a escuridão? E este grupo não chegava perto daquele grupo durante toda aquela noite não é que durante os anos de guerra os inimigos dos revolucionários bolcheviques jamais conseguiram chegar onde estava o governo revolucionário comandando a luta contra os reacionários, o mais perto que conseguiram chegar foi em Tsarko-Selo? Embora eles dissessem que só mais um pouquinho e iriam chegar à Moscou e deitar a mão em Lênin e em todos os líderes revolucionários? O que é isso que o anjo do Verdadeiro Deus ia na frente do acampamento de Israel, de dia numa coluna de nuvem e de noite numa coluna de fogo? Que a revolução na verdade é conduzida por Deus e não por Internacionais que pode sim ser o lado visível desta sua condução?

Relata a Palavra de Deus que quando Deus decidiu intervir então mandou Moisés estender a mão sobre o mar. E Javé começou então a fazer o mar retroceder por meio dum forte vento oriental, durante toda a noite, e a converter o leito do mar em solo seco, de modo que as águas foram partidas. Por fim, os filhos de Israel passaram pelo meio do mar em terra seca, enquanto as águas eram para eles como muralha à sua direita e à sua esquerda. E os egípcios foram no encalço deles, e todos os carros de Faraó, seus carros de guerra e seus cavalarianos começaram a entrar atrás deles no meio do mar. E sucedeu, durante a vigília da madrugada, que Javé começou a olhar para o acampamento dos egípcios, desde a coluna de fogo e de nuvem, e passou a lançar o acampamento dos egípcios em confusão.. E ele desprendia as rodas dos seus carros, de modo que os dirigiam com dificuldade; e os egípcios começaram a dizer: fujamos de qualquer contato com Israel, porque Javé certamente está lutando por eles contra os egípcios (Êxodo 14.21-25).

O que é isso? Estamos aqui diante do fato concreto de que as forças contra-revolucionárias realmente vieram estar em grande confusão, não sabendo como conduzir a guerra? A tal ponto que historiadores dizem que os bolcheviques venceram unicamente por causa da desunião dos seus inimigos? E ele desprendia as rodas dos seus carros, de modo que os dirigiam com dificuldade... Franceses enviados pelo seu governo para combater na Rússia ao lado das forças contra-revolucionárias no caminho os marinheiros se rebelaram e desistiram de prosseguir caminho... De modo que os dirigiam com dificuldade... E passaram a dizer: fujamos de qualquer contato com os bolcheviques, pois as massas populares certamente estão lutando por eles contra nós... Enviavam soldados para combater na Rússia, mas eram alcançados pela propaganda bolchevique que os esclareciam da verdadeira natureza daquela guerra. E quando descobriam toda a verdade então se passavam para o lado bolchevique.

Relata a Palavra de Deus que finalmente Javé disse a Moisés: Estende tua mão sobre o mar, para que as águas voltem sobre os egípcios, sobre seus carros de guerra e sobre seus cavalarianos. Moisés estendeu imediatamente a mão sobre o mar, e, ao amanhecer, o mar começou a voltar ao seu estado normal. Nesse ínterim, os egípcios fugiam do seu encontro com ele, mas Javé desembaraçou-se dos egípcios no meio do mar. E as águas voltavam. Por fim cobriam os carros de guerra e os cavalarianos, pertencentes a todas as forças militares de Faraó e que haviam entrado no mar atrás deles. Nem mesmo um só deles se deixou sobrar. Quanto aos filhos de Israel, andaram em terra seca no meio do leito do mar, e as águas foram para eles como muralha à sua direita e à sua esquerda. Assim, naquele dia, Javé salvou Israel das mãos dos egípcios e Israel chegou a ver os egípcios mortos à beira do mar. Israel chegou também a ver a grande mão que Javé pôs em ação contra os egípcios; e o povo começou a temer Javé e a ter fé em Javé e em Moisés, seu servo (Êxodo 14.26-31).

O que é isso? Que as águas que se voltaram contra as forças militares dos egípcios foram as forças revolucionárias que se voltaram contra as nações invasoras? E as águas que os cobriam era a vitória que o povo revolucionário estava tendo sobre seus inimigos? E nem um deles se deixou sobrar... No território revolucionário... E Israel chegou a ver os egípcios mortos à beira do mar... Na Rússia de forma espiritual, mas em Cuba na Baía dos Porcos de forma literal... O povo cubano pode vê-los mortos na beira do mar, boiando na água e as ondas levando seus cadáveres para a praia, assim como ocorreu com os egípcios...

E o povo começou a temer Javé... O que seria isso? Por ventura que está próximo o tempo em que os marxistas irão temer Javé, conscientes de que não foram homens, mas, sim, Deus que deu a vitória ao povo revolucionário?

Relata a Palavra de Deus que depois que se confirmou e se consagrou a vitória do povo saído do Egito contra as forças de Faraó então Moisés e os filhos de Israel passaram a entoar um cântico, um cântico de vitória, que convém transcrever uma de suas estrofes: O inimigo disse: Perseguirei! Alcançarei! Repartirei os despojos! Minha alma se encherá deles! Puxarei da minha espada! Minha mão os desalojará! (Êxodo 15.9).

O que é isso? Não foi tudo isto que disseram as nações imperialistas quando naquele ano de 1918 decidiram intervir no território revolucionário? Não tinham como certo que iriam repartir os despojos entre si? Que os iria desalojar? Mas, como segue o cântico de vitória... Sopraste com o teu fôlego, o mar os cobriu; Afundaram como chumbo em águas majestosas.... Quem entre os deuses é semelhante a ti, ó Javé? Quem é semelhante a ti, mostrando-se poderoso em santidade? Aquele a ser temido com cânticos de louvor, Aquele que faz maravilhas. Estendeste a tua direita, e a terra passou a engoli-los. Tu, na tu benevolência, guiaste o povo que recuperaste; Tu, na tua força, certamente os conduzirás ao teu santo lugar de permanência...

Relata a Palavra de Deus que no tempo em que Faraó mandou o povo embora, que Deus não os guiou pelo caminho da terra dos filisteus, só porque era perto, pois Deus disse: Talvez o povo deplore isso ao virem a guerra e certamente retornem ao Egito. Deus fez por isso o povo dar volta pelo caminho do Mar Vermelho. Mas, foi em formação de batalha que os filhos de Israel subiram da terra do Egito. E Moisés levou consigo os ossos de José, porque este havia feito os filhos de Israel jurar solenemente, dizendo: Deus, sem falta, voltará a sua atenção para vós e tereis de levar meus ossos convosco para fora daqui. Êxodo 13.17-19.

O que é isso? Estamos aqui diante do lançamento da NEP por parte do Lênin? A NEP não foi isto? Implantar o comunismo logo após a vitória sobre o mundo “era perto”, afinal todos os obstáculos tinham sido removidos do caminho. Mas Lênin sentiu que o povo não estava suficientemente preparado para o socialismo, e que as dificuldades iniciais de sua implantação iriam ser aproveitadas pelas forças contra-revolucionárias que iriam lançar as massas contra o próprio governo comunista, e, assim, acabariam retornando ao capitalismo.

