quarta-feira, 30 de junho de 2010

Blognovela Penetrália

Capítulo 1: O Cisma Sarapatético

BH, ano 2008. Os Sarapatetas encontram-se para atualização do calendário oswaldiano, decidindo se o marco continuará a ser a devoração do Bispo Sardinha.

Abro os trabalhos recitando Vinícius de Moraes:

Lúcio: Não comerei da alface a verde pétala

Nem da cenoura as hóstias desbotadas

Deixarei as pastagens às manadas

E a quem maior aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas

Talvez pouco elegantes para um poeta

Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta

Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois

Nem como os coelhos, roedor; nasci

Omnívoro: dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati

E eu morrerei feliz, do coração

De ter vivido sem comer em vão.

Andrei Golemsky (caprichando no sotaque russo): A morte é uma festinsky! Só não me telefonem.

Rodrigo Rock Blue (sempre cantando tudo em ritmo de rock): Yeah, em breve os hippies de Istambul me acompanharão. Why, bicho, não te telefonar?

Andrei: Uai, why, não gosto de retornar ligações perigosas. Liasons dangereuses, sacumé?

Andréa Beluga: Andrei, és assombrado pelo fantasma do Magno Pai de Hamlet.

Andrei: Sangue de Jesus tem poder, belugette!

Andréa Beluga (mau humorada): beluguette não, é meio bicha.

Lúcio (vou citar mais um poeta, Juraci Siqueira): Papai Noel comunista...

Êta, mentira indecente!

O velho é capitalista

fodendo a vida da gente!

A noite logo retorna,

e o Sol, cansado, desmaia

e o mar passa a língua morna

na vulva branca da praia...

Santo André (o duplo de André): almas perdidas, quero salvá-las, sou soldado de Deus, vocacionado jesuíta!

Érico(vestido como nero, encara com hostilidade do duplo de André): Nós estamos aqui para quê, sua horda? Não somos ateus?

Rodrigo Rock Blue: o nome da minha banda é HORTA, HORTA, Érico.

Marcos Xavier (entra vestido e com barba como Tiradentes): estamos aqui para resolver o cisma do Sarapatel dos Estetas, a questão do bispo Sardinha....

Andrei: em nome de um materialismo anárquico, uni-vos!

Santo André: em nome de um misticismo maluco, de um Cristo que vi sair andando da parede quando criança, separai-vos!

Andréa Beluga: assim não dá. SALVEM AS BALEIAS! (sai de cena).

Larisse (quando ela entra em cena, Andrei e seu duplo se retiram): Deus, afasta de mim os versos sacânicos, afasta de mim esse cálice!

Marcos Xavier: é preciso afastar os fantasmas Sergei, Elisângela, Johnny, Magno. Viemos aqui para oficializar o cisma?

Érico (monologa baixinho, enquanto ninguém o escuta, acendendo um cigarro): cisma é comigo mesmo. Sou ateu, graças a Deus. Vim para criar uma igreja atéia entre os sarapatetas.

Rodrigo Rock Blue (histérico, imitando Caetano em 68): Vocês são a juventude que quer tomar o poder? Vão sempre enterrar HOJE o velhote inimigo que morreu ONTEM!

Marcos Xavier (com voz paciente de bom católico): bom, para celebrar a abertura desse congresso tratando do cisma sarapatético. O primeiro passo é a partilha do espólio sarapatético.

Lúcio: NÃAAAAO! Beleléu.

Andrei Golemsky: Os hippies de Istambul detonaram todos os caretas!

Santo André, o duplo de Andrei: Eu não queria fazer amor

Lúcio: I am the world, I am the children, I am Bruce Springsteen...

Érico: Isso aí! “Eu também sei ser careta. De perto ninguém é normal”, racional.

Larisse: O real de perto é quase imaginário, é irracional...

Marcos Xavier: U-te-rê-rê, U-te-rê-rê! OOOga BOOOga-tenho dito!

Larisse: E eu queria fazer amor.

Santo André, o duplo de Andrei: Mais um, mais um...Por que parou? Parou por que?

Rodrigo Rock Blue: Eu queria te matar! Vaza-te, rato de éter!!!

Lúcio: Devassos, pervertidos, chafurdem na pornéia desvairada, crapulitos & crapuletes!

Andréa Beluga: Carpe Diem, seus putos! Agricolei, agricolae, agricolis, agricolam...

Érico: Nós somos os novos bárbaros-temos que ser-ou isso ou os bobos da corte.

Santo André, o duplo de Andrei: Anjo Azul, Greta Garbo, leave me alone, cambada!

Andrei Golemsky (cantando narcisicamente a si mesmo): Não deixo! Você é a geléia que eu gosto mais de comer. Humm!!!

Rodrigo Rock blue: Eu vou te matar, ROMANOV!!!

Larisse: As renobraças vão te POSSUIR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Lúcio: Je me gustaria de retalhé le professeur. Yo yrya pendureux ekle dan le cabeza per baix, pour las orejas -- me gustaria mucho! Osgarmo!Vira! Virou! Ah!

Érico: Ah! A vida é como uma prova de colégio: não importa se você cola ou não, desde que a resposta esperada esteja no papel.

Santo André, O duplo de Andrei: OH Zeus. Chuva de ouro, eu só quero, só penso em namorar.

Andrei Golemsky (apaixonado por seu duplo): Namoro não pede Zeus ou Deus, só os seus e os meus, ou melhor, o meu e a sua:

Rodrigo Rock Blue: a morte expõe a bílis gangrênica no seu rabo.

