domingo, 31 de janeiro de 2010

Q para mim sê pré

quinta, 28 de janeiro de 2010, 08h15
Q pra mim sê pré...

Sírio Possenti
De Campinas (SP)

Uma amiga perguntou se eu tinha visto comentários sobre uma frase da Dilma Roussef (Pra mim sê pré, tenho que passar pela convenção do PT). Indicava um endereço, que fui visitar (http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/dilma-o-eu-e-o-mim/ ). Lá encontrei o seguinte comentário, logo após a citação do começo da fala da ministra:

Para por aí. Não interessa o que vem depois ("...tenho que passar pela convenção do PT"). Esse "Pra mim sê pré" poderia ser, quando nada, a mais curta e cruel (contra seu autor) frase internada no Sanatório. E, se eu tivesse tempo e interesse, seria o título, o mote e o resumo de uma longa tese de mestrado sobre o mais absoluto e chocante equívoco político da história de nossa República.

Imaginei que o "comentarista" diria que o equívoco político consistia no fato de Dilma ter dito que, para ser pré (candidata), teria que passar pela convenção. Ora, depois da convenção, ela não será mais "pré" - será candidata ou não. É "pré" exatamente antes da convenção. Isso mostraria que ela não conhece o jogo eleitoral, as etapas de uma candidatura etc. Mas logo vi que não era isso. A questão era mesmo gramatical. E que, portanto, eu estava diante de um gênio... Vejamos a continuação:

"Pra mim sê pré": quatro monossílabos, cada qual contendo um erro essencial ou uma corruptela vulgar. Mas o "pra mim ser" ultrapassa qualquer barreira da desarticulação linguística. Eu, se sou RH, desclassifico na hora o candidato a vaga de assistente administrativo que diga "pra mim fazer" - mesmo que tenha quase mestrado e quase doutorado no currículo. Porque é erro incorrigível - já integra a estrutura mental de quem acha que mim conjuga verbo.

Ele acerta ao classificar as palavras como monossílabos. Só isso. Mas erra em tudo o que vem depois: a) não consegue copiar a fala criticada e a substitui por "pra mim ser"; b) escreve "eu, se sou RH" (uma pessoa um pouco rigorosa em relação a questões gramaticais escreveria "Eu, se fosse diretor / chefe de RH"); c) muda o exemplo para "pra mim fazer"; d) declara que internaria uma frase ("... frase internada no Sanatório"). E) conclui com uma análise neuropsicológica e linguística bem burra: a frase "integra estrutura mental de quem acha que mim conjuga verbo". Aliás, não é só "mim" que não conjuga. Nada conjuga, nem "eu", nem "nós", nem pronome ou nome algum. Quem conjuga é aluno de escola antiga. Verbo se flexiona (ou não) e segue regras de concordância.

Observe-se, além do mais, que o verbo nem está conjugado!!

O único comentário que tem alguma luz está na alusão irônica aos quase títulos de mestrado e doutorado.

Mas esse é o tipo de discussão que não rende nada. Parece briga de torcedor de futebol que endeusa seu time e demoniza o adversário. Não é que não seja útil. Mas deveria ser feita com calma e com algum apoio nos saberes envolvidos. No caso, psicologia e neurologia, pelo menos. Mais que isso, seria preciso poder responder a perguntas como qual será o papel da ideologia na produção de discursos como este, que, de uma questão de variação lingüística passa para hipóteses sobre estruturas mentais. Pior: faz isso cometendo erros crassos no que se refere ao padrão linguístico que ele defende (seria possível ser "piedoso" com sua gramática, mas, para isso, seria necessário conhecer teorias que explicam o que ele escreveu, mas também explicariam "pra mim sê". E erra feio ao chutar uma análise da relação entre estruturas linguísticas e estruturas mentais (campo no qual só os muito ignorantes têm certezas).

Mas, como disse, essa é uma discussão de torcedores.