Não podemos dizer que a NEP, um contorno para se chegar ao socialismo, é prova inconteste de que a Revolução se move no corpo de Deus? Quando Lênin lançava a NEP era na verdade o Deus de Abraão, de Isaque e Jacó tomando medidas segundo o que estava na tipologia, como o crescimento do fruto é segundo o que está em sua semente?  Mesmo porque a NEP nunca esteve na cabeça de Lênin senão que se manifestou nele naquele momento preciso da chegada da implantação do socialismo.

Para encerrar esta epígrafe Adamir Gerson vai lançar mão de um adendo que era para ter sido abordado no começo desta epígrafe.
                   
                     Ora, o livro do Êxodo trás no seu início as imagens dos hebreus entrando no Egito. Uma fome severa se abatera sobre a terra e ouviram que no Egito havia alimento para todos. E uma vez no Egito, morando apartados na terra de Gózen, não tardou e logo foram convertidos em escravos. Como cresciam e se multiplicavam, os egípcios passaram a sentir por eles um pavor mórbido, pois, deveras, temiam que eles pudessem ser acrescentados aos que os odiavam e sair do país – E os filhos de Israel tornaram-se fecundos e começaram a pulular; e multiplicavam-se e tornavam-se mais fortes numa proporção extraordinariamente grande, de modo que o país ficou cheio deles. Com o tempo se levantou um novo rei sobre o Egito, que não conhecia a José. E ele passou a dizer a seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós. Vamos! Lidemos com eles astutamente, para que não se multiplicam e suceda que, caso nos sobrevenha uma guerra, eles certamente sejam  também acrescentados aos que nos odeiam e lutem contra nós, e subam, saindo do país (Êxodo 1.7-10)

                 O que é isso? Os hebreus terem entrado no Egito tangido pela severa fome, pois ouviram que no Egito era lugar de fartura e que tinha alimento para todos, teria sido o fato concreto de que o lumpen proletário começou a deixar o campo e a ir para os nascentes centros industriais? Com a promessa de que neles as suas vidas iriam mudar, e mudar para melhor? E uma vez nas cidades, morando apartados em favelas, a verdade é que acabaram se tornando em escravos da burguesia?

E o que teria sido a “astúcia” de Faraó? O que teria sido o “lidemos com eles astutamente, para que não se multipliquem e suceda que, caso nos sobrevenha uma guerra, eles certamente sejam também acrescentados aos que nos odeiam, lutando e subindo do país?” Esta astúcia teria sido a criação da Duma logo após a revolução de 1905? Afinal a Duma foi concebida como forma de aplacar a ira e a revolta do povo russo contra a autocracia.

Ou seria mais crível dizer que a “astúcia de Faraó” foi mesmo a “libertação” da servidão em 1861, feita pelo Czar Alexandre II? Afinal ela já foi uma tentativa de se conter o grande descontentamento do campesinato russo, que, aliado às crescentes atividades revolucionárias, que a partir da revolução de 1848 se multiplicou por toda a Europa, podia muito bem fazer com que os camponeses russos, da noite pro dia, pendessem para o lado da revolução que então já se esboçava, se unindo aos revolucionários e destruindo com a autocracia russa.

Stálin - Josué. Foi feito uma recapitulação da história do povo hebreu, desde Abraão até Moisés, onde se procurou mostrar que a Revolução se desenvolve a partir da história do povo hebreu, não saindo jamais fora do seu desenvolvimento. Destarte, tendo sido mostrado os acontecimentos que envolveram Abraão e Marx e Moisés e Lênin agora chegou o momento de se falar e de se recapitular a história de Josué, saindo agora de Abraão e Moisés para Josué, mas também de Marx e Lênin para Stálin.

Ora, se Marx e Lênin foram antítipos de Abraão e Moisés respectivamente, Stálin teria sido antítipo de Josué? Só podemos dizer que sim, pelo seguinte: É verdade, Moisés e Arão foram os homens da revolta hebréia e os homens que libertaram o povo escravo o conduzindo na direção de Canaã. Mas não foram eles quem guiou o povo em Canaã, mas outro. A rigor, Moisés foi levado ao alto do monte Nebo, ao cume do Pisga, e dali foi-lhe mostrado toda a terra de Canaã do outro lado, que a ele se permitiu contemplar com os olhos, mas que ele mesmo não entraria nela. Ora, é sabido que naqueles dias críticos da revolução, os anos de 17, 18 e 19, os dois homens que estiveram no comando da revolução e foram responsáveis pela sua vitória foram Lênin e Trotsky. Fizeram a revolução, tiraram o povo da escravidão do czarismo, mas não foram os dois quem introduziu o povo liberto no socialismo. A rigor, podemos dizer mesmo que Lênin subiu ao alto do monte da NEP e dali avistou do outro lado o socialismo, terra da promessa do proletariado, que ele mesmo não entrou nela, outro entrou no seu lugar, Stálin.

Êxodo 23.20 – 33 trás a descrição de um “anjo” que dizemos só pode ser referência direta a Stálin, à obra que ele realizou em prol do socialismo. Já no seu início se é possível detectar a presença de Stálin – Eis que envio um anjo diante de ti para guardar-te pela estrada e para introduzir-te no lugar que preparei. Guarda-te por causa dele e obedece à sua voz. Não te comportes rebeldemente contra ele, pois não perdoará a vossa transgressão; porque meu nome está nele.

Quem é este anjo? É Stálin? Pela descrição não, trata-se de uma entidade espiritual, pois é dito que ele não somente tinha a missão de introduzir o povo saído do Egito como também a missão de guardar o povo pela estrada. Ora, Stálin introduziu o povo em Canaã, mas quem guiou o povo pela estrada foi Moisés. Logo se entende claro que os transcendendo havia esta entidade espiritual, este anjo, que tanto guiou os passos de Moisés e de Arão como os passos de Josué e de Calebe.

Mas, este anjo que tanto se revelou em Moisés, também se revelou em Josué, e devemos compreender esta passagem de Êxodo como uma referência direta ao seu agir por intermédio de Josué. Ora, se foi por intermédio de Josué, também o foi por intermédio de Stálin.

Ora, quando é dito que este anjo iria adiante do povo e que ele o levaria aos amorreus, e aos hititas, e aos perizeus, e aos cananeus, aos heveus e aos jebuseus, e Javé certamente os eliminaria, é certo que estes sete povos – pois falta serem nomeado os girgazeus – representam a totalidade das classes sociais que compõem o mosaico dos opressores, comerciantes, industriais, banqueiros, latifundiários, comandantes militares, clero e etc. E se a revolução teve de eliminar a todos eles como condição de criar o socialismo, e ela o fez por intermédio de Stálin, então temos razão de sobra para afirmar que este anjo que ia à frente do povo, fez a sua obra por intermédio de Stálin.