Lúcio: A perversão tomou conta do meu e da tua, seus comunistas, seus trotsquistas, vocês deviam parar de recitar os Poemas para Rezar de Michel Quiost e não deviam deixar os Poemas para Rezar de Michel Quiost fazerem este estrago todo nos humanóides que habitam este planetinha defecante e fazer algo para que os Poemas nunca mais fossem rezados e quem sabe eles fossem desintegrados numa câmara ardente, seria uma ploscalafobéticarexospiração em meio aos vietcongs, maoístas e ativistas exaltados do Partido Armado Universitário (PAU), sigam o Sendero Luminoso e leiam as Teses filosóficas de Enver Hoxha, seus agentes de Tirana, vocês já passaram o verão no litoral albanês?

Érico: Não é anotação da aula, mas parece. Que zona!

Lúcio: Isso a gente não aprende na escola.

Andréa Beluga: Issi o gene não apreende na école.;

Santo André, o duplo de Andrei: EU TÔ DENTRO DE VOCÊ, CARA.

Andrei Golesmky: Fala, minha cruz!

Santo André, o duplo de Andrei: Cruz é o caralho!

Marcos Xavier (fala com a voz do Papa Bento XVI, em off): Acabo com isso ao som de descargas celestiais e do berro de um Deus que criou este mundo e não conferiu se tinha papel higiênico.

(Continua...)

sábado, 19 de junho de 2010

Bilhete aberto ao Ítalo Coutinho

Oi, Ítalo: que tal pesquisar mais sobre a questão da rádio alternativa ao invés de ir logo dedurando para a detel e anatel? Aqui não existe NENHUMA rádio comunitária. Todas visam lucro. Nenhuma abraçou a ideia de tocar os artistas locais como essa rádio alternativa agora.

E vc nesse dedurismo sem analisar? Vc ganha o quê com isso?

att.
Lúcio Jr.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Por que a frente única não foi reeditada esse ano

Prezado Lúcio, segue um texto abaixo que pode ajudar a entender as razões pelas quais a frente não será reeditada este ano, pelo menos nacionalmente, e em alguns estados.

Forte abraço,

Daniel

POR QUE O PCB VAI APRESENTAR CANDIDATURA PRÓPRIA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Nota Política do PCB

O PCB julga-se no dever de esclarecer:

1 – Não nos imiscuímos em assuntos internos de outros partidos. Assim sendo, como partido, não temos nem preferências nem vetos em relação aos dignos e valorosos companheiros do PSOL que disputam internamente a indicação como candidato à Presidência da República.

2 – Em programa institucional no próximo dia 25 de março, em cadeia nacional de rádio e televisão, informamos ao povo brasileiro a determinação de nos apresentarmos nas eleições presidenciais deste ano com identidade própria, sem prejuízo de coligações, no campo da oposição de esquerda, em algumas eleições estaduais. A data do anúncio coincide com o aniversário de 88 anos do PCB, fundado em 25 de março de 1922.

3 – Esta atitude é conseqüente com nossa postura desde o início de 2006, quando já deixávamos claro que não estávamos procurando uma mera coligação eleitoral e muito menos candidaturas, mas a construção de um bloco na perspectiva de uma frente anti-imperialista e anticapitalista permanente, para além do PCB, PSOL e PSTU (incluindo movimentos e organizações populares) e para além das eleições.

4 – Em 2006, a coligação eleitoral então denominada “Frente de Esquerda” dissolveu-se, na prática, dois meses antes das eleições. Suas únicas reuniões, até junho de 2006, tiveram como pauta exclusiva os acordos em torno de candidaturas. Desde então, não houve qualquer reunião trilateral e, no caso pelo menos do PCB, nem bilateral, além de episódicos e superficiais contatos regionais.

(continua abaixo)

17 de junho de 2010 19:03
Blogger Corrente Sindical Unidade Classista disse...

5 – Para o PCB, foi equivocado o desinteresse em discussões sobre a conjuntura, a tática e estratégia dos caminhos ao socialismo, que gerassem consensos programáticos. Fizemos em 2006 uma campanha presidencial sem programa, abrindo espaço para a então candidata da coligação expor suas opiniões pessoais que, em muitos casos, não correspondiam nem às do seu próprio partido.

6 – Jamais, enquanto partidos, confrontamos nossos pontos de vista sobre qualquer tema, sendo que em alguns temos divergências importantes, algumas inconciliáveis. Entre estas, há questões que nos são muito caras, como a necessidade de criação de uma organização intersindical classista que seja baseada na centralidade da luta do trabalho contra o capital, a atualidade da construção de uma frente anticapitalista e anti-imperialista para além do economicismo e das eleições e o internacionalismo proletário, com a solidariedade firme e inequívoca à Revolução Socialista cubana, aos processos de mudanças na Venezuela e na Bolívia, ao povo palestino e aos demais povos em luta.

7 – Sempre defendemos a necessidade de uma construção programática que envolvesse muito mais que os três partidos da Frente de Esquerda, com vistas à formulação de uma alternativa de poder que venha a se contrapor ao bloco conservador, como ponto de partida de possíveis coligações eleitorais, evitando que a disputa e decisão sobre os nomes e candidatos ocorra antes e, na maioria das vezes, no lugar da discussão programática de eixos mínimos que possam representar a reorganização de um bloco revolucionário do proletariado.

