O programa Custe o que Custar, da Rede Bandeirantes, traz no título a negação do apego ao interesse material. No estágio atual da sociedade capitalista, o limite é justamente o quanto custa e o capital monopolista, nessa fase em que estamos, precisa é do lucro máximo para se manter, não do lucro normal, nem do superlucro. Daí que possamos esperar novas guerras, que afinal é o business que o capital precisa nessa fase de crise.
Adorno diz, na Dialética do Esclarecimento, que cada progresso na civilização atual tem o seu reverso de regresso e barbárie. É interessante buscar, dentro do programa Custe o Que Custar, onde é que começa o progresso, onde é que está o seu lado regressivo, pois o que sobressai é justamente o seu lado progressista. O programa traz eflúvios progressistas: os apresentadores são jovens, há quadros que observam a própria televisão brasileira em sentido crítico (a mídia raramente se autodenuncia), outros tratam de conscientizar o poder público quanto a mazelas, surgem colagens não-realistas, etc.
De início, a chacota um tanto grossseira com os gays é que fazia o papel regressivo no programa. Ao trazer o deputado Bolsonaro, de extrema-direita, para repetir estereótipos racistas e homofóbicos e ser repudiado pelo apresentador Marcelo Tas, o programa conseguiu dar uma volta em torno de si mesmo e fazer figura de campeão dos direitos civis.
Mas eis que surge a polêmica sobre frases a favor do estupro e o Golem do programa encarna, não no descendente de alemães Marcelo Tas (chamado pelos inimigos de “Marcelo Naz”, mas que, culto e carismático, representa o que há no CQC de mais iluminista, observei no dia em que ele faltou que o programa só tem aura por causa dele), mas no judeu Rafinha Bastos. Isso é sintomático, quem sabe, de um tempo em que, como diz o meu amigo Laerte Braga, a grande regressão no cenário internacional está no nacionalismo de direita agressivo que, em aliança com os USA, instalou-se em Israel e oprime o povo palestino. Como segundo ato do drama do imperialismo nazista, o imperialismo europeu e americano tornou o povo judeu seu aliado (foi seu maior bode expiatório entre 1933-1945) e seu sócio no Oriente Médio. Alimentado com leite de loba, Israel é agora uma grande naja americana e européia para controlar e envenenar os países do Oriente Médio, atuando inclusive fora de suas fronteiras.
E eis que vejo Rafinha Bastos no programa Provocações, da TV Cultura, dando surpreendente entrevista. Rafinha é o único da trupe do CQC a estrelar um programa de humor e entrevistas na mesma rede, levando ao limite a esquizofrênica dicotomia jornalismo-humor que parece ter dado certo com o Cqc e o programa Pânico na TV (paródia imunda e saneadora da cultura de celebridades). Nela, ele disse que participa de tudo, twitter, televisão, stand up comedy, tudo em busca de dividendos, pois é judeu e onde tem dinheiro ele está. A partir dessa entrevista autognóstica, pode-se supor que Rafinha se alinha com outros comunicadores judeus tais como Marília Gabriela, Gerald Thomas, Serginho Groisman, Luciano Huck e Boris Casoy, ou seja, parte de uma tribo que, embora seja uma religião pouco numerosa no Brasil, parece encontrado no rico e poderoso setor de comunicação do Brasil a sua Terra Prometida. Essa frase sobre a busca do dinheiro é justamente o contrário do lema de desprendimento do programa a partir do qual ele se celebrizou. Esse sinal no sentido inverso é indício claro do que estou supondo: é em Rafinha que vive o Golem do CQC, é ele que representa o papel o que há ali de mais reacionário e regressivo.
Pouco tempo depois da polêmica Bolsonaro, Rafinha resolveu deu o ar da graça regressivo ao dizer algo como “mulher feia estuprada deveria ficar contente” e que os judeus de Higienópolis “só viram um metrô quando estiveram em Auschwitz”. O confronto de Rafinha, pelo que vi na web, ocorre principalmente com as mulheres. E, como li em uma coluna de Monica Bergamo, o programa humorístico de Rafinha apresentado numa boate de São Paulo, Comediants, aproveita-se justamente para fazer dividendos com essa polêmica, usando a seguinte chamada: “quer estupro? No comediants tem”. Essa frase sintetiza totalmente o que caracteriza essa cultura de celebridades em que a sociedade brasileira – e os jovens principalmente –estão chafurdando até a cabeça: não há qualquer importância, nessa cultura, com a ética ou a repercussão imensamente negativa do que você fizer ou disser, o importante é aparecer no meio. Como dizia Mchluhan, o meio é a mensagem: apareceu no meio (a mídia)? Ganha dividendos. Não apareceu? É um fracassado, um perdedor.
