Os embates no facebook estão mais e mais alucinados.
Primeiro, eu dialogava com um artista de forma até civilizada, até ele ver as manifestações de 13 de março. Elas o fizeram pirar e me insultar loucamente. Eu seria cúmplice dos fascistas que fazem saudações a Hitler nas manifestações contra Dilma. A democracia brasileira estaria por um fio e eu apoiando o golpe da Globo. Igualmente, minha timeline estaria infestada de golpistas e fascistas, meus posts seriam iguais aos que os fascistas compartilham. Quando argumentei que ele era defensor do governo, ele se disse anarquista e apartidário. Eu o contrariei dizendo que a timeline dele acolhia qualquer boato da blogosfera petista: e tome conversa fiada. Mas o que o tirou do sério foi que eu disse que, para mim, um governo que prende ativistas em megaeventos, envolve-se em escândalos de corrupção, é conivente com privatizações, terceirizações, remoções, extermínio de índios e quilombolas, que utiliza a força nacional, que aprova lei anterrorismo, gera leis de exceção como a Lei Geral da Copa está em péssima posição para chamar alguém de fascista. Em última análise, a disputa seria entre dois fascismos. A partir disso, até meu fracasso no doutorado da UNICAMP virou tema, entremeado numa torrente de fofocas e insultos. Tive, então, que finalizar a amizade com esse ardoroso defensor da democracia, esse vate do "não vai ter golpe". Não obstante, o fanático ainda me chamou inbox para continuar a despejar sua torrente de insultos.
Uma amiga ex-petista, agora anarquista, reaproximou-se do PT e passou a me alertar que, se a investigação contra a corrupção continuar, enfrentaremos uma guerra civil ao estilo da Síria. Quando argumentei e ela sentiu-se contrariada, ela me chamou de machista. Mesmo colocando-a como conhecida, seus posts alarmistas viviam aparecendo para mim. Uma de suas teorias é que Lula representa uma entidade religiosa, o "pilantrin". E por isso ele deveria ser poupado, da mesma forma como se poupa uma reserva florestal. Embora ela tenha saído do PT com mágoa, diferente de outros amigos, ela parece ter superado os fantasmas do passado comparando o momento atual a 64, a 54, a Honduras, Ucrânia (ou não!) e não teme que ir para a rua defender o ajuste fiscal e mobilizar sua timeline full time possa nos levar a um totalitarismo.
Uma outra, que se dizia jornalista, atacou-me aqui chamando-me de petralha. Ela alertou-me, postando em minha timeline, como uma revoltada online, dos ardis de Evo Morales, presidente da Bolívia, pronto a invadir o Brasil para defender Dilma. E ainda veio me cobrar que postei para ela "material turístico da Coreia do Norte", país para o qual ela queria me despachar com urgência, a mim e a toda a nação petralha. Quando eu reclamei que ela passou do fanatismo petista ao fanatismo antipetista, ela já desfez a amizade.
Um comentário:
Esse telecatch que assistimos no Facebook é a prova empírica da crítica definitiva feita por Humberto Eco: a internet deu voz a uma legião de imbecís. Não há compromisso com a lógica, com a realidade, com os fatos. São filhos de uma união entre a preguiça e a fé cega.
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