Vejamos o que interessa, o material linguístico. Diz o comentador que se trata de corruptelas. Mais que corruptelas, são variantes informais, orais, faladas. E não só faladas por pessoas quase tituladas na academia, mas mesmo pelas tituladas nas melhores academias, tanto por defensores quanto por adversários da ministra. É só ouvir mesas redondas com políticos, sociólogos, jornalistas: "pra" e "sê" (fazê, analisá etc) estão em todas as falas, e mesmo na leitura de textos escritos, como em jornais de TV. Não em 100% dos casos, mas em muitos; na maior parte, quando se trata de fala. O teste é ouvir.

"Pré" é um monossílabo, mas não tem nada a ver com corruptela, nem com variação. É um prefixo proferido isoladamente. O efeito é de informalidade (-Você é pósmoderno? - Eu não! Eu sou pré. Pós é o meu vizinho.)

O verdadeiro problema do comentador está no pronome "mim" antes de verbo no infinitivo. Todos os manuais repetem que não se deve usar essa estrutura. Tanto repetem que até o cidadão em questão, que claramente não domina a modalidade escrita padrão, se dá conta disso (e papagueia o exemplo tirado não se sabe de onde "pra mim fazer").

Digo - não que tenha descoberto, pois é um lugar comum para quem estuda línguas - que há boas explicações para o mim nestes casos: 1) só ocorre depois de "para" (ninguém diz "mim vou" ou "mim vai"); é que "para" rege pronome oblíquo; 2) quando o pronome é regido pela preposição "para", não é mais sujeito do verbo que o segue; na frase citada, "sê" é uma reduzida de infinitivo. Ou seja: "para eu ser" e "para mim ser" são duas estruturas sintáticas diferentes. Seu valor "social" depende exatamente da sociedade (para dizer um truísmo): muitos usam, alguns condenam. Na nossa, é curioso que alguém escreva "eu, se sou RH" e condene "pra mim sê" em uma fala.

Um desafio ao leitor, se de fato quiser entender a questão: que encontre, ouvindo quem quiser pelo tempo que quiser, uma estrutura como "para que mim seja / para que mim ser). Não encontrará: com esse "que", todos dirão "para / pra que eu seja". Inserindo "que" entre "para" e o pronome, a forma "mim" perde condições de aparecer, já que sua condição é ser regida por "para".

A estrutura de "para mim fazer" é do mesmo tipo da que ocorre em "mandei-o sair", plenamente aceitável no português padrão. Se alguém disser que "mim" é sujeito, terá que dizer que "o" também é... Aceito apostas!

***

Leitores escrevem, manifestam suas opiniões. Às vezes, é bem claro que eles não têm, a rigor, uma opinião sua: repetem a mais próxima, a mais simples, a mais grossa. É claro que eu gostaria que todo mundo considerasse óbvias certas demandas sociais, como as ligadas aos direitos humanos. Também gostaria que as pessoas lessem melhor... Confesso que fico satisfeito quando discorda de mim um cara que escreve "vá de retro, PTtralha", porque fica bem claro que o único fundamento dessa crítica é a mais crassa ignorância.

***

Piada antiga, sempre atual, com personagens do dia: Fidel Castro e o Papa passeiam de iate no mar em frente a Havana. De repente, o solidéu do Papa cai no mar, arrastado pelo vento. Sem pensar duas vezes, Castro se lança à água para resgatá-lo e comprova, surpreso, que pode caminhar sobre as ondas sem afundar. Versões jornalísticas do fato:

Manchete do GRAMMA: Fidel es Diós

Manchete do L´OSSERVATORE ROMANO: Milagro del Papa

Manchete de EL NUEVO HERALD / THE MIAMI HERALD: Castro no sabe nadar

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Carta ao Rafael Rodrigues Ou: Me Atualiza Que Eu tô Barroco!



Caro Rafael: vou falar a verdade sobre o seu artigo que só agora li no Suplemento Literário de Minas Gerais de julho passado (http://www.cultura.mg.gov.br/?task=interna&sec=6&con=907#julho2009): me atualiza que eu tô barroco! Seu artigo parece o de um velho, parece ter sido escrito no século dezenove!

Essa carta, no fundo, é um protesto, pois senti que você colocou o meu Penetrália no mesmo balaio dos demais blogs e sites literários que, no final das contas, não sofrem com crise alguma da crítica e somente com a incompetência interesseira de alguns poucos. Quem serão os desinteressados e competentes? Sugiro: Roberto Schwarz, Alcir Pécora, Paulo Franchetti, Wilson Martins, Augusto de Campos, Anelito de Oliveira.