E como entender o texto bíblico quando este diz que Javé ordenou aos filhos de Israel que não se curvassem diante dos seus deuses, e nem era para ser induzido a servi-los, e não fazer nada semelhante ao serviço deles, mas, sem falta era para derrubá-los e sem falta era para destroçar as suas colunas sagradas; de modo a servir unicamente a Javé. Talvez estejam aqui os motivos maiores porque os revolucionários marxistas eram radicalmente contra toda e qualquer religião? Agiam segundo os desígnios divinos? De modo que se entende claro que servir a estas religiões era não servir a Deus, mas servir a Deus era o trabalho da construção do socialismo?

As religiões que os revolucionários marxistas tiveram pela frente então não eram religião de Deus? Ser religião não quer dizer necessariamente que seja religião de Deus. A religião de Deus existe unicamente no serviço aos pobres e às necessidades da sociedade. A religião de Deus tem preocupação única com o pobre, com o semelhante, com o próximo. Foi assim com o nascente cristianismo, que, ao contrário das religiões existentes, que se ia aos templos em busca de uma graça pessoal, o nascente cristianismo ensinava que a graça pessoal era conseguida na medida em que se prestava serviço aos pobres e aos necessitados. Os deuses estavam nos templos, mas Deus estava naqueles que sofriam e não tinham ajudador.

As religiões da Cristandade, que os revolucionários tiveram pela frente, então não eram religião de Deus? De uma coisa temos certeza absoluta: se os revolucionários marxistas tivessem encontrado pela frente a religião representada pelas Cebs, e a religião representada pelos pentecostais, os revolucionários marxistas não somente não tinham castigado as religiões da cristandade, mas, pelo contrário, tinham se convertido a Deus, porque a religião praticada pelas Cebs e pelos pentecostais, de doação completa aos pobres, no plano material e no plano espiritual, é tudo o que os marxistas fazem.

“E enviarei o horror de mim na tua frente e certamente lançarei em confusão todo o povo entre o qual virás a estar, e deveras te darei a cerviz de todos os teus inimigos. E vou enviar na tua frente o sentimento de desânimo, e este simplesmente expulsará de diante de ti os heveus, os cananeus e os hititas. Não os expulsarei de diante de ti em um só ano, para que o país não se torne um baldio desolado e os animais selváticos realmente não se multipliquem contra ti. Pouco a pouco os expulsarei de diante de ti, até que te tornes fecundo e realmente tome posse do país”.

Este tópico já foi comentado no presente trabalho, opondo a visão de Stálin, de que a revolução tinha de primeiro se solidificar onde conquistou a vitória, à visão de Trotsky, que não queria interrupção na ação mundializada da revolucionária. E basta.

A Tríade Angelical

Adamir Gerson mostrou de forma clara como a história do povo hebreu está se repetindo na história da revolução, na história do Marxismo, o que não deveria servir de espanto para ninguém porque o profeta Isaías, 19.20, profetiza sobre um novo Moisés, paralelo ao primeiro, que iria se manifestar futuramente na história do homem. E como a história quando se repete é para produzir o fenômeno universal no lugar do particular, já seria possível entender que este novo Êxodo não seria mais a libertação de um povo escravizado do domínio de um povo que escraviza mas a libertação de todos os povos escravizados de todos os povos que escravizam.

Agora, porém, Adamir Gerson vai abordar um assunto intimamente ligado ao retorno do Cristo-Socialismo pelos caminhos da filogenia, assunto este que calcinará ainda mais na mente do homem e na mulher de Deus que a volta de Jesus está se dando mesmo como apontado por Adamir Gerson, em forma filogênica e em forma ontogênica. O que vem a seguir tem tudo a ver com o selo profético de Deus agir, que ele não faz nada sem antes revelar aos seus escravos, os profetas. Os momentos filogenéticos do povo hebreu Deus realmente os recapitulou, e cada momento era como se desenvolvesse em ventre angelical. Anjos estavam vindos na frente a anunciar a obra de Deus. E como os momentos filogenéticos são basicamente três, Abraão, Moisés e Jesus, a verdade é que para cada um deles Deus enviou na frente anjos anunciadores. E é sobre isto que Adamir Gerson vai agora abordar, embora seja assunto que não raro causa mal estar nas pessoas, mas devemos concordar: unicamente que pela questão cultural pois as pessoas são propensas a dar grande valor e se interessar por aquilo que foi avassalador e construiu um grande nome, mas coisas pequenas não raro não suscitam interesses. As pessoas tendem a ver nelas o “exótico”. E de fato são mesmas exóticas, mas sobre este amontoado de cascalhos exóticos se escondem pérolas preciosas, como, por exemplo, misturado à recusa da transfusão de sangue, encontramos nas Testemunhas de Jeová uma pérola que não se encontra com tanta clareza em outras denominações religiosas: a sua crença inabalável de que a Terra se converterá no Paraíso de Deus, com as pessoas vivendo irmanada, em uma única comunhão, a do amor. É de fato este o trabalho a seguir de Adamir Gerson, encontrar no meio de cascalhos jóias preciosas do Reino, que passaram despercebidas do “grande público”.

Guilherme Miller – Ellen White (1818 –1844). No ano de 1818 o batista Guilherme Miller, fazendo leituras no livro do profeta Daniel, de repente foi iluminado que o período profético das duas mil e trezentas noitinhas e manhãs, que aparece no verso 14 e capítulo 8 do seu livro e que segundo o texto sagrado ao seu cumprimento então o lugar santo certamente seria levado á sua posição correta, ora, Guilherme Miller entendeu que este período profético iria se cumprir no ano judaico de 1843, ocasião em que, segundo ele, Jesus iria voltar para restaurar a terra, de modo o lugar santo ser realmente levado à sua posição correta.

Por cerca de doze anos Guilherme Miller guardou em secreto a revelação que tivera naquele ano de 1818, mas, no ano de 1831, mediante um sinal de Deus, então decidiu torná-la público. Como foram apresentadas em bases inteiramente lógicas, tomara como ponto de partida o ano de 457ª.c, quando o rei Artaxerxes emitiu o decreto para a restauração de Jerusalém, de modo que tal iria se cumprir por volta do ano judaico de 1843, a verdade é que um exército grande acreditou na revelação de Miller, se colocando também como propagadores da mensagem.

Aproximando-se o tempo, no ano de 1840 uma febre tomou conta de todos eles, saindo às ruas e chamando o povo ao arrependimento, através de panfletos, de cultos nas ruas, de propaganda em jornais, pois, deveras, Jesus iria voltar no mais tardar quatro anos depois. O próprio Miller, fazendo cálculos tendo como ponto de partida o decreto do rei Artaxerxes, e o calendário judaico, então disse que o cumprimento do período profético iria se dar entre o dia 21 de março de 1843 e 21 de março de 1844, quando então se encerrava o ano judaico de 1843. O dia 21 de março de 43 marcava o início do cumprimento do período profético, com a volta de Jesus podendo dar-se a qualquer momento deste ano.