8 – No entanto, estamos no final de março de 2010 e até agora só temos notícias das intenções dos partidos que compuseram aquela coligação pelos meios de comunicação ou por informes que nos chegam sobre o processo de escolha de candidatura presidencial no PSOL, que começou com a opção de Heloísa Helena por disputar o Senado, depois o desencontro previsível com Marina Silva e agora com a disputa interna ainda em curso.

9 - Não podemos deixar de registrar também nossa contrariedade com os rumos tomados pela então Frente de Esquerda, no que tange aos parlamentares eleitos com a soma de votos de dezenas de candidatos dos três partidos que a compuseram. Os mandatos, em especial os de âmbito nacional, não contribuíram para a unidade e a continuidade da mesma. Como acontece com os partidos convencionais, foram tratados como de propriedade dos eleitos, sem qualquer interação ou mesmo consulta política aos partidos que os elegeram. A preocupação principal desses mandatos foi garantir a própria reeleição.

10 – Queremos manter com os partidos, organizações e movimentos classistas que, como nós, vêem a ruptura do capitalismo como a única possibilidade de transição para o socialismo, uma relação independente, baseada em consensos programáticos e na ação unitária no movimento de massas, o que não significa necessariamente estarmos juntos nas mesmas entidades, organizações e coligações.

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comitê Central

22 de março de 2010

17 de junho de 2010 19:03

Crônicas de um Velho Ranheta e Reaça

Está na hora de Ferreira Gullar ir para o museu. É isso que concluo, diante de suas últimas entrevistas e prêmios.

Gosto muito de seus ensaios e poemas. Foram importantes para mim. Mas a pessoa do poeta já está na hora de Deus chamar ou de entrar num museu para virar parte do patrimônio.

Leio no site dele que ganhou o prêmio Jabuti pelo livro Resmungos, crônicas escritas na Folha de S. Paulo. Ora, "resmungos"? Por que não ser mais vanguarda e escrever logo: Crônicas de um Velho Ranheta e Reaça?

Mais espantoso é o site pessoal dele, onde registra que introduziu o "pós-modernismo" em São Luís do Maranhão ao lado do ex-presidente José Sarney. Que horror. Eu teria vergonha de ter feito uma coisa dessas. Introduzir pós-modernismo junto com um poeta que escreve livros chamados "Marimbondos de Fogo". Ainda que fossem "Marimbondos de Néon", "Marimbondos Punks Aidéticos", uma coisa assim, mais pós-pós.

E haja paciência para os Resmungos. Para ele, presidente constitucionalmente eleito de Honduras é Pepe Lobo e não Zelaya. Isso me cheira podre, vindo de quem foi vítima de um golpe militar. Numa outra crônica "inteligente" sobre Guilherme Habacuc Vargas, o artista plástico que deixou morrer um cão numa instalação, Gullar fez o possível para reduzir o trabalho do artista a uma caricatura e expô-lo à execração pública. Má fé não, deixa. Assim ele faz com a luta antimanicomial e muitas outras coisas, inclusive o PT, que até faz por merecer esses resmungos. Resmungando, Gullar faz crítica de artes plásticas para destruir as artes plásticas.


Gullar diz que a lei antimanicomial foi criada pelo PT e dá a data de 2001. Ora, em 2001 o governante era o seu saudoso FHC. Quem sabe ele não se entende a respeito do assunto com Serra, ex-ministro da Saúde e agora seu candidato do coração, como foi outrora Roseana Sarney, aquela musa que anda merecedora de um poema que a chame de "monstro de olhos verdes"? Mais recentemente, o "monstro" jantou o PT do Maranhão.

Agora, me espanta profundamente a atitude dele diante da esquizofrenia dos filhos. Ele acha que isso não tem nada a ver com a sociedade e a família e isso é "doença mental". Quem sabe ele deveria reintroduzir para valer o pós-modernismo no Maranhão, agora quem sabe com a esquizoanálise deleuziana.

O que eu acho mais curioso em Gullar é que ele parte de uma geração de comunistas que foi fazer "entrismo" na Globo, nos anos 70, entrar nos aparelhos do sistema capitalista para obter a hegemonia à la Gramsci. Mas a TV Globo é que fez "entrismo" neles; ela os arrombou, devorou. Se esculhambaram, se perderam totalmente.

Mas Gullar, nada existe de mais esquizofrenizante do que a posição de esquerda na sociedade capitalista e isso Deleuze registrou muito bem: a esquerda tende à esquizofrenia, a direita à paranóia. Na verdade, Gullar não é mais esquerdista: fala em Marx, em poesia, mas suas posições são como das do velho reaça do DEMO Jorge Bornhausen. Que termo define isso melhor do esquerdofrenia?

Para quem quiser resmungar com ele, tá aí o endereço:


http://literal.terra.com.br/literal/calandra.nsf/0/DC04A0DC1539C12903257679004F96D5?OpenDocument&pub=T

Eu, pessoalmente, vou continuar lendo a obra e torcendo para que o poeta vá se arrumando para pedra.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

The Vuvuzela Song

(Lúcio Jr.)


Trompetas de Gedeão da regressão acústica,

As vuvuzelas azumbizam ao longe.

Posso escutá-las abelhas, anunciando a chegada de uma rainha gigantesca,

Que zumbirá ainda mais do que elas.

Quando elas trombeteam seus ruídos,

Anjos caem mortos dos céus.

Em seu nome, como morcegos, recebem o som nervoso que fazem.

Seriam como flores enormes trazidas como praga de uma nação barulhenta.

Reproduzem-se rapidamente em estádios.

Podem até ficar bem em orquestra.

Mas o zumbido tem sido sua razão de ser.

Não se afinam.