Você mesmo elogiou as Horas Podres de Jerônimo Teixeira, crítico da Veja acusado por André Sant´Anna de ser um porta-voz do escritor e jornalista Mario Sabino, este, por sua vez, já acusado pelo jornalista Luiz Nassif até mesmo de manipular a lista dos mais vendidos da revista para poder nela figurar.

Em primeiro, o que você chama de crítica literária não está em crise, está restrita ao ambiente acadêmico. É forçoso que diga algo de substantivo. Vejamos a sua dúzia de clássicos: Machado de Assis, Schopenhauer e George Orwell (não deu uma dúzia). Eles, aliás, não entraram no cânone por suas obras enquanto críticos literários.

Inclusive, o livro que julgo mais representativo da literatura dos anos 90, o Cidade de Deus, de Paulo Lins, foi indicado a uma editora por um crítico: Roberto Schwarz. E depois virou filme e quase levou o Oscar, para você ver como são as coisas. Sabe essa coisa estilo “diário de uma favelada”, O Quarto de Despejo, O Cortiço? Pois é, pois é, tipo assim.

Rafael, bom e ruim são os conceitos mais relativos do mundo. Eu acho A Revolução dos Bichos ruim porque nela os proletários são animais e os humanos burgueses. Claro que isso não altera nada para você, mas ver uma versão filmada onde foi encaixado um final conciliador, em que homens chiques e neoliberais voltavam a dominar a fazenda, para mim fez toda a diferença. Também cultivo o conceito de que o romance político 1984 é um dramalhão de horror copiado do romance Nós, de Eugene Zamiátin e a melhor coisa em que resultou desse texto foi a música de David Bowie com esse nome.

Rafael, sugiro que você cultive seus gostos, suas manias, suas loucuras mais características e tenha coragem de defendê-las contra a moda, contra o mundo, contra tudo. Aí sim, fará crítica literária com credibilidade, honestidade, sinceridade, arrogância, prepotência, escreverá até mesmo com Tolstói vigiando de um lado e Dostoiévski olhando de outro. Para Oswald de Andrade, crítica não pedia nada disso que você citou, apenas maldade.

Enfim, por hoje vamos ficar por aqui. E não se esqueça da frase de Machado, repita antes de dormir: “é levantando as estátuas do teu inimigo que tu consolidas as tuas próprias estátuas”. Não esqueça disso na hora de fazer a minha estátua, hein? E então: me atualiza que eu tô barroco, hein?

Abraços do Lúcio Jr.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Venceu quem dançou melhor

É, Fabrício Estrada é, além de poeta, profeta. Na América Latina, dançar Michael Jackson é critério de seleção para nossos presidentes. Ele disse, numa postagem antiga do Bitácora del Párvulo, que Pepe Lobo foi quem dançou melhor o thriller e venceu. O filme de terror continua, agora no Chile:


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Trailer Cidadão Boilesen

Trailer do filme que conta a execução do industrial que apoiava a repressão Henning Boilesen. Acho que a violência dos militantes tem como atenuante o fato de que o cidadão pode levantar-se em armas contra um governo inconstitucional.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Reparação: polêmica para 2010

Esse documentário é promete ser uma das polêmicas de 2010 e é bastante provocativo: intelectuais do PSDB arremetem contra a política de indenizações do governo. Curiosamente, essas indenizações começaram no tempo de FHC, que dá depoimento levando o assunto para a crítica à revolução cubana. É uma espécie de panfleto anti-Dilma. Prometo postar posteriormente o "Cidadão Boilesen".

É altamente recomendável para a turma que acha que Reinaldo Azevedo trabalha por idealismo. Há algum tempo, em blogs pela web, eu via gente de direita tal como um tal José Pacheco Filho militando a favor de Orlando Lovecchio, ser mítico que agora aparece com voz nesse documentário; a história de Lovecchio é interessante e digna de ser melhor discutida. Já o uso do termo "terrorista" no lugar de "guerrilheiro" ou de suposições de que a esquerda dos anos 60 era golpista dão um tom de agitprop d de direita ao documentário.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Se beber, não critique



Reparem que ela chamou o repórter Heródoto Barbeiro primeiro de "Nonato" e depois "Lolito".