E tudo começou mesmo a acontecer de forma explosiva em 1840, quando Miller e seu discípulo Himes fundaram o jornal O Brado da Meia-Noite. A ele se seguiram outras publicações, que se multiplicavam na medida em que se multiplicava o número de ministros que acreditavam que Miller fora mesmo um homem enviado por Deus para preparar a terra para a volta de Cristo. Cada qual fundava o seu próprio meio de divulgação, e logo a sua região estava contagiada pela mensagem do retorno iminente de Cristo. E uma tenda gigante por eles levantada, o mastro principal tinha 20 metros de altura, e acomodava cerca de cinco mil pessoas, fez toda a diferença, pois era itinerante andando de cidade em cidade e aonde chegava multidões acorriam para ouvir Miller e seus discípulos, que diziam a volta de Jesus para purificar a terra podia dar-se no dia 21 de março daquele ano de 1843.

E como as expectativas se voltaram para esta data de 21 de março, quando o dia passou e não se deu a volta de Jesus então houve um grande desapontamento, que durou pouco, pois logo Miller e seus discípulos passaram a se fixar na data do ano seguinte, 21 de março de 1844. E quando essa data também passou e ninguém viu Jesus voltar para purificar a terra dos seus pecados, então o desapontamento foi geral, inclusive do próprio Miller.

Mas, um discípulo por nome Samuel S. Snow, diante do desapontamento geral, de repente recebeu uma luz que na verdade Miller estava correto com o acontecimento, não, porém, com a data. De fato, ele descobriu que na verdade os cálculos de Miller não partiam de bases corretas. Descobrira ele que o decreto do rei Artaxerxes não foi promulgado no início do ano, como creu Miller, mas no quinto mês daquele ano de 457ª.c. Tendo refeito os cálculos com minúcias então Samuel S. Snow chegou a conclusão que a data correta era o dia 22 de outubro daquele ano de 1844.

De imediato não só Miller, mas todos os outros líderes deram aprovação ao que apresentou Samuel Snow. E logo a data de 22 de outubro chegou ao grande público.

Como entenderam que a falhas anteriores foi na verdade Deus provando a sua fé, a verdade é que agora as chamas de esperança vão reacender com um fogo muitíssimo maior que nas vezes anteriores. Centenas de milhares de pessoas de repente se vêem envolvidas com a data de 22 de outubro. E se observam fatos inusitados por todos os Estados Unidos. Fazendeiros vendem suas propriedades e doam o dinheiro para amigos saldarem suas dívidas, fábricas dispensam seus trabalhadores para que tenham tempo de se preparar, e podia se ler na porta de uma alfaiataria: fechado para o encontro com o Rei dos reis em sua volta gloriosa.

E quando o dia 22 de outubro passou e Jesus também não veio, então não é nem preciso dizer o quanto sofreu aquelas centenas de milhares que acreditaram piamente que aquele era o dia da volta de Jesus, tendo se despojado de tudo para que nada comprometesse o seu encontro com o Cristo.

Mas, dentre aqueles que desciam os morros de volta às suas casas, um discípulo de Miller, Hiram Edson, atravessando um milharal teve uma revelação do alto na qual via Jesus saindo do Lugar Santo e entrando no Santíssimo, como quem estava indo para realizar ali uma obra. E muitos começaram a ridicularizar este Hiram Edson, pois a sua visão contrariava o que estava nas Sagradas Escrituras, ao menos enquanto no livro Aos Hebreus, de que Jesus na sua morte entrara no Santíssimo, passando a interceder pelos pecadores, e não no Lugar Santo. No entanto outros acreditaram na visão de Hiram Edson, de modo que neste momento estava nascendo a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Bem, passou-se mais de cento e cinqüenta anos e eis que na consumação dos tempos então veio do Altíssimo o que realmente aconteceu naqueles dias. E o que vai relatar num primeiro momento suscitará os zombadores, mas depois todos irão concordar, pois, deveras, o profeta Isaías vaticinou que até os reis iriam dar consentimento àquilo que não ouviram.

De fato, podemos dizer sim que Guilherme Miller foi um homem usado por Deus e que tudo o que disse iria acontecer naquele ano judaico de 1843, o cumprimento do período profético das duas mil e trezentas noitinhas e manhãs após o que o lugar santo iria ser levado à sua posição correta.

E dizemos sim que a volta de Jesus para restaurar a terra, fazer o Lugar Santo voltar à sua posição correta, se deu mesmo naquele ano judaico de 1843, não na forma como aguardaram, mas através de um jovem que então tinha 25 anos, o judeu protestante Karl Marx.

Vejamos: Guilherme Miller teve a sua revelação no ano de 1818, e foi este o ano de nascimento de Marx. E Guilherme Miller apontou o foco de sua profecia para o ano judaico de 1843, abrangendo parte do ano de 43 e parte do ano de 44, e foi neste ano de 1843 que Marx se casou e, como um novo Abraão, deixou a sua terra, e a sua parentela, que pode ser entendido fisicamente, pais, pátria, parentes, como espiritualmente, burguesia, aristocracia, e tornou-se peregrino no mundo. E temos de entender que foi neste ano de 1843 que Marx publicou o seu livro A Questão Judaica e no ano seguinte, 1844, publicou o livro Manuscritos Econômicos Filosóficos.

Podemos dizer que nestas obras já estavam em andamento a restauração da terra por Jesus, como criam Miller e as dezenas de milhares naquele ano de 1843 e 1844? Podemos dizer que sim, pelo seguinte:

Na Questão Judaica se percebe traços de Jesus, pois Marx se posiciona perante o nascente movimento sionista como Jesus se posicionara sobre eles no início do século I. Marx se volta contra os sionistas dizendo que era missão do judeu buscar, não a sua emancipação, mas a emancipação da humanidade. Os judeus serem emancipados nacionalmente, e a humanidade, todavia, prosseguindo sem ser emancipada, a emancipação dos judeus era quimérica. No entanto, caso os judeus lutassem pela emancipação da humanidade e a humanidade fosse emancipada, os judeus estariam emancipados naturalmente, pois todos estavam emancipados. Ora, Jesus não mostrou interesse na libertação dos judeus do jugo romano, pois seria uma libertação quimérica, pois o povo judeu iria deixar de ser oprimido pelos césares de Roma para serem oprimidos pelos reis de Israel, como foi uma constância em toda a sua história. De modo que Jesus propôs um novo paradigma, e nele não somente judeus, mas também romanos estariam emancipados, pois o novo paradigma portava uma libertação de todos.

