terça-feira, 23 de junho de 2015

Carta a Fábio Melo sobre a revolução democrática

Caro Fábio Melo:
Vendo o vídeo de vocês do Grupo Cipriano Barata sobre Eduardo Galeano, acho necessário, especialmente, pontuar essa questão do capitalismo burocrático.
Quando você levanta a problemática, Fábio, da necessidade de uma revolução democrática no Brasil, antes da revolução socialista, assumindo o caráter dessa revolução enquanto nacionalista, você coloca um problema da maior importância.
Essa revolução democrática é necessária, mas não acontecerá via processo eleitoral e, uma vez ocorrida, tenderá fortemente ao socialismo. Ela será motivada por um processo composto de greves, paralisações, ocupações de prédios públicos, invasões de terra, etc, um processo insurrecional. Muitos junhos vindo para completar junho de 2013.
O capitalismo brasileiro surgiu como modo de produção a dividir espaços com o feudalismo, posso supor, justamente no período que aconteceu o que você e Rafael Freitas chamam de "contrarrevolução" de 1888, ou seja, a abolição da escravidão. A análise que vocês fazem sofre de um certo anacronismo. A transformação que levou à abolição, naquela época, estava sim acontecendo um período de revolução das relações de produção, tanto que a monarquia, herança do feudalismo português, desmoronou logo em seguida, pois sua base social, os latifundiários do Vale do Ribeira no Rio de Janeiro, retiraram seu apoio e entraram em crise. O surgimento do capitalismo burocrático, impulsionado pela transformação do capitalismo inglês em imperialismo, motivou, mesmo aqui na periferia, o desabamento de algumas estruturas feudais e pré-feudais, ou seja, escravistas. 
Uma contrarrevolução propriamente seria o golpe de 64, na verdade direcionado contra os reformistas. Se uma reforma ameaça o capitalismo burocrático, ela é barrada. Esse capitalismo burocrático pode existir tanto na variedade neoliberal (como no Brasil) ou quanto na variedade que pratica estatizações e prega discurso nacionalista quando é conveniente (Venezuela de Chávez, Bolívia de Maduro). 
Os golpes de estado como os de 2002 na Venezuela e de 64 no Brasil surgem no reajeitamento entre os vários setores da burguesia. A partir de 64 foi tomado justamente o caminho do desenvolvimento econômico associado ao imperialismo. O varguismo foi varrido pela ditadura, pois trazia junto de si setores ligados a uma burguesia nacional e setores da burguesia burocrática que desejam um projeto mais ligado ao estado nacional, que ambicionam, se for necessário, interferir mais no estado, fazer estatizações, usar discurso nacionalista.
A ditadura militar reajustou a disputa entre PTB/PSD e UDN para MDB (burguesia burocrática) e Arena (burguesia exportadora). A divisão prosseguiu: depois foi o PMDB e o PDS que representaram esses setores, agora é o PT/PMDB e PSDB/DEMO.
Desde 1980 em diante, estamos vendo o desmoronar e a ruína do capitalismo burocrático. O imperialismo causa distúrbios em nível mundial, demanda tempo para reconstruir-se, depois volta a causar. O desmoronamento do capitalismo burocrático parece estar acelerado, indo de Mali até o Afeganistão, para não falar de Haiti, Paraguai, Honduras, Venezuela, Bolívia, Argentina, etc. Desmoronando o capitalismo burocrático, ele levará o resto do sistema junto.
Se no passado colonial o modo de produção brasileiro era externamente feudal e internamente escravista, a partir do final do século XIX passou a externamente capitalismo burocrático e internamente semicolonial e semifeudal.
A expansão do capitalismo burocrático, impulsionado pela transformação do capitalismo inglês em imperialismo teve, aqui e ali isoladamente, alguns elementos progressistas como o capitalismo costuma ter nos paísese e desenvolvidos, como demonstram o fim da escravidão e o surgimento da república. Não à toa aquele período presenciou nossa primeira ditadura militar. Ela surgiu com Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, um coágulo histórico surgido justamente para evitar a aceleração das reformas a ponto de por em perigo o sistema como um todo. O sistema voltou a ter estabilidade no início do século XX, quando o setor exportador da burguesia de São Paulo e Minas consolidou um sistema republicano oligárquico-latifundiário. Dentro dos países imperialistas, os países mais ricos tendem também a predar os mais fracos, como acontece entre Alemanha e Grécia.