O Haiti é um laboratório para os militares brasileiros

"O Haiti é um laboratório para os militares brasileiros"
por Otávio Calegari Jorge [*]

Cartoon de Latuff. A noite de ontem foi a coisa mais extraordinária de minha vida. Deitado do lado de fora da casa onde estamos hospedados, ao som das cantorias religiosas que tomaram lugar nas ruas ao redor e banhado por um estrelado e maravilhoso céu caribenho, imagens iam e vinham. No entanto, não escrevo este pequeno texto para alimentar a avidez sádica de um mundo já farto de imagens de sofrimento.

O que presenciamos ontem no Haiti foi muito mais do que um forte terremoto. Foi a destruição do centro de um país sempre renegado pelo mundo. Foi o resultado de intervenções, massacres e ocupações que sempre tentaram calar a primeira república negra do mundo. Os haitianos pagam diariamente por esta ousadia.

O que o Brasil e a ONU fizeram em seis anos de ocupação no Haiti? As casas feitas de areia, a falta de hospitais, a falta de escolas, o lixo. Alguns desses problemas foram resolvidos com a presença de milhares de militares de todo mundo?

LABORATÓRIO CONTRA REBELIÕES NAS FAVELAS

A ONU gasta 500 milhões de dólares por ano para fazer do Haiti um teste de guerra. Ontem pela manhã estivemos no BRABATT, o principal Batalhão Brasileiro da Minustah (United Nations Stabilization Mission in Haiti). Quando questionado sobre o interesse militar brasileiro na ocupação haitiana, o coronel Bernardes não titubeou: o Haiti, sem dúvida, serve de laboratório (exatamente, laboratório) para os militares brasileiros conterem as rebeliões nas favelas cariocas. Infelizmente isto é o melhor que podemos fazer a este país.

Hoje, dia 13 de janeiro, o povo haitiano está se perguntando mais do que nunca: onde está a Minustah quando precisamos dela?

Posso responder a esta pergunta: a Minustah está removendo os escombros dos hotéis de luxo onde se hospedavam ricos hóspedes estrangeiros.

Longe de mim ser contra qualquer medida nesse sentido, mesmo porque, por sermos estrangeiros e brancos, também poderíamos necessitar de qualquer apoio que pudesse vir da Minustah.

A realidade, no entanto, já nos mostra o desfecho dessa tragédia – o povo haitiano será o último a ser atendido, e se possível. O que vimos pela cidade hoje e o que ouvimos dos haitianos é: estamos abandonados.

A polícia haitiana, frágil e pequena, já está cumprindo muito bem seu papel – resguardar supermercados destruídos de uma população pobre e faminta. Como de praxe, colocando a propriedade na frente da humanidade.

Me incomoda a ânsia por tragédias da mídia brasileira e internacional. Acho louvável a postura de nossa fotógrafa de não sair às ruas de Porto Príncipe para fotografar coisas destruídas e pessoas mortas. Acredito que nenhum de nós gostaria de compartilhar, um pouco que seja, o que passamos ontem.

Infelizmente precisamos de mais uma calamidade para notarmos a existência do Haiti. Para nós, que estamos aqui, a ligação com esse povo e esse país será agora ainda mais difícil de ser quebrada.

Espero que todos os que estão acompanhando o desenrolar desta tragédia também se atentem, antes tarde do que nunca, para este pequeno povo nesta pequena metade de ilha que deu a luz a uma criatividade, uma vontade de viver e uma luta tão invejáveis.
13/Janeiro/2010
[*] Investigador da Universidade de Campinas em missão no Haiti.

O original encontra-se em http://lacitadelle.wordpress.com/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

sábado, 16 de janeiro de 2010

Big Brother Honduras: cenas dos próximos capítulos


A Globo iniciou o seu programa Big Brother Brasil 10 tentando dar um molho de defesa das minorias para um programa cansativo como um rodízio de berinjela.

Mas enquanto gays dão beijocas e lésbicas explicam a linguagem para os analfabetos funcionais, logo ali em Honduras passa-se outro Big Brother: o Big Brother Honduras.