E sobre a obra Manuscritos Econômicos Filosóficos? Ela continha uma restauração capaz de fazer a terra voltar à sua condição correta? O que fala o profeta Isaías sobre os novos céus e a nova terra? “Pois eis que crio novos céus e uma nova terra; e não haverá recordação das coisas anteriores, nem subirão ao coração.” E Isaías prossegue dando descrição de como será a sociedade nesta terra restaurada por Deus: “E hão de construir casas, e as ocuparão; e hão de plantar vinhedos e comer os seus frutos.. Não construirão e outro terá morad; não plantarão e outro comerá. Porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore; e meus escolhidos usufruirão plenamente o trabalho de suas próprias mãos. Não labutarão em vão, nem darão à luz para perturbação; porque são a descendência composta dos abençoados por Javé, e seus descendentes com ele.”

Ora, claramente Isaías está contrapondo um sistema social a outro sistema social. Está claramente contrapondo o capitalismo ao socialismo, pois se no capitalismo os escolhidos de Deus plantam, e outros comem, constroem, e outros moram, no socialismo os que plantam são eles mesmos que comem e os que constroem são eles mesmos que moram. E temos de afirmar que tudo isto estava vindo à existência exatamente nos escritos do jovem judeu Marx. Fora de Isaías, tal só foi ser encontrado 2500 anos depois, em Marx. E só podemos entender que tanto Isaías como Marx tinham a mesma fonte de inspiração, porque o resultado é o mesmo.

Ora, sabemos que naquele dia 22 de outubro quando as dezenas e dezenas de milhares começaram a deixar os lugares onde estava aguardando a chegada de Jesus então um deles, Hiram Edson, teve a visão de que na verdade o que ocorreu naquele dia foi que Jesus saiu do Lugar Santo e entrou no Lugar Santíssimo. Saiu do primeiro compartimento do santuário e entrou no seu segundo compartimento, o Santíssimo, para fazer expiação pelos pecados. O que é isso? O que seria o primeiro compartimento? Seria o cristianismo, de modo que naquele ano de 1844 ao deixar o Lugar Santo e ter entrado no Santíssimo foi que ele encerrou a sua obra com o cristianismo e a iniciava com o socialismo?

Hiram Edson disse que ele deixara para trás o Lugar Santo e entrara no Lugar Santíssimo para então fazer expiação pelo pecado: Jesus estaria fazendo expiação pelo pecado justamente na obra de Karl Marx? O cristianismo ao longo dos tempos se mostrou incapaz de acabar com o pecado, porque o pecado tem causas sociais, estruturais, de modo que no momento em que Marx estava teoricamente pondo um fim ao capitalismo e fazendo nascer no lugar o socialismo não era que o pecado estava sendo expiado? Porque no capitalismo é impossível não se pecar, como é impossível lidar com carvão e não se lambuzar de preto. O indivíduo confessa o seu pecado, e deixa de pecar, mas ao se relacionar com o capitalismo o pecado volta a manchar a sua alma.

O cristianismo teria tido o mesmo fim do judaísmo? Jesus se manifestou e foi claro que todas as ordenanças dos judeus não serviam para nada ou se serviam era para muito pouco: mas, os rituais do cristianismo também não se revelaram incapaz de criar um novo homem e uma nova terra, porque os seus rituais levam em consideração o pecado presente nos indivíduos, e desconhece a sua existência e autonomia presente nas instituições de dominação e poder?

De modo que podemos dizer sim que naquele ano de 1844, Jesus deixava o Lugar Santo e entrava no lugar Santíssimo? Pois realmente há santidade em um homem e uma mulher que vive no socialismo, pois não dependem do trabalho do próximo para a sua sustentação e não tem como explorar o seu próximo. As estruturas de libertação e poder são inteiramente outras. Em uma palavra, o Cristianismo, por mais que se esforcem as pessoas não tem como viver em igualdade, pois lida com a realidade espiritual e não com a realidade material, mas no socialismo isto é uma realidade bem presente.

Outro ponto a ser destacado é este: na literatura adventista o povo de Apocalipse 14, que está cantando um novo cântico e que é tido como o Israel Celestial este povo nasceu no ano de 1844. Mas, como nasceu o Israel natural? Deus se manifestou a Abraão e disse para ele que deixasse a casa de seus pais, a sua terra, a sua parentela e fosse para onde Deus lhe guiaria. E assim fez, a partir daquele instante começando a sua peregrinação pelo mundo, armando o seu acampamento de nação em nação e sendo enxotado de nação em nação. De modo que pela primeira vez na história o Deus Verdadeiro fez entrada na História e passou a ser invocado como o Deus Único e o Deus Verdadeiro, criador de todas as coisas. Mas, não podemos dizer que este povo é mesmo o povo que nasceu a partir de Karl Marx? Marx deixando a sua terra e se tornando peregrino pelo mundo, enxotado de nação em nação, invocando e trazendo à existência os trabalhadores, como a classe social única, criadora de todas as coisas, Marx não era o antítipo de Abraão? (Mas o Israel Celestial, o povo que está cantando um novo cântico, que não se poluíram com mulheres, e estão seguindo o Cordeiro para onde quer que vá este povo nasce da confluência do povo que nasceu a partir de Paulo, os cristãos, e do povo que nasceu a partir de Marx, os marxistas. É este povo o verdadeiro cristão. Mas agora não é ocasião para se falar deste assunto).

Charles Tasse Russel – Joseph Rutherford (1870 – 1917). Na presente epígrafe foi demonstrado que o fenômeno real das esperanças messiânicas que aconteceram nos Estados Unidos naquele ano judaico de 1843 o seu fenômeno real foi o judeu protestante Karl Marx. Através de Marx Jesus estava voltando para restaurar a terra, embora nos escritos do socialismo celestial, Jesus começou a restaurar a terra através de Marx no seu tecido material, já que o seu tecido espiritual ele começou a restaurá-la através de Paulo, naquele momento em que fecundou nele a Sua igualdade espiritual. E foi claro que a manifestação de Guilherme Miller e de todo o povo que estiveram com ele naquele ano judaico de 1843 na verdade foram os anjos enviados pelo Deus que não faz nada sem antes avisar aos seus profetas; enviados na frente para, em linguagem religiosa, então anunciar o que Deus vinha fazendo logo atrás. E como Guilherme Miller foi anunciador de um fenômeno que era recapitulação que Deus fazia de Abraão, através de Marx, e como a história do povo de Deus depois de Abraão se deslocou para Moisés, e foi deixado claro no presente estudo que Lênin foi este novo Moisés, ora, por ocasião da obra de Lênin, recapitulando a obra de Moisés, Deus teria também enviado anjos tal como aconteceu com Guilherme Miller? Sim. E tudo voltou a se repetir.

