domingo, 20 de abril de 2014

Resposta ao coletivo Lênin

O Coletivo Lênin, na verdade, coletivo de trotsquistas (ou seja, não-leninistas) publicou uma postagem  para lá de equivocada e irresponsável que busca relacionar o fato do Partido Comunista Peruano ter feito luta armada e a sede do PSTU ter levado umas pedradas por parte de alguns anarquistas, após o PSTU ter hostilizado alguns anarco-punks na manifestação de 1 de abril. Demonstrando impressionante corporativismo trotsquista, PCB, PSOL, PCML, LBI e agora o Coletivo Lênin se solidarizaram com o PSTU. 

Quem sabe o ataque aos anarquistas, à FIP e ao MEPR não será o elemento que faltava para unificar a "frente de esquerda" nas eleições? A verdadeira hostilidade dos grupamentos trotsquistas em relação à FIP e ao MEPR deve-se ao fato de que uma contradição latente, entre a esquerda ligada (ainda que minimamente, ao receber dinheiro do fundo partidário) ao estado e a esquerda que busca romper com o estado, tornou-se contradição aberta, antagônica.

O MEPR, como se vale de uma teorização e prática mais desenvolvida de marxismo, capitalizou a seu favor as manifestações. Compreendeu melhor a hostilidade das massas em relação ao estado, assim como sua impaciência com o legalismo das outras organizações, para quem até pular uma catraca é saltar fora do permitido. Investiu na comunicação e mostrou que está em ascenso. Ao errar redondamente ao hostilizar punks na manifestação, o PSTU sofreu um revide dos anarquistas e, ao invés de se emendar, criou uma farsa, buscando transformar a derrota em vitória atacando inimigos que os incomodam profundamente, pois mostram mais vigor e ameaçam superá-los. Por isso obteve solidariedade de cripto-trotquistas e trotsquistas em peso.

Não poderia ser mais equivocada a nota. O apelido "Sendero Luminoso" se deve ao fato de que eles cantam o maoísmo como um caminho luminoso a seguir. Mas o movimento partiu do PCP, Partido Comunista Peruano.

O artigo, na verdade, se opõe ao MAOÍSMO, apenas, por pose, não renega Mao, pois Mao tem prestígio, passando a acusar, como fazem intelectuais de direita peruanos, tais como Gonzalo Portocarrero, Abimael Guzmán de autor inaceitável, uma vez que ele ainda não detém o mesmo prestígio. Mao denunciou os trotsquistas chineses como colaboracionistas dos japoneses.

Foram os trotsquistas que tiveram, segundo a orientação do próprio Trotsky, a própria esquerda como inimigo número 1. A derrubada e o assassinato de Stálin e do partido bolchevique como objetivo principal, deixando em segundo plano a frente anti-Hitler, foi uma posição explícita de Trotsky. Mas ele fez mais: associou-se, às escondidas, com os nazis e os japoneses.

Abimael Guzmán não foi preso facilmente em 92. Essa é uma das falácias desse artigo matreiro, falso, traiçoeiro. Em 92, todos os membros do comitê central do PCP foram presos graças ao apoio da CIA e da intervenção norte-americana no Peru, disfarçada de operação antidrogas.

Para poder prendê-los, foi preciso simplesmente que a república democrática se tornasse ditadura totalitária, com estado de sítio e intervenções em jornais, universidades, assim como no parlamento. O exército passou a assassinar em massa. Jornalistas e políticos foram presos, ainda que não ligados ao PCP. Fujimori era apenas a face civil, neoliberal, de uma ditadura militar.

As contribuições originais do Pensamento Gonzalo, ao contrário do que supõem os trotsquistas, são as seguintes: 1) O PCP, liderado por Guzmán, ao levar, entre 1980-92, uma guerra popular, provou a universalidade e aplicabilidade do maoísmo. A estratégia de cercar as cidades através do campo deu certo, mas devido à queda do Leste Europeu, a correlação de forças ficou desfavorável ao PCP. 2) Mostrou que mesmo em condições adversas, contando com suas próprias forças, é possível mover uma guerra popular. 




2 comentários:

Tão - Niteroi disse...

"Quem sabe o ataque aos anarquistas, à FIP e ao MEPR não será o elemento que faltava para unificar a "frente de esquerda" nas eleições?"

O que é MEPR? Fui procurar no google e vi que é um grupo que tende a seita e a insignificância.

Só assim para ter um devaneio de que o que unificaria outros grupos com história seria uma oposição ao todo poderoso, influente e de massas MEPR.

Se já não bastasse a direita e a esquerda pelega do pt/pcdob temos que lidar com essa ultraesquerda de estudantes mimados saudosos da guerrilha no campo, sendo que a maioria ou nenhum só sabem o que é camponês por leituras secundárias. Vieram para disputar com o PCO quem é mais seita e pao com ovo, isso sim.

Revistacidadesol disse...

Uma minoria na linha revolucionária correta não é uma minoria.

O fato de toda uma certa esquerda coligar-se em torno de uma farsa do PSTU é uma revelação disso.