O líder agora é Micheletti e ele colocou Manuel Zelaya no paredão. Zelaya vai ao confessionário falar a Pedro Bial. Zelaya tenta argumentar que foi deposto covardemente, que no país existem assassinatos e prisões políticas, mas Bial simplesmente diz, interrompendo-o:

--Então você acha que veio para o paredão porque usa chapéu de boiadeiro e bigodes?

Enquanto Zelaya espera a eliminação, o New York Times e a New Yorker votam por sua saída, ligando inúmeras vezes para a Globo.

Walter Trónchez, gay e ativista dos direitos humanos em Honduras, não teve tempo de conversar com as bibas reacionárias da Globo nem participar de seu "encontro de línguas": o líder Micheletti já o mandou para o paredão e sumariamente eliminou o "maricón".

Enquanto isso, a "Rede Povo" deverá preparar o Big Brother Haiti. Ele terá representantes do Vodu e do Candomblé e que debaterão com a cantora breganeja Sandy se devemos dar ajuda humanitária ao Haiti ou se o terremoto não passou de uma maldição que os pretos mereceram por terem feito um pacto com o diabo para expulsarem os colonizadores franceses. Ou fizeram um pacto com Deus para expulsarem os colonizadores do diabo? O general Enzo Pretri também vai participar, explicando se os nossos rapazes no Haiti estiveram defendendo a propriedade privada ao invés de distribuirem os donativos, assim como irá explicar a deposição de Aristide e provar que ela não tem nada a ver com a deposição de Juan Bosch na República Dominicana em 1965, da qual a ditadura de Castelo Branco participou mandando tropas. E os seis mil marines americanos que estão chegando, irão garantir a ajuda humanitária ou a propriedade privada? São tantas perguntas apimentadas que seu olho poderá arder só de você dar "aquela espiadinha" no panóptico de Jeremy Bentham...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Haiti, a Metade Sinistra

A propósito desse artigo de Fabrício Estrada sobre o Haiti, anoto um ato falho que vi Lula cometer: ele disse que o homem dos Estados Unidos para o Haiti é o Bil Clinton. Uma voz o corrigiu: "o homem da ONU"! E ele corrigiu-se: "O homem da ONU para o Haiti..." Um ato falho diz tudo.




Ante el desastre casi absoluto que asola Haití, no se puede más que indagar el cómo un país puede llegar a ese nivel de postración sin la capacidad de responder con los mínimos recursos dentro de su territorio.

La historia de Haití es casi una “vida paralela” con respecto a Honduras. El Huracán Mitch desnudó a fondo nuestra estructura de prevención y nos puso en mendicidad internacional una vez que se recibieron las honestas y muy humanas muestras de solidaridad.

Isla de Guanaja, Honduras, después del Mitch, 1998
La mendicidad de la que hablo, llevó al Gobierno de Ricardo a una puja similar a la que se acostumbra en las subastas, con el fin de meter al país –a como diera lugar- al club “País Pobre Altamente Endeudado” (PPAE, HIPC, por sus siglas imperiales). Al parecer, Honduras cumplió con el programa de pagos y le fue aliviada la deuda, pero en el ínterin, las exigencias del FMI acerca del “saneamiento fiscal”, le dieron a la Empresa Privada un total empoderamiento de las regulaciones estatales, todo bajo el sambenito de la ineficiencia gubernamental.

En Haití (miembro V.I.P. del HIPC), no se pudo siquiera llegar a pagar la deuda de los fondos para Reducción de la Pobreza ni a sanear al mínimo sus instituciones fiscales. La devastación económica sumada a la inestabilidad artificial con que mantienen en la miseria al país lo ha impedido. Haití, al igual que Somalia, es un Estado fallido… y Honduras, en este momento, también lo es dado la destrucción del sistema jurídico para avalar el Golpe de Estado.
Chabolas en Puerto Príncipe, donde más impacto tuvo el terremoto.
Tanto Honduras como Haití le han servido como “territorio de contención” a dos imperios: Haití se encuentra en medio de Cuba y República Dominicana. La mejor forma que encontraron los gringos y los franceses para detener la “expansión cubana” hacia República Dominicana fue mantener en el caos a la desgraciada Haití.