De fato, se Guilherme Miller, fazendo leitura no livro do profeta Daniel, naquele ano de 1818 teve a revelação de que o período profético das duas mil e trezentas noitinhas e manhãs iria se cumprir no ano judaico, e tudo aconteceu com Marx, que realmente nasceu naquele ano de 1818 e começou o seu ministério público no ano judaico de 1843, agora será a vez de Charles Tasse Russel que, fazendo também leitura no livro do profeta Daniel, então foi iluminado que os sete tempos que aparecem no livro do profeta Daniel, 4.16-17, um período de 2520 anos o mesmo iria se cumprir por volta do ano de 1914.

Ora, Charles Tasse Russel, que fora oriundo do movimento de Guilherme Miller e que tivera a sua revelação no ano de 1870, o mesmo ano de nascimento de Lênin, então vaticinou que por volta deste ano de 1914, o que iria então acontecer é que o reinado de Deus iria se estabelecer sobre a humanidade. A partir deste tempo então iria começar todo um processo pelo qual a Terra iria se tornar o Paraíso de Deus.

O que sucede é que Charles Tasse Russel, já no ano de 1914, fez declaração de que o socialismo poderia ser o meio pelo qual Deus iria começar a transformar a terra em seu paraíso. Não fora claro quanto ao socialismo, mas deixou palavras de que o socialismo pudesse ser o instrumento pelo qual Deus iria cumprir a profecia.

Tendo falecido no ano de 1916, no ano seguinte acontece a revolução comunista, e já no ano seguinte Joseph Rutherford, que sucedeu a Charles Tasse Russel, publicou o livro O Mistério Consumado. E ele era claro de que o mistério consumado é que Deus já tinha estabelecido o seu reinado, porém de forma invisível.

E como nos Estados Unidos Joseph Rutherford arrebanhou o seu povo e ele começou a percorrer as casas de dois em dois, anunciando que Deus já tinha começado a reinar, e o que eles pregavam coincidia na forma com tudo aquilo que os bolcheviques estavam fazendo na Rússia revolucionária, pois, deveras, enquanto na Rússia os revolucionários comunistas estavam quebrando todo o poder da Cristandade, Rutherford e seu povo pregavam exatamente isto, que Deus em breve iria destruir a Cristandade, ora, como enforcado tem medo de corda, a verdade é que o governo americano começou a olhar com desconfiança para a nascente, Testemunhas de Jeová. Como era forte nos Estados Unidos o apoio aos revolucionários bolcheviques, a desconfiança é que as Testemunhas de Jeová só podia ser a extensão do bolchevismo nos Estados Unidos, o seu braço espiritual. E colocou seus líderes na prisão. Mas depois, inquirindo-as, descobriu que eram apolíticos, e que a pregação que faziam do reinado de Javé não tinha qualquer ligação com os comunistas. E foram soltas.

Antes de vir ao adendo seguinte, é preciso este esclarecimento: Por que Charles Tasse Russel usou a data de 1914 se ele conhecia a data de 1917, publicada pela primeira vez no ano de 1823 pelo inglês John Acquila Brown? Porque tendo passado o ano de 1914, Charles Tasse Russel chegou a nomear a data de 1918, mas não quis nem conversa com 1917? E porque Joseph Rutherford, que sabia que Charles Tasse Russel tinha feito anúncio de que o socialismo podia ser o instrumento que iria cumprir o período profético dos 2520 anos – o trono de Deus, que estivera vazio desde o rei Zedequias, iria voltar novamente a ser ocupado pelo socialismo – e mais do que isso, a revolução socialista já tinha sido um fato, recente, 1917, ora, porque Joseph Rutheford continuou apegado ao ano de 1914 e passou a afirmar que o acontecimento pelo qual Deus passou a governar a terra foi a Primeira Guerra Mundial, acontecimento nada a ver com o reinado de Javé?

A resposta é que se as Testemunhas de Jeová anunciassem nos Estados Unidos que o período profético dos 2520 anos, segundo o profeta Daniel se deduz que Deus então iria colocar no poder os humildes – que entendemos ser o proletariado – ora, se fizessem o anúncio que tal se cumpriu no ano de 1917 com a revolução comunista certamente que as Testemunhas de Jeová teriam sido encarceradas quiçá mesmo que mortas. Então entendemos que o fato de ainda hoje não terem tido acesso à data verdadeira e ao acontecimento verdadeiro foi providencial, Deus as camuflando com data e acontecimento falsos.

William Marrion Branham – William Soto Santiago (1978 –2011) Ora, construindo e recapitulando de forma filogênica a história do povo hebreu, através do Cristo-Socialismo, ora, se houve o salto de qualidade, a passagem de Moisés para Jesus, do judaísmo para o Cristianismo, o Cristo-Socialismo, iria também conhecer este salto de qualidade consumando a sua história filogênica? Uma nova manifestação revolucionária iria dar-se; que estaria para o Marxismo assim como o Cristianismo esteve para o Judaísmo? O seu condutor estaria para a tríade Marx-Lênin-Stálin como Jesus esteve para a tríade Abraão-Moisés-Josué? Sim, e agora chegou o tempo do Socialismo Celestial!

E se nas duas manifestações filogênicas anteriores as mesmas foram anunciadas por anjos, Guilherme Miller e Ellen White e seu povo e Charles Tasse Russel e Jopeph Rutherford e seu povo, uma terceira manifestação angelical iria também se dar agora em íntima ligação com o momento final filogenético, e que entendemos é a manifestação do Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória? Sim, e esta terceira manifestação angelical, anunciadora do grande acontecimento, o mais sublime de todos eles, se deu com o povo de William Marrion Branham.

Sendo sucinto, este William Marrion Branham, que dizem foi precursor de Billy Graham e Pe. Peyton em pregação para as grandes multidões, tendo pregado em tendas e em estádios de futebol ao redor do mundo, a sua grande importância é que vaticinou que o ano de 1977 iria marcar o fim dos governos humanos, a partir de então nascendo o governo de Deus. De fato, foi no ano de 1978 que Adamir Gerson teve o seu encontro teofãnico, ocasião em que passou a receber de Deus e de nenhum homem os fundamentos teóricos do governo do reino de Deus, quer os teológicos, quer os filosóficos, quer os ideológicos.

É também de suma importância este William Marrion Branham por ter afirmado e sustentado que teve revelação pela qual ele iria fazer na terra o mesmo papel de João Batista: anunciar o Messias. E chama atenção que diferente de quase todos os pregadores religiosos, que negam que o Messias possa vir em carne, ele afirmou precisamente isto, que a volta de Jesus iria ser em carne. Não Jesus em carne, mas Jesus NO CORPO DO PROFETA, uma visão assim que se aproxima da visão de Leonardo Boff sobre o mesmo assunto.

