sexta-feira, 8 de abril de 2016

Golpes e Desejos

Artigo genial de Diego Vianna:


Falei do “não vai ter golpe” como expressão de uma esquerda sobre a qual sempre pende o fantasma de 64, quando a tensão nas ruas chegou a um nível ainda mais profundo do que o atual, mas, na hora do vamos ver, ela simplesmente não lutou. É bem verdade que a capitulação das esquerdas no Brasil em 64 tem muito a ver com a decisão pessoal de Jango, que não quis resistir, ao contrário de seu cunhado, disposto a repetir em escala ampliada a campanha da legalidade de 61. Os motivos para isso são discutíveis, da tal pusilanimidade do rancheiro à informação de que a Quarta Frota estava próxima à nossa costa. Pouco importa. O subtexto do “não vai ter golpe” é o tradicional “desta vez vai ser diferente.” (...)
(...) “Assim sendo, o cerne do nosso problema não está em identificar o golpe aqui ou acolá, mas em entender que estamos agindo constantemente sob o signo do golpe. Não o que poderá vir, mas o que já aconteceu. Estamos revivendo essa experiência porque não a digerimos até hoje e estamos condenados a novas encenações de instabilidades institucionais, com lacerdismos, golpismos e tudo o mais a que temos direito. Não precisa ter golpe, porque no Brasil o golpe é ubíquo” (...)


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Para ler sem olhar


sábado, 2 de abril de 2016

Os Loucos do Facebook

Os embates no facebook estão mais e mais alucinados.
Primeiro, eu dialogava com um artista de forma até civilizada, até ele ver as manifestações de 13 de março. Elas o fizeram pirar e me insultar loucamente. Eu seria cúmplice dos fascistas que fazem saudações a Hitler nas manifestações contra Dilma. A democracia brasileira estaria por um fio e eu apoiando o golpe da Globo. Igualmente, minha timeline estaria infestada de golpistas e fascistas, meus posts seriam iguais aos que os fascistas compartilham. Quando argumentei que ele era defensor do governo, ele se disse anarquista e apartidário. Eu o contrariei dizendo que a timeline dele acolhia qualquer boato da blogosfera petista: e tome conversa fiada. Mas o que o tirou do sério foi que eu disse que, para mim, um governo que prende ativistas em megaeventos, envolve-se em escândalos de corrupção, é conivente com privatizações, terceirizações, remoções, extermínio de índios e quilombolas, que utiliza a força nacional, que aprova lei anterrorismo, gera leis de exceção como a Lei Geral da Copa está em péssima posição para chamar alguém de fascista. Em última análise, a disputa seria entre dois fascismos. A partir disso, até meu fracasso no doutorado da UNICAMP virou tema, entremeado numa torrente de fofocas e insultos. Tive, então, que finalizar a amizade com esse ardoroso defensor da democracia, esse vate do "não vai ter golpe". Não obstante, o fanático ainda me chamou inbox para continuar a despejar sua torrente de insultos.
Uma amiga ex-petista, agora anarquista, reaproximou-se do PT e passou a me alertar que, se a investigação contra a corrupção continuar, enfrentaremos uma guerra civil ao estilo da Síria. Quando argumentei e ela sentiu-se contrariada, ela me chamou de machista. Mesmo colocando-a como conhecida, seus posts alarmistas viviam aparecendo para mim. Uma de suas teorias é que Lula representa uma entidade religiosa, o "pilantrin". E por isso ele deveria ser poupado, da mesma forma como se poupa uma reserva florestal. Embora ela tenha saído do PT com mágoa, diferente de outros amigos, ela parece ter superado os fantasmas do passado comparando o momento atual a 64, a 54, a Honduras, Ucrânia (ou não!) e não teme que ir para a rua defender o ajuste fiscal e mobilizar sua timeline full time possa nos levar a um totalitarismo.
Uma outra, que se dizia jornalista, atacou-me aqui chamando-me de petralha. Ela alertou-me, postando em minha timeline, como uma revoltada online, dos ardis de Evo Morales, presidente da Bolívia, pronto a invadir o Brasil para defender Dilma. E ainda veio me cobrar que postei para ela "material turístico da Coreia do Norte", país para o qual ela queria me despachar com urgência, a mim e a toda a nação petralha. Quando eu reclamei que ela passou do fanatismo petista ao fanatismo antipetista, ela já desfez a amizade.