O Manifesto do Nada na Terra do Nunca é o percurso patafísico de Lobão. Só com o conhecimento das verdades absurdas e ridículas pode-se explicar algo tão "psicodélico" e "esquizofrênico". Só a patafísica pode explicar um texto daqueles. Ele escreveu um ensaio cheio de pretensões acadêmicas. Lobão cita fontes, mas deixa subentendido que leu e acompanha as polêmicas da direita: o artigo de Walter Navarro em O Tempo, debochando do genocídio dos Guarani-Kaiowá (o que Lobão também faz); os ataques do "filósofo" Pondé ao cartunista Laerte, a quem chamou indiretamente, de "frouxo" e "traveco bolchevique". E, finalmente, a metafísica fascista de Olavo de Carvalho em seu Imbecil Coletivo.
Em sua transmutação da esquerda festiva para o anarcocapitalismo, Lobão parece ter feito uma recuperação da fina flor do pensamento de direita, que ele mistura a delírios paranoicos a respeito de comunistas. Velhos tempos em que quem o perseguia eram as canções de Herbert Vianna!
Assim, "o carola estatizado" de Olavo de Carvalho encontra um equivalente em seu "Imbecil Coletivo". Sobrenadam também, nessa geléia geral com cocaína, Nelson Rodrigues e Paulo Francis elevados a sacerdotes de ideologia. Outro elemento presente é a reescrita da história de um ponto de vista de extrema-direita fascista, ao estilo de Leandro Narloch. Por fim, ele resolve criticar Oswald de Andrade, cobrando dele lógica, racionalidade, eficiência e ética do trabalho, como um bom colunista de Veja faria. Lobão acusa Oswald de Andrade ao mesmo tempo de nacionalismo ressentido e copiador de tudo que é estrangeiro. Preso por uso de drogas, ele cobra racionalidade da prosa brilhante de Oswald (que profetizou a contracultura) e pensa que isso é original, mas não cobra esse mesmo racionalismo de sua interpretação da história. Quando é que Fidel Castro condecorou John Lennon, como escreve Lobão? Oswald de Andrade provavelmente riria muito de um roqueiro que defende a mãe dos Gracos, Cornélia, mas que vive contando que a mulher o enganou, entrando à sua revelia na Lei Roaunet!
As análises de Lobão submetem toda a história da humanidade a seu ego mimado. Para entender o próprio percurso de forma não-patafísica seriam necessários conceitos como indústria cultural e o capitalismo, conceitos que faltam totalmente a esse niilista que chafurda na decadência ideológica da burguesia e no irracionalismo. O objetivo de toda essa fúria lupina é apenas tentar reassumir um protagonismo na indústria cultural que, devido ao corpo que não serve mais de modelo de roupas, é impossível de ser resgatado.
O grande tema que subjaz a seus livros é outro, não dito: a decadência deselegante e o apodrecimento ideológico de um popstar pretensamente intelectual do terceiro mundo. Lobão virou o nosso Bob Roberts, o roqueiro retrógrado do filme de Tim Robbins.
Bob Roberts, o cantor de folk-rock reacionário
5 comentários:
Lúcio, encontrei o seu perfil no Google Plus, já te adicionei e mandei um hangout pra você. Um abraço!
Você viu a mensagem que eu te deixei lá no Google Plus?
Oi, Felipe.
Vi sim, mas minha internet tá lenta, mas vou tentar te adicionar lá. Abs!
Nenhum comunista, idiota útil poderia gostar desse livro, eu não esperava outra coisa. Vocês são todos uns hipócritas. Vocês se julgam intelectuais, mas apenas repetem jargões de facínoras e lunáticos que lavaram seus cérebros limitados. O comunismo pra mim é apenas um sintoma de uma doença oriunda de um misto de incapacidade, falsidade intelectual e miopia. Li o livro e achei muito bom. Certamente essa sua critica deve se basear em alguma resenha mal escrita, pois é comum a todo blogueiro de esquerda adorar escrever e odiar ler.
Lobão, seja homem e escreva seu nome aqui, seu inseto. Vc está obcecado com o post de um anônimo, de um zé qualquer da web, seu has been, perdeu, playboy, seu nada...Roqueiro velho, é isso o que vc é.
Já gostei de vc. Agora, para mim vc morreu. Só falta morrer de caixão.
Descanse em paz, Lobão.
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