Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
sábado, 8 de março de 2025
O Arquiimperialismo: O Novo Paradigma do Imperialismo
O professor César Aprile da Silva Aprile definiu, nesse livro publicado pelo próprio autor em 2023, um conceito que julgo muito importante: o arquiimperialismo. O livro, editado pelo próprio autor e que comprei na internet, traz reflexões extremamente necessárias.
A tese dele é que, depois da Segunda Guerra Mundial, o que emergiu não foi meramente um império convencional do capital, mas algo mais complexo e abrangente, que expandiu a definição do imperialismo, a fase superior do imperialismo. É uma forma de imperialismo nunca antes vista. É um arquiimperialismo, um imperialismo que comanda os outros imperialismos. Isso não acontecia no tempo de Lênin e mesmo no de Stálin não foi identificado com essa intensidade, pois Stálin temia uma revanche de Japão e Alemanha ainda depois da II Guerra Mundial. Curiosamente, o arquiimperialismo impediu que isso acontecesse e inclusive mantêm até hoje tropas yankees nesses dois países. A situação de um imperialismo depender de outra potência imperialista é inédito. Os Estados Unidos não se unem a outros imperialismos para dividir o mundo, são autossuficientes, o que é intrigante.
Igualmente César avança bastante ao caracterizar a China como social imperialista usando autores chineses que caracterizaram a União Soviética dessa forma. Ele explica o papel de Cuba em aterrorizar os militares latino-americanos com o perigo do comunismo, focando no exemplo de Cuba, que aliás é bastante eficaz por ter surgido de uma conjuntura aparentemente ingênua de populismo e terminou numa aliança com o social-imperialismo soviético. Cuba é caracterizada como capitalismo burocrático pintado de vermelho. Laos e Vietnã teriam menos conflito com o arquiimperialismo. Coreia Popular seria país de capitalismo burocrático vermelho com uma relação de dependência semicolonial em relação ao capital chinês.
César Aprile desmistifica os Brics, explicando que estão, em diversos graus, ainda submetidos ao arquiimperialismo. A Rússia ainda tem contradições internas ligadas ao capitalismo burocrático. O debate sobre a desdolarização ganha relevância, mas não é uma ameaça real para a hegemonia norte-americana. Além da pressão que os Estados Unidos podem fazer ao dominar o dólar, eles também têm um aparato repressivo internacional que exerce poder sem recorrer a uma forma direta.
Em determinada altura, Aprile chega a conclusões opostas às de Jabbour: a China ainda não está pronta para eclipsar os EUA como maior economia do mundo em breve. Para superar a hegemonia norte-americana, ela precisaria tornar-se um arqui-social-imperialismo. A China ainda não é uma superpotência no entender de Aprile. Ela também obedece ao arquiimperialismo, aceitando implantar sanções contra Coreia do Norte, prejudicando seus próprios interesses, mas satisfazendo o arquiimperialismo norte-americano. Um conflito entre os USA e a China terminaria em prejuízo econômico para os dois países, mas para a China especialmente. A superação dos Estados Unidos pela China é uma tarefa monumental e incerta. Jabbour, ao exaltar essa situação iminente, foca apenas em dados econômicos e cai no revisionismo. Exalta que a URSS produziu Kruschev, mas a China produziu Deng Siaoping (para ele, esse último seria um salto de qualidade incomparável, um desenvolvimento admirado por ele do revisionismo). Jabbour defende o modelo de capitalismo de estado degenerado chinês como a única saída.
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