O setor burocrático, desenvolvido primeiramente graças ao Barão de Mauá, demonstrou o caráter do capitalismo no Brasil: nascido das inversões financeiras do latifúndio, está umbilicalmente ligado a ele, tanto que o empresário do império é um nobre, ou seja, dono de terras. Sua busca é de ajudar o latifúndio a modernizar-se. O Brasil vê-se diante do dilema posto por Lênin para o latifúndio: ou ele segue o modelo americano e o vê desaparecer numa guerra civil ou continua no modelo alemão, dos junkers, onde o latifúndio é modernizado e prossegue infinitamente. O latifúndio, no entanto, historicamente está doente desde sempre. A maior contradição interna do Brasil é entre o latifúndio e a burguesia -- que em tese a burguesia deveria abolir para liberar forças produtivas e criar uma pequena burguesia rural que daria amplo suporte ao regime. A externa é entre a nação brasileira e o imperialismo.
Parece-me que Vargas, como o nosso social-democrata mais evoluído, ficou no meio do caminho e não pode fazer a revolução democrática a partir de 30, que foi o momento em que a burguesia burocrática efetivamente tomou o poder no estado, mais do que simplesmente tornar-se o modo de produção dominante. Ele recuou diante do dilema da social-democracia no país: para completar a revolução democrática é preciso fazer uma guerra civil, uma guerra popular e isso o social-democrata não quer. Por isso Vargas deixa os latifundiários continuarem apesar de 32, por isso ele fecha o regime em 37 e por isso os reformistas varguistas são expulsos do estado em 64.
"O país vai bem, mas o povo vai mal" é a frase-chave daquilo que Florestan Fernandes chamou de capitalismo selvagem. Ele não se civiliza, não vai se reformar. Não seremos jamais uma Noruega ensolarada. Ou seremos subcapitalistas ou socialistas. Ser subcapitalista não quer dizer ser estagnado economicamente. Significa que sempre teremos contradições como as atuais, em que o contexto do Nordeste e Norte é "oriental" e de São Paulo e Rio Grande, "ocidental", assim como os horrores como fome, analfabetismo, etc.
Não há lugar no sistema internacional para que o Brasil torne-se um país imperialista. Para cada país imperialista, outro recai no capitalismo burocrático. Precisaríamos, para tornarmo-nos um país imperialista, simplesmente de derrotar militarmente e subjugar economicamente Estados Unidos e Europa. O Brasil só se tornará completamente uma nação para si e deixará de ser uma empresa para os outros num processo socialista.
Numa revolução de nova democracia, serão desenvolvidos ao mesmo tempo o capitalismo nacional (pequenas e médias empresas), capiutalismo esse atualmente atrofiado pelo imperialismo e o socialismo (com estatização das multinacionais e o fim do latifúndio).
A especificidade mais dramática do Brasil é, creio eu, a reprodução interna do sistema capitalista de dominação entre as regiões brasileiras. Sendo assim, São Paulo tende a tensionar com o Nordeste, pois São Paulo explora o Nordeste de forma análoga àquela como os Estados Unidos explora o Brasil.
Essa discussão sobre o semifeudalismo levantada por Freitas, que tem por estofo Mariátegui, Sodré e a historiografia revisionista brasileira não tem razão de ser. O Brasil é semifeudal e isso não é eurocentrismo, como fez a crítica falsamente descolonizada da academia. Foi a colonização que exportou para nós as relações de produção europeias. E pior: exportou um modo de produção mais atrasado. Enquanto Portugal vivia o feudalismo, ele exportou para nós o escravismo.

