sábado, 21 de maio de 2011

Os comunistas: cizânia em quartéis de Minas

Esse livro do coronel Sant´Clair levanta, com base em pesquisa histórica na própria PMMG, as prisões ocorridas na PM entre 1947 e 1953, em grande parte vitimando militares que de fato não eram envolvidos com o partido comunista, mas que foram vítimas do arbítrio a que podiam recorrer, nesse período, as instituições militares. Assim, algumas centenas de homens foram postos incomunicáveis e presos durante vários anos, sem nunca terem passado por um julgamento.

O autor critica bastante o comunismo, mas mesmo assim ele reconhece as inúmeras injustiças cometidas no período em que o partido foi posto na ilegalidade e, como resultado da Guerra Fria, desencadeou-se uma campanha anticomunista dentro do exército e da polícia, numa onda semelhante ao macartismo nos Estados Unidos. No entanto, a pesquisa do autor não se dá ao trabalho de pesquisar aquilo que os próprios comunistas pensavam no período, o que faz com que o livro perca foco e se confunda.

Um grande equívoco do autor é imaginar que imaginar que, entre 1947 e 1952, o partido comunista pretendesse repetir o levante comunista de 1935, infiltrando militantes na polícia e no exército. A pesquisa não recorre a entrevistas com os militares sobreviventes, o que não permite esclarecer esse fato, assim como as fontes buscadas (Hobsbawn, João Quartim de Moraes) não foram suficientes. Seria preciso ouvir registros do outro lado, porque no período, embora ilegal, o partido apoiava as criações das estatais tais como a Petrobrás, assim como se opunha a mandar tropas para participar na guerra que então se travava na península coreana. O papel de Vargas no período e a hipótese de que alguns dos condenados fossem varguistas e não comunistas fica totalmente relegada. Vargas é o grande ausente desse livro -- e é o grande protagonista político do período.

Ainda assim, o livro constitui de uma pesquisa muito interessante, com registros da própria instituição, o que joga luz sobre um episódio pouco conhecido e debatido.

2 comentários:

mnc disse...

Lj querido!
Passando aqui sempre, aproveitando p deixar um salve p vc e um comente.
A memória recente nacional, nossa história mais do que nunca agora tem sido reescrita, revista. O boom dos livros nesse tema têm tido uma procura imensa nas livrarias, as pessoas andam intressadas em saber.
Interessante o post, comunista apesar de ateu comia o pão que o tinhoso amassou naqueles tempos...Agora o povo á sabe tb que não comem criancinhas...rsrs.
Abraços!

Revistacidadesol disse...

Oi, MNC. Esse livro enfoca a estranha justiça própria da PM. Aqui mesmo na minha cidade já conheci gente que aceitou propina foi posto fora da corporação. No entanto, meu pai, coronel reformado, foi testemunha num processo na Justiça Militar que envolvia um caso de tortura acontecida com um primo em São Gonçalo. E não deu em nada, só algumas "restrições nas promoções" de dois PMs.

Dá para entender?