Nos ouvidos dos surdos do futuro

Dos que nascerão do óleo dos mares,

Ecoará, ainda, a sua torta música de Onã.

Um Brasileiro na Guerra do Iraque

Dedicado a Francisco Mendonça.


(Conto de Lúcio Jr.)

Meu nome é Afonso e sou repórter de um grande jornal. Para fazer uma matéria sobre o premiado filme The Hurt Locker (“Guerra ao Terror”), encontrei um brasileiro que viu a guerra do Iraque. Ele era engenheiro de uma empreiteira brasileira naquele país. A matéria acabou rejeitada pelo jornal em que trabalho. Nossa conversa, toda gravada, não foi publicada. No entanto, vale a pena transcrevê-la aqui. Dalmo era engenheiro da Menezes Noronha no Iraque.
Afonso: Dalmo, em primeiro, quais são as suas impressões sobre o Iraque?
Dalmo: Olhe, me atraiu muito isso deles dizerem que lá é que foi o Jardim do Éden. Para os iraquianos, lá é o berço da civilização mundial. Eu saí pouco depois do início da guerra. Soube que a situação está terrível.
Afonso: Como o povo recebeu a notícia da invasão norte-americana?
Dalmo: Com muito medo, porque o Iraque já foi colônia dos ingleses e dos turcos e os iraquianos sofreram muito. Eles simpatizam com o Brasil porque o Brasil também já passou por essa experiência.
Afonso: Saddam Hussein poderia ter evitado a guerra?
Dalmo: Saddam sonhou alto demais, assim como Nasser, o presidente egípcio que nacionalizou o canal de Suez. Saddam Hussein foi, apesar de tudo, um bom presidente. A revolução de 69 que o levou ao poder nesse ano, juntamente com o partido Baas, que se diz socialista, nacionalizou as riquezas do país e fez a reforma agrária que a revolução de 58 não tinha conseguido fazer.
Afonso: O que você me diz da resistência, por exemplo, em cidades como Fallujah?
Dalmo: Lamento profundamente a destruição americana de uma cidade como Fallujah. E o troco virá, pois os iraquianos são ligados à pena de Talião e vida se paga com vida. Fallujah estava no meio do deserto puro, um chapadão plano com colinas completamente sem vegetação alguma. Quando aparece Fallujah, aparece o arvoredo e algumas casas, eu lembro da ponte e do rio Eufrates logo ali, perto da cidade.
Afonso: E quem ganhará a guerra?
Dalmo: Os Estados Unidos sairão quando estiverem perdendo muitos soldados e deixarão um governo xiita muito simpático ao Irã. Por isso tanta pressão contra a república islâmica: os norte-americanos e europeus não querem um aumento da influência do Irã na região.
Afonso: Que informações você tem sobre a situação hoje?
Dalmo: Tenho acompanhado mais as fontes oficiais. Eu até pensava que o Brasil deveria tentar ser uma potência como eles estavam tentando.
Dalmo: Como assim? Saddam não era um ditador sanguinário?
Afonso: É, tenho ouvido falar, mas não foi essa minha impressão. Não sei como é viver lá, são outras regras, um diferente estilo de vida, num país de civilização muito antiga. Eu tinha a impressão de que Iraque estava tentando se transformar numa potência, o que me lembrava o Brasil dos anos 70.
Dalmo: Saddam não fez duas guerras inconseqüentes, a contra o Irã e contra o Kuwait?
Afonso: Quando estive lá e a guerra contra o Irã começou, eles disseram que o Khomeini tinha desconhecido os tratados realizados com o Xá. O fato é que o Iraque é nacionalista.
Dalmo: Como assim nacionalista?
Afonso: Na hora de atender numa loja, eles atendem o iraquiano primeiro, ao invés de atender o estrangeiro. Eles não estimulavam o turismo externo, só o interno. Coisas assim. O Iraque sonhou em ser uma potência, durante um tempo, mas agora decaiu para colônia de novo.
Dalmo: Você viu filmes recentes como Guerra ao Terror e Avatar? Vê relação com o Iraque?
Afonso: Vejo, sim. The Hurt Locker, sobre o qual você tinha de fazer essa entrevista, é um faroeste onde os americanos são os mocinhos. Já Avatar é mais claro em seu simbolismo. Os americanos estão errados em suas guerras invasoras e as pessoas que são guiadas pela ciência, essas pessoas devem passar para o lado dos iraquianos e dos afegãos. É o que eu penso também!