Assim sendo, o profeta é Guzmán. Os próximos trinta anos serão de desmoronamento do sistema imperialista. Ele não cairá de maduro e nem sozinho. Precisamos sempre dar um empurrãozinho. Contamos com vocês! Abraços!




terça-feira, 9 de junho de 2015

Viva o marxismo-leninismo-maoismo

Introdução


Em 1984 foi fundado o Movimento Revolucionário Internacionalista, agrupando os núcleos de revolucionários maoistas de todo o mundo que estavam determinados a fazer avançar a luta por um mundo sem exploração e opressão, sem imperialismo, um mundo em que a própria divisão da sociedade em classes será superada - o mundo comunista do futuro. Desde a formação do nosso Movimento temos continuado a avançar e hoje, por ocasião do Centenário de Mao Tsétung, com um profundo sentido das nossas responsabilidades, declaramos ao proletariado internacional e às massas oprimidas do mundo inteiro que a ideologia que nos guia é o Marxismo-Leninismo-Maoismo.
O nosso Movimento foi fundado com base na Declaração do Movimento Revolucionário Internacionalista, adoptada pela II Conferência de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas em 1984. A Declaração defende a ideologia revolucionária do proletariado, e, com base nela, aborda, de uma forma correcta quanto ao essencial, as tarefas dos comunistas revolucionários, quer nos diferentes países quer à escala mundial, a história do movimento comunista internacional e várias outras questões vitais. Reafirmamos hoje que a Declaração é a base sólida do nosso Movimento sobre a qual estamos a clarificar e a compreender mais profundamente a nossa ideologia, bem como a edificar a mais sólida unidade do nosso Movimento.
Declaração salienta correctamente "o desenvolvimento qualitativo da ciência do Marxismo-Leninismo levado a cabo por Mao Tsétung" e afirma que ele a elevou a "um novo estádio". Contudo, a utilização da expressão "Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsétung" na nossa Declaração reflectia uma compreensão ainda incompleta deste novo estádio. Nos últimos nove anos, o nosso Movimento empenhou-se numa longa, rica e firme discussão e luta por uma mais completa compreensão do desenvolvimento do Marxismo por Mao Tsétung. Durante este mesmo período, os partidos e organizações do nosso Movimento, e o MRI como um todo, estiveram empenhados na luta revolucionária contra o imperialismo e a reacção. De máxima importância, tem sido a experiência de vanguarda da Guerra Popular dirigida pelo Partido Comunista do Peru, que logrou mobilizar milhões de elementos das massas, varrendo o Estado em muitas partes do país e estabelecendo nessas zonas o Poder dos operários e camponeses. Estes avanços, na teoria e na prática, permitiram-nos aprofundar ainda mais a nossa compreensão da ideologia do proletariado e, nessa base, dar um passo de grandes consequências, o reconhecimento do Marxismo-Leninismo-Maoismo como o novo, terceiro e superior estádio do Marxismo.
Novo, Terceiro e Superior Estádio do Marxismo
Mao Tsétung elaborou muitas teses sobre toda uma série de questões vitais para a Revolução. Mas o Maoismo não se resume à soma de todas as grandes contribuições de Mao. É o desenvolvimento global e multifacetado do Marxismo-Leninismo a um novo e superior estádio. O Marxismo-Leninismo-Maoismo é um todo integral; é a ideologia do proletariado sintetizada e desenvolvida a novos estádios, de Marxismo a Marxismo-Leninismo e a Marxismo-Leninismo-Maoismo, por Karl Marx, V.I. Lenine e Mao Tsétung, com base na experiência do proletariado e da humanidade na luta de classes e na luta pela produção e pela experimentação científica. É a arma invencível que permite ao proletariado compreender o mundo e transformá-lo através da Revolução. O Marxismo-Leninismo-Maoismo é uma ideologia aplicável universalmente, viva e científica, em constante evolução e sendo sempre enriquecida através da sua aplicação ao acto de fazer a Revolução, bem como através do avanço do conhecimento humano em geral. O Marxismo-Leninismo-Maoismo é o inimigo de todas as formas de revisionismo e de dogmatismo. É todo-poderoso porque é verdadeiro.
Karl Marx
Karl Marx foi quem primeiro desenvolveu o comunismo revolucionário há quase 150 anos. Com a colaboração do seu íntimo camarada-de-armas Friedrich Engels, desenvolveu um sistema filosófico global, o materialismo dialéctico, e descobriu as leis básicas que definem o curso da História da Humanidade.
Marx desenvolveu uma ciência da economia política que revelava a exploração do proletariado e a inerente anarquia e as contradições do modo de produção capitalista. Karl Marx desenvolveu a sua teoria revolucionária em ligação estreita e ao serviço da luta de classe do proletariado internacional. Formou a I Internacional e escreveu, com Engels, o Manifesto Comunista, com o seu apelo de grande repercussão, "Operários de todos os países, uni-vos!". Marx dedicou grande atenção à Comuna de Paris de 1871, a primeira grande tentativa do proletariado para tomar o Poder, e sintetizou as suas lições.