Santo Domingo, República Dominicana
República Dominicana siempre ha sido una grave preocupación para la visión imperial francesa y estadounidense. La autodeterminación popular dominicana, que tomó como ejemplo histórico la gesta libertaria de los haitianos contra el colonialismo francés, fue soterrada con la imposición del dictador Trujillo (1930-1961) y con el derrocamiento de Juan Bosch en 1965, lo que detonó una guerra civil que dio paso y pretexto para la invasión gringa. La Honduras de Villeda Morales, vergonzosamente, contribuyó con tropas para la “estabilización”. El proyecto de Juan Bosch había sido aniquilado, y con él, se procedió a la sobre-explotación de los recursos naturales de Haití mediante transnacionales francesas y norteamericanas hasta consumirla en lo que hoy es un territorio monstruosamente descombrado y devastado por el SIDA y las bandas criminales. Así es que, entre Cuba y República Dominicana se erige un muro humano de espantosa miseria. En la retaguardia, las bases militares imperiales en Puerto Rico, vigilan.

Diferencia entre el lado haitiano y el dominicano

Como se demuestra, las estrategia imperialista siempre ha sido la de invisibilizar un territorio determinado, exprimirlo al máximo, postrarlo, y clavarlo en medio de una región con reivindicaciones populares… todo con el fin de llevar a la población a un nivel de enajenación tal que el fatalismo sea la dialéctica generalizada . De esta forma, el país intervenido se convierte en un centro desestabilizador para sus países vecinos, en el epicentro de un terremoto continuo que mata lento pero constante. El Golpe de Estado contra Aristide y Manuel Zelaya son demostraciones científicas irrefutables.

do blog fabricioestrada.blogspot.com

Uma música cada vez mais atual:

Poema de Pedro Du Bois

SOBRE A DOR



63 Divido a dor

em partes igualitárias.



Negocio minha parte

em troca do esquecimento.



Alimento a sua parte

em crescimentos tardios.



O afundar do barco

em correntezas: dor

dividida em estratagemas.





(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Cérbero Genital (do blog do Marcelo Coelho)

[Julian Guilherme] [julianguilherme@hotmail.com]
Assisti ao filme e, como profundo conhecedor da história de Dylan Thomas, posso afirmar com bastante certeza que a película faz jus à história do poeta, que aliás era conhecido como um dos maiores putanheiros que Londres já abrigou. Em uma das últimas entrevistas antes de sua morte, Aeronwy Thomas-Ellis, filha de Dylan Thomas, afirmou que o sucesso de seu pai com as mulheres se deu principalmente devido a uma deformação em sua genitália. A deformação fazia com que o orgão aparentasse possuir três glandes. A história acabou se espalhando entre as mulheres que viviam em Londres na época, o que gerou um verdadeiro frenesi em torno do que na época ficou conhecido como "cérbero genital".

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

De Bom Despacho para o Haiti

Convido a todos os leitores daqui para lerem a minha postagem sobre o Haiti em meu outro blog:

www.revistacidadedosol.blogspot.com

Nela relatei minha conversa com um sargento da minha cidade, Bom Despacho, que viajou para o Haiti, o sargento Caetano.

Façamos um minuto de silêncio por nossos militares mortos no Haiti e por Zilda Arns, lutadora da solidariedade e irmã do grande Dom Evaristo Arns.

Tomara que a questão haitiana seja melhor discutida no Brasil, pois enquanto estamos ajudando (com razão) Zelaya em Honduras, não foram esclarecidas as razões de nosso apoio à deposição de Jean Bertrand Aristide. Até no último James Bond disseram que ele foi deposto por ter aumentado o salário mínimo, assunto que foi tangenciado, de passagem, até no último James Bond, o Quantum of Solace, que tem algumas imagens passadas em Porto Príncipe.

O descontentamento das maquiladoras com o aumento de salário dado por Zelaya teria sido, também, um dos motivos do golpe.

Indicação de blog: Zelador Andarilho

Recebi a mensagem abaixo, não sei como, mas gostei dos blogs a que ele se refere.

