domingo, 13 de maio de 2012

Schwarz X Caetano: intelectuais falam besteiras


Eu queria dar por encerrada essa polêmica Schwarz X Caetano, a propósito do lançamento de um livro de Roberto Schwarz, mas a incrível repercussão da polêmica na web me assustou. A briga do tucapeta com o petucano assumiu dimensões épicas no meio daquela que Marcos Augusto Gonçalves bem definiu, não sem um certo sabor autobiográfico, como sendo a nossa "buritsia".

Paulo Henrique Amorim, citado por Caetano como um blog que ele não lê e acha ruim, chamou Caetano de camaleônico.

Os tucanos se aproveitaram da ocasião para uma ofensiva contra Schwarz e PT, pois afinal são dias de revelação da promiscuidade da tucaníssima Veja com o crime organizado, dias de Cachoeira: Nelson Ascher requentou o velho tema da patrulha ideológica, chamando Schwarz de justiceiro e policial; não menos arrogante e afoito, Euler Belém repetiu besteiras como a acusação de jdanovismo e realismo socialismo (cai sempre bem os babacas falarem sobre figuras do período Stálin, embora eles não saibam nada sobre o assunto). Muitos outros professores, jornalistas e historiadores seguiram nessa mesma trilha. Um deles, Jalder, comparou Verdade Tropical com os clássicos livros de interpretação do Brasil como Gilberto Freyre.

E pensar que Glauber Rocha chamou o artigo de Roberto Schwarz sobre o tropicalismo que saiu na  Temps Modernes de "burrice sob a forma de leis" na Veja de 77! E lembrar que o livro celebrado como já sendo um clássico por um historiador já foi chamado de "calhamaço mal escrito que dá no saco" pelo professor Gilberto Vasconcellos em 1997!

 Seguindo nessa trilha azul e amarela, os emplumados cronistas Francisco Bosco e Hermano Viana e outros tomaram partido de Caetano em O Globo. Hermano pelo menos observou que Schwarz tem muito em comum com Caetano, o mesmo estilo ambíguo, barroco. E notou também a pompa vaidosa e arrogante e o lugar de poder de onde fala Schwarz.

 João Cezar de Castro Rocha, também professor, resenhou o livro de Schwarz no Estadão, fazendo as vezes de apresentador chique de todo esse circo. O grande acerto do professor Castro Rocha é comparar Roberto Schwarz com Simão Bacamarte, personagem do médico maluco O Alienista de Machado de Assis, que é alguém que quer, com um simples princípio, resolver todos os problemas do mundo. Isso é verdade, se pensarmos que Schwarz tem uma fixação em provar que as ideias estão fora do lugar no Brasil e acaba colocando tudo nesse mesmo saco. O médico maluco descobre no final que quem está fora do lugar e é maluco é ele. Não espero que Schwarz seja capaz de tamanha lucidez...


2 comentários:

Revistacidadesol disse...

Hermano: Caetano se opunha, sim, ao projeto nacional e popular do pcb, ao qual estavam ligados Sérgio Ricardo, Chico Buarque e outros. Isso e´que era o "populismo" e que estava sendo criticado no filme de Glauber e na canção Tropicália. A briga de Glauber com o pc foi que Carlos Estevam Martins lhe sugeriu fazer chanchadas com mensagem comunista e ele se negou, afirmando o experimentalismo. É isso tb que Caetano estava afirmando: o desejo de experimentar.

De início, Schwarz escreveu que o método Paulo Freire era tropicalista no artigo no temps modernes, mas foi corrigido por Cacaso e publicou o artigo corrigido em 1978. Isso dá uma ideia dos erros que Schwarz comete. A parte que se refere à história do partido comunista eu tb considero um desastre. A aliança com Jango era a única saída para o pc na época, mas Schwarz mistifica tudo. O que o faz rever tudo me parecer ser a sua adesão ao Cebrap em 69. A partir da entrada de Roberto no cebrap, parece haver uma virada e ele escreve esse artigo, que em boa medida gera essa imagem de que ele e FHC foram revolucionários a favor da luta armada, quem sabe guevaristas, mas depois caíram na real e foram escrever teses sobre Marx financiadas pela fundação Ford.

Na trajetória do Caetano encontra-se sempre um artista independente da esquerda, mas que em certa medida dependente dos meios de comunicação.

Abs do Lúcio jr.

Revistacidadesol disse...

"Como hoje está na moda achar que 1964 não foi nada, não custa lembrar que Lincoln Gordon, o embaixador americano na época, reconheceu que o golpe militar brasileiro foi um momento importante da Guerra Fria. Refletindo sobre o golpe à luz da irrisão tropicalista, que veio na sua esteira, um "brasilianista" me observou que nossa virada à direita teve papel precursor e deu ensejo à ordem pós-moderna, o que achei inesperado e sugestivo." Roberto Schwarz, falando com amor e carinho de um golpe fascista.