O livro de poemas Amornheci Pensando em Nós, Histórias de um Analista Apaixonado (Ginotri, 2016) trata de duas paixões de Eduardo: poesia e psicanálise. Ambas tratam do amor, daí Eduardo resolveu ligar as duas coisas. Amor, amanheci pensando em nós, esse é o trocadilho que instaura o livro.
Como ele escreve: "Ela aponta, tal como a análise, que é preciso separar um tempo para a vida. Nem sempre a vida rima" (ANDRADE, 2016, P. 33). É preciso tempo para a vida, é preciso ir além da lógica de tempo é dinheiro. Por vezes, como explica ele, ele tem tempo, mas não está à venda. Ele quer tempo para descansar na vida. Ele frisa que é preciso não comercializar a vida --e nem o tempo.
Como ele escreve: "Ela aponta, tal como a análise, que é preciso separar um tempo para a vida. Nem sempre a vida rima" (ANDRADE, 2016, P. 33). É preciso tempo para a vida, é preciso ir além da lógica de tempo é dinheiro. Por vezes, como explica ele, ele tem tempo, mas não está à venda. Ele quer tempo para descansar na vida. Ele frisa que é preciso não comercializar a vida --e nem o tempo.
Muito bem sucedido em explicar a teoria psicanalítica e ilustrá-la em sua poesia, um poema de Eduardo explica o ato falho de forma brilhante no poema Educação do Amor. O ato falho é quando a gente diz para a uma mulher bonita e atraente: "e aí, amada para o final de semana?" Ao trocar amada com animada, o que subjaz é uma cantada, é o desejo de saber se essa mulher bela e interessante está acompanhada e já tem uma companhia para o fim de semana.
Outro esclarece, sempre com belos exemplos, a diferença entre prazer, gozo e desejo em seu poema Prazer, Desejo:
"Peguei o pedaço do pão, comi e disse:
--Hum, gostoso!
Sem terminar de mastigar, coloquei mais um pedaço de pão na boca e disse:
--Huum..Go...o som não saía. Quase engasgado pelo excesso, fiz sinal de espera. Engoli e expliquei:
--A delícia extraída no pedaço de pão era a experiência do prazer, um apoio ao instintual desenvolvido pelo singular. O prazer, difícil de abdicar, tende a promover traçados de repetição e ali se acabar por excesso. Esse era o gozo, destruição que toca no corpo também estaria de comer tudo de uma só vez em imediato tempo. Entendem? Goza-se com o que se tem. Satisfaz-se com o que experimenta e se podem extrair delícias (...). O desejo é quando eu estiver em casa, longe do pão, alucinando e fantasiando em imaginação a sua busca. Assim, não mais tendo, terei que buscar por outro, supostamente igual. Marca memória e faz avançar!"
E isso, esse casamento entre poesia e psicanálise, isso ele faz de maneira sempre bela e intensa.
Outro esclarece, sempre com belos exemplos, a diferença entre prazer, gozo e desejo em seu poema Prazer, Desejo:
"Peguei o pedaço do pão, comi e disse:
--Hum, gostoso!
Sem terminar de mastigar, coloquei mais um pedaço de pão na boca e disse:
--Huum..Go...o som não saía. Quase engasgado pelo excesso, fiz sinal de espera. Engoli e expliquei:
--A delícia extraída no pedaço de pão era a experiência do prazer, um apoio ao instintual desenvolvido pelo singular. O prazer, difícil de abdicar, tende a promover traçados de repetição e ali se acabar por excesso. Esse era o gozo, destruição que toca no corpo também estaria de comer tudo de uma só vez em imediato tempo. Entendem? Goza-se com o que se tem. Satisfaz-se com o que experimenta e se podem extrair delícias (...). O desejo é quando eu estiver em casa, longe do pão, alucinando e fantasiando em imaginação a sua busca. Assim, não mais tendo, terei que buscar por outro, supostamente igual. Marca memória e faz avançar!"
E isso, esse casamento entre poesia e psicanálise, isso ele faz de maneira sempre bela e intensa.