Sábado passado, dia 11, numa noite de vento antártico, fui ao show dos Dead Lover´s Twisted Heart, três DJs (Luiz PF, Deivid, Fael e JJBZ, todos discotecando apenas vinis) e Fusile, no Lapa Multishow. No show, pude sentir o calor e a emoção das canções da banda, que acompanho há dois anos e na qual meu irmão Vinícius toca. No show ao vivo, sente-se o frescor das emoções e muita coisa passa a fazer sentido: a ligação da banda com Odair José, por exemplo, que sempre me pareceu enigmática, pode ser desvendada pela herança Jovem Guarda/country que Odair José e Dead Lover´s têm em comum.
E o show é celebração alegre, fanfarrona, do lançamento do CD, um acontecimento para a banda, que tinha até agora apenas um EP e um vinil. A abertura teve um quê eletrônico onde destacou-se Thiakov nos teclados. Depois, passou-se ao rockabilly dançante ao folk melódico de canções como “Rock Hurts and The Heart Beats”, quase um hino na banda, assim como “Shake your Hips” and “Folk You”, todas representantivas do bom humor da banda e sua alegria contagiante. Uma canção muito bonita (Isabelle), misto de chanson française e the Doors, contou com a participação de Rafael Ludicanti (dos Junkie Dogs, banda irmã). Todos os componentes cantam bem e a voz da baterista impressiona, lembra muito a de Maureen Mo Tocker, do Velvet Underground, o que nos introduz num túnel do tempo.
O som do CD independente, que obteve qualidade profissional, dá uma enorme vontade de ver o que farão os Dead Lover´s com uma gravadora e uma estrutura profissional. Ver a banda ao vivo é uma experiência esclarecedora, diferente do som de MP3 e do CD, que de qualquer forma separa um pouco os instrumentos. Ao vivo, a banda faz diferença e produz um som mais encorpado, convence mais, atrai mais.
A parte mais ousada do show foi a participação da orquestra composta por amigos da banda. Os metais sobressaíram em relação às cordas, mas mesmo assim a química entre os músicos (dentre os quais, o Chico do poemacto.blogspot.com, que enfim conheci pessoalmente no sábado passado) tinha um quê meio carnavalesco, meio balcânico. Clima de festa fanfarrônica e intensa, ideal para aquecer o inverno belo-horizontino.
A apoteose do show aconteceu em “Where I am” que diz “Take me by the hand”. O público ergue as mãos e o que se vê é justamente a banda seduzindo seu público, conduzindo-o pela mão. A ordem das músicas no show me lembrou a do CD. Os Dead Lover´s, portanto, não me deixaram com coração de amante morto e sim com uma promesse du bonheur muito bem cumprida.
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