sexta-feira, 25 de maio de 2012

Blognovela revista cidade sol: Crise no Teatro (cont.)

(Acendem-se as luzes. A platéia discute o destino do teatro El Senor).


Francinny: Como diria Hamlet "O resto é silêncio". E agora, teatro decadente, bilheteria falida, e o elenco que mais serve para fazer uma Micareta, o que me resta agora. Só me falta aparecer o maldito do fantasma do Rei, aí não dá, sério preciso montar uma peça com o que tenho.

Eisenhower da Silva: Ô Dona Maria, que negócio é esse de que o teatro parou e agora vocês da ralé vão gerir? De jeito nenhum! Acabou foi a mamata de vocês! Eu cortei o dinheiro da Hamletdonald´s mesmo. Vocês terão que procurar subsídio no estado, se quiserem. Eu dou 1/12 do que eu dava e você se vira, Francinny. Mas essa ralé para gerir, nunca!

Horácio: É isso aí! É um choque de capitalismo no teatro, um choque de gestão. Vamos nos preocupar com a competência, de agora em diante. Vamos cortar atores e fazer um ajuste teatral.

Capitão do Exército (Sobe e discursa de um parapeito do teatro especialmente estragado): Vocês são jovens drogados! Cozinheira, você está sob efeito de pílulas alucinógenas!

Eisenhower da Silva: Leve-a de volta para a cozinha. Francinny, quero que continue essa peça...como é mesmo o nome?

(O Capitão do Exército entra em cena e conduz a Cozinheira de volta para a cozinha. Fernando, Sorocaba e Marcelo fogem para a coxia).

Marcelo: tenso, hein!

Eisenhower da Silva: Mesmo com a crise, é preciso que as cozinheiras cozinhem, que os mentirosos mintam, que as máscaras mascarem, que os sapatos sapateiem.

Osryka Yourself: É fazer mais com menos! Vocês tão com Einsenhower no banco de reservas e estão reclamando?

Marcelo: Agora vamos fazer as pazes com a falha de São Paulo, Battisti vai embora por meio de decisão do STF.

Horácio: Ah, agora sim, estou gostando, meus direitos autorais serão respeitados. O falecido rei Luís era muito show business.

Marcelo: Nunca na história desse país um rei fez tanto quanto o rei Luís. Dobre a língua para falar dele.

Horácio: Rei morto, rei posto.

Francinny: Então amanhã continuarei a peça de qualquer forma! Voltem todos às nove horas amanhã (sai preocupada para os camarins).
(Ensaio da peça, bastidores do teatro de El Senor. Entra o fantasma do Rei Luís, com a aparência do ator que fez André Luís em Nosso Lar).

Fantasma do rei Luís (recita solene um poema):

O INTELECTUAL É UM URUBU
COM UMA PENA DE PAVÃO
ENFIADA NO CU!!!


Francinny (irritada): Para, para, para tudo. Ai, meu Deus. O seu diálogo não era esse...Você tinha que me contar um segredo, sabe, um segredo.

Fantasma (bufão): Um par de sapatos vale mais do que Shakespeare!!!!!

Francinny (com a cabeça entre as mãos): Ai, vou chorar, não é isso não...

Coveiro sem Terra: ah, não, batinha branca, florzinha, violininho, paisagem...É uma novelinha espírita da Globo!

Fantasma: Putz, você queria ouvir "eu te amo porra" até depois da morte? Pelo menos no além vamos ouvir música erudita, porra.

Horácio: Você vai reunir teatro e poesia, as duas artes que menos dão dinheiro na história da humanidade?

Marcelo: Vamos entrar nesse filão espírita e ganhar dinheiro para reconstruir El Senor. É por uma boa causa!

Francinny (dirigindo-se ao Fantasma): Você acha que o além se parece com esse cenário brega aí? Não, temos que mudar tudo de novo!

Horácio: É que o além está num processo de brasilização. Einsenhower da Silva institucionalizou a burrice e...

Marcelo: Ora, dá um tempo! Você dizia que a gestão de Osryka e Einsenhower ia ser um chavismo plebiscitário!


(Francinny, exausta, debate em separado com o fantasma do rei Luís quando cresce, ao fundo, um rock).

O rock do Ronald

Rock do Ronald

O Rock do Ronald

Do Ronald Mcdonald´s!

domingo, 13 de maio de 2012

Schwarz X Caetano: intelectuais falam besteiras


Eu queria dar por encerrada essa polêmica Schwarz X Caetano, a propósito do lançamento de um livro de Roberto Schwarz, mas a incrível repercussão da polêmica na web me assustou. A briga do tucapeta com o petucano assumiu dimensões épicas no meio daquela que Marcos Augusto Gonçalves bem definiu, não sem um certo sabor autobiográfico, como sendo a nossa "buritsia".

Paulo Henrique Amorim, citado por Caetano como um blog que ele não lê e acha ruim, chamou Caetano de camaleônico.

Os tucanos se aproveitaram da ocasião para uma ofensiva contra Schwarz e PT, pois afinal são dias de revelação da promiscuidade da tucaníssima Veja com o crime organizado, dias de Cachoeira: Nelson Ascher requentou o velho tema da patrulha ideológica, chamando Schwarz de justiceiro e policial; não menos arrogante e afoito, Euler Belém repetiu besteiras como a acusação de jdanovismo e realismo socialismo (cai sempre bem os babacas falarem sobre figuras do período Stálin, embora eles não saibam nada sobre o assunto). Muitos outros professores, jornalistas e historiadores seguiram nessa mesma trilha. Um deles, Jalder, comparou Verdade Tropical com os clássicos livros de interpretação do Brasil como Gilberto Freyre.

E pensar que Glauber Rocha chamou o artigo de Roberto Schwarz sobre o tropicalismo que saiu na  Temps Modernes de "burrice sob a forma de leis" na Veja de 77! E lembrar que o livro celebrado como já sendo um clássico por um historiador já foi chamado de "calhamaço mal escrito que dá no saco" pelo professor Gilberto Vasconcellos em 1997!

 Seguindo nessa trilha azul e amarela, os emplumados cronistas Francisco Bosco e Hermano Viana e outros tomaram partido de Caetano em O Globo. Hermano pelo menos observou que Schwarz tem muito em comum com Caetano, o mesmo estilo ambíguo, barroco. E notou também a pompa vaidosa e arrogante e o lugar de poder de onde fala Schwarz.

 João Cezar de Castro Rocha, também professor, resenhou o livro de Schwarz no Estadão, fazendo as vezes de apresentador chique de todo esse circo. O grande acerto do professor Castro Rocha é comparar Roberto Schwarz com Simão Bacamarte, personagem do médico maluco O Alienista de Machado de Assis, que é alguém que quer, com um simples princípio, resolver todos os problemas do mundo. Isso é verdade, se pensarmos que Schwarz tem uma fixação em provar que as ideias estão fora do lugar no Brasil e acaba colocando tudo nesse mesmo saco. O médico maluco descobre no final que quem está fora do lugar e é maluco é ele. Não espero que Schwarz seja capaz de tamanha lucidez...