Armou o proletariado internacional com uma compreensão da sua missão histórica: tomar o Poder político através da Revolução e utilizar esse Poder - a ditadura do proletariado - para transformar as condições sociais, até que seja eliminada a própria base em que assenta a divisão da sociedade em diferentes classes.
Marx dirigiu a luta contra os oportunistas que no movimento proletário procuravam limitar a luta dos operários à melhoria das condições da escravidão assalariada sem pôr em causa a própria existência dessa escravidão.
Ao conjunto das posições, do ponto de vista e do método de Marx, veio a chamar-se Marxismo, o qual representa o primeiro grande marco no desenvolvimento da ideologia do proletariado.
V.I. Lenine
V.I. Lenine desenvolveu o Marxismo a um estádio completamente novo, no decurso da sua liderança do movimento revolucionário do proletariado na Rússia e da luta no movimento comunista internacional contra o revisionismo.
Entre muitas outras contribuições, Lenine analisou o desenvolvimento do capitalismo ao seu estádio superior e final, o imperialismo. Mostrou que o mundo estava dividido entre uma mão-cheia de potências imperialistas e uma grande maioria, os povos e nações oprimidas, e mostrou que as potências imperialistas seriam forçadas a entrar periodicamente em guerra para redividir o mundo entre si. Lenine descreveu a era em que vivemos como a era do imperialismo e da Revolução proletária. Lenine desenvolveu um partido político de tipo novo, o Partido Comunista, como a ferramenta indispensável do proletariado para dirigir as massas revolucionárias na tomada do Poder.
Mais importante ainda, Lenine elevou a teoria e a prática da Revolução proletária a um nível completamente novo, ao dirigir pela primeira vez o proletariado na tomada e na consolidação do seu Poder político, a sua ditadura revolucionária, com a vitória da Revolução de Outubro na antiga Rússia czarista, em 1917.
Lenine travou uma luta de vida e morte contra os revisionistas do seu tempo dentro da II Internacional, que tinham traído a Revolução proletária e que apelavam aos trabalhadores para defender os interesses dos seus amos imperialistas na I Guerra Mundial.
Os "canhões de Outubro" e a luta de Lenine contra o revisionismo expandiram ainda mais o movimento comunista por todo o mundo, unindo as lutas dos povos oprimidos à Revolução proletária mundial e dando origem à III Internacional (ou Internacional Comunista).
O desenvolvimento global e multifacetado do Marxismo por Lenine representa o segundo grande salto no desenvolvimento da ideologia do proletariado.
Após a morte de Lenine, José Estaline defendeu a ditadura do proletariado contra os inimigos internos, bem como dos invasores imperialistas durante a II Guerra Mundial, e fez avançar a causa da construção e da transformação socialistas na União Soviética. Estaline lutou para que o movimento comunista internacional reconhecesse o Marxismo-Leninismo como o segundo grande marco no desenvolvimento da ideologia do proletariado.
Mao Tsétung
Mao Tsétung elevou o Marxismo-Leninismo a um novo e superior estádio, no decurso das suas muitas décadas de liderança da Revolução Chinesa, da luta internacional contra o revisionismo moderno e, acima de tudo, na descoberta, na teoria e na prática, do método da continuação da Revolução sob a ditadura do proletariado para prevenir a restauração do capitalismo e continuar o avanço rumo ao comunismo. Mao Tsétung desenvolveu de forma significativa todas as três componentes do Marxismo - filosofia, economia política e socialismo científico.
Mao disse: "O Poder político está na ponta da espingarda". Mao Tsétung desenvolveu de uma forma global a ciência militar do proletariado, através da sua teoria e prática da Guerra Popular. Mao ensinou-nos que é o Povo, e não as armas, que são decisivas na guerra. Assinalou que cada classe tem as suas próprias formas específicas de fazer a guerra, com o seu carácter, objectivos e meios específicos. Observou que toda a lógica militar pode ser reduzida ao princípio "vocês combatem à vossa maneira, nós combatemos à nossa", e que o proletariado deve forjar uma estratégia e uma táctica militares que possam jogar com as suas vantagens particulares, incentivando e confiando na iniciativa e no entusiasmo das massas revolucionárias.
Mao demonstrou que a política de conquistar bases de apoio e de estabelecer o Poder político de uma forma sistemática era indispensável para incentivar as massas e desenvolver a força militar do Povo e a expansão por vagas do seu Poder político. Insistiu na necessidade de dirigir as massas na realização de mudanças revolucionárias nas bases de apoio e na necessidade de as desenvolver política, económica e culturalmente ao serviço do avanço da guerra revolucionária.
Mao ensinou-nos que o Partido deve controlar a espingarda e que nunca deveria ser permitido que a espingarda controle o Partido. O Partido deve ser erigido como um meio capaz de iniciar e dirigir a guerra revolucionária. Salientou que a tarefa central da Revolução é a tomada do Poder político através da violência revolucionária. A teoria da Guerra Popular de Mao Tsétung é universalmente aplicável em todos os países, embora deva ser aplicada às condições concretas de cada país e, em particular, ter em conta as vias revolucionárias nos dois principais tipos de países que existem no mundo de hoje - países imperialistas e países oprimidos.