16 comentários:
Massa a sua reflexão Lúcio.
@aloisiofcs
Poís acho que concordo com vc.
Hoje a TV está cheio disso.Tem até um canal exclusivo para isso, que diz ser de música, o tal MTV.Lá é mais uma mistura de música com humor.É a cultualidade a futilidade.Percebemos isso também no culto a artistas frabricados por empresários, como Luan Santana.
O certo é que vivemos uma crise do capital, que a nação brasileira não liga para ela, poís não afetamos a gente devido ao nosso mercado interno em extensão, e também um crise das ideias, da utopia, da moral.
Os ataques do pós modernismo, a suposição da vitória do capitalismo sobre o socialismo/humanismo estão na odem do dia e estão sendo batalhada nos meios ( como a tlevisão) a todo momento.
Mas não numa debate culto, "iluminista".Usa o humor para manter um reacionarismo, pois é impossível justificar a barbarie a partir de um debate serio.O resultado disso tudo é fazer da crise o nosso humor continuo de cada dia.
@aloisiofcs
Oi, Aloísio, obrigado pela força que vc sempre me dá. Sei da sua militância e te desejo tudo de bom.
Vejo no CQC progresso, mas Rafinha tem se destacado pelo reacionarismo. Essa semana voltou a ser notícia pq disse que comeria wanessa camargo e o filho ou filha de Ronaldo, evidentemente fazendo referência a uma bissexualidade de Ronaldo, que teria sido revelada no caso "três travestis".
Eu acho que é Rafinha está totalmente numa "vibe" celebridade. E isso, sinceramente, ele faz com uma forcação de barra que me lembra o filme Bruno, do mesmo diretor de Borat... Pelo jeito qualquer hora vamos ter que fazer o filme "Rafinha, agente do conglomerado nazisionista usa/terror". Roteiro de Laerte Braga! Gozumentário inspirado em Michael Moore!
Abs do Lúcio Jr!
Cara, o Rafinha é um HUMORISTA e ganha para fazer PIADAS.
Se algumas pessoas não acham graça em certas PIADAS...ta , foda-se, ele só tentou fazer uma PIADA.
A intenção dele não é ofender... mas rir.
Todas as "polêmicas" em que colocam os humoristas é fora de contexto. Durante o programa, quando o Rafinha fez a PIADA, a platéia riu...e muito. Mas só gerou polêmica qundo a mídia pôs a PIADA fora de contexto.
O msm acontece nos shows dele!
Parem de ser tão politicamentes chatos. Reconheçam a PIADA.
Se tu não achar graça, não ria!
Álias, se querem calar um humorista, o único jeito é não rir das PIADAS dele.
Lembrem-se, estamos nos preocupando com PIADAS e esquecemos dos reais valoresda sociedade!
Oi, Rafinha. O objetivo não é ser politicamente correto --é fazer uma análise mesmo.
O insight não veio da piada, veio da sua entrevista no Provocações.
Mas essa é uma ANÁLISE. Deixe-me ser didático. Não diferencio opinião de piada, embora seja possível, determinadas piadas não faço, eu as seleciono conforme minhas opiniões, quem eu sou e o quê me interessa.
Abs do Lúcio Jr e...progrida! Melhoras!
Fora Rafinha!
http://tanianienkotterrocha.blogspot.com/2011/09/participe-da-campanha-fora-rafinha-do.html
Eu conheço e infelizmente já conheci muitos homens grosseiros, estúpidos e machistas. Porem fazia já muito tempo que não via noticiado uma declaração tão ofensiva, estúpida e machista como a infeliz afirmação do tal Rafinha Bastos do CQC. Aqui no Brasil usam muito a expressão sem noção e penso que ele a representa perfeitamente. Ele pode até tentar se justificar alegando que é apenas um gaucho grosso, mas ele já disse tanta bobagem que não podemos mais aceitar qualquer desculpa. Ele passou dos limites!