       Vejamos o que disse a respeito deste profeta: Bom. Se eu pensasse que há uma denominação, ou, um grupo de crentes que tenha melhor que o que temos aqui... Irmãos! Eu desejaria me unir a este pequeno Corpo com Isso imediatamente. Eu sempre tenho crido, e pensado, que, talvez eu viva para ver esse dia, quando eu possa mudar; quando eu possa ver essa pessoa surgir em cena.. Então eu poderia tomar a minha pequena igreja, e dizer: “IRMÃOS. ESTE É O HOMEM PELO QUAL TEMOS ESPERADO! ESTE É O HOMEM QUE TEMOS BUSCADO! Eu tenho esperado isso. E, se atualmente isso tem ocorrido, então eu estou esperando dizer daqui: “Irmãos. ESTE É O QUE BUSCAMOS!” Vindo daqui! Eu quero ver a Igreja mantendo-se nesta forma. (Extrato da Mensagem: PONDO-NOS AO LADO DE JESUS, por William Marrion Branham – 1 de junho de 1962, página 8, parágrafo 34.)

Quanto a esse William Soto Santiago o seu papel frente a William Marrion Branham é o mesmíssimo de Ellen White frente a Guilherme Miller e o mesmo de Joseph Rutherf frente a Charles Tasse Russel. Trata-se de formas sem o conteúdo correspondente, que está em outro corpo, o de Ellen White em Marx, o de Joseph Rutheford em Lênin e o de William Soto Santiago em Adamir Gerson.  Destarte, é importante saber que William Soto Santiago é porto-riquenho e percorre a América Latina, em especial o Brasil, com o anúncio de que o reino de Deus vai nascer na América Latina e em nenhum outro lugar. O continente latino-americano vem sendo preparado para o reinado de Jesus Cristo. Já teve conversa reservada com o presidente Hugo Chaves a quem expôs seu pensamento, e já foi distribuída literatura sua defendendo uma posição que mais uma vez concordamos na forma e não no conteúdo. Foi distribuída literatura ao seu respeito, que abordando profecia do livro de Jó, onde ali aparece escrito e guardaste a ilha do justo, como esta ilha sendo Porto Rico, e o justo, evidentemente que ele, pois William Marrion Branham vaticinou que depois dele iria se manifestar o Messias e William Soto Santiago assume sobre si como sendo o homem anunciado por Branham. Um homem usado por Deus na forma, não, porém, no conteúdo, pois para nós esta ilha que Deus guardaria é mesmo Cuba, e o justo em questão, Fidel Castro. Usado por Deus na forma porque também concordamos com o seu anúncio sobre o continente latino-americano, lugar preparado para o início do governo de Cristo, que vai colocar um fim a todos os governos humanos, como são as imagens de Apocalipse 11.15-18.

A Ontogenia do Cristo-Socialismo

Depois de ter sido falado sobre a filogenia do Cristo-Socialismo, sobre a recapitulação da história dos hebreus em novos fenômenos, complementadores e formando com aqueles uma unidade, e também sobre os anjos anunciadores, que em linguagem religiosa saíram à frente para anunciar a obra de Deus, agora chegou o momento de ser falado sobre a Ontogenia do Cristo-Socialismo.

De fato, todos os momentos porque passou Jesus, a sua infância em Nazaré, o seu batismo no Jordão, a sua pregação pública, a sua traição, a sua prisão, a sua morte e ressurreição foram todos os momentos porque passou o socialismo. Pois que podemos dizer que o Marxismo representa a infância de Jesus; todo o tempo que Jesus passou em Nazaré foi todo o tempo em que Marx elaborou o Socialismo Científico.

Mas um dia, quando já se achava suficientemente preparado para a sua obra, então Jesus tomou o rumo do rio Jordão para ser batizado e começar a sua missão pública.

Podemos dizer que o momento da revolução, naquele final de 17, foi o momento em que Jesus deixou Nazaré e foi para o Jordão para ser batizado e começar a sua missão pública? A revolução foi o batismo de Jesus? O seu batismo de fogo?

Tendo se batizado então Jesus se revelou publicamente; e começou a mostrar todo o seu poder. Porque curava os enfermos, fazia coxos andar, cegos enxergar, saciava da fome, então Jesus começou a ser seguido e amado pela multidão dos oprimidos. Aonde quer que Jesus ia a multidão estava junto, participando com ele de toda a sua obra.

Mas também estava atraindo sobre si a ira e a inveja dos sacerdotes de Israel, pois, deveras, eles não davam nada disto ao povo, mas, pelo contrário, esperavam que tudo isto lhes fosse dado pelo povo. E irados com Jesus, começaram a persegui-lo. E se tornaram também em profetas, pois começaram a vaticinar que o futuro de Jesus era ser morto (porque eram homicidas desde o ventre de sua mãe, de modo que quando vaticinavam que o destino de Jesus era ser morto é porque no seu íntimo já buscavam a sua morte).

Mas, tudo isto também não aconteceu com o socialismo? Quando houve a revolução e o socialismo começou a dar para os oprimidos, casa para morar, trabalho digno, educação, vestimenta, saúde, lazer, então os oprimidos passaram a seguir o socialismo para onde quer que ele fosse. Até no final da década de setenta em toda a terra as massas seguiam o socialismo para onde quer que ele fosse. Mas porque o socialismo dava tudo isto para os oprimidos, e os governantes capitalistas, políticos e sacerdotes, não davam nada disto para eles, mas tudo isto davam unicamente para seus filhos e para os filhos de suas respectivas classes sociais, então eles se encheram de ódio e inveja do socialismo. E começaram a persegui-lo com toda sorte de mentira e acusação (Apocalipse 12.10). E tornaram-se profetas sobre ele, pois passaram a dizer que não iria tardar e o socialismo iria ser destruído, mas unicamente porque eram homicidas desde o ventre de sua mãe e já tramavam a sua queda, aguardando a oportunidade ideal, que iria chegar porque eles no escuro da noite estavam forjando.

E Jesus, porque estava em corpo mortal, mas carregava em oculto um segundo corpo, guardado para a ressurreição, tendo chegado o momento da necessidade de sua morte, então se dirigiu a Jerusalém. E eis que chegou o momento de ser traído e entregue à mão de homens pecadores, para ser julgado por eles. De fato, quando se achava no Getsêmani, orando juntamente com três dos seus discípulos, eis que chegou uma multidão com espadas e cacetes, enviados pelos principais sacerdotes e anciãos do povo; e à sua frente estava Judas Iscariotes. Ao tê-lo identificado com um beijo, eis que a multidão avançou sobre Jesus e deitou mão nele. Mas um dos seus discípulos que estava armado, Pedro, querendo resgatar Jesus, puxou da espada e cortou a orelha direita do escravo do sumo sacerdote. Mas Jesus lhe disse: Devolve a espada ao seu lugar, pois todos os que tomarem a espada perecerão pela espada. E curou o escravo do sumo sacerdote.

Tendo levado Jesus para ser julgado à mão de homens pecadores, eis que seus discípulos, nesta hora difícil, abandonaram-no, deixando-o sozinho.