Mao resolveu o problema de como fazer a Revolução num país dominado pelo imperialismo. O caminho básico por ele traçado para a Revolução na China representa um contributo inestimável para a teoria e a prática da Revolução e é o guia para conseguir a libertação nos países oprimidos pelo imperialismo. Isto significa Guerra Popular prolongada, rodear as cidades a partir do campo, com a luta armada como a principal forma de luta e o Exército dirigido pelo Partido como a principal forma de organização das massas, mobilizar o campesinato, principalmente os camponeses pobres, levando a cabo a Revolução Agrária; construir uma Frente Única sob a liderança do Partido Comunista para levar a cabo a Revolução da Democracia Nova contra o imperialismo, o feudalismo e o capitalismo burocrático, e estabelecer a ditadura conjunta das classes revolucionárias dirigidas pelo proletariado como o prelúdio necessário à Revolução Socialista que deve seguir-se imediatamente à vitória da primeira etapa da Revolução. Mao avançou a tese das "três armas mágicas" - o Partido, o Exército e a Frente Única -, instrumentos indispensáveis para fazer a Revolução em cada país, de acordo com as suas condições e a sua via revolucionária específicas.
Mao Tsétung desenvolveu de forma significativa a filosofia do proletariado, o materialismo dialéctico. Em particular, salientou que a lei da contradição, a unidade e luta dos contrários, é a lei fundamental que rege a Natureza e a sociedade. Assinalou que a unidade e identidade de todas as coisas é temporária e relativa, enquanto que a luta entre os contrários é constante e absoluta, e que isso dá origem a rupturas radicais e saltos revolucionários. Aplicou magistralmente esta concepção à análise da relação entre teoria e prática, salientando que a prática é simultaneamente a única fonte e o derradeiro critério da verdade, e dando ênfase ao salto da teoria para a prática revolucionárias. Ao fazê-lo, Mao desenvolveu ainda mais a teoria proletária do conhecimento. Encabeçou o movimento para levar a filosofia a milhões de elementos das massas, popularizando, por exemplo, que "um divide-se em dois" por oposição ao conceito revisionista "dois combinam-se em um".
Mao Tsétung alargou a compreensão do conceito de que "o Povo e só o Povo é a força-motriz da história mundial". Desenvolveu a compreensão da linha de massas: "recolher as ideias das massas (ideias dispersas e não sistematizadas) e concentrá-las (torná-las em ideias concentradas e sistematizadas através do estudo), voltar depois às massas e propagar e explicar essas ideias até que as massas as abracem como suas, perseverem nelas e as traduzam em acções, testando nessas acções a justeza dessas ideias". Mao salientou a profunda verdade de que a matéria pode ser transformada em consciência e a consciência em matéria, aumentando a compreensão do papel dinâmico consciente do Homem em cada um dos campos da actividade humana.
Mao Tsétung dirigiu a luta internacional contra o revisionismo moderno encabeçado pelos revisionistas khruchtchovistas. Defendeu a linha política e ideológica comunista contra os revisionistas modernos e apelou aos genuínos revolucionários proletários a romper com eles e a forjar Partidos baseados em princípios marxistas-leninistas-maoistas.
Mao Tsétung levou a cabo uma profunda análise das lições da restauração do capitalismo na URSS e das deficiências bem como dos êxitos da construção do socialismo nesse país. Embora Mao defendesse as grandes contribuições de Estaline, também sintetizou os erros de Estaline. Sintetizou a experiência da Revolução Socialista na China e das reiteradas lutas entre as duas linhas contra o quartel-general revisionista dentro do Partido Comunista da China. Mao aplicou magistralmente a dialéctica materialista à análise das contradições da sociedade socialista.
Mao ensinou-nos que o Partido deve tomar a posição de vanguarda - antes, durante e depois da tomada do Poder - na liderança do proletariado na luta histórica pelo comunismo. Aumentou a compreensão do modo de preservar o carácter revolucionário proletário do Partido através da luta ideológica activa contra as influências burguesas e pequeno-burguesas nas suas fileiras, da educação ideológica dos membros do Partido, da crítica e autocrítica e da luta entre as duas linhas contra as linhas oportunistas e revisionistas no Partido. Mao ensinou-nos que assim que o proletariado toma o Poder e que o Partido se torna na principal força dentro do Estado Socialista, a contradição entre o Partido e as massas converte-se na expressão concentrada das contradições que caracterizam a sociedade socialista como sociedade de transição entre o capitalismo e o comunismo.