terça-feira, 15 de junho de 2010

O show dos Dead Lover´s no Lapa foi múlti

Sábado passado, dia 11, numa noite de vento antártico, fui ao show dos Dead Lover´s Twisted Heart, três DJs (Luiz PF, Deivid, Fael e JJBZ, todos discotecando apenas vinis) e Fusile, no Lapa Multishow. No show, pude sentir o calor e a emoção das canções da banda, que acompanho há dois anos e na qual meu irmão Vinícius toca. No show ao vivo, sente-se o frescor das emoções e muita coisa passa a fazer sentido: a ligação da banda com Odair José, por exemplo, que sempre me pareceu enigmática, pode ser desvendada pela herança Jovem Guarda/country que Odair José e Dead Lover´s têm em comum.
E o show é celebração alegre, fanfarrona, do lançamento do CD, um acontecimento para a banda, que tinha até agora apenas um EP e um vinil. A abertura teve um quê eletrônico onde destacou-se Thiakov nos teclados. Depois, passou-se ao rockabilly dançante ao folk melódico de canções como “Rock Hurts and The Heart Beats”, quase um hino na banda, assim como “Shake your Hips” and “Folk You”, todas representantivas do bom humor da banda e sua alegria contagiante. Uma canção muito bonita (Isabelle), misto de chanson française e the Doors, contou com a participação de Rafael Ludicanti (dos Junkie Dogs, banda irmã). Todos os componentes cantam bem e a voz da baterista impressiona, lembra muito a de Maureen Mo Tocker, do Velvet Underground, o que nos introduz num túnel do tempo.
O som do CD independente, que obteve qualidade profissional, dá uma enorme vontade de ver o que farão os Dead Lover´s com uma gravadora e uma estrutura profissional. Ver a banda ao vivo é uma experiência esclarecedora, diferente do som de MP3 e do CD, que de qualquer forma separa um pouco os instrumentos. Ao vivo, a banda faz diferença e produz um som mais encorpado, convence mais, atrai mais.
A parte mais ousada do show foi a participação da orquestra composta por amigos da banda. Os metais sobressaíram em relação às cordas, mas mesmo assim a química entre os músicos (dentre os quais, o Chico do poemacto.blogspot.com, que enfim conheci pessoalmente no sábado passado) tinha um quê meio carnavalesco, meio balcânico. Clima de festa fanfarrônica e intensa, ideal para aquecer o inverno belo-horizontino.
A apoteose do show aconteceu em “Where I am” que diz “Take me by the hand”. O público ergue as mãos e o que se vê é justamente a banda seduzindo seu público, conduzindo-o pela mão. A ordem das músicas no show me lembrou a do CD. Os Dead Lover´s, portanto, não me deixaram com coração de amante morto e sim com uma promesse du bonheur muito bem cumprida.

domingo, 13 de junho de 2010

Instituto de Pesquisa Bob Dylan

http://www.spiegel.de/unispiegel/studium/0,1518,514187,00.html

Mareike Knoke (Der Spiegel on line)

Tradução: Lúcio Jr.

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Axel Honneth, sucessor de Habermas e presidente da Escola de Frankfurt, vê em Bob Dylan alguém do Novo Mundo que o completa. Honneth fala sobre um congresso e um livro a respeito da lenda do folk-rock, para ele, um “filósofo da liberdade”.

“Quem? Bob Dylan?” Era comum que os colegas da Escola de Frankfurt perguntassem assim a Honneth, para irritá-lo, quando ele manifestava suas preferências musicais. Então, de todos os lugares do mundo, passou a vir a pergunta, duvidando se era verdade que o aluno de Habermas e representante da Escola de Frankfurt estava realmente fazendo um congresso internacional sobre o cantor de folk-rock norte-americano. E, na primavera de 2006, ocorreu o primeiro congresso, chamado “Bringing it all back home”. O encerramento foi em grande estilo: teve direito a uma banda e Honneth compareceu a cárater, ou seja, vestido com seu casaco de couro preto.

“Por que não”? Pergunta Honneth, recuando um pouco e fazendo um gesto de incompreensão. “Bob Dylan, sim, respondo. Sempre tive interesse em Bob Dylan e o sinto ligado ao campo filosófico.” Esse contemporâneo de Dylan, nascido em Essen em 1949, apenas oito depois do nascimento de Dylan em Minnesota, explica porque se opõe a Adorno e Horkheimer a respeito: “No tempo de Adorno existia um grande abismo entre a cultura popular e a alta cultura, especialmente a estética sofria com essa ruptura. Agora isso foi superado.”

Em Bob Dylan”, continua Honneth com um ar amável e calmo, “existem articulações entre crítica social e a canção onde convergem temas com os quais lidei em meu próprio trabalho”. Honneth enfatiza sua fala enquanto aponta o dedo ao livro que escreveu sobre Dylan. O filósofo alemão ressaltou que conferiu um justo reconhecimento que a canção popular contendo crítica social ainda não tinha tido e também saudou a saudável intertextualidade do Congresso “Bringing it All Back Home.”

O Filósofo Bob Dylan

“Heresia, profanação” são os sentimentos que a atitude de Honneth provoca em alguns colegas, mas ele segue adiante, levando mais longe seu gesto, escrevendo sobre o próprio Bob Dylan enquanto filósofo. No congresso sobre Dylan, Dr. Susan Neimer pontificou sobre a filosofia moral, enquanto Dr. Diedrich Diederichsen realizou uma preleção sobre Cultura Pop e o Dr.Gunten Amen discorreu sobre Sexo e Drogas. “Nos Estados Unidos isso não é incomum”, diz Honneth. “No entanto, aqui ainda parece a alguns impensável dizer que uma canção como Blowin´ in the Wind possua uma aplicação prática da filosofia e seja, inclusive, um clássico.”

Em seu livro lançado em setembro de 2007, O Jovem Dylan: Canções com Conteúdo Filosófico, Honneth cita abundantemente as canções de Dylan, esclarecendo seus pontos de vista sobre o trabalho do cantor com notável familiaridade (Honneth é fã de Dylan desde os dezesseis anos). Analisando-o enquanto filósofo prático, Honneth encontra em Dylan temas como a justiça, a sociedade e o reconhecimento, presentes também em Adorno, Horkheimer e Habermas.

Em 1992, Honneth escreveu sua tese sobre a “Luta pelo Reconhecimento: Gramática Moral dos Conflitos Sociais”, tendo obtido grande reconhecimento internacional e sido convidado a ir como professor visitante do Instituto de Pesquisa Social Theodore Geuss em New York. Originalmente, esse Instituto de Pesquisa Social era ligado à Universidade de Colúmbia e Adorno e Horkheimer obtiveram nele um forte apoio para seus trabalhos criticando a Alemanha nazista. Hoje, Honneth sente-se em casa nos Estados Unidos.