Primeiro de uma trilogia, o meu blog www.zeladorandarilho.blogspot.com chegou ao THE END em 31.12.2009.
Agora, inicio a segunda parte da trilogia com www.zeladordolago.blogspot.com -
autor dos textos e ilustrações proponho um mergulho no fundo das águas onde habitam batalhas em erupções,
contrastes, estilhaços do infinito, desordens e contradições...
Conheça-o, comente-o e torne-se um seguidor.
Abraços
Rogério Pimentel

PS - Textos serão postados aos domingos, segundas, quartas e sextas-feiras




Um poema muito bom que tirei de um dos blogs acima:

O SOL INVADE UM SONHO TEMPORÃO (O MILAGRE)

Estou branco, sujo na correria dos carros.
Desfio na carne o sabor de bolero.
Ao redor dos fatos extraordinários
os casais de 100 anos sorriem abafados
à procura das pernas do amor.

Estou branco, brumoso na legitimidade do eu.
Abro no dente a brasa do cigarro.
Ao redor dos fatos extraordinários
a velocidade dos carros nas veredas
deixa-me pousar nos faróis.

Estou branco, sórdido na porta do inferno.
Escancaro-me na marginalidade dos braços abertos.
Ao redor dos fatos extraordinários
estabeleço-me próximo às chuvas,
outras vidas dos desejos e orvalhos.

Estou branco, obsceno ao final do bolero.
Pedem os braços uma outra dança.
Ao redor dos fatos extraordinários
os casais imploram mais 100 anos de futuro.
A carne multiplica-se misteriosamente na fome.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Boris Casoy no Comando de Caça aos Comunistas



Recordar é viver, hein, gente? O jornalista Boris Casoy, que criticou os lixeiros dias após um encontro deles com Lula, era do Comando de Caça aos Comunistas em 1968, segundo matéria da revista O Cruzeiro. Muita gente que o defende entraria, também, se vivesse naquela época. E participaria de edificantes ações, tal como espancar os atores da peça Roda Viva. A matéria é do site Cloaca News.

Site não oficial da Billie Holliday

Há algum tempo eu debatia com alguém, no falecido blog do Gerald Thomas, a respeito de Billie Holliday, a Maysa norte-americana. Taí o site não-oficial dela:



http://ladyday.net

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Beckett fala!

Finalmente um vídeo com a voz de Samuel Beckett, que infelizmente fica atolada numa lama sonora lá no fundo.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O Muro das Lamentações: Gabriel Galeano





Essa exposição, que não me saiu da cabeça após ter visto essa postagem, ocorreu em dezembro no Museu Nacional de Tegucigalpa. O público colocava capuzes e via os quadros expostos. O texto poético de Fabrício Estrada também está bom como sempre:


Visión bajo el pasamontañas

Las libélulas copulan en grupos concéntricos. Rotan y hacen vibrar los vidrios. La respiración, es como el viento que se cuela entre las ruinas.

Un muro ha ido creciendo con la tarde. Nuestra piel se ha vuelto un muro, nuestra piel desollada se extiende y demarca la tierra de nadie y su crepúsculo.

Nunca nacimos en este lugar y por lo tanto habrá que salir a buscarlo.

En las calles buscamos; nuestro éxodo tiene las piedras suficientes para que cada uno aporte varias columnas al templo, piedras para alzar el muro, piedras que reboten como ecos.

Otra mañana, y sobre el desierto, una estrella lacrimógena guía rojos magos vagabundos.

Todos los pesebres han sido saqueados y no hay lugar para esconderse. Los niños santos corren, familias enteras huyen de las nubes terribles, alguien corrió la voz y alcanzó el tiempo para despedidas y llantos.

Las libélulas bajan a probar el agua cristalina de nuestros ojos y los ojos se secan como un pozo al que han cegado con arena. Escupimos, sudamos copiosamente y de la arena volvemos a formar la piedra; es un puño, es un abultado capullo de tinta que al lanzarla refunda el alfabeto y tatúa lenguas puritanas.

¿Quién fue el primero en librarse del pecado? ¿Quién fue el que dijo ¡basta! y regresó para luchar toda la noche contra las sombras?