O tal programinha CQC, que é uma imitação ruim do programa italiano Le Iene, existe há mais de 15 anos em terras italianas, sempre audacioso, mas jamais cafona e machista. Todavia em terras brasileiras a imitação é mesmo ruim, mas suportável, não fosse esse cafajeste que insulta mulheres, apóia a violência e agora ofende de uma forma grosseira uma mulher grávida. Me poupe! Ele comentou o seguinte sobre a Wanessa, gravida de 5 meses: "Eu comeria ela e o bebê". Mas por favor, nenhuma mulher que se ama, se valoriza faria sexo com um cretino como ele, mas insultar uma mulher gravida em rede nacional, foi demais. Demitam esse animal do programa, tirem esse cretino do vídeo!!!
Inicio a campanha: FORA RAFINHA DO CQC
Se você apóia a campanha....divulgue.
Tania Nienkötter Rocha
Será que precisa de tudo isso, piada é piada, foi feita para ser politicamente incorreta, para falar a verdade seria muito chato ser o correto 24h pois ninguem consegue, vamos pensar bem fora Rafinha bastos ou Fora Sarney e muitos outros nos pegamos a cada coisas pequenas e não vemos a realidade
a postagem por ultimo de anonimo e minha
Franciny Chequer Gonzalez
Oi, Francinny. Minha posição era moderada, até o Rafinha (veio da comunidade orkut dele) vir aqui se dizer humorista --se fosse outro caso se diria jornalista --e me chamar de politicamente chato. Ele é o politicamente legal, ele acha chique fazer essas provocações, então?
Humorista de direita é o que ele é.
No mais, é isso. Abs do Lúcio jr
Oi Lucio sou eu Franciny, sabemos que ele e sim de direita e sabemos bem que ele e de uma outra classe social, mas acho que humor e isso ser politicamente incorreto, e que hj em dia todo mundo sempre ve maldade em tudo, sabes muito bem o que penso e acho de muitas coisas pois que há alguem com quem troca ideias e tb experiencias de vida e cotidiano essa pessoa e vc, como te falei estamos nos pegando a coisas pequenas, e essas brigas estam sendo levadas até para o campo pessoal, será que na epoca nos trapalhões na versão original digamos assim eles eram tão alvejados assim, um retirante, um malandro um galã e um inocente mineiro, eram satiras de nosso povo, e juro até hj não me canso de rir deles, e claro que com o passar dos anos o humor e o modo de fazer mudou......
Oi francinny. Passou a ser um bom negócio (dá dividendos pois aparece na mídia) provocar os politicamente chatos, isso é que mudou...
Abs do Lúcio jr.
Oi sou eu Franciny
Ao meu ver isso e mais uma manobra para elevar o ibop que outra coisa, ou então a propria Band deve ter algum projeto paralelo para ele e está testando a imagem do mesmo, ainda mais o reio do mini bloge tb agora capa da veja a ta que vão afastar ele
Pois é, mas é como falamos, agora ele é capa da Veja. Corre atrás de dividendos e lucra, mesmo falando o que dá na telha e sem ética. Isso só demonstra minha análise: sendo capa da Veja, ele ficará mais e mais conhecido. Capa da Veja, aliás, é para poucos, presidente da república, etc.
Acho que o programa tem um roteiro, sim, onde Rafinha faz o papel de politicamente incorreto, mas ficou claro que agora ele encontrou um limite.
Abs do Lúcio Jr
Tah! Sei! Rafinha Bastos é de direita? Um esclarecimento: há sim, Judeus de direita, mas não creio que o Rafinha Bastos seja um deles. Simples fato de o Rafinha Bastos ser a favor do aborto, da liberação das drogas, inclusive das ditas mais pesadas. Entre outras coisas que o pessoal da direita abomina, mas sei qual é o parâmetro de exemplo de pessoas de direita pra vocês.
OS: Pessoas ricas são automaticamente de Direita? MMmmm... Vou ouvir alguém dizer que todos os brancos são escravagistas. Uma pessoa apaixonada acaba demonstrando o que sente.
Bom final de semana a todos, paz e saúde.
Que bom saber disso sobre Rafinha, Pondé, digo Rafinha, digo, anônimo. Aliás, vc fala em vcs, mas quem escreveu esse post foi um blogueiro obscuro, um professor do estado de Minas Gerais...eu, Lúcio.
Fico até otimista.
Depois dessa postagem vi uma entrevista do Rafinha consigo mesmo que achei genial. Pode-se ser genial e ser reacionário, vide Nelson Rodrigues e Ezra Pound.
Abs do Lúcio Jr.
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