O filósofo nascido na região industrial do rio Ruhr possui também em comum com o artista uma origem humilde, tendo ambos sempre criticado os ricos. Tendo passado a infância em reformatórios, mandado pela mãe pobre e sempre sem dinheiro, Honneth viveu na pele os dramas do não-reconhecimento e a desvantagem social. “Olhar o colega e ter vergonha de si mesmo é uma situação familiar a nós, que nos revolta: ao rico é garantida a riqueza e as posses, enquanto somos condenados à pobreza.”

Transitando Entre Vários Campos de Atuação

Honneth, assim como Dylan, não teve uma militância política na juventude. Honneth chegou a ser participar durante três meses da juventude socialista, ao entrar em Bochum para estudar Filosofia e Sociologia. “Em três meses, no ano de 1969, passei de simpatizante da juventude socialista para a condição de pesquisador dentro da conservadora universidade de Bonn”, diz hoje Honneth com um brilho satisfeito nos olhos ao falar desse tempo, época em que também completou uma graduação em Direito em Berlim pouco depois. “Ali, nessa época, passei de confiante revolucionário a cético.” Honneth chegou a participar de greves em Berlim, mas sempre preferiu não participar diretamente de grupos partidários, uma vez que para criar o equilíbrio entre reflexão profunda e compromisso político dentro de uma obra é preciso uma postura distanciada.

Nessa época, estreitou o contato com autores como Adorno e Habermas, que foi promovido por Cristian Menke, ex-professor de Ética/Estética de Honneth em Potsdam: “eu promovi leituras de Adorno, inclusive um colóquio com Habermas, no qual Honneth conheceu o mestre, ao lado de quem deu-se tão bem que acabou sucedendo no cargo de presidente do Instituto de Pesquisa Social”, comentou satisfeito o professor Menke.

Fantasma de Adorno

Para Menke, Honneth é o grande representante da Teoria Crítica surgido após Habermas. “Ele é um pensador com conceitos próprios, emancipou-se de Habermas”, comenta Menke. Em 1996, Habermas passou a condução dos seus seminários no Instituto a Honneth. “Foi um momento muito assustador para mim, pois era enorme responsabilidade”. De um jeito ou de outro, parece que os fantasmas de Adorno e de Horkheimer ainda pairam por ali. O medo era sem fundamento, e de fato ele veio a suceder Habermas no cargo em 2001. A preocupação foi sem razão. Honneth é carismático, competente como cientista e com uma formação sólida, e, assim como Habermas antes dele, Honneth desde rapaz demonstra “cândida tolerância diante das opiniões dos outros”, como confirma, entusiasmado, seu assistente Dr. Rahel Jaeggi, “ele é aquilo mesmo que mostra aos outros, procura fazer com que cada um desperte o que tem de melhor”, completa o discípulo.

Para Honneth, “um jovem não pode se deixar levar por mestres e gurus, principalmente de forma acrítica. Um mestre que pede que o jovem o aceite sem críticas fará o discípulo voltar-se contra ele”, afirma. Aqui, mais um paralelo com Bob Dylan: desse mal, o músico nunca sofreu: Dylan também exige constantemente dos fãs e seguidores muito espírito crítico.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Alice

Alice

[Graças ao meu editor Fernando Gonzaga, descobri que esse conto meu dialoga com o conto Temporal Semáforo, da escritora hoje radicada no Canadá Rita Espechit.]




“Era capaz de arrancar da mente toda esperança humana/ Contra toda alegria, para sufocá-la, construí a primavera esquálida de uma besta selvagem”.
Arthur Rimbaud