Mao Tsétung desenvolveu o conhecimento do proletariado de economia política, do papel contraditório e dinâmico da própria produção e da inter-relação desta com a superestrutura política e ideológica da sociedade. Mao ensinou-nos que o sistema de propriedade é decisivo nas relações de produção mas que, no socialismo, deve-se prestar atenção a que a propriedade pública seja socialista tanto no conteúdo como na forma. Salientou a interacção entre o sistema socialista de propriedade e os outros dois aspectos das relações de produção, as relações entre as pessoas na produção e o sistema de distribuição. Mao desenvolveu a tese leninista de que a política é a expressão concentrada da economia, mostrando que numa sociedade socialista a justeza da linha política e ideológica determina se o proletariado é realmente dono dos meios de produção. Reciprocamente, assinalou que a ascensão do revisionismo significa a ascensão da burguesia, e que dado o carácter contraditório da base económica socialista seria fácil aos seguidores da via capitalista reerguer o sistema capitalista se chegassem ao Poder.
Criticou profundamente a teoria revisionista das forças produtivas e concluiu que a superestrutura, a consciência, pode transformar a base e, com o Poder político, desenvolver as forças produtivas. Tudo isto tomou expressão na frase de Mao, "Empenhar-se na Revolução, Promover a Produção".
Mao Tsétung iniciou e dirigiu a Grande Revolução Cultural Proletária, que representou um grande salto em frente na experiência do exercício da ditadura do proletariado. Centenas de milhões de pessoas ergueram-se para derrubar os seguidores da via capitalista que haviam surgido de dentro da sociedade socialista e que se concentravam sobretudo na própria direcção do Partido (tais como Liu Chaochi, Lin Piao e Teng Siaoping). Mao dirigiu o proletariado e as massas na oposição aos seguidores da via capitalista e na imposição dos interesses, pontos de vista e vontade da grande maioria do Povo em todas as esferas que, mesmo numa sociedade socialista, tinham continuado a ser coutada privada das classes exploradoras e do seu modo de pensar.
As grandes vitórias alcançadas pela Revolução Cultural impediram durante uma década a restauração capitalista na China e levaram a grandes transformações socialistas na base económica, assim como na educação, na literatura e arte, na investigação científica e noutras partes da superestrutura. Sob a direcção de Mao, as massas estudaram profundamente o terreno que engendra o capitalismo - como o direito burguês e as três grandes diferenças, entre cidade e campo, entre operários e camponeses, e entre trabalho intelectual e trabalho manual.
No decurso de intensa luta política e ideológica, milhões de operários e outros elementos das massas revolucionárias aprofundaram de maneira significativa a sua consciência de classe e domínio do Marxismo-Leninismo-Maoismo e reforçaram a sua capacidade de exercer o Poder político. A Revolução Cultural foi realizada como parte da luta internacional do proletariado e foi um campo de treino em internacionalismo proletário.
Mao compreendeu a relação dialéctica entre a indispensabilidade de uma liderança revolucionária e a necessidade de incentivar e confiar nas massas revolucionárias de baixo para cima para implementar a ditadura do proletariado. Deste modo, o fortalecimento da ditadura do proletariado foi também o mais extenso e profundo exercício em democracia proletária conseguido até hoje no mundo, revelando heróicos dirigentes revolucionários como Chiang Ching e Chang Chungchiao, que se mantiveram ao lado das massas e as dirigiram na batalha contra os revisionistas e que, ante a amarga derrota, continuaram a erguer alto a bandeira do Marxismo-Leninismo-Maoismo.
Lenine disse, "Só é marxista quem alarga o reconhecimento da luta de classes ao reconhecimento da ditadura do proletariado". À luz das inestimáveis lições e avanços alcançados pela Grande Revolução Cultural Proletária dirigida por Mao Tsétung, esta linha divisória ficou ainda melhor definida. Agora, podemos afirmar que só é marxista quem alarga o reconhecimento da luta de classes ao reconhecimento da ditadura do proletariado e ao reconhecimento da existência objectiva de classes, de contradições antagónicas de classe, da burguesia no Partido e da continuação da luta de classes sob a ditadura do proletariado durante todo o período do socialismo, até ao comunismo. Como Mao tão poderosamente afirmou, "A falta de clareza nesta questão conduzirá ao revisionismo".
A restauração capitalista que se seguiu ao golpe de estado contra-revolucionário de 1976 dirigido por Hua Kuofeng e Teng Siaoping, de modo nenhum nega o Maoismo ou os históricos êxitos e as enormes lições da Grande Revolução Cultural Proletária; pelo contrário, esta derrota confirma as teses de Mao sobre a natureza da sociedade socialista e a necessidade de continuar a Revolução sob a ditadura do proletariado.
Claramente, a Grande Revolução Cultural Proletária representa uma epopeia histórica da Revolução, um vitorioso ponto alto para os comunistas e os revolucionários do mundo inteiro, um feito imperecível. Embora tenhamos todo um processo à nossa frente, essa Revolução deixou-nos grandes lições que estamos já a aplicar, como por exemplo o ponto de que a transformação ideológica é fundamental para que a nossa classe tome o Poder.
Marxismo-Leninismo-Maoismo:
O Terceiro Grande Marco