Mas, não podemos dizer que tudo isto aconteceu com o socialismo? O socialismo, porque estava em um corpo mortal, o marxismo, todavia carregava em oculto um segundo corpo, guardado para a ressurreição, o socialismo celestial, eis que chegou a sua hora difícil. De modo que foi traído, entregue á mão de homens pecadores para ser julgado, e o que é mais doído, todos o abandonaram. O seu abandono foi tanto que mereceu um artigo no jornal Folha de São Paulo assinado por Clóvis Rossi onde este articulista se espantava pelo fato de todos terem abandonado o socialismo. Ele mesmo dizia que nunca se tinha visto uma coisa assim em toda a história. De fato, uns porque o socialismo só existiu até o tempo de Stálin, outros porque o socialismo nunca existiu, de modo que cada um tinha um argumento distinto na ponta da língua para justificar o abandono do socialismo à mão de homens pecadores.

E Jesus foi levado para o cadafalso. Passando de mão em mão, sendo interrogado e acusado daquilo que não fez, então estas mãos assassinas, que já tinham cuspido nele e o esmurrado e o esbofeteado, dizendo: Profetiza-nos, Cristo. Quem te golpeou? Conduziram-no para as mãos dos carrascos, tendo feito-o passar antes por Pilatos, representante de Roma.  E antes que fosse açoitado pelos carrascos, foi levado à presença da multidão que estava fora, para que fizesse a escolha entre Jesus e Barrabás. E a multidão tendo clamado: Solta Barrabás e à morte com Jesus, então se encaminhou para o açoite e a morte.

Seguindo pelo calvário finalmente foi crucificado entre dois malfeitores. E já morto, um soldado puxou da lança e furou-lhe um lado saindo sangue e água.

Tendo sido sepultado, então os sacerdotes principais conseguiram que uma guarda fosse colocada na entrada da sepultura, pois temiam que os discípulos de Jesus furtassem o corpo e difundisse uma impostura de que tinha sido ressuscitado. No entanto ao terceiro eis que houve um grande terremoto, pois, deveras, o anjo de Javé descera do céu, e, aproximando-se, rolara a pedra da frente e estava sentado nela. A sua aparência exterior era como relâmpago e seu vestuário era branco como a neve.

Mas, não podemos dizer que por tudo isto passou o socialismo? Depois de ser seguido pela multidão oprimida, eis que chegou o momento dele ser traído e entregue à mão de pecadores.

Sabemos que quando a multidão chegou com espadas e cacetes para prender Jesus então um de seus discípulos, Pedro, que estava armado, para resgatar Jesus, puxou da espada e cortou a orelha direita do soldado que o tinha retido. No entanto reagiu pedindo que voltasse a espada ao lugar, porque todos que puxassem da espada a espada iriam ser mortos. E curou o soldado ferido.

O que teria sido isso? Certamente que os dramáticos acontecimentos que levaram à queda da União Soviética. E o discípulo de Jesus, armado, que quis resgatá-lo foram aqueles que deram golpe de Estado e prenderam Gorbatchov. E pode sim ser chamado de golpe corta - orelha, porque na verdade quem tinha de prender era muito mais Boris Yeltsin e nem tanto Gorbatchov. Caso tivesse prendido Boris Yeltsin teriam cortado a cabeça das forças que queriam a destruição do socialismo e a restauração no seu lugar do capitalismo.

Que lição pode-se tirar tanto do fato de Jesus ter pedido a Pedro para retornar a espada ao local porque todos que puxassem da espada a espada seriam mortos com o fato do fracasso do golpe contra Gorbatchov e Boris Yeltsin? Que doravante as forças do socialismo teriam de mudar por completo, da noite pro dia; que o socialismo não deveria ser mais construído de cima para baixo, pelo poder da força militar, mas unicamente que pela politização das forças trabalhadoras. A nova politização das forças trabalhadoras iria fazer com que no ventre dos trabalhadores surgissem os novos líderes da revolução, que se multiplicando, iria construir uma força formidável, incapaz de ser detida.

E o socialismo foi traído e levado para ser julgado por homens pecadores, apesar de que só fizera o bem. E ele é cuspido e esmurrado, e zombado: Ó Socialismo, profetiza quem te bateu! E levam-no para o julgamento da turba: quem vós quereis que seja liberto: o Socialismo, o vosso Cristo, ou Barrábas? E a turba grita irada: solta o capitalismo e à morte com o socialismo!

E finalmente o socialismo é levado para o seu calvário e é crucificado entre dois malfeitores... O nazismo e o fascismo (aquela turba carregava faixas em que se lia: o comunismo é igual ao fascismo e ao nazismo). Mas o comunismo é igual ao fascismo e ao nazismo como Jesus era igual aos dois ladrões ao lado...

E o socialismo é finalmente pregado à vista de todos, e ele dá o último grito: trabalhadores, porque me abandonastes? E entrega o seu espírito. E um soldado, para certificar-se de que realmente está morto, então toma a lança e fura um dos lados, saindo sangue e água...

O que é isso? Certamente que aquele momento em que Boris Yeltsin, para certificar-se de que o socialismo estava morto, então ordenou o ataque ao Parlamento, matando dezenas de comunistas com os seus corpos, e o sangue misturado à água, sendo visto nas escadarias do Parlamento.

E os assassinos de Jesus repartem entre si as vestes de Jesus... Os assassinos do socialismo finalmente deitam mão e repartem entre si todas as riquezas construídas pelos trabalhadores... Que hoje estão em mãos particulares...

Temendo que Jesus pudesse ter seu corpo resgatado pelos seus discípulos e se tornasse mais perigo morto do que quando vivo então os principais dos sacerdotes pediram aos romanos que colocassem uma guarda para vigiar a sepultura... E foi assim que os assassinos do socialismo, querendo impedir a sua ressurreição, então fizeram ingressar aqueles países na OTAN. Na aliança militar capitaneada pelos Estados Unidos eles não tinham como se revoltar...

Mas, ao terceiro dia, Javé enviou o seu anjo desde o céu, e ele, em vestuário reluzente, branco como a neve, então rolou a pedra que os assassinos colocaram sobre a sepultura do socialismo para que ele nunca mais se levantasse. Rolou-a e sentou-se sobre ela... É o tempo do socialismo celestial... O tempo em que o socialismo ressuscita, em novo corpo, novíssimo, não mais sujeito a morte e ao opróbrio dos homens. Oxalá que a sua ressurreição se dê ainda neste ano de 2011, quem sabe numa grande manifestação que as forças católicas, evangélicas e socialistas realizariam no final do ano, na virada do ano, de modo que à meia-noite as multidões, as multidões vistas em sonho pela jovem Joseane, caminhando pelo centro de Presidente Prudente rumo ao Parque do Povo, então irão se postar diante do grande palanque visto no sonho pela jovem, ocupados pelos ministros de Sua Santa e Bendita Palavra... A lançar para o alto as suas rosas... Vermelhas... Brancas... E a reverenciar os seus mártires... Estevam... Carlos Mariguela... Tiago... Josimo Tavares... Justino.... Dom Oscar Romero... Inês... Dorthy Stang...