Alice chega do trabalho cansada. Fecha a porta do apartamento de três quartos e um banheiro. O gato persa vem roçar-lhe os pés.
Ele se chama Roni e tem grandes olhos negros. Seu corpo é recoberto de pelos longos, de cor cinza carregado.
Alice está só, senta-se no sofá com Roni nos braços magros. Começa a acariciá-lo, frenética. De súbito se ergue, deixando o gato estirado no sofá. Ela vai até a janela.
O casal do apartamento vizinho faz amor. Alice sempre gosta de chegar do serviço e assistir.
Quando acabam, os dois amantes apagam a luz do quarto. Alice volta ao sofá e aos carinhos de Roni. Nesta hora Alice costuma recordar-se de seu amor fracassado, Seleiman Abdallah, um sírio-libanês naturalizado brasileiro. Alice lembra-se das noites em que Seleiman apalpava seus seios brancos e macios com fúria animal. Agora resta a dor da solidão absoluta. Seleiman tinha apenas vinte e dois anos, Alice já passara dos trinta...Ele acabou por abandoná-la subitamente, sem remorsos ou explicações, desaparecendo sem deixar vestígios. (Exceto algumas lembranças na mente de Alice, claro.)
A moça liga a tevê, assiste várias novelas, telejornais, programas de auditório...nada a deixa satisfeita, parece impossível. Ela corre ao quarto, apanha uma caixinha branca e vermelha. Retira de seu interior dois comprimidos róseos. Vai à cozinha e observa o branco dos azulejos, bebe um copo d’água para empurrar os sedativos goela abaixo. Agora vai ficar satisfeita, enquanto durar o efeito do anti-depressivo. Dez da noite desliga a tevê, vai tentar dormir na grande cama que enche um dos quartos. Enrolada em lençóis, olhando para a brancura da parede, Alice está inquieta. Olha o relógio: onze e quinze, onze e vinte, onze e meia, onze e quarenta; Alice não dorme.
Então corre até o banheiro e enche a boca de cápsulas brancas. Engole tudo olhando para o rosto pálido e ossudo no espelho. Agora sabe que dormirá.
Brota-lhe um sonho. Ela odeia sonhos, acredita que surgem por efeito das drogas. Naquela noite surge um mar de àguas sombrias. Parece um oceano de chumbo líquido. Acima um amarelo céu, das nuvens descem raios azulados e outros verdes. Paisagem suave, mas inquietante talvez devido ao sol, enorme esfera avermelhada que desliza entre nuvens como chumaços de algodão e derrama nelas o seu rubor. O sonho desaparece subitamente.
Na manhã seguinte, Alice acorda com os olhos embaçados e forte dor de cabeça. Sai correndo, ela tem que chegar rápido ao banco. Quando eufórica devido a um bom remedinho, compra mais para tomar depois pois a depressão não tardará. Roni observa tudo, deitado sobre uma almofada de veludo, com saudade, quem sabe, da Pérsia de onde vieram seus ancestrais ou do Egito, onde os gatos eram animais sagrados: se alguém matasse um a pena era a morte...
“Como está ela, doutor?”
“Em coma profundo.”
“E o prognóstico?”
“Coma profundo. Por tempo indeterminado. Não temos expectativas...Abusou dos remédios e não foi possível fazer a lavagem estomacal a tempo...A vizinha ouviu seu grito, mas demorou a entrar no apartamento. Lamento, lamento muito.”
Eu via Alice morrer aos poucos. Ela murchava como uma flor exposta ao sol do meio-dia. Seu olhar ausente, mente exilada, mãos magras e pele viscosa formavam um quadro deveras desagradável. Soube então que eu era a única pessoa que a visitara no hospital:
“Você é namorado dela?”
“Não...”
“Você conhece alguém da família dela, ou os colegas de trabalho?”
“Infelizmente não sei dizer nada.”
“E de onde você a conhecia?”
“Não me lembro, me desculpe.”
Somente com muito esforço me lembrei: eu a conhecia da farmácia onde eu trabalhava como uma criança gerenciando uma fábrica de chocolate. Comprávamos juntos amplos estoques e injetávamos aquela estranha química em nossos corpos. Um dia saímos e, enquanto comíamos batatas fritas, Alice me contou sua primeira tentativa de suicídio, com um revólver, na adolescência. “Agora sei que basta um tiro no céu da boca...”
Ela dizia isso com um ar displicente. Eu contei que já estivera internado numa clínica psiquiátrica devido a uns comprimidinhos. Ela me olhou como se eu fosse uma reencarnação de Buda. Pareceu-lhe uma iluminação, um caminho a ser seguido. Deu-me uma cópia da chave de seu apartamento. Almocei lá num domingo, degustando frango xadrez e rolinhos à primavera enquanto ouvia revelações: “Não tenho ninguém por mim neste mundo.” Então tive de sorrir: “Eu tenho e queria que todos morressem”. Continuamos comendo em silêncio.
Quando eu soube que o fim chegara para Alice, semanas depois, com um telefonema do hospital, fui direto ao apartamento onde ela vivera -- logo depois do expediente na farmácia. Roni aproximou-se, miando. Enquanto observava os espinhos e as flores vermelho-hemoglobina do jardim do apartamento que agora ficara aos meus cuidados, eu ia recordando meu poema em homenagem à Alice, que se chamava Um Abismo Cinzento:
Ela viu sol onde sombra havia
Onde havia o mar, viu desertos
Está agora vagando...Caindo num poço sem fundo...
Afogando-se em dor coagulada,
Ela que viu fogo onde gelo havia.
Ela viu o mar de chumbo líquido
Eu sei que existe, também já vi
& em suas ondas azul-metálicas
Viu a espuma-renda suave a bordar de branco
Uma face de um abismo cinzento.

sábado, 5 de junho de 2010

revista cidade sol apoia o lançamento da pré-candidatura de Fábio Bezerra

O Comitê Estadual do PCB - Minas Gerais aprofundou o debate sobre questões conjunturais e estruturais e aprovou por unanimidade a proposta da Comissão Política Estadual de formar uma CHAPA PRÓPRIA para a disputa política eleitoral em Minas Gerais, fortalecendo a campanha nacional do PCB no estado.

Na chapa própria para as eleições gerais de 2010 o PCB apresentará as pré-candidaturas do camarada Fábio Bezerra ao governo do estado de Minas Gerais, em uma chapa com o camarada Alex Lombello (ou o camarada Jô) como candidato a vice-governador, o camarada Rafael Pimenta ao Senado Federal, o camarada Almeida a deputado federal e a formação de uma ampla chapa para o legislativo estadual.