El muro apenas tiene grietas para incrustarle poemas. El poema es una cuña de madera que la lluvia hincha para separar el obelisco de la cantera. La grieta es un trazo, un río de grafito, un abismo que se traga oraciones y jaurías.

Vamos por la noche, pasamos las montañas. Los libros han desaparecido pero nos quedan las murallas, su áspero papiro, el interminable lienzo, el sudario que, abrigando al victimado, se impregnó de palabras… Cubro mi rostro, al igual que una bestia va y se esconde en lo más profundo de una caverna.



F.E.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Francis fala sobre sua infância

Paulo Francis conta sua infância no Rio. O primeiro ato de discriminação racial que ele presenciou foi a porrada que as crianças de sua rua davam no filho de um rabino alemão. Vale a pena ver:

Paulo Francis from Neto on Vimeo.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Blognovela Penetrália: entrevista



Blognovela Penetrália: Entrevista (Imaginária) de Gerald Thomas com Oswald Thomas

(O Vampiro Brasileiro liga a televisão e os mesmos personagens acima param para ver o programa de entrevistas de Oswald Thomas na Rede Esgoto).

Oswald: Hello, Gerald.

Gerald: Hello, Oswald. Já estou arrependido de ter aceitado essa entrevista.

Oswald: E aí, você parou com o teatro? Parou por que?

Gerald: O teatro não significa nada. Não quero nem ouvir falar. Estou para lançar um livro, um filme, estou sempre descobrindo talentos e escrevendo prefácio para escritores tais como Walter Greulach, Denny Yang...

Oswald (sobrepondo sua voz com a de Gerald): O teatro é importante, sim. Sabe, quando eu fiz meu Hamlet pútrido num navio...

Gerald: quer trocar de lugar comigo? Quer que eu te entreviste? Você tem de parar de imitar o Jô, copiar a Marília Gabriela e encontrar sua assinatura própria.

Oswald: No, no. Então poderia só responder yes ou no?

Gerald: No. Você é um autor de uma peça só, hypocrit! E plagiada. E plagiada de mim! Agora você continua plagiando minha aparência, me imitando aqui na TV!

Oswald: Oh, stupid! Como assim? Foi absolutamente original quando fiz A Tempestade na Alemanha nazista!

Gerald: Falta cultura a essa falta de cultura. Antes, eu fiz A Tempestade num aeroporto.

Oswald (tentando retomar o controle da entrevista): E suas polêmicas recentes? Você já viu o filme Lula, o Filho do Brasil?

Gerald: De jeito nenhum. Eu vomitaria nos primeiros quinze minutos! Vomitaria de xenofobia e stalinismo! Não aceito culto de personalidade, isso leva ao fascismo e eu sou uma pessoa que perdeu toda a família num campo de concentração.

Oswald: Nem aceita que cultuem sua obra e sua pessoa?

Gerald: Esse Gerald que eles cultuam está morto. E minha obra é intocável, cara!

Oswald (irritado): Você vota Dilma ou Serra? Você é um sabotador do Brasil?

Gerald: Não entendo nada da política brasileira. I´m still still. Dilma ou Serra, o Brasil vai continuar sendo o País da Merda de que falavam Estragon e Vladimir em Godot...

Oswald: Você já montou Beckett ou algum dos outros diretores do teatro do absurdo, Ionesco, Arrabal, Adamov?

Gerald: Esse Beckett absurdo é um absurdo. Nunca existiu. Como seu teatro, Oswald. Ionesco, Adamov, sim, são absurdos. Tão absurdos que nem me interessam. Enrabal? Quem é esse, um matemático?

Oswald: Defina em poucas palavras Woody Allen e Gabriel Vilela.

Gerald: Woody: tudo! Gabriel: nada!

Oswald: Você viu Som e Fúria, a série da qual eu participei?

Gerald: Lá em New York não tem Rede Esgoto. God Damm! Deus me livre!

Oswald (entre dentes): Mas você está aqui na Rede Esgoto agora. Olha, olha, me responde só uma pergunta...

(De repente,o Vampiro Brasileiro apaga a televisão, nervoso):

Vampiro Brasileiro: Não sei como ele continua se envolvendo com essa gente esquisita!