No decurso da Revolução Chinesa, Mao desenvolveu o Marxismo-Leninismo em muitos campos importantes. Mas foi no cadinho da Grande Revolução Cultural Proletária que a nossa ideologia deu um salto e o terceiro grande marco, o Marxismo-Leninismo-Maoismo, emergiu na sua plenitude. Do plano superior do Marxismo-Leninismo-Maoismo, os comunistas revolucionários puderam compreender ainda mais profundamente os ensinamentos dos grandes líderes precedentes e, de facto, mesmo as contribuições iniciais de Mao Tsétung assumiram um significado mais profundo. Hoje, sem Maoismo não pode haver Marxismo-Leninismo. De facto, negar o Maoismo é negar o próprio Marxismo-Leninismo.
Cada grande marco no desenvolvimento da ideologia revolucionária do proletariado enfrentou implacável resistência e só conseguiu ser reconhecido mediante intensa luta e mediante a sua aplicação à prática revolucionária. Hoje, o Movimento Revolucionário Internacionalista declara que o Marxismo-Leninismo-Maoismo deve ser o comandante supremo e o guia da Revolução Mundial.
Centenas de milhões de proletários e massas oprimidas do mundo são cada vez mais impelidas para a luta contra o sistema imperialista mundial e toda a reacção. No campo de batalha contra o inimigo, procuram a sua própria bandeira. Os comunistas revolucionários devem empunhar a nossa ideologia universal e difundi-la entre as massas para ainda mais incentivar a sua acção e organizar as suas forças, com o objectivo de tomar o Poder através da violência revolucionária. Para o conseguir, têm de ser formados Partidos marxistas-leninistas-maoistas, unidos no Movimento Revolucionário Internacionalista, naqueles lugares onde não existam, enquanto que os existentes devem ser reforçados de modo a preparar, iniciar e levar até à vitória a Guerra Popular para tomar o Poder para o proletariado e o povo oprimido. Devemos empunhar, defender e, sobretudo, aplicar o Marxismo-Leninismo-Maoismo.
Devemos acelerar a nossa luta pela formação de uma Internacional Comunista de tipo novo, baseada no Marxismo-Leninismo-Maoismo. A Revolução Proletária Mundial não pode avançar até à vitória sem forjar essa arma porque, como Mao nos ensinou, ou caminhamos todos para o comunismo, ou nenhum de nós lá chegará.
Mao Tsétung afirmou, "O Marxismo consiste em milhares de verdades, mas em última análise todas se reduzem a uma: é justo revoltar-se". O Movimento Revolucionário Internacionalista toma a revolta das massas como o seu ponto de partida, e apela ao proletariado e aos revolucionários de todo o mundo a empunharem o Marxismo-Leninismo-Maoismo. Esta ideologia libertadora e de combate deve ser levada ao proletariado e a todos os oprimidos porque só ela pode possibilitar que a revolta das massas remova milhares de anos de exploração de classe e dê à luz o mundo novo do comunismo.
Erguer Bem Alto a Grande Bandeira Vermelha
do Marxismo-Leninismo-Maoismo!
26 de Dezembro de 1993