Fábio Bezerra - pré-candidato ao Governo de Minas (sentado. De pé, o secretário-geral do PCB, e pré-candidato à presidência da república, Ivan Pinheiro)
Professor de história da rede pública estadual, formado em filosofia pela UFMG, ex-dirigente estudantil e atual liderança sindical, Bezerra está presente na luta por profundas transformações sociais no Brasil desde os anos 80, e segue firme na defesa por um estado que tenha como prioridade a população trabalhadora, investindo e reestruturando os serviços públicos como saúde, educação, emprego, cultura, lazer.
Rafael Pimenta - Pré-candidato ao senado pelo PCB. Advogado trabalhista, Pimenta pertence a uma família de lutadores sociais. Ex-líderança estudantil nos anos 70, candidato a prefeito de Juiz de Fora na última eleição municipal, Rafael apresentará o programa comunista e a atual etapa da reconstrução revolucionária do Partido Comunista Brasileiro (PCB) aos trabalhadores mineiros.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Ousadia Necessária: Alunos da Unipac Protestam no Orkut

Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior[1]

O Orkut, muitas vezes associado aos blogs, vem desempenhando um importante papel de espaço para debate e discussão de questões de interesse público e coletivo. Um dos assuntos em pauta no Orkut é a educação.Vem de longa data o esforço desenvolvido pelas universidades particulares em na busca de uma educação superior de qualidade. Para quem vê a grande expansão da UNIPAC em nossa cidade, essa busca parece ter sido conquistada.

Os alunos da UNIPAC, em protestos no Orkut, esclarecem que ainda falta muito para se considerarem satisfeitos. Roberta Abadia Carvalho, aluna do primeiro período de Pedagogia, destacou em um manifesto publicado na comunidade DCE UNIPAC Campus Bom Despacho no Orkut que existiu uma grande insatisfação de alguns alunos com a suspensão das aulas durante os jogos da última Copa: “E, mais grave do que isso, é o que vem inserido por trás de tal resolução: a excessiva regressividade do sistema de ensino; a ineficiência crônica de seus administradores, que ao contrário do que conscientizam nas salas de aulas, através de seus educadores, deixam claras características e traços que inibem a promoção do aluno, promovem distorções impercebíveis no calendário escolar, além de aumentarem os já existentes entraves na relação aluno/universidade.” Roberta, que em outra postagem na comunidade avisa estar reunindo os alunos no intervalo das terças e quintas na biblioteca da UNIPAC, também escreveu que “na verdade, nota-se que existe na instituição uma preocupação exclusivamente arrecadadora; sem o intuito de contribuir na estruturação de um aluno crítico, reflexivo e consciente”. O artigo de Roberta se mostrou tão bem escrito que confirmei uma verdade da qual já desconfiava: os alunos precisam ser mais valorizados e motivados, pois fazem a diferença positiva dentro de uma escola.

Na mesma comunidade há alunos que, manifestando-se de forma anônima, quem sabe temendo perseguições dentro da instituição, questionam: “livros continuam faltando, o xerox continua o mesmo preço, o estacionamento é para quem chegar primeiro, o resto é lá fora ,a faculdade não tem um projeto para prefeitura para facilitar a manobra dos especiais na margem da BR262, quem sabe depois que morrer uma turma inteira isto mude, né...no mais tá tudo bom.”

Indignado, outro aluno apresentou, também sem revelar seu nome, queixas semelhantes: “Temos os salgados e os preços deles na cantina, a biblioteca que não tem livros, os laboratórios de informática que não tem pc, o prédio novo dentro do esgoto, banheiros sem sabão, água e papel, etc, etc e etc...Aff! Se eu continuar, vou ficar até amanhã.” Nas postagens, uma constante reclamação foram os preços praticados pela cantina. O mesmo aluno acima disse: “os preços são abusivos e a qualidade, variedade oferecida não é das melhores”. Warle, aluno do curso de Direito, também apresentou cobranças: “Acho que falta mais participação dos alunos nas decisões do curso , sobre quantidade de livros , e até sobre questões relacionadas à didática (...).”

Esperamos que a voz dos alunos possa ser ouvida, daqui em diante, sem medo de repressão por parte da instituição e que seja tomada como uma crítica construtiva e necessária. Comunidade DCE UNIPAC CAMPUS Bom Despacho: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3599724. Para visualizar a página de um blog ligado ao movimento estudantil mineiro: http://retomarpt.blogspot.com/



[1] Mestre em Estudos Literários na UFMG e Doutorando em Teoria e História Literária (UNICAMP).

terça-feira, 1 de junho de 2010

Bom Despacho: café requentado aos 100 anos?

"Coisas esotéricas me passam na cabeça"...

Nesse aniversário de 98 anos de Bom Despacho, vejo pela cidade outdoors do ex-vice-prefeito Vital desejando felizes 98 anos para a cidade. Como não me lembro dele desejar 97, nem 96, nem 95 anos em outdoors, imagino que ele está de olho é nos 100.

Em 2012, quando ocorrerá a eleição para prefeito. Outro dia estava num restaurante e o garçom comentou justamente esse assunto: Vital já é candidato a prefeito em 2012. O moço me disse ter ouvido essa notícia do próprio. Não é sempre que estou com estômago para discutir política! É como a frase do poeta Carlos Fuentes: "por que um poeta não pode ser presidente? Porque não pode engolir um sapo sem fazer caretas!"

Não dá para imaginar que tantos outdoors pela cidade são uma homenagem pessoal de amor à cidade. Quanto custa um outdoor? Fora que, na campanha convencional, não se pode colocar outdoor do candidato, pelo menos, não mais. Boa idéia. Creio que não foi só uma pessoa que bolou e sim um grupo.

Que pena, então é bem possível que a oposição vai sair dividida de novo. E não pensem que o atual prefeito é cachorro morto. Ele foi eleito pela maioria. Muitos devem favor a ele. O candidato dele terá chances, sim.

Não poderíamos ter outros candidatos? Não surgiram outras lideranças tais como Fernando Cabral, Tito?

CAFÉ REQUENTADO EM 2012, NÃO!