Movimento Revolucionário Internacionlista

Fonte:    página vermelha

sábado, 6 de junho de 2015

Eduardo Recchi X Cristiano Alves da Página Vermelha

Eduardo Recchi, do PSOL, está polemizando nesse vídeo aqui de forma semelhante a mim com o Cristiano Alves da Página Vermelha.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Situação do pronatec em Bom Despacho


Gostaria de comunicar a todos o que vem ocorrendo com os professores do Pronatec em Bom Despacho, programa do qual faço parte. Estamos no mês de junho de 2015 e tem professores com pagamentos pendentes desde setembro do ano passado (2014), ALGUNS PROFESSORES com até 7.000 reais para receber por aulas dadas em 2014. 
No ano de 2015 nenhum professor do Pronatec em Bom Despacho recebeu ainda por aulas dadas desde março, ou seja, a situação é inadmissível. Isso é muito mais do que um desrespeito, é uma afronta à categoria. 
Quero ressaltar que o Pronatec resulta de convênio entre governo federal e prefeitura, mas a prefeitura não é a responsável pelo pagamento dos professores e sim o IFMG/campus Bambuí.
Gostaria que todos que priorizam a educação, principalmente meus colegas professores de Bom Despacho, nos ajudassem esclarecendo à população sobre essa situação e divulgando essa mensagem.Tivemos uma reunião ontem, dia 03/06, e decidimos pela paralisação das aulas a partir da semana que vem, até que os pagamentos sejam regularizados.Desde já, agradeço.

Professor Alexandre Cavaliere